O tema em questão aborda a necessidade de transformação da vida do indivíduo, seja homem ou mulher que, ao aceitar a fé cristã, obtém uma experiência pessoal com Cristo. E quando passa a receber a benéfica influência da mensagem do Evangelho em sua vida que a conduz ao arrependimento de seus pecados levando-a à conversão. O Espírito Santo a convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11) e esta ação é capaz de fazê-la nova criatura, como nos afirma o apóstolo Paulo (2Co 5.17), fazendo-a cristã.
Para facilitar o entendimento do que seja a renovação da mente é conveniente analisar no contexto do Velho e do Novo Testamentos, os sentidos que envolvem as expressões: transformação, renovação e mente.
1.
Transformação
O
homem é um ser trino constituído de corpo, alma e espírito. Capaz de
desenvolver-se e adaptar-se às situações mais adversas que lhe sobrevierem. Por
isto, sofre “transformações". Pois é ele um ser social que se molda e se
modela conforme as necessidades e conveniências do meio, ou seja, do ambiente
em que se encontra. Isto acontece por uma ação da vontade própria como consequência
do livre arbítrio que lhe foi do pelo Criador.
Sabemos
que estas transformações se realizam especialmente quando o indivíduo tem um
encontro com Deus mediante a mensagem do Evangelho. Oportunidade em que adquire
uma nova visão da vida e muda o procedimento (Ef 4.17-24).
Com
o entendimento renovado, vêm as transformações na personalidade, as quais se
manifestam na maneira de ser, pensar, agir e proceder.
2.
Por que renovação?
A
razão é teológica. O ser humano, que fora criado à imagem e semelhança de Deus,
quando atingido pelo pecado perdeu o brilho desta imagem moral do Criador (Dt
32.5). Consequentemente perdeu também a condição de filho.
É
possível ele sair desta triste condição? Sim, é possível! Mas, somente mediante a
remoção da culpa, que acontece quando removida a condenação do pecado através
da justificação pela fé na obra redentora de Cristo, com a regeneração da
criatura pelo poder da Palavra de Deus, sob a ação do Espírito Santo, que
promove na pessoa uma mudança completamente da vida. A esta mudança o Senhor
Jesus chama “nascer de novo" ou novo nascimento (Jo 3.3-8). Ao aceitar a
salvação, pela obra redentora de Cristo, o pecador é salvo e reconduzido à
posição de filho de Deus (Jo 1.12), sua mente é restaurada e renovada a fim de
torná-lo uma nova criatura. Desta forma lhe é reconstituída a imagem moral de
Deus, a qual passa a projetar-se em seu procedimento tornando-o, o novo homem
que segundo Deus é criado (Cl 3.8-10).
3.
Mente
Oque é mente? Mente é, no indivíduo, o eu, a parte subjetiva onde se dão os
fatos psíquicos, conscientes e subconscientes. A mente está ligada à memória,
agindo como centro das faculdades psíquicas do indivíduo. Entendemos que da
antiga teologia hebraica faziam parte palavras, um tanto diferentes, da
terminologia usada na antropologia metafísica moderna, onde as expressões:
mente e alma, eram empregadas, às vezes indistintamente. Como também, em alguns
casos surgem com o sentido de alma ou mente as palavras: propósito, amor, coração,
conselho etc, comum tanto no Velho como no Novo Testamento. Porem pode-se
afirmar que a “mente" está intimamente ligada à alma. A ideia de alma
humana é abstrata e individual, faz parte da personalidade, do eu, está fundada
na psicologia racional, segundo Kant.
Assim concebemos a alma como portadora do conjunto das propriedades e atividades conscientes do ser humano, entre elas vontade, afetividade, intelectualidade, sentimentos e pensamentos ou imaginação.
O
ser humano em sua triunidade: corpo, alma e espírito, desenvolve a comunicação
com o mundo que o cerca. E para estabelecer esta comunicação dispõe de cinco
janelas ou sentidos.
a) Visão, audição, tato, olfato e paladar (no corpo);
b) Vontade, afetividade, intelectualidade, sentimentos e pensamentos ou imaginação (na alma);
c) Consciência, esperança, amor, fé e adoração (no espírito).
O
estudo do ser humano à luz da revelação do Evangelho é enriquece- dor. A mente
é o depositário das riquezas da alma, onde se reúnem coisas boas ou más (Mt
13.52). Quando a mente é renovada são retiradas dela as coisas velhas,
arruinadas, pervertidas, bolorentas e apodrecidas e em seu lugar são colocadas
coisas boas (Fp 4.8). A mente transformada e renovada torna- se depositária das
riquezas divinas, é comparada à mente de Cristo (1Co 2.16). A mente representa,
neste caso, a soma total das atitudes mentais e morais do cristão.
A
sociedade em que vivemos está desajustada, desorientada, tomada pelo vício,
crime e prostituição - portadora de uma mente pervertida. Sabemos que isto é
decorrente da falta da orientação da palavra de Deus. O homem vive em suas
paixões naturais, nos descaminhos da vida, com uma mente carnal e arrogante.
Comparando o procedimento das pessoas na sociedade humana, onde estávamos, com
a conduta apresentada por aquelas cujas vidas foram transformadas pela ação da
palavra de Deus, somos levados a dizer, como o apóstolo Paulo: nós recebemos a
mente de Cristo (1Co 2.16).
4.
Dever do ensinador cristão
Quem
conhece qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus deve trabalhar para
conduzir os crentes, novos ou antigos, a esta experiência de transformação pela
renovação constante da mente. Um experiente pastor quando ensinava aos crentes
sobre o novo nascimento, costumava dizer: se eu notar que o velho homem com
seus feitos, ou a velha natureza, procura invadir a minha vida, eu sem dúvida,
correrei aos pés Jesus em busca de uma nova experiência de conversão. O crente
precisa viver em novidade de vida, e para que isto aconteça ele precisa de
constante renovação. Os anos de convertido não podem nos levar ao descuido, à
acomodação. O acostumar-se na igreja não leva alguém aos céus. É necessário
andar realmente com Deus.
Infelizmente
há alguns que abandonam a fé, esfriam espiritualmente, tornam-se mornos, sem
vigor espiritual (Ap 3.16).
Estes
não agradam a Deus. Não conseguem sentir a boa agradável e perfeita vontade de
Deus agindo em suas vidas. Perdem a sensibilidade espiritual.
Como
crentes, é nosso dever conservar uma atitude mental sadia (Ef 4.23); uma
dinâmica espiritual digna do elevado ideal do compartilhar da mente de Cristo.
Mas, isso só pode ser efetivo em nossa vida se formos dirigidos totalmente pelo
Espírito Santo de Deus. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação
do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra
Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem na verdade o pode ser. Portanto os
que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne,
mas no espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não
tem o Espírito de Cristo este tal não é dele.
Porque
todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. E, se
nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros
de Cristo: se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos
glorificados", Rm 8.6-9,14,17.
Artigo:
Iris Goulart | Referência: Ensinador Cristão, ano 2 – n°8. Reverberação: www.subsidiosdominical.com