O CORPO DA RESSURREIÇÃO

A esperança cristã para o futuro sempre se concentra em Deus e em Jesus. Os filósofos gregos, exceto os epicureus, ensinavam a imortalidade da alma, porém, não obstante, todos rejeitavam a ideia da ressurreição dos mortos

A Bíblia também é clara ao ensinar que, como seres finitos, necessitamos de um corpo para a completa expressão daquilo que Deus nos criou. Como crentes nascidos de novo, nossos “corpos são membros de Cristo”, templos do Espirito Santo designados para honrar a Deus (1 Co 6.15,19,20).

 1. Corpos transformados.

Nossos corpos ressurretos serão os mesmos que agora possuímos, transformados de modo a se conformarem com a natureza glorificada do corpo de Jesus (Fp 3.21; 1 Jo 3.2).

 

Deus criou a humanidade conforme a sua própria semelhança, e a imagem de Deus ainda estava lá após a Queda (Gn 9.6). Também nos é dito que Adão “gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn 5.3). Por isso, Paulo pôde dizer: “Assim como trouxemos a imagem do [homem] terreno, assim traremos também a imagem do [homem] celestial” (1 Co 15.49).

 

Nosso corpo transformado será tão diferente do de hoje quanto uma planta de trigo é diferente de uma simples semente (1 Co 15.37). O contraste também pode ser verificado se compararmos a ressurreição de Lázaro, ainda enrolado em faixas (Jo 11.44), com a ressurreição de Jesus, que se levantou através das faixas, deixando-as para trás (Jo 20.5-8).

 

O corpo ferido, surrado e sangrento de Jesus foi colocado no túmulo. Mas Ele ressuscitou completamente são, capaz de caminhar até Emaús, embora ainda trouxesse as cicatrizes nas mãos e no lado. Isso também sugere que, na ressurreição, os bebês e as pessoas idosas não terão a mesmíssima forma que tinham quando morreram. De fato, cada um será o mesmo indivíduo, a mesma pessoa, mas numa forma perfeitamente desenvolvida e sã.

 

Em uma passagem que tem instigado controvérsias, Paulo fala que “temos de Deus um edifício, uma casa... eterna, nos céus”, uma “habitação, que é do céu”, com a qual seremos revestidos, “para que o mortal seja absorvido pela vida” (2 Co 5.1-4). Alguns baseiam-se nestes versículos para afirmar que receberemos um corpo temporário. enquanto estivermos no céu esperando pela ressurreição, embora Ray Summers afirme: “Esse ponto de vista é estranho ao Novo Testamento”.

 

Outros consideram que esse texto se refere ao ambiente desfrutado no céu pelos crentes que já morreram. Outros ainda entendem que, na ressurreição, o novo corpo se converterá num tipo de “sobretudo” para o corpo que hoje temos. Ao longo dos séculos, a maioria dos eruditos da Bíblia tem rejeitado essa ideia.

 

 

Por causa de trechos bíblicos que colocam a transformação do corpo no momento da ressurreição e do Arrebatamento (por exemplo, Fp 3.20,21), George Ladd sugere que Paulo está simplesmente antevendo o corpo da ressurreição, o qual é tão bom quanto o que ele já tem, e que seu ardente desejo é ser mais revestido na ressurreição.16

 

2. Corpos espirituais.

O corpo ressurreto do crente também é descrito como “espiritual” em contraste com o presente, “natural”. Geralmente, concorda-se que “espiritual” (gr. pneumatikori) não significa “constituído de espírito”, nem se trata de corpo imaterial, etéreo, ou da falta de densidade física.

 

Os discípulos sabiam, por experiência própria, que a ressurreição do corpo de Jesus fora real, palpável, não espectral, ainda que ao mesmo tempo de uma ordem diferente, perfeitamente adequada tanto para a terra quanto para o céu. Não estava limitado às condições de nossas atuais “dimensões de tempo e espaço”. Por isso, nosso corpo ressurreto é descrito como “do céu” (gr. epouranios). Jesus também disse que seríamos como os anjos nos céus, não querendo dizer que seríamos seres espirituais como os anjos, mas antes que não mais nos envolveríamos em casamento ou em ter filhos (Mc 12.25).

 

Nosso corpo atual é terreno, natural (gr. psuchikori), com capacidades, habilidades, paixões e emoções adaptadas à presente ordem terrena, sendo os seus limites os mesmos de Adão após a Queda. Em contraste com isso, nosso corpo ressurreto assumirá qualidades sobrenaturais que envolvem poder e glória.

 

Embora ainda venhamos a ser seres finitos, dependentes inteiramente de Deus, nossos corpos serão os instrumentos perfeitos que nos tornam sensíveis ao Espírito Santo de maneira inteiramente nova e maravilhosa.

 

3. Bebês transformados.

Estejamos certos de que as crianças e os bebês que morrem também serão transformados, trazidos à completa estatura física e espiritual de Cristo, da qual todos nós miraculosamente tomaremos parte. “A nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3.20,21).

 

Não há nada na Bíblia que diga que os bebês estejam excluídos desse evento. A vida, incluindo a vida dos bebês que foram abortados, é algo colocado por Deus, e Ele sabe como levá-la à perfeição.


Artigo: Stanley M. Horton

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