Lição 4 O Verdadeiro Discípulo é submisso a sua Liderança (Editora Betel)

Lição 4 O Verdadeiro Discípulo é submisso a sua Liderança (Editora Betel )

Lições Bíblicas BETEL: 4° Trimestre de 2023 | REVISTA: TERCEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO: Instituindo o discipulado baseado na verdade, no amor e fortalecendo os laços da fraternidade cristã.

TEXTO ÁUREO

“Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz bem é de Deus; mas quem faz mal não tem visto a Deus.” 3 João 11

VERDADE APLICADA

O autêntico exercício do ministério cristão ocorre quando há plena consciência de que deve ser cumprido para a glória de Jesus e nunca dos homens.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Alertar sobre erros de um mau discipulador.

Ressaltar que a Igreja é de Deus.

Ensinar que um discipulador é um servo.


TEXTOS DE REFERÊNCIA: João 13

3- Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus,

4- Levantou-se da ceia, tirou os vestidos e, tomando uma toalha, cingiu-se.

5- Depois deitou água em uma bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos

6- Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?

7- Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.

8- Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.

 

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA – Mt 23.11 O maior deve ser o servo.

TERÇA – 1 Co 11.16 A Igreja não aceita discipulador polémico.

QUARTA – Fp 2.5 Ser como Jesus.

QUINTA – Cl 3.23 Trabalhem como para o Senhor,

SEXTA – 1 Tm 3.5 Ter cuidado com a Igreja de Deus.

SÁBADO – Hb 13.17 O discipulador deve zelar pelas almas

HINOS SUGERIDOS: 224, 225, 235

 

MOTIVO DE ORAÇÃO

Ore para que o discipulador não seja tentado a usar o ministério para glória pessoal.

ESBOÇO DA LIÇÃO

Introdução

1- Erros de um discipulador

2- A Igreja tem dono

3- O discípulo serve propósitos

Conclusão


INTRODUÇÃO

O critério de Deus para que alguém se torne um discipulador é o contrário daquilo que muitos pensam: “O maior seja como o menor; e quem governa como quem serve” [Lc 22.26]. Melhor do que status social ou eclesiástico, é ser fiel.

1. ERROS DE UM DISCIPULADOR

Ser discipulador na igreja é diferente de ser gestor em outra instituição. Deus não promove pessoas porque são mais habilidosas que outras, mas para que possam cumprir propósitos e servir melhor [Mt 20.26-27].

O discipulador que deseja ser reconhecido por homens não conhece Aquele para quem trabalha [1Pe 5.2- 3]. Jesus foi o mais simples e humilde, mesmo diante de sua grandeza, esvaziou-se a si mesmo; este é o maior exemplo de servo humilde [Fp 2.7]. Diótrefes errou ao não considerar o legítimo e único Senhor da Igreja e agir conforme seu entendimento, equivocado e humano.


1.1. A soberba.

A soberba é uma grande armadilha, na 16.18; Ez 28.2, 17; Ob 3]. Não são poucos os exemplos e alertas na Bíblia quanto ao perigo de uma pessoa ser dominada pela soberba. No ministério, não há do que se orgulhar, porque se há dom ou talento, eles provêm de Deus [Ef 4.8; Tg 1.17]. O discipulador orgulhoso é “amante de si mesmo” [2Tm 3.2] e acredita que suas ações, palavras, ensinamentos e outras “qualidades” são melhores do que as das outras pessoas, O poder sem a submissão a Deus, é perigoso: atrai os piores e corrompe os melhores. O poder sem amor leva à soberba. Ensoberbecer é satanizar-se!


 O orgulho é chamado pelos teólogos como o pai de todas as tiranias, Agostinho define o orgulho como o desejo perverso pelas alturas. Perverso, porque há quem não economize esforços para alcançar sucesso, nem que para isso tenha que prejudicar outras pessoas. A soberba e altivez sempre foram tóxicas e destrutivas aos discípulos de Cristo. A Palavra de Deus diz que Deus abate o soberbo [1Pe 5.5]. Nas Sagradas Escrituras há inúmeros exemplos de homens que não se submeteram e foram dominados pela altivez e o orgulho.


