Um panorama sobre os livros apócrifos e obras que os judeus tiveram em grande estima, mas não lograram ser incluídos no Cânon. Entre esses constam:
a) Pseudepígrafes: significa “falsos
escritos” ou literalmente “livro de título falso”. São 17 livros que contêm os
extremos da fantasia religiosa judaica. Alguns desses livros são inofensivos
teologicamente (Sl 151), mas outros contêm erros históricos e alguns ensinos
recusados pela ortodoxia protestante.
b) Antilegomena significa “falar
contra” e refere-se aos “livros canônicos disputados”, isto é, livros que foram
questionados acerca de sua inspiração divina, como por exemplo, o livro de
Ester, por não conter o nome de Deus, Cantares de Salomão por ser considerado
sensual.
Chamam-se Protocanônicos
os atuais 39 livros do Antigo Testamento. São assim designados porquanto foram
sempre reconhecidos pela Igreja como obras inspiradas por Deus. Já a designação
Deuterocanônicos refere-se aos sete livros que comumente os protestantes chamam
de apócrifos.
O termo apócrifo procede
do grego apokruphos e significa “oculto, secreto, espúrio ou
escondido ao público”. Jerônimo foi o primeiro a chamar de apócrifos os grupos
de livros que foram acrescentados ao Antigo Testamento pelos teólogos
católicos. Os protestantes, no entanto, sempre negaram a autenticidade dessas
obras e sua inclusão, em parte ou total, no Cânon do Antigo Testamento.
De modo geral, o termo apócrifo aplicado à
literatura bíblica designa as obras de origem duvidosa, falsa ou herética. A
extensão da literatura apócrifa pode variar de acordo com o critério que o
estudioso adota para o estudo do assunto.
Há
pelo menos dois critérios distintos de classificação dos apócrifos: amplo e
restrito.
No primeiro inclui-se
todos os livros não incluídos no Cânon Hebraico, mas que contêm informações
históricas sobre o povo judeu, lendas sagradas, elementos apocalípticos, de
sabedoria ou éticos. Nesse caso, todos os pseudepígrafos são assim designados.
Essas obras, em geral, tanto apócrifas como pseudepígrafes, foram escritas
entre os anos 200-100 a.C., isto é, quase todos no período interbíblico ou
intervalo profético.
O segundo critério restrito é seguido geralmente pelos protestantes e inclui apenas os livros que se encontram na Vulgata Latina, sancionados pelo Concílio de Trento. Quase todos os debates a respeito desse assunto entre católicos e protestantes giram em torno da decisão daquele Concílio e restringem o uso do vocábulo apenas aos livros então acrescentados ao Cânon Hebraico, que são os seguintes: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Jesus Ben Sirach (Eclesiástico), Baruc, I e II Macabeus e acréscimos aos livros de Ester e Daniel.
LIVROS
PSEUDEPÍGRAFOS
LENDÁRIOS
1. O Livro do Jubileu
2. Epístola de Aristeias
3. O Livro de Adão e Eva
4. O Martírio de Isaías
DIDÁTICOS
1. 3 Macabeus
2. 4 Macabeus
3. Pirque Abote
4. A História de Aicar
APOCALÍPTICOS
1. 1 Enoque
2. Testamento dos Doze
Patriarcas
3. O Oráculo Sibilino
4. Assunção de Moisés
5. 2 Enoque ou o Livro
dos
Segredos de Enoque
6. 2 Baruque ou O
Apocalipse
Grego de Baruque
7. 3 Baruque ou O
Apocalipse
Grego de Baruque
POÉTICOS
1. Salmos de Salomão
2. Salmo 51
HISTÓRICOS
1. Fragmentos de uma obra
de Sadoque
Bíblias de edição católica no Brasil
Nas Bíblias de edição católica no Brasil o
total de livros é de setenta e três, porquanto desde o Concílio de Trento, em
1546, a igreja romana incluiu no cânon do Antigo Testamento sete livros
apócrifos, além de quatro acréscimos ou apêndices a livros canônicos, formando
assim um total de onze escritos apócrifos.
Esses livros nunca foram reconhecidos
pelos judeus como parte do cânon hebraico e jamais foram citados por Jesus, nem
reconhecidos pela Igreja Primitiva. Mesmo entre os católicos, não há exatidão
quanto ao número de obras não canônicas que deveriam fazer parte do Cânon do
Antigo Testamento. As igrejas orientais, por exemplo, reconhecem como
canônicos outros livros presentes na Septuaginta: III Esdras, Oração de
Manassés, Salmo 151 e III Macabeus, além de a obra IV Esdras estar também
inclusa no apêndice da Vulgata latina sisto-clementina. Como facilmente se
observa, não há consenso mesmo na tradição católica a respeito dessas obras.
