Marcas de uma excelente Igreja

Fundada por Paulo, a igreja em Filipos tem sua gênese eternizada nas páginas das Sagradas Escrituras em Atos 16. O apóstolo destaca, na carta destinada aos filipenses, sete marcas que nos mostram o contraste entre esta igreja-exemplo e muitas igrejas hodiernas.

1. Uma igreja que cooperava no Evangelho

Em Filipenses 1.5, Paulo expõe o motivo de sua primaz alegria: aquela igreja cooperava no Evangelho e com o Evangelho. Era uma igreja-modelo, pois desde o primeiro dia de sua fundação até aquele dia, incansavelmente ela se dispôs a pregar o Evangelho a toda criatura.


Precisamos resgatar a paixão dos crentes pelas almas. Precisamos investir mais na propagação do Evangelho. Precisamos preparar mais nossas igrejas a fim de buscar e achar os perdidos (Lc 19.10). Se houver em cada coração cristão um clamor como o de John Hyde (“Pai, dá-me almas senão morrerei!”), então cooperaremos no e em prol do Evangelho.


2. Uma igreja onde Deus trabalha e opera

Na igreja de Filipos, cada cristão era um vaso de barro nas mãos do oleiro (Jr 18.1-4). Deus tinha plena liberdade para aperfeiçoar os santos ali residentes (Fp 1.6). Não era uma igreja perfeita, todavia os irmãos buscavam a perfeição em Cristo. Há igrejas estagnadas, há crentes paralisados na caminhada cristã. Mas, o que o texto nos informa é que há uma necessidade de sermos progressivamente aperfeiçoados até o Arrebatamento. Isso nos fala de constância e perseverança na presença de Deus. Devemos prosseguir para o alvo (Fp 3.13-14).

Precisamos subir constantemente a escada da maturidade cristã, precisamos perseverantemente subir de nível espiritual, pois somente assim atingiremos a estatura da fé (Ef 4.13).

3. Uma igreja onde  amor é constantemente buscado

Em Filipenses 1.9, o apóstolo diz claramente que ele deseja que o amor ali imperante aumente mais e mais. A palavra grega no original para amor é “ágape”. Segundo o dicionário Vine (CPAD), o termo “ágape” é usado no Novo Testamento para descrever a atitude de Deus para com Seu Filho, para com o gênero humano em geral, bem como para transmitir Sua vontade aos Seus filhos concernente à atitude deles uns para com os outros. Ou seja, Paulo afirma que o amor a Deus deve ser aumentado e buscado, nem somente o amor à verdade e ao conhecimento dela, mas também o amor de um crente para com outro.


As relações hoje em dia são frias e mórbidas. Em muitos lugares no meio cristão, não se tem mais o elo do amor. Arrisco-me a dizer que esta era pós-moderna é a fase da extinção do amor. As pessoas estão perdendo o amor na família, na vida, na igreja e até em Deus. Vivemos em um século sombrio e carente do amor ágape. O amor para com Deus precisa ser resgatado. O amor entre os santos precisa ser constantemente buscado. A igreja em Filipos nos mostra o caminho para prosseguir, mas será que estamos dispostos a percorrê-lo? Estamos determinados a falarmos João 3.16, mas estamos igualmente dispostos a viver 1 João 3.16? Há mais divisão e dissensão em nosso meio que amor. Muitos têm vivido de porfias e intrigas. Uma igreja excelente tem como marca o amor para com Deus e para com o próximo.


4. Uma igreja obediente

No capítulo 2, versículo 12, Paulo ressalta a obediência do corpo de Cristo naquela cidade. A igreja ali presente obedecia na presença e muito mais na ausência do seu líder. Hoje temos como espectro em nossas igrejas uma desobediência e uma insubordinação inimaginável. Causa--me espanto e desalento. Cristãos não querem mais obedecer tendo como base argumentativa os seguintes pensamentos: “Quem é ele para me mandar?”; “Quem o pastor pensa que é?”; “Eu sou dono da minha vida e ponto final”. Os que assim procedem se esquecem de Hebreus 13.17.

