Lições Bíblicas BETEL: 2°
Trimestre de 2023 | REVISTA: GÊNESIS – A segurança de viver pela fé nas
promessas de Deus
TEXTO ÁUREO
De sorte que os que são da fé são benditos com
o crente Abraão.” Gálatas 3.9
VERDADE APLICADA
Nosso passado não define o nosso futuro quando
Deus intervém em nossa história.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
1. Apresentar o chamado de Abraão.
2. Mostrar que o chamado de Abraão aponta para Cristo.
3. Destacar que a fé foi a resposta de Abraão a Deus.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
GÊNESIS 12
01 Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da
tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
02 E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção.
03 E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que
te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
04 Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi
Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de Harã.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA
| Gn 15.1-6
Deus
anima Abrão e lhe promete um filho.
TERÇA
| Gn 17.1-8
Deus
muda o nome de Abrão.
QUARTA
| Gn 18.9-14
Deus
renova a promessa a Abraão e Sara.
QUINTA
| Gn 21.1-5
O
nascimento de Isaque.
SEXTA
| Gn 22.1-14
Deus
manda Abraão oferecer seu único filho.
SÁBADO
| Gl 3.6-11
Os
que são da fé são filhos de Abraão.
HINOS SUGERIDOS: 107,
186, 459
MOTIVOS DE ORAÇÃO
Ore para ter fé e confiar nas promessas de Deus garantidas em Cristo.
ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1– O chamado de Abraão
2– De Abraão para Cristo
3– A resposta de Abraão: a fé
Conclusão
INTRODUÇÃO
O chamado de Abraão aparece no início da história bíblica
[Gn 12]. As antigas promessas de Deus feitas a ele atravessam a história, se
cumprem em Cristo e abençoam hoje todo aquele que nEle crê [Gl 3.9,14].
PONTO DE PARTIDA
As promessas de Deus se
cumprem em Cristo.
1. O CHAMADO DE ABRAÃO
A resposta de fé de Abraão é tão incrível quanto à forma
inusitada como Deus o chama. Ele ouviu sua voz, creu e obedeceu, saindo de onde
estava sem saber para onde ia [Hb 11.8].
1.1. Tirado da idolatria.
Quão maravilhosa é a misericórdia e a soberania de Deus.
Qual não seria o destino de Abrão se não obedecesse ao chamado de Deus? Criado
e cercado pela idolatria, não podemos deduzir outro destino senão as mesmas
tradições idólatras dos seus pais [Gn 11.27-32; Js 24.2-3].
Deus, porém, chama a Abrão sem lhe mostrar antecedentes,
como repetidamente faz depois dos patriarcas quando diz: Eu sou o Deus de
Abraão, Isaque a Jacó. Abrão que por toda a sua vida só conheceu falsos deuses,
ouviu o chamado específico do único e verdadeiro Deus, e, sem titubear, aceita
obedientemente o chamado [Gn 12.1-4]. Em Josué 24.3 Deus diz: “Eu, porém tomei
a Abraão…e o fiz andar por toda terra de Canaã”. Glória seja dada a Deus que
nos livra dos nossos deuses e nos conduz a Ele.
Comentário Bíblico Moody – Gênesis 12: “O
propósito de Jeová ainda continua sendo o de chamar pessoas que executem a Sua
vontade na terra. Com Noé Ele começou tudo de novo. Sem foi o escolhido para
transmitir a verdadeira religião. Os semitas (descendentes de Sem) seriam os
missionários aos outros povos da terra. No capítulo 12 Abraão começa a aparecer
na linhagem de Sem como o representante escolhido de Jeová. Sobre ele Jeová
colocaria toda a responsabilidade de receber e passar adiante a Sua revelação
para todos. Do cenário pagão de Ur e Harã saiu o homem de Deus para a
estratégica hora da primitiva revelação do Velho Testamento.”