Deus é quem ergue o humilde dando graça a seus discípulos. Ninguém deve procurar subir alto se tiver um caráter baixo. Vitórias sem escrúpulos não são vitórias, e sim derrotas. É preferível sofrer com os bons a triunfar com os maus. O orgulho de Pedro foi não querer se submeter à ação de Jesus e não reconhecer sua limitação em compreendê-la, quando Jesus foi lavar os pés dele. Mas Jesus respondeu que se não o fizesse, Pedro não teria parte com Ele. O orgulho pode se manifestar por uma falsa humildade, o que não tem valor algum para Deus [Cl 2.23].


1.2. Abuso de poder.

Só um mau discípulo, orgulhoso e prepotente acredita que pode se apoderar da Igreja de Cristo. Diótrefes tinha essa ilusão. a Bíblia diz que “toda autoridade provém de Deus” [Rm 13.1]. Paulo usou o verbo exousia no grego, que é “autoridade“, no sentido de “ter licença ou permissão” (de Deus) ou “ser dotado de habilidade ou força” (por Deus). Esse “poder” ou “autoridade” não é autônomo, ou seja, não existe de forma independente. Por ser dado por Deus, pertence a Ele [Sl 62.11]. Abusar do poder dado por Deus é uma usurpação, Deus não divide a glória dEle com ninguém [Is 14.14]. Esse poder é uma capacitação para exercer o ministério confiado a seus discípulos [Jo 15.5] e não para dominar. Antes de a igreja ser instituída, Jesus disse aos discípulos que eles receberiam poder para serem testemunhas: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra.” [At 1.8].


Quando um mau discípulo domina ou controla alguém ou um grupo, exercendo a liderança além do que Deus outorgou, já não está exercendo o amor [1Co 13]. Quem ama, respeita e trata a todos com dignidade. Nada há mais assombroso do que o tratamento desumano do homem pelo próprio homem, pois este é seu igual, criado por Deus da mesma forma [At 17.26].


1.3. Desequilíbrio emocional.

Pressões cotidianas decorrentes da vida não podem minar as nossas emoções. Pessoas adoecidas vão gerar pessoas doentes. Um discipulador saudável preserva suas emoções [3Jo 2]. Ele pode trilhar esse caminho tendo e demonstrando confiança em Deus [Jr 17.7], guiando seu ministério pela fé [Hb 10.38] e desenvolvendo o Fruto do Espírito Santo [Gl 5.22-23]. O descontrole emocional leva a decisões erradas [Jo 18.10].


O desequilíbrio emocional surge a partir de uma vida distanciada da dependência de Deus [Jo 15.5]. quando alguém acredita ser capaz de resolver tudo sozinho. Esse excesso de confiança em si é consumido pela pressão crescente ao seu redor. O desgaste emocional surge quando o discipulador não busca mais a Deus [2Cr 15.2b], não tem tempo para orar e acaba mergulhado em sentimentos destrutivos. Só pensa a partir dele mesmo e despreza os sentimentos alheios. Diótrefes era o exemplo de um desequilibrado que acabou distante de Deus e de Seu propósito. Pensava ser forte, mas era fraco!


EU ENSINEI QUE:

O discípulo deve ter em mente que existem situações e comportamentos, como orgulho, autoritarismo e descontrole emocional, que prejudicam seu ministério, tornando-o ineficiente e fazendo-o errar em seu chamado.

2. A IGREJA TEM DONO

Diótrefes errou ao agir como se fosse o dono da Igreja, quando, na verdade, ele deveria ser um despenseiro fiel [1Co 4.2] a Deus e ao seu líder João, com o propósito de cuidar e edificar a Igreja de Cristo [Mt 16.18]. A atitude autoritária, desequilibrada e os abusos cometidos por Diótrefes mostravam sua fraqueza e não alguma virtude. Apesar de se achar o “dono da igreja”, ele era fraco e não conhecia o verdadeiro Dono.


