Apocalipse: A Revelação de Jesus Cristo

Título, Autor, Destinatário
“A Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1) é o título inspirado pelo Espírito Santo para o livro de Apocalipse. “De Jesus Cristo” pode significar “por”, “de” ou “a respeito de” Jesus Cristo. Três sentidos se encaixam aqui. 
O que neste livro temos é um novo e excitante quadro de Jesus. Apesar de ser o mesmo Jesus dos evangelhos e do restante do Novo Testamento, em Apocalipse mostra-se triunfante. Somente Ele é digno de desatar os selos do livro da ira de Deus. Cumpre as profecias do Antigo Testamento referentes ao D ia do Senhor, trazendo tanto o julgamento como a restauração. Ele reivindica a justiça divina e completa a consumação do grande plano redentivo de Deus. Todavia, é ainda o Cordeiro de Deus no último e derradeiro cumprimento do governo divino na nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra.

O livro informa-nos ter sido esta revelação de Jesus Cristo dada a João enquanto o evangelista era prisioneiro na Ilha de Patmos. Sua mensagem foi inicialmente direcionada às sete igrejas da Ásia. Estas comunidades cristãs foram, provavelmente, fundadas por Paulo durante seu ministério em Éfeso (At 19.10,20).

Características Literárias
Os eruditos identificam o estilo literário deste livro como apocalíptico. “Revelação” em Ap 1.1 é “A pokalupsis”, no grego; tem o sentido de “desvendar, descobrir, revelar”. Sua revelação de Jesus relaciona-se ao desvendamento dos segredos dos fins dos tempos. Muitas das verdades reveladas neste livro estiveram escondidas até este tempo. Outros tipos de literaturas apocalípticas são encontradas no Antigo Testamento, especialmente em Ezequiel e Daniel. Tais literaturas são marcadas por imagens simbólicas e visões dramáticas e previsões sobre o final dos tempos. O Apocalipse, contudo, identifica-se a si mesmo como uma profecia (Ap 1.3, 22.7,10,18,19). E ordenado a João que escreva o que vê. O livro tem muitos pontos em comum com outros do Antigo Testamento. A semelhança dos livros proféticos, contém não somente profecias, mas cartas, discursos, diálogos, cânticos e hinos.
Os cânticos e hinos são proeminentes por causa da presença e da glória de Deus Pai e do Cordeiro que inspira adoração (veja 4.8,11, 5.8-13, 7.9-12, 11.15-18, 15.2-4, 19.1-8).

A linguagem do livro reflete o estilo dos escritores proféticos do Antigo Testamento. Na Ilha de Patmos, João deve ter m editado muito nas profecias, especialmente nas de Daniel, Ezequiel e Zacarias. Todavia, nenhum a delas é citada diretamente. As criaturas viventes de Apocalipse 4.5, por exemplo, são descritas com linguagem similar à das criaturas de Ezequiel 1. Neste, as criaturas são idênticas um a às outras. Em Apocalipse, entretanto, elas são diferentes um a das outras. Portanto, as criaturas de Apocalipse não são as mesmas descritas por Ezequiel. João está registrando uma nova revelação.

O livro é caracterizado também pelo uso de números, especialmente o sete: sete cartas, sete bênçãos (Ap 1.3, 14.13, 16.15, 19.19, 20.6, 22.7,14), sete selos, sete trombetas, sete trovões, sete taças. As sete cartas apontam para os eventos do final dos tempos.

Os sete selos antecipam tais eventos. As sete trombetas trazem julgamento parcial, e antecipam o julgamento mais completo das sete taças da ira de Deus. As sete bênçãos e os sete trovões reforçam as promessas e os julgamentos divinos. Sete é considerado número sagrado, pois Deus descansou no sétimo dia.

O sete, em Apocalipse, enfatiza que os propósitos divinos estão sendo executados.
As várias sequências do número sete são seguidas por três visões do fim: o fim do sistema mundial de Babilônia, o fim do Anticristo e seu reinado, e o fim de Satanás e seu domínio. Então, todo o povo de Deus será reunido para estar em glória com Cristo na Nova Jerusalém. As diversas partes do livro são amarradas por repetições que dão suporte a todo o material, e atraem a nossa atenção à necessidade de se focalizar o livro como um todo.

