A mente é o local onde
produzimos os mecanismos que executamos para imaginar, identificar, armazenar e
associar informações, e gerar pensamentos que poderão exercer conexões com o
cérebro, desenvolvendo-o e realizando atitudes concretas no mundo psíquico, social
e físico. Estas atitudes, elaboradas, desenvolvem o comportamento, moldam nossa
personalidade e estão correlacionadas com os conteúdos e valores que
armazenamos em nossa memória. Isto evidencia o quanto a nossa mente é
importante para a psique humana e para o processo de santificação em nossa nova
vida em Cristo.
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Ao nos convertermos, já
chegamos com aprendizagens, atitudes, valores e conceitos, já moldados e
memorizados. A transformação pela renovação da mente, portanto, não é uma
tarefa simples. Na verdade, significa reformar a mente, fazendo uma grande
faxina mental, e redirecionar a formação mental para novas perspectivas
bíblicas, como o texto Paulino nos exorta: “Rogo-vos pois, irmãos, pela
compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm
12.1,2).
1. O evangelho forma pensadores
Somos seres pensantes
sobre as coisas e sobre nós mesmos, e isto desde que nascemos. Executamos
pensamentos simples e complexos, muitas perguntas e respostas, inúmeros porquês
e hipóteses. E a grande verdade é que o Evangelho nos faz pensar. O Evangelho é
inteligente, a Bíblia é instigante, e Deus é inimaginável do ponto de vista
humano.
Reconsiderar o curso da
vida e dos processos mentais faz parte do crescimento e maturidade espiritual.
E no processo de crescimento contínuo, de reforma, renovação e transformação
mental, precisamos constantemente visitar estruturas mnemônicas, pois nossas
memórias não podem ser apagadas – precisamos aprender a organizá-las de tal
modo a acionarmos só o que for útil ou proveitoso (Lm 3.19-24). Necessitamos
reorganizar nosso sistema de valores, absorvendo os valores e conceitos
bíblicos, como considerar o outro superior, praticar a hospitalidade, carregar
a carga do outro, oferecer a outra face, ou amar alguém como a si mesmo. Assim
fazendo, aprendemos a refazer nossos preconceitos, alterando os conceitos
internos equivocados já assimilados, que precisamos reformar. Afinal, o
evangelho demanda a alteração de atitudes, de comportamentos automáticos ou
impulsivos.
2. Estruturas do pensamento na atualidade
As características do
pensamento humano são inúmeras, e cada pessoa as usa de forma particular: cada
um pensa o que quer, a partir do que tem em sua mente, de forma silenciosa e
particular, assim como cada coração conhece a sua própria amargura (Pv 14.10).
Há, porém, algumas considerações que entendo serem importantes analisar, que
direcionam os caminhos do pensamento na atualidade.
Imitação
imposta e intencional – A
primeira ferramenta para a aprendizagem é a imitação. Imitamos expressões,
comportamentos, palavras, e vamos construindo nosso saber interior a partir das
interações com os outros e as coisas. Uma criança que assiste uma cena de um
casamento ou beijo entre duas pessoas do mesmo sexo, ou atos sexualmente
obscenos, muitas vezes na sala de casa ao lado de seus pais, vai entender e
apreender que o que assistiu é normal e esperado. Mais tarde, já adolescente,
vai imitar o olhar indecente do amigo, o andar insinuante da colega de sala de
aula, a violência que assiste em casa ou nos jogos de computador. Já adulto,
vai agir segundo o conselho dos ímpios, imitar a conduta dos pecadores, e se
assentar na roda dos escarnecedores (Salmos 1.1).
Informação e
tecnologia – A sociedade atual
caracteriza-se pela globalização. A quantidade de informação e as novidades
midiáticas são mais importantes do que a veracidade das mesmas. Se antes as
fontes eram confiáveis e conhecidas, como a família, a escola, a igreja e
amigos próximos, hoje a informação chega sem endereço ou confiabilidade. Desta
forma, mentiras, falsas doutrinas bíblicas e erros bíblicos são postos na
internet com uma aparência de verdade, e muitos são arrastados por ensinos
errados.