2.1. O Pai.

A “Igreja de Deus” é um termo usado pelo apóstolo Paulo para se referir à ekklesia (grego), que significa “reunião de cidadãos chamados para algum lugar público, assembleia, ajuntamento de pessoas (salvas)”. Esse termo aparece como exortação ao cuidado e temor, deixando claro que não se trata de qualquer igreja, mas da “Igreja de Deus” [1Co 11.16]. A Igreja é de Deus, mas formada e liderada por homens chamados para cuidar dela [Ef 4.11].


A Igreja de Deus tem muitos membros e todos são importantes ao Corpo [Rm 12.4-5]. Todos devem estar pautados no Evangelho. Por serem membros do Corpo, é necessário respeitar o Cabeça da Igreja. Gaio e Demétrio tinham esse entendimento e receberam o reconhecimento da igreja local. Como um pai que zela por sua família, Cristo zela por Sua Noiva, não permitindo que outro se apodere dela. Ele é o legítimo dono da Igreja, pois a comprou com Seu sangue.


2.2. O Filho.

Quando Jesus lavou os pés dos discípulos, parecia que Ele era um Mestre fraco, submisso e serviçal. Parece que essa foi a leitura que Pedro teve, ao rejeitar ter seus pés lavados [Jo 13.8] por Aquele que ele já tinha confessado ser “o Cristo” [Mt 16.16). Jesus queria apontar o caminho de um discípulo verdadeiro segundo o reino de Deus. O Filho veio ensinar que os homens deveriam viver na perspectiva do reino dos céus [Mt 6.10], que funciona diferente do sistema da Terra [Rm 14.17]. Foi ao mesmo Pedro, que em várias ocasiões demonstrou diferentes atitudes em relação a Cristo, que Jesus disse que edificaria “a Sua Igreja” [Mt 16.18], revelando que a Igreja pertence a Ele!


Jesus não queria ser importante, humanamente falando, pois, nenhum poder está acima do que Ele já tem [Mt 28.18]. Isso significa que nenhum homem, especialmente aqueles que Ele estava “formando” deveriam se achar importantes. O que eles deveriam saber é que representavam a Igreja de Cristo e tinham de cuidar dela [Jo 21.17]. O modelo de liderança de Jesus deve ser imitado [1Co 11.1.


2.3. O Espírito Santo.

A Igreja tem o seu marco de inauguração a partir da “descida” do Espírito Santo, no “Dia de Pentecostes” [At 2] sobre os quase cento e vinte discípulos de Jesus que seguiram Suas orientações, após Sua última aparição ressurreto [At 1.8]. O Espírito Santo é o Dono da Igreja, o Auxiliador, o Edificador dela na Terra [Jo 14.16-17], o responsável exclusivo por seu crescimento e avanço, através da pregação de crentes “cheios do Espírito” [At 4.8-31]. Jesus andou com os discípulos por um tempo (3 anos e meio), mas continua, por meio do (Seu) Espírito Santo, a estar com Sua Igreja até a consumação dos séculos [Mt 28.20].


John Stott (1921-2011), pastor e teólogo anglicano britânico, diz: “A mente de Cristo é gradativamente formada dentro de nós pelo Espírito Santo (…) Passamos a ver as coisas através da sua perspectiva, e nossa visão se faz semelhante à dele”: Somos ensinados em tudo pelo Espírito [Jo 14.26], e ser um líder da Sua Igreja, segundo o coração de Deus, é fundamental.


EU ENSINEI QUE:

Devemos cuidar da Igreja com toda deferência e temor, sabendo que ela tem um Dono e que um dia Ele virá buscá-la.

3. O discípulo serve propósitos

Jesus é um exemplo perfeito de um Servo fiel. Ao lavar os pés dos discípulos, ensina-os a agir segundo o padrão do Reino dos Céus. Assim, por meio desta atitude, Jesus capacita aqueles homens para realizar os propósitos de Deus na Terra [Mt 28.19-20].