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A expressão “e eu vi” frequentemente introduz uma mudança no cenário, ou algum item novo no livro. Trovões, vozes e terremotos são mencionados em importantes pontos do livro (ver Ap 4.5, 8.5, 11.19, 16.18). Os interlúdios também são uma marca do Apocalipse, e ajudam a entrelaçar a mensagem de todo o livro numa unidade perfeita. Os interlúdios, ou parênteses, são encontrados de Ap 7.1 a 8.1, entre o sexto e o sétimo selo; e no capítulo 10.1 a 11.14, entre a sexta e a sétima trombeta. Também há personagens e anjos introduzidos entre as trombetas e as taças.
Os sete trovões do capítulo 10 são importantes, pois deixam- nos cientes de que algumas coisas hão de acontecer, as quais nos são agora reveladas. Consequentemente, fica claro que o Apocalipse não é um a fotografia completa de tudo o que há de ocorrer no futuro. Há coisas que estão sob a autoridade do Pai, e que não foram nem o serão reveladas até que se tornem realidade (At 1.7).

Além disso, algumas coisas são colocadas a partir de uma perspectiva celestial, e outras são postas sob um a ótica terrena. A queda de Babilônia, por exemplo, é anunciada no capítulo 14; mas, nos capítulos 17 e 18, são-nos dados mais detalhes do evento. O livro é igualmente cheio de contrastes, os quais classificam os caracteres e os símbolos; todos eles olham à frente, ao triunfo final de nosso Deus e do seu Cristo.
Veja também:
Data
A maioria dos pais da Igreja e dos historiadores data o Apocalipse por volta de 95 a.D., no fim do reinado de Domiciano (81-96 a.D.). O imperador romano, nesse tempo, aproximava-se do ponto culminante de sua grandeza e prosperidade. Seus exércitos haviam adicionado os territórios da Grã-Bretanha e Alemanha a Roma, mas fracassaram na Dácia (Sudeste da Europa, incluindo a moderna Romênia). E bom notar que a Alemanha Oriental, Polônia, Escandinávia e Rússia jamais fizeram parte do Império Romano. Muitos acham isto significativo quando consideram a futura federação das dez nações dirigida pelo Anticristo. Tal federação parece ser com posta de nações que, uma vez, constituíram o antigo Império Romano.

Alguns eruditos buscam datar o Apocalipse entre 54 e 58 a.D., durante o reinado de Nero. Segundo Papias, João teria morrido antes da destruição de Jerusalém em 70 a.D. M as esse antigo escritor não merece confiança por ter errado em muitas outras coisas. Aliás, não temos rigorosamente os escritos de Papias, mas somente o que o historiador da Igreja, Eusébio de Cesaréia, que morreu em torno de 340 a.D., alega ser proveniente de Papias.

Outros tomam o número 666 (Ap 13.18) para referir-se a Nero.
Nos dias do Império Romano, as letras eram usadas como números, pois os algarismos arábicos ainda não estavam em uso. A primeira letra do alfabeto, por exemplo, era usada para o número um; a segunda, para o número dois, e assim por diante.

Ao se colocar “Nero César” (Imperador Nero) em letras hebraicas, estas somam 666. Todavia, o Apocalipse foi escrito em grego. O uso do A lfa e do Omega (primeira e última letra do alfabeto grego) m ostra que se tinha em mente o alfabeto grego, não o hebraico. Além disso, a situação geral do livro encaixa-se no tempo de Domiciano, não no de Nero. A condição das Igrejas e a pressão dos tempos indicam um período posterior. Consideremos também de que são pequenas as evidências de que a perseguição de Nero aos cristãos houveram se estendido às províncias romanas da Ásia. Portanto, aceito 95 a.D. como a data em que o Apocalipse foi escrito.