Como afirmado, os livros apócrifos que constam nas edições católicas da Bíblia no Brasil são em número de sete. Cabe observar, porém, que a ordem dessas obras pode variar conforme a edição entre outros elementos. Todavia, acham-se:
👉 Tobias = Após o livro
canônico de Neemias
👉 Judite = Após o livro de
Tobias
👉 Sabedoria de
Salomão =
Após o livro canônico de Cantares
👉 Eclesiástico = Após o livro da
Sabedoria
👉 Baruque = Após o livro
canônico de Lamentações
👉 I Macabeus e II
Macabeus =
Após o livro canônico de Ester.
Os acréscimos ou apêndices a livros
canônicos são:
👉 Ester = A Ester, 10.4 -
16.24
👉 Cânticos dos Três
Santos Filhos
= A Daniel, 3.24-90
👉 História de
Suzana
= A Daniel, cap. 13
👉 Bel e o Dragão = A Daniel, cap.
14.23-42.
Os livros apócrifos ou deuterocanônicos foram aprovados pela igreja católica em abril de 1546, no Concílio de Trento, como reação ao protestantismo. Nessa época, os protestantes combatiam certas doutrinas como o Purgatório, a Oração pelos Mortos, a Salvação Mediante Obras, entre outras, que eram subsidiadas pelos apócrifos. Todavia, o sínodo reunido em Trento acolheu com reverência tanto os livros canônicos do Antigo Testamento quanto também alguns deuteronômicos, apesar de certa resistência da parte de alguns.
4 razões pelas quais se deve rejeitar a inclusão dos livros apócrifos no Cânon
🛑 1º “Estão repletos de
discrepâncias e anacronismos históricos e geográficos” (Br 1.7,10; Sb 7; 9.7,8
cf. 15.4);
🛑 2º “Ensinam
doutrinas falsas que incentivam práticas divergentes das ensinadas pelas
Escrituras inspiradas”;
🛑 3º “Apelam
para estilos literários e apresentam uma artificialidade no trato do assunto,
com um estilo que destoa do estilo das Escrituras Sagradas”;
🛑 4º “Faltam-lhes
os elementos distintivos que oferecem caráter divino às autênticas escrituras,
como, por exemplo, a autoridade profética e o sentimento poético e religioso”.
Como observado, o número
de escritos varia entre o cânon Católico e o Protestante. Essa diferença
resulta do fato de que a Bíblia Católica segue o cânon da Septuaginta (LXX),
isto é, o cânon grego, enquanto os protestantes seguem o cânon hebraico ou
palestinense.
O Novo Testamento nada
nos informa sobre a aceitação dos livros apócrifos citados pela Septuaginta,
apesar de esta ser uma literatura corrente no período neotestamentário e
provavelmente a usada pela Igreja Primitiva. Tudo indica que Jesus e os
apóstolos não reconheceram todos os livros do cânon grego, mas somente os
livros do cânon hebraico, que constava apenas dos 39 livros
veterotestamentários que se encontram em nossas Bíblias. Provavelmente a Igreja
Primitiva usava a tradução grega do Antigo Testamento (Septuaginta), mas só
aceitou o cânon hebraico.
O cânon grego
(Septuaginta), aceito pela Igreja Católica Romana, era o cânon mais amplo por
conter sete livros a mais do que o cânon hebraico. Mas, por outro lado, o cânon
grego foi defendido por Agostinho (354-430), pelo Sínodo de Hipona (393) e pelo
III Sínodo de Cartago (397) e, mais recentemente, mantendo sempre a distinção
feita por Jerônimo, Hugo de São Vitor (séc. XII), Lutero (com exceção de Ester)
e seus discípulos, e os anglicanos. Todos esses reconheceram o cânon grego,
feita a distinção entre canônicos e deuterocanônicos. Todavia, foi
enfaticamente rejeitado por Calvino e também pela Assembleia de Westminster
(séc. XVII), mas o fato é que em todos os ramos do protestantismo, além do Novo
Testamento, o cânon hebraico serve de base para a doutrina da Igreja.
Referência:
BENTHO Esdras Costa | PLÁCIDO Reginaldo Leandro. Introdução ao estudo do Antigo
Testamento, 1ª edição 2019, CPAD
Artigo
disponível em: Subsídios Dominical
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