1.2. Escolhido para ser abençoado.
É muito importante notar que Deus não diz a Abraão que caso
ele vivesse em justiça Deus o abençoaria. Deus o escolhe e promete abençoá-lo
[Gn 12.2-3]. As razões tanto para o chamado como as bênçãos de Deus na vida de
Abraão tinham a ver com Deus mais do que com Abraão. Isso não significa que
Abraão não precisaria viver uma vida de obediência [Gn 12.4]. Mas foi a fé na
bênção prometida que gerou a obediência e não o contrário. O poder para viver
uma vida que agrada a Deus vem de sabermos e cremos que, em Abraão e em Cristo,
seu descendente central, Deus nos abençoou ricamente em Cristo [Gl 3.8; Rm 4.16].
Panorama Bíblico – R. C. Sproul: “Deus não
simplesmente o abençoa como um indivíduo para seu próprio benefício, mas Abraão
é abençoado para que ele seja um veículo de bênção a ser manifestado a
multidões que viriam após ele. Ele foi abençoado para ser uma bênção, e esse
tema é carregado por todo período do Antigo Testamento, e até para o período do
Novo Testamento – quando Deus nos abençoa, Ele o faz para que nos tornemos uma
bênção para aqueles ao nosso redor.”
1.3. Chamado para um propósito.
O chamado de Deus a Abraão tinha um propósito maior do que
Abraão. Deus abençoaria todas as famílias da terra [Gn 12.3]. Todo chamado de
Deus para nós é assim. Nunca tem a ver apenas com a gente. Sempre tem
propósitos maiores do que a gente, que afetará a vida de muitas pessoas e
renderá muita honra para a glória de Deus. Devemos sempre nos lembrar disso
quando nos sentirmos desanimados diante dos desafios do nosso chamado. Deixar
suas raízes e convívio familiar é um desafio gigantesco para qualquer um. Mas
quando entendemos que o chamado de Deus é para algo maior do que a gente, nossa
vida se enche de propósito e significância.
Comentário Bíblico Moody – Gênesis 12: “Ele
teve de deixar amigos, vizinhos, e parentes quando saiu de Ur e outros tais
quando partiu de Harã. Em cada caso, o triplo laço de terra, povo e parentes
foi seccionado. O Bispo Ryle diz que Abrão recebeu a ordem de:
“a) renunciar às certezas do passado,
b) enfrentar as incertezas do futuro,
c) olhar e seguir a direção da vontade de
Deus” (Gênesis na Cambridge Bible, p. 155).
Foi uma grande exigência [Hb 11.8]. Provações
severas estavam à espera dele. Este chamado deve lhe ter sido feito enquanto
ele ainda vivia em Ur [At 7.2]. Foi renovado muitos anos mais tarde em Harã.”
EU ENSINEI QUE:
O chamado de Deus em nossa vida não depende do
nosso passado irrepreensível. Deus por Sua graça pode e chama os piores
pecadores, muda seu rumo, os abençoa e enche suas vidas de propósito.
2. DE ABRAÃO PARA
CRISTO
O chamado de Abraão apontava para Cristo. Paulo explica isso
em Gálatas e Romanos de forma clara e ampla.
2.1. As bênçãos em Cristo.
A última parte das promessas de Gênesis 12.3 diz que através
do descendente de Abraão, que viria por Israel, Deus abençoaria todas as
famílias da terra [Gn 12.3]. Paulo nos dá a interpretação precisa desta
promessa em Gálatas 3.16: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua
posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de
uma só: E à tua posteridade, que é Cristo”. Toda a trajetória então que Deus
conduzirá não só Abraão, mas também seus descendentes ao longo da história
bíblica culminarão em Cristo.
Comentário Bíblico Champlin – Gálatas: “Em
Gálatas 3.9 diz: “De sorte que os que são da fé são benditos como o crente
Abraão”. A via da bênção de Deus que liga os crentes de todas as eras é a fé.
Paulo via uma e apenas uma conexão espiritual necessária com Abraão, a fim de
que possamos compartilhar de suas bênçãos espirituais, que transcendem a todas
as considerações sacramentais, legalistas e cerimoniais: a fé. A fé de Abraão
fora posta “em Deus”, não diretamente em Cristo, embora fique subentendido que
a sua fé também envolvia o Redentor prometido. Foi por isso que Jesus explicou:
“Vosso Pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” [Jo
8.56].”