As Diversas Interpretações
1. Histórica
Muitos tentam fazer do Apocalipse um livro de adivinhações. Relacionam-no aos acontecimentos de suas respectivas épocas, para descobrir o que há de acontecer no futuro próximo. Esta interpretação é muito proeminente entre os que têm uma visão meramente histórica do livro. Estes intérpretes vêm comparando o Apocalipse com a história da Igreja desde o primeiro século, para realçar coisas como o aparecimento do papado e as invasões muçulmanas.
Por conseguinte, não conseguem ver a Grande Tribulação no final dos tempos, pois espalharam os eventos do livro no decorrer da história da Igreja. Como se vê, cada geração de eruditos vem retrabalhando a interpretação do Apocalipse, numa tentativa de encaixar as profecias em suas respectivas épocas.

2. Preterista
Outros possuem um a visão preterista do livro, e tentam relacionar suas profecias com os eventos registrados no final do primeiro século, tendo-se Roma e seus imperadores mais proeminentes como pano de fundo. Noutras palavras: os preteristas crêem que a maior parte do Apocalipse já foi cumprida a muito tempo atrás, restando-nos dele apenas interesse histórico. Devemos observar, porém, que o relacionamento que eles fazem entre o texto e o evento é muito subjetivo e precário.

3. Idealística
Há ainda outros que rejeitam a tentativa de se identificar os eventos do livro com as fontes históricas. Optam por uma visão idealística do Apocalipse. Veem os símbolos e figuras simplesmente como representantes da disputa progressiva que há entre o bem e o mal, com a certeza do triunfo derradeiro da justiça. Acham que não haverá cumprimento literal de nenhum evento do livro. O que vemos porém é que, apesar de o Apocalipse ter muitas figuras simbólicas, representam estas algo real. O Anticristo é chamado de a besta, mas será uma pessoa real, e cumprirá as predições feitas sobre ele noutras profecias, tais como 2 Ts 2.3-12, onde se diz que Cristo virá pessoalmente trazer o triunfo final.

4. Futurista
A maioria dos pentecostais e fundamentalistas têm uma visão futurista do livro. Sob esta perspectiva, tudo, ou quase tudo que é narrado após o capítulo quatro, será cumprido num curto período de tempo (sete anos) após o término da dispensação da Igreja. Será um período de tribulação, ira e julgamento, que terá o seu clímax com o retorno de Jesus em glória para destruir o exército do Anticristo, e estabelecer seu reino milenial.

Encontramos este período de sete anos nas Setenta Semanas de Daniel 9.27. De acordo com alguns, apenas os últimos três anos e meio desse tempo profético. Período este chamado também de a Grande Tribulação. Por isso, quando os futuristas falam da Tribulação, ou da Grande Tribulação, não estão se referindo às tribulações comuns, sofrimentos e pressões, que são parte do viver diário da história da Igreja neste presente século. Sofrimentos estes causados tanto pelo mundo quanto por Satanás. Durante a Grande Tribulação, é bom que se diga, será o próprio Deus quem trará a ira e o julgamento sobre o mundo que rejeita a Cristo. A perspectiva de um curto período de tribulação ao findar a presente era, é sustentada por todos os futuristas, sendo eles ou não dispensacionalistas.

Os futuristas são também culpados pela forma como divulgam suas interpretações do Apocalipse. A semelhança dos historicistas, alguns vêm estabelecendo datas para acontecimentos futuros, ou tentando deslumbrar qual será o próximo evento, ou identificar o Anticristo com sistemas e indivíduos. Todavia, reconhecemos que os futuristas levam mais a sério a realidade do julgamento e a certeza da segunda vinda de Cristo do que os outros intérpretes.

Creio ser a visão futurista a que melhor se encaixa nas profecias do Antigo Testamento; é também a que menos problemas de interpretação apresenta.

Os intérpretes do Apocalipse
Os intérpretes do Apocalipse estão também divididos na forma como abordam o Milênio (os mil anos mencionados repetidamente no capítulo 20). A maneira como se encara o Milênio afeta a interpretação do Apocalipse como um todo. É necessário levantarmos, aqui, alguns pontos.

