Como
cumprir o mandamento de Jesus, sobre amarmos uns aos outros (Jo 13.34-35), se
Ele diz que ninguém pode ser seu discípulo a menos que aborreça seus pais, seus
irmãos, seus filhos ou sua esposa (Lc 14.26)?
Obviamente que não há
nenhuma contradição entre o novo mandamento de Jesus de amarmos uns aos outros
(Jo 13.34-45), e o desafio proposto por Cristo aos Seus verdadeiros seguidores
(Lc 14.26). Basta olharmos com atenção, no contexto e propósito em que o Senhor
transmitiu cada uma destas instruções.
No primeiro texto (Jo
13.34, 35), Jesus dá aos Seus discípulos o mandamento de amar uns aos outros
como Ele os havia amado. O Senhor coloca-se como modelo deste amor que Ele quer
que Seus discípulos pratiquem entre eles. A recomendação do Senhor é bem clara:
“Como eu vos amei”.
Certamente o Senhor
amou profundamente Seus discípulos, mas isso não o impediu de rejeitar o nefasto
pedido de Tiago e João de sentar-se um à direita e outro à esquerda de Cristo
em sua glória, dizendo-lhes claramente: “Não sabeis o que pedis” (Mt 10.35-40).
Seu verdadeiro amor também não O impediu de repreender severamente a Pedro
quando este lhe aconselhava a que não fosse para a cruz, dizendo-lhe: “Para
trás de mim Satanás, que me serve de escândalo” (Mt 16.23).
A Palavra de Deus é
clara: “O Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem
quer bem” (Pv 3.12). Portanto, amarmos uns aos outros não significa completa
ausência de discordância. Podemos e devemos discordar das pessoas que amamos
quando seus conceitos e atitudes ferem os princípios e mandamentos dAquele a
quem devotamos todo nosso amor (Mt 22.37).
Por outro lado,
temos, no texto de Lucas 14.26, um desafio de Jesus aos Seus seguidores. Neste
texto, o Senhor Jesus deixa bem claro que o compromisso daqueles que decidem
segui-10 deve ser total e uma prioridade absoluta. O desafio de “aborrecer
pais, irmãos, filhos e esposa” não significa que devemos rejeitar, abandonar ou
odiar os membros de nossa família. Eles são postos aqui como exemplo de pessoas
que nos são certamente muito queridas e a quem amamos muito.
O ensino de Jesus
aqui é que nosso amor a Ele deve ser maior e nosso compromisso de seguir e
obedecê-lo devem estar acima de qualquer outro compromisso, mesmo sendo com
nossos pais, irmãos ou cônjuges. Jesus nos deixou Seu próprio exemplo de amor
maior a Deus e Seu compromisso irrevogável ao Reino de Deus, quando Sua mãe e
irmãos O procuraram para falar com Ele, enquanto pregava e ensinava a Palavra
de Deus (Mt 12.46-50).
O Senhor deixou-lhes
claro que seu amor e compromisso com Deus estavam acima de qualquer
relacionamento familiar, dizendo-lhes: “Quem é minha mãe? E quem são meus
irmãos?”. Ele continuou amando Sua mãe e irmãos, porém amando e priorizando o
Reino de Deus acima de tudo e todos. Assim devemos nós também fazer! Devemos
obedecer a Cristo amando uns aos outros, mas nosso compromisso de amar e
obedecer a Deus deve estar acima de qualquer relacionamento, quer seja familiar
ou fraternal.
Divulgação: Subsídios
EBD | Fonte: Jornal Mensageiro
da Paz, fevereiro de 2019 | Artigo:
Pr. Sérgio Bastian