A sucessão papal é um engano

“Foi Pedro o líder da Igreja Primitiva como ensina o catolicismo romano? Teria sido Pedro uma espécie de ‘papa’, como ensinam os seguidores do romanismo?”


Na votação final do dogma da infalibilidade papal durante o Concílio Vaticano I, somente dois votos foram contra, quinhentos e trinta e três favoráveis e cento e seis se ausentaram, não tendo coragem de ir contra esse erro por medo do anátema, mas não querendo se macular nele votando.

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No discurso pronunciado pelo douto Strossmayer, bispo de Diakovar, na Croácia, durante os debates que antecederam essa votação, ele disse:


“Eu me dispus a estudar com a mais dedicada atenção o Velho e o Novo Testamentos, e perguntei a estes veneráveis monumentos da verdade que me revelassem se o santo pontífice, que aqui preside, é o verdadeiro sucessor de São Pedro, vigário de Cristo e o infalível doutor da igreja. Descobri que no período apostólico não havia um papa, sucessor de São Pedro, o vigário de Jesus Cristo. Agora, tenho lido todo o Novo Testamento. Eu declaro diante de Deus, com a minha mão levantada diante daquele grande crucifixo, que não encontrei nenhum traço de papado como o que existe atualmente”.


E na conclusão de seu discurso, acrescentou:

“Eu cheguei à conclusão:

1) Que Jesus deu aos Seus apóstolos o mesmo poder que Ele deu a São Pedro.


2) Que os apóstolos nunca reconheceram São Pedro como o vigário de Jesus Cristo.


3) Que os concílios dos primeiros séculos, embora reconhecessem a elevada posição que o bispo de Roma ocupava por causa de Roma, apenas lhe concediam a preeminência da honra, nunca do poder ou jurisdição.

4) Que os santos pais, na famosa passagem, “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, nunca entenderam que a Igreja fosse edificada sobre Pedro (super Petrum), mas sobre a rocha (super petram). Isto é, na confissão de fé do apóstolo.


Eu concluo vitoriosamente, com a história, com a razão, com a lógica, com o bom senso e com a consciência cristã, que Jesus Cristo não conferiu nenhuma supremacia a São Pedro, e que os bispos de Roma não se tornaram os soberanos da igreja a não ser confiscando um a um todos os direitos do episcopado” (Boettner, pp. 197, 198).


Apesar de realmente Pedro ter sido um dos líderes principais da Igreja Cristã, as pretensões da Igreja Romana baseadas em Mateus 18.18-19, Lucas 22.32-33 e João 21.15 não possuem uma sustentação quando confrontadas com outras passagens.


As mesmas chaves do Reino são dadas ao colégio apostólico todo em Mateus 18.18.


Em Atos 15, fica evidente que Tiago, e não Pedro, é o líder da Igreja em Jerusalém. Além disso, é importante lembrar que, em Gálatas 2.11, Paulo repreendeu a Pedro.


Quanto à literatura do período anteniceno, nela revela-se uma exiguidade de referências a essa autoridade petrina e à sua transmissão aos bispos romanos posteriores. Realmente, somente no final do século II e início do III é que começa a surgir algo nesse sentido.

 

Quanto ao texto de Mateus, Tertuliano, o primeiro a tratar da relação entre essa promessa e a Sé de Roma, admite que o bispo de Roma reivindica ser “a pedra” com direito de “ligar e desligar”, mas rejeita esta reivindicação de supremacia e jurisdição (Sobre modéstia, 1 e 21). Cipriano, cujo testemunho é o mais forte da igreja antenicena, insiste que todos os apóstolos receberam “os mesmos poderes de Pedro”.

Artigo: Pr. Esequias Soares

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