2.2. Cristo para as nações.
Precisamos também perceber algo que os descendentes naturais
de Abraão não entenderam. Que as bênçãos de Deus que nascem no patriarca e
culminam em Cristo, não estavam restritas apenas a Israel. Na promessa “Em ti
serão benditas todas as famílias da terra” [Gn 12.3]. Veja. Não só a família de
Israel [Gn 18.18; 26.4; Sl 72.17; Gl 3.8].
Deus sempre deixou isso claro ao longo de todo o Antigo
Testamento [Gn 14.18; Êx 12.48-49]. Mas Israel, em razão do seu orgulho racial,
sempre viu os gentios como excluídos da graça de Deus. Foi exatamente por isso
que Israel fracassou em sua missão no mundo. O livro de Jonas foi escrito para
demonstrar este fracasso missional de Israel.
Comentário de Gênesis – Bruce K. Waltke: “A
expansão da promessa de 12.1-3, de salvação individual à nacional e à universal
é o movimento essencial da Escritura. A Bíblia é um guia missionário:
preocupada em levar salvação a todas as famílias da terra. Abraão, como um
portador de bênção, é uma antecipação do Cristo que é o gerador de bênção.
Quando Cristo ascende aos céus, Ele estende suas mãos transpassadas, mãos que
abençoaram crianças e deram vista aos cegos, para abençoar Sua Igreja [Lc
24.50-53].”
2.3. Uma mesa abundante.
O Novo Testamento nos fala da história da mulher cananéia,
que implora a Cristo que venha acudir sua filha que está sofrendo com uma
possessão demoníaca. Como Cristo não a atende e ela não para de clamar, os
discípulos sugerem a Cristo que resolva logo o problema dela para serem
deixados em paz. Cristo responde: “Deixa primeiro saciar os filhos, porque não
convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” [Mc 7.27]. Os filhos
neste caso era Israel. E Cristo não diz “apenas eles”. Ele diz “primeiro” eles.
A mulher humildemente entende, mas responde que as bênçãos de Deus sobre Israel
em Cristo são tão fartas que abençoariam também os gentios. Cristo se alegrou
com este discernimento e a abençoou [Mc 7.29].
Antes de morrer Cristo seguiu o plano de Deus
de vir primeiro às ovelhas perdidas de Israel. O Messias precisaria falar ao
seu povo e ser rejeitado por eles antes de estender seu braço missionário. Por
isso a recomendação na primeira comissão era clara: “Apenas às ovelhas perdidas
de Israel”. Mas depois que Cristo foi rejeitado pelo seu próprio povo segundo
as Escrituras, entregue pelo seu povo para ser morto segundo as Escrituras, na
última comissão antes de ascender aos céus Ele disse: Ide por todo mundo e
preguem o evangelho a toda criatura. Assim, vemos na exposição de Paulo que
tanto judeus como gentios estão contemplados no plano de Deus, não tendo lugar
para a vanglória, pois é a manifestação da misericórdia do Senhor [Rm 11.7-19].
EU ENSINEI QUE:
A história de Abraão só encontra pleno
significado em Cristo Jesus. Nosso estudo a respeito dele nos serve para crer
em Cristo e recebê-lo junto com as suas bênçãos.
3. A RESPOSTA DE
ABRAÃO: A FÉ
Deus aparece a Abraão mais uma vez, e para lhe encorajar,
reafirma a Sua promessa de fazer dele uma grande nação, do qual viria o Cristo
que abençoaria todos os povos.
3.1. O que justificou Abraão é o que nos justifica hoje.
A preocupação de Abrão é que sua idade avançasse, e até o
momento Deus não lhe havia dado um filho [Gn 15.1-3]. Como sua esposa Sara era
estéril [Gn 11.30], Abrão deduz que a única forma dele ter um herdeiro seria
por meio de um servo. Deus reafirma que não! De forma milagrosa, as limitações
do ventre estéril de Sara e a velhice de Abrão seriam vencidas. Abrão creu em
Deus, e Deus o justificou por esta confiança [Gn 15.4-6; Rm 4.3-6]. A primeira
resposta nossa que Deus espera das promessas é a fé. A fé que move à obediência
e relacionamento com Deus, por intermédio de Jesus Cristo [Gl 3.6-14].