3.1. Estruturar e fortalecer o Corpo.

Desde o Antigo Testamento vemos o Senhor Deus revelando, agindo e estabelecendo liderança, ordem, variedade de funções enquanto conduzia o povo de Israel pelo deserto, preparando-o para habitar na Terra Prometida e instruindo acerca da vida religiosa. Importante notar que estes princípios também estão presentes na edificação da Igreja [At 6.1-7; 8.14; 14.23; 20.28; Ef 4.12; Tt 1.5]. Cristo é “a cabeça do corpo, da igreja” [CI 1.18] e, portanto, deve ser obedecido.


Um discipulador que age de forma autônoma está fora do propósito de Deus, tornando-se usurpador de um chamado e dissociado de sua verdadeira missão. Assim, demonstram desconhecer as Escrituras Sagradas aqueles que se levantam contra a organização estrutural de uma igreja local. Sérgio da Costa (Revista Betel Dominical – 2 Trimestre de 2019, p. 56): “Assim, é possível afirmar que a organização e a ação do Espírito Santo não são excludentes. Como atestado, também, na formação de Israel como povo de Deus”.


Diótrefes estava revoltado contra o modelo de liderança de João (que na verdade era o modelo de Deus para a Sua Igreja), e ainda se achava no direito de implantar o seu próprio modelo eclesiástico. A raiz do seu problema era o pecado do orgulho.


3.2. Fazer a Igreja avançar.

Jesus continua sendo a referência do Líder a ser imitado e essa é a razão que justifica algumas de suas atitudes, ainda que não precisasse. Jesus foi batizado em águas [Mt 3.13], mesmo não tendo pecados [1Pe 2.22]. Ele lavou os pés de seus subordinados, mesmo sendo Deus [Jo 1.1]. Jesus ensina que veio servir e não ser servido [Mc 10.45]. Isso e muito mais, Ele fez para que a Igreja avançasse e outros discípulos fossem formados [Mc 16.15]. Nenhum discipulador pode agir fora desses padrões, como fez Diótrefes.


Diótrefes estava ávido por posição e poder. O discipulador que falha em cuidar das pessoas, que apenas pensa em ser reconhecido como alguém importante, está diminuindo a igreja, em vez de fazê-la avançar. Jesus ordenou que o crente fosse pelo mundo pregando o Evangelho a toda criatura e fazendo discípulos (Mt 16.15], mostrando que o propósito de Deus é o avanço da Sua Igreja. Quem não cumpre essa missão, está claramente fora do propósito primeiro do Evangelho.


3.3. Acolher o povo e demais líderes.

Diótrefes estava sendo reprovado por João por conta do seu autoritarismo [3Jo 9]. Sua má conduta como mau discipulador foi comparada ao bom exemplo de Gaio, que acolhia até aqueles que lhe eram estranhos [3Jo 5]. Jesus acolheu Seus discípulos ao lhes lavar os pés. A hospitalidade é uma das marcas do cristianismo [Hb 13.2].


A arrogância de Diótrefes assume patamares estratosféricos, a ponto de ele se recusar a reconhecer a autoridade de João e não receber seus mensageiros na igreja local. Diótrefes afirmava ser o primeiro em influência e autoridade, excluindo pessoas e demais líderes. Charles Haddon Spurgeon disse: “Ninguém é mais injusto em seus julgamentos dos outros do que aqueles que têm uma opinião elevada de si mesmo”. Esse era Diótrefes, que por se achar importante demais, estava longe dos propósitos de Deus.


EU ENSINEI QUE:

Para cumprir os propósitos de Deus, precisamos seguir o modelo de liderança exercido e ensinado por Jesus.


CONCLUSÃO

Não há como ser um discipulador da “Igreja de Deus” sem ter a disposição de seguir a liderança exercida por Jesus. Isso porque o poder de um discipulador jamais será baseado em critérios humanos, como acontece com outras instituições, mas fundamentalmente segundo o Reino dos Céus.

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