1. O amilenismo
O amilenismo ensina que não haverá nenhum milênio, pelo menos não na terra. Alguns simplesmente dizem que, como o Apocalipse é simbólico, não há sentido algum em se falar em milênio literal. Outros interpretam os mil anos como algo que ocorrerá no céu. Pegam o número “mil” como um algarismo ideal; um período indefinido. Assim, esperam que este período da Igreja termine com a ressurreição e julgamento geral, tanto do justo como do ímpio, seguindo-se imediatamente o reinado eterno no novo céu e na nova terra.

A maioria dos amilenistas consideram Agostinho (o bispo de Hipona, no Norte da África, 396-430 d.C.) um dos principais promotores do amilenismo. Como Agostinho, apropriam-se das profecias do Antigo Testamento concernentes a Israel, e as espiritualizam, aplicando-as à Igreja. Mas vejamos o exemplo de Ezequiel 36. Nesta passagem, Deus promete restaurar Israel por causa do seu santo nome, embora hajam-no profanado. E claro que este texto se refere à nação israelita. Por isso, rejeito o amilenismo. Este sistema, além de espiritualizar em demasia, não dá espaço nem para a restauração de Israel nem para o reinado de Cristo sobre a terra. Um reinado, aliás, claramente profetizado tanto no Antigo com o no Novo Testamento.

2. O pós-milenismo
O pós-milenismo, outra corrente, começou a espalhar-se a partir do século XVIII. Seus adeptos interpretam os mil anos do Milênio como uma extensão do período atual da Igreja. Ensinam que o poder do Evangelho ganhará todo o mundo para Cristo, e a Igreja assumirá o controle dos reinos seculares. Após isto haverá a ressurreição e o julgamento geral tanto do justo como do ímpio, seguido pelo reinado eterno no novo céu e na nova terra.

O pós-milenismo também espiritualiza exacerbadamente as profecias da Bíblia, não dando espaço à restauração de Israel ou ao reinado literal de Cristo sobre a terra durante o Milênio. Menospreza o fato de que os profetas do Antigo Testamento (e o próprio Cristo) mostraram que o Reino será introduzido através de um julgamento. A estátua de Daniel dois, por exemplo, representa o presente sistema mundial. A rocha que representa o Reino de Deus, ao invés de penetrar na estátua e a transformar, acerta-a em cheio e a esmigalha. Somente quando isto acontecer é que o reino divino encherá a terra.

3. O pré-milenismo
O pré-milenismo interpreta as profecias do Antigo e do Novo Testamento de maneira literal, observando porém se o contexto assim o permite. Seus adeptos presumem que a forma mais simples de se interpretar estas profecias é colocar o retorno de Cristo, a ressurreição dos salvos e o Tribunal de Cristo antes do Milênio. No final deste, Satanás será temporariamente solto para enganar as nações, mas há de ser prontamente derrotado para todo o sempre. Segue-se o julgamento do Grande Trono Branco, que sentenciará o restantes dos mortos. Aí, sim, teremos o reino eterno no novo céu e na nova terra.

Com respeito ao Apocalipse com o um todo, muitos pré-milenistas no século XIX eram historicistas. Contudo, a maior parte dos pré-milenistas, hoje, são futuristas.

Reconheço haver cristãos que se consideram a si mesmos evangélicos, nascidos de novo, e que sustentam diferentes posições de se interpretar o Apocalipse. Não lhes questiono a salvação. Contudo, depois de muitos anos de estudo e de ensino, creio que há mais evidências em favor da visão pré-milenial e da interpretação literal do que das outras. A perspectiva pré-milenista e a futurista, juntas, encaixam-se melhor nas orientações de Jesus. Seus ensinamentos e parábolas mostram que devemos esperar, para breve, o seu retorno. Ao mesmo tempo, devemos ser fiéis em propagar o Evangelho a todas as nações até que Ele venha.

Divulgação: www.escolabiblicaecb.com | Referência: Horton Stanley M. A vitória Final. Uma investigação do Apocalipse. 1ª edição / 1995 - CPAD

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