O Que Leva um Pastor a Suicidar-se?

O suicídio, no universo evangélico, era algo inconcebível até mesmo entre a membresia comum. Afinal, somos uma comunidade reconhecida pelo domínio próprio.
O que está acontecendo conosco?
Neste artigo, não tocarei noutros escândalos como heresias, adultérios e roubos cometidos por homens que eram tidos como “ilibados varões de Deus”. Alguns chegaram, inclusive, a praticar homicídios duplamente qualificados. Diante dos últimos acontecimentos, temos de responder a esta pergunta: O que leva um pastor a suicidar-se?



Embora não queiramos admitir, o ministério cristão tornou-se altamente competitivo. Lançamo-nos de corpo e alma àquilo que achamos ser a Obra de Deus, mas já não damos importância alguma ao Deus da Obra. Já não dispomos de tempo parar orar, jejuar, cuidar dos filhos e usufruir dos encantos da vida conjugal. Nossas agendas estão sobrecarregadas; são estressantes e nocivas. Todavia, esquecemo-nos de algo básico na Vinha do Senhor: nem toda atividade redunda em produtividade. Às vezes a contemplação de Maria é mais produtiva do que a agitação de Marta (Lc 10.38-42).

Todo esse ativismo leva-nos a um esgotamento espiritual, mental e físico irreversível. De repente, surpreendemo-nos a fazer coisas que, noutras circunstâncias, jamais faríamos. É hora de entendermos algo básico e comezinho: embora o nosso espírito esteja sempre preparado, a nossa carne continua tão fraca hoje quanto ontem. Eis por que temos de orar e vigiar (Mt 26.41).
 
Na verdade, Deus jamais permitirá que sejamos provados além das nossas forças (1 Co 10.13). Ansiosos, contudo, por chegar sempre em primeiro lugar, ignoramos todos os nossos limites. Fazemos do santo ministério uma carreira insana. Corremos até mesmo sem ter uma mensagem para entregar à Igreja de Cristo (2Sm 18.19-32). Esquecemo-nos, porém, de que, no Reino de Deus, “não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso” (Ec 9.11). Por isso, querido obreiro, descanse no Senhor (Fp 4.6).

O ativismo é tão perigoso que poderá levar-nos, inclusive, ao suicídio. Uma mente exaurida é um terreno propício para Satanás semear destruições. Então, pare um pouquinho; busque um lugar a sós com o Senhor Jesus; retempere-se. Às vezes, a situação não é tão ruim quanto imaginamos. Basta abrirmos os olhos, para contemplar o livramento divino (2Rs 6.17). Querido obreiro, tire esse pensamento suicida de seu coração; Deus quer dar-lhe vida com abundância (Jo 10.10).

Daqui para frente, trabalhe para a glória de Deus, e não para o seu engrandecimento pessoal.

1. A maldição da igreja-empresa

Há pastores que, ocasionalmente, pensam no suicídio, por não conseguirem alcançar as metas financeiras estabelecidas por seus líderes. E, como há prêmios e loas aos que batem tais metas, os que ficam para trás frustram-se, deprimem-se e começam a alimentar intentos fatais. Os que exigem tal coisa de seus obreiros acham-se tomados pelo espírito de Laodicéia (Ap 3.14-22; 2Pe 2.13).

Já imaginou ser obrigado a garantir alvos cada vez mais ambiciosos e quiméricos? Os que os atingem são honrados; auferem lucros e até prêmios. Quanto aos que não logram tais façanhas, são expostos como incompetentes.

Sob tais condições, o obreiro deixa de ser um pastor de almas para tornar-se um mero gestor financeiro. E, como tal, ele tudo fará a fim de manter o seu posto e aumentar os seus ganhos. Se for preciso mentir, mentirá; se for obrigado a matar, matará; e, caso não haja alternativa, acabará por tirar a própria vida, pois não suportará cair em opróbrio diante da esposa, dos filhos e dos colegas de ministério. Nessa empreitada insana e diabólica, há muita gente empenhando a própria alma.