Necessidade de
afeto – A mídia e as relações
sociais estão ampliando a carência afetiva no nosso tempo. O tempo é escasso, e
mesmo os momentos em família são trocados pela conectividade virtual, os amigos
são virtuais, o ensino é a distância, a igreja é online. Sem afetos reais, o
mundo interno torna-se frio e egoísta, e assistimos cada vez mais o discurso de
que “cada um sabe o que deve fazer”, “respeite o meu modo de crer em Deus”,
“faço o que quero e depois decido isto com Deus”, “cada um vive o evangelho que
prefere”.
3. A educação cristã e o pensamento atual
Vivemos em meio a um caos
intelectual, em uma guerra onde as verdades fundamentais acerca de Deus, do
homem e do Universo estão sendo substituídas por ideologias não cristãs e
anticristãs. Hoje há pregações em templos evangélicos, em que se defende a
contextualização da Bíblia, e onde se prega sobre uma Graça que descarta a
santificação. São muitos os evangélicos sem igreja, e para muitos as doutrinas
bíblicas não são mais suficientes, chegando a defenderem doutrinas particulares
e a livre interpretação da Bíblia.
Cada vez mais a
apropriação do saber bíblico precisa nortear nossos pensamentos. Muito antes da
Psicologia e neurologia formularem teorias e técnicas para organizar nosso modo
de pensar conflitante, Paulo nos ensina que decidimos o que pensar: “E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas
mentes em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o
que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for
amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de
louvor, pensem nessas coisas”. (Fl 4.7,8). E ainda neste mesmo capítulo, nos
ensina também a decidir pela alegria, mesmo em meio a situações adversas,
mostrando que até nossas emoções podem ser organizadas racionalmente.
Neste mundo de achismos,
pseudoverdades, inúmeros dogmas, constante alterações de paradigmas, de
religiosidade individual, a Bíblia permanece inalterada e absoluta. Suas
doutrinas não variam, seus ensinos não caducam, sua verdade não mente, e seu
poder transformador é infalível. E nossa tarefa como professores é enfatizar
mais os absolutos divinos, incentivando nossos alunos a analisar, julgar e
ponderar os conteúdos ditos evangélicos propagados pela mídia.
Assim sendo, o grande
desafio da Educação Cristã na atualidade é criar um ambiente intelectual no qual
as verdades bíblicas se mostrem coerentes e capazes de responder as indagações
da atualidade. Numa sociedade anticristã como a que vivemos, adolescentes e
jovens perdem sua fé em universidades e adultos querem discutir o evangelho ao
invés de vivê-lo, deixando de levar seus filhos à igreja, onde estes ganham o
direito de escolherem sua fé (e seu gênero!) quando crescerem.
Precisamos acordar para a
guerra intelectual que vivemos na atualidade, onde as sagradas escrituras estão
sendo esvaziadas e contestadas, taxadas de obsoletas, irracionais ou
ficcionais. Ideias falsas, incutidas num modo de pensar hedonista e
“politicamente correto”, precisam ser contestadas: é preciso pregar sobre a
coerência da nossa fé, em púlpitos e em conversas corriqueiras em espaços
familiares e profissionais, e sempre estarmos preparados para responder a
qualquer que nos pedir a razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15).
O modo de pensar da atualidade será sempre e cada vez mais contestador e inibidor. As verdades absolutas da bíblia incomodam o modo libertino de viver, as escolhas pelo pecado e as facilidades da fé. Leis humanas podem tentar nos fazer calar, a mídia oponente pode tentar denegrir a seriedade do que cremos, mas o mundo precisa saber que Deus é o único Deus, que havemos de prestar contas de nossas escolhas, que céu e inferno são reais, e que Jesus não é um simples filósofo, mas filho de Deus e único caminho.
Artigo: Elaine Cruz
DICAS
DE CURSOS BÍBLICOS