O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento:
“Crer foi imputado como um ato de justiça a Abrão. Algumas pessoas pensam que
na época veterotestamentária os indivíduos eram salvos pelas suas boas obras, e
não por sua fé, mas esta é uma ideia errônea. Abrão não foi salvo por causa da
sua vida justa, mas por acreditar em Deus e ser declarado justo por Ele. A
única obra válida é a obra que Deus realiza em nós por meio da nossa fé nEle
[Jo 6.28-29].”
3.2. Uma mulher de fé ao lado.
Costumamos destacar a resposta de fé de Abraão, muitas vezes
esquecendo de fazer a mesma coisa com Sara, sua mulher. Nós conhecemos muitos
relatos bíblicos onde mulheres foram a causa da queda do marido por não
partilhar da mesma fé. Mas aqui temos um exemplo de unidade de fé em um casal
escolhido por Deus para viver e fazer coisas grandiosas. Afinal de contas, as
bênçãos e promessas de Deus a Abraão também foram destinadas a Sara. Seu marido
velho e ela com o ventre estéril apresentavam à promessa algo impossível. Porém
Hebreus 11.11 diz que Sara: “Teve por fiel aquele que lho tinha prometido”. A
fé que gerou Isaque também foi dela. Como é importante para o homem de Deus ter
ao seu lado uma mulher de fé!
O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento:
“Tanto Sarai como Sara significam princesa. [Mas, segundo alguns exegetas,
Sarai significa minha princesa, ou seja, princesa só de Abrão, enquanto Sara
significa princesa das nações]. Aqui Deus atribui um novo significado ao nome
dela para, assim como no caso de Abrão [Gn 17.4-5], assinalar o relacionamento
pessoal dela com Ele e a nova condição dela como esposa do pai de nações.”
3.3. Abençoados com Abraão.
Temos o hábito de chamar Abraão de pai da fé. Isso não
significa que devemos apenas nos espelhar em Abraão e tê-lo como modelo.
Significa que a escolha e o chamado de Deus a Abraão são a demonstração de que
Deus está trabalhando para cumprir Sua promessa de redenção através da semente
da mulher [Gn 3.15]. Bíblia de Estudo Defesa da Fé – CPAD, p. 27 – sobre
Gênesis 12.3: “(…) É uma promessa geral e continuada. Atos 3.25 e Gálatas 3.8
indicam que todas as famílias da terra são abençoadas na disponibilidade da
salvação, por Jesus Cristo, e Gálatas 6.16 se refere à igreja como “o Israel de
Deus”, por cujo intermédio, por consequência, essa bênção é expandida”.
Comentário Histórico-Cultural da Bíblia – Novo
Testamento – Craig S. Keener, Vida Nova, 2017, p. 633 – sobre Gálatas 3.8-9,
onde Paulo aborda que a promessa a Abraão também contempla os gentios que
creem: “Como bom expositor judeu, Paulo prova aquilo que infere dessa passagem
recorrendo a outra passagem, que também trata da promessa a Abraão [Gn 12.3;18.18;
cf. 17.4-5; 22.18]. O propósito de Deus sempre havia sido alcançar também os
gentios, como afirmado no próprio começo da narrativa de Abraão. Muitos judeus
acreditavam que os justos (Israel) foram escolhidos e salvos em Abraão; aqui,
os gentios que creem são salvos (abençoados) nele”. Vide, também, Gálatas
3.6-7.
EU ENSINEI QUE:
A forma como Abraão é aceito por Deus é a base
da doutrina do Novo Testamento, que é a justificação pela fé somente. E aquilo
no qual devemos crer para ser justificados é no Cristo para quem Abraão
apontava.
CONCLUSÃO
A fé genuína nasce em nosso coração a partir do anúncio do
Evangelho, como dádiva de Deus. Mas esta fé, ainda que verdadeira, passa por
provas de fogo enquanto estamos peregrinando neste mundo. Isso veremos na
próxima lição.
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