“Ou não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos?” (Jó 31.4)
VERDADE
PRÁTICA
Ao olhar retrospectivamente para o passado, lembre o quanto Deus trabalhou nele.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda - Jó 29.1-5
Quando se olha para a glória do passado
Terça - Jó 30.1
Quando se zomba da vergonha do presente
Quarta - Jó 30.2-5
Quando se debilita a força e o vigor
Quinta - Jó 31.1
Quando se faz um concerto ético com Deus
Sexta - Jó 31.2,3
Qual seria a herança do Todo-Poderoso?
Sábado - Jó 31.4,5
Quando Deus sonda os caminhos dos homens
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Jó 29.1-5; 30.1-5; 31.1-5
Jó 29
1 - E, prosseguindo Jó em sua parábola, disse:
2 - Ah! Quem me dera ser como eu fui nos meses
passados, como nos dias em que Deus me guardava!
3 - Quando fazia resplandecer a sua candeia sobre a
minha cabeça, e eu, com a sua luz, caminhava pelas trevas;
4 - como era nos dias da minha mocidade, quando o
segredo de Deus estava sobre a minha tenda;
5 - quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e
os meus meninos, em redor de mim;
Jó 30
1 - Mas agora se riem de mim os de menos idade do
que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.
2 - De que também me serviria a força das suas
mãos, força de homens cuja velhice esgotou-lhes o vigor?
3 - De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se
para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos.
4 - Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu
mantimento eram raízes dos zimbros.
5 - Do meio dos homens eram expulsos (gritava-se
contra eles como contra um ladrão),
Jó 31
1 - Fiz concerto com os meus olhos; como, pois, os
fixaria numa virgem?
2 - Porque qual seria a parte de Deus vinda de
cima, ou a herança do Todo-Poderoso desde as alturas?
3 - Porventura, não é a perdição para o perverso, e
o desastre, para os que praticam iniquidade?
4 - Ou não vê ele os meus caminhos e não conta
todos os meus passos?
5 - Se andei com vaidade, e se o meu pé se apressou
para o engano.
HINOS SUGERIDOS: 49, 62, 564 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Mostrar que Jó, profundamente afetado
pelo sofrimento, recorda nostalgicamente
do seu passado de glória.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
MOSTRAR que Jó lembra os tempos passados quando era visto e reconhecido
socialmente por todos;
CONTRASTAR o estado passado de Jó com o presente, quando se tornara motivo de
escárnio;
ELUCIDAR a insistência de Jó na defesa de sua inocência.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Nesta lição perceberemos que Jó faz uma
retrospectiva de sua vida. Ele pôde ver o quanto foi abençoado, embora o
momento presente contrariasse todo o seu passado. Infelizmente, o
"presente" de Jó teve mais força para embaçar o seu passado. Ele não
conseguia recuperar a esperança.
É muito importante fazermos esse
exercício retrospectivo, mas sem, contudo, perder a esperança. O que Deus fez
em nosso passado deve-nos trazer a esperança para o presente. Tudo isso só é
possível uma vez que estamos em Cristo. Do ponto de vista humano é impossível
recuperar a esperança diante da tragédia. Todavia, na força do Espírito Santo,
podemos recuperá-la.
INTRODUÇÃO
O capítulo 31 encerra da seguinte forma:
“Acabaram-se as palavras de Jó” (Jó 31.40). Trata-se de uma retrospectiva
nostálgica do passado Jó (Jó 31.29-31). Por isso, nesta lição, veremos a
lembrança de Jó acerca de sua prosperidade material e espiritual, de sua
adoração a Deus e das bênçãos que o Todo-Poderoso concedeu à sua casa; mas,
agora, em oposição ao momento de escárnio e vergonha que ele passa no presente.
Nesse sentido, Jó não aceita que as coisas terminem assim e, portanto, ele
deseja se apresentar diante de Deus para defender a sua causa.
PONTO CENTRAL
Conforme Deus fez no passado, Ele pode fazer algo novo.
I
– JÓ RELEMBRA SEU PASSADO DE GLÓRIA
1. Prosperidade material e
espiritual (29.1-11).
