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No entanto, e os homens?
Será que os homens respeitam seus limites?
Temos nós consciência de nossas limitações?
O homem fora gerado no planeta terra, mas já pisou a lua. O homem foi criado na terra, mas constantemente explora o mar. O homem não possui asas, mas insiste em voar. Isso porque o homem foi criado com capacidades para dominar, mas, por outro lado, cai na contradição de não saber dominar nem a si mesmo. Explora os mais profundos sistemas solares, mas tem dificuldade em olhar para dentro de si mesmo. A Bíblia revela claramente que dominar a si mesmo é melhor que dominar milhares.
1. Dominador/dominado
Dentro das relações familiares, o fator
limite é de suma importância para a saúde integral da família. Todas as vezes
que o limite é subtraído, as relações são prejudicadas. Quando esse princípio
não é observado, o ser humano invade a liberdade do outro. Deixa de elaborar
uma relação por igual para dar lugar a uma relação de dominador/dominado. Em
muitas relações familiares, podemos identificar a vítima e o vitimizador.
O vitimizador é todo aquele que usa de
poder ou pseudopoder para subjugar o outro, desenvolvendo um papel de
dominador. E a vítima é o alvo desse poder em ação. Muitas das relações
existentes foram edificadas por esses dois extremos, e só subsistem pela força
do dominador e pelo medo do vitimizado. A relação dominador/dominado ou
vitimizador/vitimizado só é rompida com a existência de limites estabelecidos.
Todos nós sabemos muito bem que existem hierarquias que foram estabelecidas de forma salutar e que suas estruturas são responsáveis pela continuidade da ordem e da paz social. Todavia, essa estrutura hierárquica não pode ser estabelecida lançando mão de atos que firam a dignidade humana, a liberdade pessoal, muito menos a identidade individual. Tal temática ficará mais clarividente no decorrer do assunto.
2. Tipos de limites
O Limite Rígido se estabelece quando predominam
os sentimentos de onipotência, prepotência, autoritarismo, individualismo, auto
anulação, agressividade (física/psíquica) e imposição. Uma das características
mais marcantes dessa rigidez é o individualismo, desdobrando-se num movimento
egóico, fruto do egoísmo e do egocentrismo que está centrado na exaltação de si
mesmo e na rejeição do outro. Quando esse fenômeno acontece, o personagem
rígido exerce tirania sobre os demais membros da família, classificando os
demais como vítimas de sua coerção. Por exemplo: “Eu sou o melhor”, “Penso
melhor”, “Eu sei das coisas, você não sabe”, “Eu sou capaz e você incapaz”, “Eu
posso tudo e você precisa de mim”.
O Limite Difuso é aquele no qual
predominam a impotência, a incapacidade, a permissividade, auto rejeição e
passividade. A pessoa desenvolve um sentimento de impotência afirmando: “Não
tenho forças”, “Não posso”, “Não consigo”. A incapacidade leva a pessoa a
afirmar “Sou incapaz de...”. A permissividade permite outra pessoa fazer o que
quiser — “Faço o que e como você quiser”. A auto rejeição desabilita a autoproteção,
desguarnecendo a vítima, já que a mesma não se considera, não se ama, se
desvaloriza. E a passividade culmina num comportamento de espectador, vendo
tudo à sua volta de forma inerte, paciente, legitimando o dominador em suas
ações.
Em algumas famílias, até existem
limites, mas eles são tão tênues que quase não aparecem e, como não são
reforçados, não são respeitados. Cada componente da família agirá da forma que
quer. Assim, eu posso tudo ou o outro pode tudo por mim e em mim. Diante dessas
relações flácidas, pontuamos extremos; no entanto, existem gradações entre os
extremos. Certo é que esse desequilíbrio gera dominados e vitimizados. Quanto
mais difuso você for, mas sujeito ao dominador você será. E para alguns é
cômodo permanecer debaixo desses pseudos-poderes. Aprendemos que em qualquer
relação, seja ela de cônjuges, de pais e filhos ou de irmãos, os limites
rígidos e difusos vão gerar grandes dificuldades nos relacionamentos, mais cedo
ou mais tarde.