2. Pecados e iniquidades

A Bíblia Sagrada traz a história de dois notórios suicidas. O primeiro deles é Saul, o primeiro rei de Israel. Desprezando o Senhor, chegou ele a consultar uma necromante (1Sm 28.7). E, na batalha que se armara contra ele, optou por suicidar-se, para não ser escarnecido pelos filisteus (1Sm 31.4). O segundo é Judas Iscariotes, que, segundo o relato evangélico, foi tão acossado pela torpeza de seu ato, que veio a suicidar-se feiamente (At 1.18).

Nessa lista trágica, não arrolamos Sansão, porque este não se suicidou. Mas, como bom e valente soldado, optou por morrer em combate (Jz 16.30). Tanto é que o escritor da Carta aos Hebreus foi inspirado a colocá-lo entre os heróis da fé (Hb 11.32).

Há pastores que, após uma queda espiritual, veem-se de tal forma perturbados, que chegam a pensar no suicídio como a única saída. Alguns se arrependem, confessam suas faltas e alcançam a misericórdia do Senhor. Outros fazem, daquele incidente, um histórico maldito; do pecado passam à iniquidade; fazem-se inimigos de Deus.
 
O pecado na vida de um pastor é algo rumoroso; gera afrontas contra a Igreja e contra o próprio Deus (2Sm cap. 12). Por esse motivo, alguns optam por não o confessar; escondem-no. Mas, sempre que isso ocorre, o prejuízo é maior; compromete o nosso destino eterno.

O suicídio também não é a solução; é um escape ilusório e covarde. Quando do Julgamento Final, teremos de prestar contas de dupla culpa: a iniquidade que nos levou à queda e o suicídio em si.

Se este for o seu caso, querido obreiro, não se contente em buscar um colega de ministério, mas um amigo verdadeiro e sincero como Natã. O profeta não se limitou a repreender Davi, mas o ensinou a trilhar o caminho do arrependimento. Haverá consequências? É impossível livrar-nos destas. No entanto, as eternas são infinitamente mais pesadas que as temporais. Tenho certeza de que Davi, em momento algum, pensou no suicídio. Ao invés de acabar com própria vida, compôs o Salmo 51, onde expõe publicamente o mais doloroso capítulo de sua vida.

VEJA TAMBÉM: O SUICÍDIO NA BÍBLIA

Conclusão
Nós, pastores, também carecemos de pastores. É chegado o momento de nos prepararmos adequadamente, para socorrer os obreiros que, devido ao ativismo ministerial, já ultrapassaram todos os seus limites. Se nada fizermos por esses homens, virão eles, eventualmente, a optar pelo suicídio.

Quanto aos que pressionam seus obreiros com metas afrontosas e iníquas, o que tenho a dizer? Voltem ao primeiro amor, e não ajam como as corporações mundanas; para estas, um gestor não passa de uma peça descartável. Mas, para o Senhor da Vinha, até o obreiro da última hora é valioso.

Finalmente, socorramos os obreiros, que, por não vigiarem, caíram em pecado. No tratamento destes, evitemos dois extremos: fingir que nada aconteceu e transferi-los de “paróquia”, ou lançá-los no vale do desprezo. Eles precisam de nosso socorro espiritual, emocional, social e financeiro. Em muitos casos, eles não poderão voltar ao ministério. Que sejam, pois, dignamente amparados.

Sejamos amigos sinceros dos obreiros de Cristo, e não meros colegas de ministério. Evitemos que outros homens de Deus venham a ver o suicídio como a única alternativa.

💻 Adaptação/Reverberação: Subsídios EBD
Artigo: Pr. Claudionor de Andrade

Estudo Publicado em Subsídios EBD – Site de Auxílios Bíblicos e Teológicos para Professores e Alunos da Escola Dominical.

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