Jó demonstra um sentimento nostálgico com relação a
seu passado. A primeira coisa que se lembrou desse passado glorioso foi a
comunhão que ele desfrutou com Deus (Jó 29.2,4). Eram lembranças de um passado
que não mais existia. Ele lembra que Deus o protegia (Jó 29.2); suas bênçãos
sobre ele e sua família (Jó 29.3); sua orientação em meio às dificuldades (Jó
29.3); e a presença real de Deus na vida dele (Jó 29.5). Jó, portanto, havia
sido um homem grandemente abençoado por Deus.
2. Reconhecimento social
(29.14-25).
Jó também se lembra de sua antiga condição social,
quando exercia a função de um respeitado juiz de sua cidade (Jó 29.7). Tanto os
jovens como os velhos o procuravam para serem orientados (29.8). Talvez isso
explique a linguagem jurídica que aparece com frequência nos diálogos do livro.
Isso demonstra que ele exercia um importante papel social na sua comunidade.
Ele ajudava o desvalido, dava orientação de forma sábia e agia com justiça (Jó
29.14-20,21-25).
Na sua busca pela justiça social, Jó protegia os
pobres e punia os opressores (Jó 29.17). Seu amor e defesa pela justiça
eram-lhe como uma vestimenta e adorno (Jó 29.14). Ele dava apoio social aos
menos favorecidos e era como se fosse os “olhos” do cego. Até mesmo com os
estrangeiros ele se preocupava (Jó 29.15,16). Tendo agido com justiça e
equidade, nada mais natural que esperasse que seus dias terminassem em paz ao
lado de sua esposa e filhos (Jó 29.18). O contrário disso não estava em sua
agenda: terminar a vida sem saúde, sem honra e sem paz com Deus.
3. Uma ponderação importante.
Não há dúvida de que Jó, conforme a Bíblia mostra,
era um modelo de justiça social. Todavia, devemos ter o cuidado de não
transportar para dentro do texto bíblico nenhuma teoria moderna de justiça
social firmada em valores materialistas contrários aos defendidos nas
Escrituras. De fato ele era um homem que defendia a justiça social, mas nem de
longe se pode classificá-lo como um socialista nos termos modernos. Isso seria
forçar o texto, ir além do que está escrito e sobrepor o pensamento político na
Bíblia.
SÍNTESE DO TÓPICO I
Jó relembra seu passado de prosperidade material e espiritual, bem
como a sua atuação social.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para introduzir este primeiro tópico,
fale um pouco acerca das parcerias nos momentos de sucesso e da solidão nos
momentos difíceis. É bem provável que você tenha na classe alunos que já
experimentaram essa realidade. Quando tinham posses viviam cercados de
“amigos”, mas quando perderam tudo os tais “amigos” simplesmente desapareceram.
Embora Jó tenha usado esse exemplo para demarcar bem aos seus amigos o tamanho
de sua tragédia, podemos usar esse mesmo exemplo para constatar uma mesma realidade:
vivemos numa sociedade que valoriza mais o “ter” que o “ser”. Por isso, como
Igreja de Cristo, devemos acolher entre nós as pessoas que precisam de comunhão
e serviço.
II – JÓ LAMENTA SEU ESTADO PRESENTE
1. Desprezo por parte dos jovens e
das classes menos favorecidas (30.1-23).
Após lembrar com tristeza da sua antiga condição
social próspera, Jó lamenta o ponto que havia chegado sua miséria. No Antigo
Oriente, os mais velhos eram objetos de grande estima (Pv 20.29). Por isso,
quando gozava de sua prosperidade, ele era respeitado não apenas pelos mais
velhos, mas também pelos mais jovens. Entretanto, Jó lembra que “agora se riem
de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com
os cães do meu rebanho” (Jó 30.1). De homem respeitado, ele passou a ser visto
como uma escória social (Jó 30.1-8). Jó, portanto, lamentava estar no fundo do
poço.
2. Abatimento físico e emocional
(30.16-31).
O patriarca se sente um homem abandonado por Deus,
por isso, essa lembrança o lança numa profunda tristeza e produz em sua vida um
grande sofrimento que, além de físico, era também de natureza emocional. Como o
salmista, Jó lamenta suas dores (Sl 42.4). Nas suas vestes, ele via uma prova
real de seu sofrimento (Jó 30.18). Nesse sentido, no versículo 18 aparece a
palavra “desfigurou”.