Por último, temos o Limite Equilibrado,
que difere do Rígido e do Difuso. Nesse ripo de limite, predomina o poder de
realização e de transformação. E o poder de realizar ações de transformação da
própria vida ao invés de querer mudar o outro. Ações de realização de si mesmo,
que concomitantemente influenciarão de maneira positiva o próximo.
No Limite Rígido, há um padrão de onipotência e prepotência, abusos de poder. No Difuso, há a impotência e permissividade. Já no equilíbrio existe o poder real, baseado, é obvio, pelo equilíbrio entre o direito pessoal e o alheio.
3. Pseudos-poderes
e poder real
Quando falamos das relações com Limites
Rígidos, o fundamento desses vínculos deriva-se de um pseudo-poder. Pseudo
porque não é original, não é natural, é imposto; a relação não é verdadeira em
sua totalidade, ainda que de fato exista, pois consiste em poderes de coerção.
Da mesma forma, quando falamos do Limite
Difuso, é outra face do pseudo-poder, porque se faz legítimo na ausência de
restrição do “ser vitimizado”, e não da autorização dele. Ou seja, entendemos
que numa família que existam limites difusos, os membros abrem mão de seus
papeis, gerando automaticamente agentes externos com pseudos-poderes e a
ausência de poder real/legítimo. Diante do exposto, afirmamos que somente o
real poder pode quebrar o círculo vicioso enraizado no seio de muitas famílias,
permitindo a reconstrução de relacionamentos verdadeiros e saudáveis, ação esta
que não se solidifica da noite para o dia, muito menos de forma fácil.
Assim, o único poder real é o de mudar a
nós mesmos. Não temos o poder de mudar quem quer que seja. Quando criamos a
ilusão de que temos poder de mudar os outros, entramos na onipotência e na
prepotência, e nos frustramos diante da realidade da impotência. O poder
verdadeiro está em realizarmos o que temos que realizar em nós mesmos. O poder
verdadeiro é esse que cabe a nós realizar em nós mesmos, com o auxílio
indispensável do Espírito Santo, para sermos transformados em pessoas melhores.
Paulo registra a batalha que possuía para moldar-se, vencer a si mesmo, para
então pregar aos outros, e não ser reprovado: “Antes subjugo o meu corpo e o
reduzo a servidão...”, 1Co 9.27. Isso não significa que deixaremos os demais
membros fazerem o que quiserem, mas que só teremos autorização e autoridade
legítima quando laborarmos nossa própria vida de forma correta, justa, integra
e amável. Só quando os outros veem em nós seres humanos melhores, começaremos a
mexer com as engrenagens do sistema familiar, contribuindo para uma melhora
coletiva.
Conscientizemo-nos, assim, que o poder
de realização e de transformação nos farão pessoas melhores, mais equilibradas.
Isso gerará autoridade ao estabelecer limites, pois difere em muito do
autoritarismo, do limite rígido, do pseudo-poder. A pessoa que fala com autoritarismo
fala da boca para fora, sem autoridade, porque faz esforço para exercitar
aquilo que fala. Grandes líderes, pelo seu exemplo de vida, não precisam gritar
para conseguir alguma coisa. Eles simplesmente pedem.
Quando o rei Davi simplesmente comentou
que desejava beber um pouco de água do poço de Belém, três de seus valentes
romperam em perigo, mas trouxeram-lhe a água que tanto desejava. Notem que o
texto não registra que Davi mandou buscar água, nem mesmo que pediu para que
buscassem, ele somente comentou de seu desejo. Davi não possuía pseudo-poder,
ele havia conquistado o poder real. Ele possuía autoridade genuína.
Sendo assim, que o Senhor nos ajude a exercitar a lição de Jesus: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós”, Mt 7.12. Agindo assim, constituiremos famílias melhores, com pessoas melhores e uma sociedade saudável.
Artigo: Ivan Tadeu Panicio Junior
Reverberação: www.subsidiosdominical.com
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