 

5. Uma igreja que preserva a Palavra

Um sincretismo litúrgico e religioso tem invadido nossas igrejas. Perdeu-se uma das características primordiais da identidade cristã: a pregação e preservação da Palavra de Deus. Muitas igrejas têm passado para outro evangelho, caindo no mesmo erro da igreja da Galácia (G1 1.6). Em muitos cultos, a ênfase tem sido no louvor e não mais na exposição do Evangelho escancarado nas Escrituras.

 

A igreja em Filipos, porém, preservava a Palavra da Vida (Fp 2.16), que nada mais era do que o Evangelho que eles haviam recebido e acatado do apóstolo Paulo.

 

O texto no original grego nos traz a ideia de uma resistência firme por parte dos cristãos em preservar aquela palavra recebida. Como guerreiros de Cristo e da verdade, eles retinham a palavra do Evangelho como a pérola mais preciosa formada numa ostra. Precisamos ter esse mesmo sentimento. Estamos desvalorizando a Palavra de Deus. Em muitas igrejas, os cultos de ensino e a Escola Bíblica Dominical se extinguiram. Precisamos voltar a praticar o mandamento que o salmista poetizou: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (SI 1.2).

 

6. Uma Igreja cristocêntrica, que foge dos falsos mestres

No capítulo 3, versículos 17 a 21, temos o mestre Paulo alertando a igreja contra os falsos mestres. Segundo a carta paulina, esses eram os inimigos da cruz de Cristo. Paulo classifica os falsos mestres como materialistas (Fp 3.19) e em contraste demonstra que Jesus Cristo é e deve continuar sendo o centro daquela igreja.

 

O apóstolo invoca como líder e pai espiritual daquela igreja ele mesmo. Ele se põe como parâmetro: “Sede também meus imitadores...” Poucos líderes podem hoje repetir o que disse Paulo.

 

Parece-me que estamos vivendo a década dos modismos e das heresias. A cada manhã renasce ou nasce uma nova “onda” de falsas doutrinas. Nunca vivemos numa época em que o homem esteve tanto no centro das atenções, seja nos louvores ou nos livros de autoajuda, ou mesmo na pregação. Fala-se pouco em pecado, em renúncia, arrependimento, Arrebatamento, Céu e Inferno; estes são termos arcaicos e desusados pelos “super pregadores”. Jesus Cristo está como em Apocalipse 3.20, do lado de fora. E não é este o lugar do nosso Salvador. Ele merece voltar para o local de onde nunca deveria ter saído: o centro da igreja. Precisamos de cristocentrismo e não de antropocentrismo. Jesus precisa ter a proeminência em nossos cultos.

 

7. Uma igreja preocupada com seus líderes e com a obra missionária

Nunca houve um tempo em que pastores e líderes de uma igreja foram tão desvalorizados como agora. Em algumas partes do Brasil, são tratados como escória e desdém pelos próprios crentes. Em Filipenses 2.25-28 e 4.15, o escritor nos mostra a sétima marca de uma igreja excelente. Paulo dá testemunho de que aquele povo se preocupou com ele e com os demais líderes daquela igreja. Mas não apenas se preocupou; outrossim, ajudaram financeiramente o ministério do apóstolo. Há igrejas que, tendo ótimas condições, deixam seu pastor à míngua, desconhecendo e desobedecendo 1 Timóteo 5.18.

 

A igreja em Filipos estendeu a mão ao seu líder. Sigamos este exemplo. Mas, não para por aí. Paulo ressalta ainda que aquela igreja contribuía para a obra missionária. O cenário evangélico brasileiro, em muitos lugares, esqueceu-se da obra missionária. Há muitas igrejas que não priorizam mais a evangelização dos povos. Há um enorme clamor dos países perseguidos, há um clamor dos países africanos, há um clamor de almas sedentas que estão nos lugares mais longínquos da terra. Precisamos despertar (Ef 5.14)! Parecemo-nos com Deus quando damos algo para o nosso próximo (Jo 3.16; Mc 10.45 e lJo 3.16).


A igreja de Filipos é um exemplo memorável de uma excelente igreja. Para o apóstolo Paulo ela deixava saudades (Fp 1.8). Deus também tem saudades de ver na terra uma igreja assim. Será que temos coragem de sermos assim?


Artigo: Weder Fernando Moreira

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