Alguns intérpretes acreditam que a palavra melhor
traduzida é “manchada”. Ou seja, as feridas abertas de Jó haviam manchado suas
vestes. Ele imagina que Deus está por trás de todo esse sofrimento (Jó 30.19) e
que, mesmo depois de clamar, o Altíssimo lhe ignora. O homem de Uz sente-se
caçado como um animal selvagem e atormentado por um furacão (Jó 3.21,22).
3. Deus teria abandonado Jó?
O sofrimento emocional de Jó refletia a sua crença
de que havia sido abandonado por Deus (Jó 30.16-23). Todavia, era também um
reflexo de ter sido abandonado pelos homens (30.24-31). Junto a isso, ele
observou que o seu clamor foi totalmente desconsiderado. Doía saber que havia
ajudado muitas pessoas carentes e necessitadas de socorro (Jó 30.25), mas agora
o seu clamor por socorro ser totalmente ignorado. Em vez de ajudado, ele era
repelido como uma escória social (Jó 30.26). Quantas pessoas não passam por
esse sentimento? Quantas vezes um sentimento de injustiça não assola-nos à
alma? Cheguemo-nos diante de Deus e entreguemos tudo em seu altar.
SÍNTESE DO TÓPICO II
O estado presente de Jó é marcado pelo desprezo dos jovens, das
classes necessitadas e pelo abatimento físico-emocional.
SUBSÍDIO
BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Este capítulo [30] contrasta com o
capítulo 29. No lugar em que Jó desfrutava do respeito e honra dos anciãos da
cidade e das pessoas importantes, ele agora é desprezado pelas pessoas mais vis
da sociedade.
Mas agora (1) introduz a mudança de como
era o passado para o que é no presente. O capítulo 29 terminou com Jó lembrando
de como em épocas passadas ele era semelhante a um rei entre os homens. Agora,
mesmo homens mais jovens, cujos pais Jó não consideraria aptos para serem os
cães do seu rebanho, o menosprezam. Essa classe de homens era tão miserável que
eram magros devido à fome (3). O único alimento que eles podiam obter era a
produção escassa das áreas desertas. Eles eram forçados a comer as folhas das
malvas (4), um arbusto raquítico que cresce nos brejos salgados da Palestina, e
raízes de zimbros, semelhantes a arbustos do deserto (giesta) em vez da árvore
de zimbro. Esses infelizes eram expulsos (5) da sociedade como se fossem
ladrões e eram, portanto, forçados a viver nas cavernas e entre as rochas (6).
Bramavam entre os arbustos (7), vivendo como o asno e comendo a comida de asnos
silvestres. Assim, eles eram filhos de doidos (8), literalmente, ‘filhos de
desprezíveis’. Como filhos de gente sem nome, eles eram expulsos da terra (‘da
terra são escorraçados’, ARA). Mas agora (9) Jó é alvo do seu escárnio! Ele é
como um provérbio para eles. A repugnância deles é tão grande que cospem no seu
rosto (10). Porque Deus oprimiu (11) Jó, eles são incontidos em sua hostilidade
contra ele. Moços o empurram (12) para o lado e obstruem o seu caminho (13) e,
dessa forma, promovem a sua miséria. A ação desses párias não é acidental. Ela
vem contra Jó como por uma grande brecha (14). Eles o apavoram com seus abusos
persistentes até que sua honra (dignidade) evapora como uma nuvem (15)”
(CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico
Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.77)
III
– O FUTURO EM ABERTO DE JÓ
1. Jó em defesa de sua ética sexual
(31.1-4).
Seus amigos silenciaram, Jó sabe que nada está
resolvido, o futuro ainda está em aberto e se mostra incerto. Haverá alguma
resposta? Ao querer mostrar a sua inocência, Jó ainda sente a necessidade de se
defender. A primeira defesa dele é em relação ao comportamento ético-sexual,
dizendo que sempre se comportou com integridade em todas as esferas da sua
vida. Nos versículos 1-4 do capítulo 31, ele mostra, por exemplo, que jamais
permitiu desvios de seu comportamento sexual, fazendo uma aliança com os
próprios olhos para evitar a luxúria e a impureza quando olhasse para uma
donzela. Segundo o ensino do Novo Testamento, somos estimulados também a fazer
um concerto com os próprios olhos (Mt 5.27-30).
2. Jó em defesa de sua ética social
(31.16-23).
