A Escola Dominical como promotora da Identidade Pentecostal




“De que maneira poderá o homem guardar puro o seu caminho? [...]”Sl 119.9.

A Escola Dominical é um espaço de aprendizagem que prioriza o estudo da Bíblia, tendo como principal enfoque a vida cristã prática. Para alcançar este objetivo lança mão da Teologia Pentecostal explicada de forma simples e clara aos seus alunos. Essa sistemática de ensino tem sido a principal causa das Assembleias de Deus no Brasil conseguirem manter uma hegemonia doutrinária e conseguirem ter, ainda que com alguns percalços, uma identidade pentecostal.

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Claro que nas identidades, tanto de pessoas quanto de instituições, não existem somente características positivas, também estão embutidas algumas falhas e problemas, e tudo pode se cristalizar com a tradição, neste sentido, é preciso sempre de novo aplicar um dos preceitos da Reforma Protestante: “Igreja reformada, sempre se reformando”, é preciso sempre rever a identidade da igreja e verificar se ela reflete o evangelho de Cristo em todas as dimensões. Por esse motivo, é preciso pensar a identidade Assembleiana a partir da ED, fortalecendo o que é bom e transformando o que requer mudança.

1. O que é identidade
Apesar da identidade ser entendida como um elemento que fixa o comportamento hegemônico de um grupo, o desenrolar da vida no âmbito cristão ou fora dele, acontece na esfera social, no espaço público, nos lugares onde as mais variadas perspectivas de vida se encontram, conflitam e/ ou sobrepõe-se umas nas outras. A existência humana acontece num cruzamento de ideologias marcadas pelo espírito de época, fruto do quadro social, político, econômico e religioso que configuram os contextos nos quais estamos inseridos. Nesse sentido, a identidade é algo inconcluso e precário, tem caráter dinâmico, embora sempre de novo, ela se fixa em valores comuns e duráveis do grupo social, para em seguida se modificar novamente.

2. Identidades a serem mantidas
Afirmar a identidade pentecostal é fazer a manutenção do nosso sentido de existência. É constantemente deixar que as nossas vidas, de modo individual, e a vida da igreja como um todo, sejam continuamente confrontadas com a verdade do evangelho, única identidade digna de ser preservada. Uma verdade que nos convoca a reafirmar as boas características da identidade e nos coloca diante dos nossos erros e nos convoca a uma constante renúncia e abandono de toda e qualquer prática que fere os princípios éticos que Deus requer do seu povo.

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2.1 A importância do estudo bíblico
A leitura bíblica pentecostal não é feita somente com pressupostos racionais, mas com equilíbrio desde sempre foi efetuada na dinâmica da experiência com o Espírito Santo, neste sentido, cabe deixar que o Espírito Santo leve o coração do crente e da comunidade ao quebrantamento diante de suas verdades, bem como ao conforto, tão peculiar à pessoa do Espírito Santo, pois o Sola Scriptura não existiria sem a iluminação e inspiração do Solus Spiritu Sanctus, pois o Espírito Santo, sendo Deus, é maior do que a escritura, mas ambos são maiores do que a experiência.

2.2 - O cuidado com as doutrinas calvinistas
O calvinismo é um ramo da igreja cristã muito piedoso e aplicado aos estudos bíblicos e teológicos, entretanto algumas ideias centrais deste modelo teológico estão em confronto com as ideias pentecostais e são irreconciliáveis. Neste sentido, deve-se respeitar o que eles pensam, livre de atitudes combativas ou beligerantes, mas ensinar corretamente as verdades pentecostais, tão belamente esboçadas na declaração de fé lançada pela Editora CPAD. Este perigo é presente especialmente entre os jovens Assembleianos, que ficam encantados com a organização sistemática das doutrinas calvinistas, pois geralmente não vêem esta organização em sua igreja.

2.3- Incentivo às experiências pentecostais


Como consequência direta do item anterior, surge o cessacionismo, amplamente divulgado pelos irmãos calvinistas, fazendo com que uma parte das AD’s comecem a enxergar com desconfiança e/ou medo as manifestações extáticas da experiência pentecostal. Em nome da ordem no culto e para evitar meninices e bizarrices, que devem ser combatidas mesmo, usam-se argumentos que inibem qualquer demonstração de êxtase ou experiência que possa acontecer no culto ou fora dele. Se engessarmos a liberdade do Espírito Santo nada sobrará da vivacidade do pentecostalismo. Isso é indicativo de que na ED pode-se ensinar nosso povo a se render à influência do Espírito Santo de forma inteligente. No livro de João 3.8, Jesus diz “o vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai, assim é todo que é nascido do Espírito”, dando-nos a entender que o Espírito Santo é incontrolável, imprevisível, seus direcionamentos não podem ser calculados e transpassam a inteligibilidade humana, mas ao mesmo tempo age em simbiose com a inteligência humana.

2.4 – Profundidade teológica nas pregações e ensinos

Com todo o acesso à teologia que temos hoje não cabe mais a desculpa de que muita gente não considera uma instrução bem elaborada como sendo da parte de Deus. O acesso e facilidade com que hoje se tem à Teologia deveria servir de incentivo aos líderes e pastores de promoverem um amplo acesso à uma teologia pentecostal. Isso levaria à ensinos e pregações melhor fundamentadas nas escrituras e consequentemente geraria um melhor aproveitamento por parte do povo. A educação teológica deve ser vista com seriedade, pois sua pouca importância permite a ascensão dos teólogos cessacionistas, liberais e tradicionalistas, que geram atraso para o crescimento saudável do movimento pentecostal.

CONCLUSÃO
A preservação da identidade pentecostal tem resultados abrangentes entre os crentes, pois a marca principal da Assembleia de Deus foi a democratização do Espírito, conferindo novo sentido de existência, todos se sentem autorizados a falar, porque é o Espírito quem fala por todos, consequentemente, o senso de relevância pessoal na sociedade preenche a existência de cada um. Assim, cabe à educação proporcionada nas classes de Escola Dominical preservar e incentivar as boas condutas da identidade pentecostal, permitindo que as novas gerações sigam o legado deixado por esta igreja que incluiu milhões de pessoas no Reino de Deus. Isso sem esquecer as novas dinâmicas sociais e espirituais que exigem novos modelos contextualizados de ser igreja.


Artigo extraído da Revista Ensinador Cristão Nº 81 do 1º trimestre de 2020 | Pr. Claiton Ivan Pommerening | Divulgação: Subsídios EBD
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