Jó também faz uma defesa de sua ética social. Ele
já havia mostrado que a justiça social marcou sua forma de agir. Todavia, ele
lembra que isso só foi possível porque procurou conduzir-se sempre por
princípios de uma ética social. Por exemplo, ele sempre tratou o órfão e a
viúva com humanidade; os escravos, mesmo sendo sua propriedade, tinham
liberdade para o procurarem e apresentarem-lhe suas queixas. O seu
comportamento ético-social o habilitou a agir como tribuno dos desvalidos (Jó
31.13-23). Lembremo-nos da verdadeira
religião, como bem Tiago afirmou: “Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (1.27). Eis um dos fundamentos
de nossa ética social.
3. Jó busca a resposta de Deus (31.35-37).
Agora Jó se dirige a Deus na forma exclamativa:
“Ah! Quem me dera um que me ouvisse!” (v.35). Ele já havia feito uma viagem
retrospectiva sobre o seu passado, agora ele faz uma análise sobre sua situação
presente, mas seu olhar está no futuro. Ele quer se apresentar diante de Deus
porque está consciente de sua inocência. Sua confiança é de um príncipe que se
apresenta diante de um tribunal (Jó 31.37). Ele confia de que será inocentado.
Como podemos nos apresentar diante de Deus e
justificar os nossos atos? Pela graça divina, por meio de Jesus Cristo, o Filho
de Deus, Ele mesmo nos justifica (Rm 8.31-33).
SÍNTESE DO TÓPICO III
Jó faz uma defesa de sua ética sexual, social e busca resposta de Deus.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“Jó revê várias categorias de pecado que
poderiam ter sido a causa da sua desgraça e jura solenemente que ele é inocente
de qualquer ação má. Ocasionalmente, junto com seu protesto de inocência, ele
inclui uma declaração do porquê ele ter decidido ser virtuoso. Ele também
inclui uma maldição sobre si mesmo, caso tenha deixado de falar a verdade.
Primeiro Jó nega que seja culpado de pecados sensuais que são tão comuns entre
homens. Ele fez um concerto (acordo) com os seus olhos, para que não desejasse
uma virgem (uma moça, 1). Aqui Jó reconhece que a tentação vem por meio da
observação daquilo que pode ser desejável. Ele tem um acordo com os seus olhos
para que não o desviem. Qual seria a parte (2) que ele teria com Deus se ele
fosse culpado desse tipo de crime? Certamente Deus castiga o perverso e aqueles
que praticam a iniquidade (3). Não só isso, mas Jó pergunta: Não vê ele? (4).
Ele é enfático, ressaltando a ideia de que Deus observa de perto o homem e
castiga sua vaidade e engano (5). Os versículos 6-8 são um juramento de
inocência e uma maldição por qualquer falsidade que Jó possa ter falado nos
versículos precedentes” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et
al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD,
2014, p.78).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos que Jó se lembrou de seu passado
abençoado e de como agiu com integridade e humanidade com o próximo. Nunca
havia agido de forma injusta com ninguém nem tampouco cometido pecados que o
desonrassem moralmente. Sua integridade estava intacta. Assim, ele acredita que
chegou o grande momento de se apresentar diante de Deus e receber dEle o
veredito de que é um homem injustiçado e inocente.
PARA
REFLETIR
A respeito de
“A Última Defesa de Jó”, responda:
• Qual a primeira coisa que Jó se
lembrou de seu passado?
A primeira coisa que se lembrou desse
passado glorioso foi a comunhão que ele desfrutou com Deus (Jó 29.2,4).
• Quem procurava Jó para pedir
orientação?
Tanto os jovens como os velhos o
procuravam para serem orientados (29.8).
• De homem respeitado, como Jó
passou a ser visto?
De homem respeitado, ele passou a ser
visto como uma escória social (Jó 30.1-8).
• O que o sofrimento emocional de
Jó refletia?
O sofrimento emocional de Jó refletia a
sua crença de que havia sido abandonado por Deus (Jó 30.16-23).
• Que comportamento ético-social de
Jó o habilitou?
O seu comportamento ético-social o
habilitou a agir como tribuno dos desvalidos
VOCABULÁRIO
Luxúria:
Comportamento desregrado com relação aos prazeres do sexo; lascívia, concupiscência.
Informações:
Revista Lições Bíblicas Adultos, 4°
trimestre de 2020 – CPAD | Data
da Aula: 6 de Dezembro de 2020
Obs.
Os textos destacados na cor vermelha são subsídios para os professores da Escola Dominical.
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