Entrevista com o pastor
Claiton Ivan Pommerening
Comentarista da revista Lições Bíblicas do 3º Trimestre de 2021
A revista Lições Bíblicas do terceiro trimestre traz uma rica abordagem sobre os livros de 1 e 2 Reis. Nesta entrevista, o autor discorre sobre o objetivo do estudo deste relato bíblico.
Lição 1: A Ascensão de Salomão e a Construção do Templo
Lição 2: O Reino Dividido: Jeroboão e Roboão
Ele argumenta que é importante aprendermos com os erros e os acertos nele
contidos para que assim possamos agradar ao Criador, sabendo que para tal
exige-se total dependência e confiança em Cristo, cuja obra na cruz garante o
perdão, a reconciliação, a santificação e a aceitação dos pescadores por Deus.
O comentarista enfatiza que, compreendendo os livros dos Reis, será possível ensinar aos alunos com mais propriedade e desvendar melhor muitas outras passagens similares do Antigo Testamento, tendo em mente que todo o AT aponta para Cristo, mesmos os trechos mais intrincados, como alguns de Reis, pois Cristo é o cumprimento das promessas de salvação no AT.
Estes são alguns destaques abordados pelo
pastor Claiton Ivan Pommerening. Ele é doutor e mestre em Teologia pela Faculdade
EST, graduado em Teologia e Ciências Contábeis, membro da Rede Latino-Americana
de Estudos Pentecostais (RELEP), diretor e professor de Teologia na Faculdade
Refidim/ CEEDUC e pastor-auxiliar na AD em Joinville (SC).
1) Qual a importância de se estudar os
livros da Bíblia denominados históricos, como 1 e 2 Reis?
O apóstolo Paulo escreveu que "tudo isso aconteceu a fim de nos servir de exemplo, para nós não querermos coisas más como eles quiseram, nem adorarmos ídolos, como alguns deles adoraram" (1Co 10.6-7).
Embora o apóstolo estivesse falando da travessia do deserto, este
texto cabe também ao contexto de Reis. Então, a narrativa de Reis tem uma
pegada didática, no sentido de subjetivamente dizer: "Se vocês repetirem o
que Israel fez, vão ser levados cativos." Logicamente que, nesta
admoestação, precisa ser levada em conta a teologia meritória presente em Reis.
Para nós, que estamos no Evangelho de Cristo, o único mérito está nEle.
O cativeiro para nós significa que, se não
atentarmos para o que a Palavra de Deus ensina, ficaremos presos em nossa
mediocridade e não poderemos desfrutar das riquezas espirituais, no sentido de
plenitude de vida, liberdade, virtudes e amor que advêm da correta observância
da Palavra. No cativeiro, a vida é marcada pelo seu estreitamento, as relações
mútuas são muito precarizadas, as limitações para a vida são marcadas pela
opressão, a saúde espiritual e emocional é tolhida, portanto tem-se uma vida
medíocre e longe do Reino. Contrariamente a isso, estando a Palavra em nós, o
Reino de Deus já começa a ser desfrutado aqui com toda a sua abundância e
bênçãos e, principalmente, a libertação da opressão do cativeiro espiritual.
2) A narrativa bíblica sobre o
comportamento de cada rei de Israel e Judá e sobre o que aconteceu com eles
como consequência traz, com certeza, grandes lições para nós. Como o senhor
resumiria o que podemos aprender com a experiência deles?
O principal ensinamento de Reis provém de
Deuteronômio: "Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não
cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje
te ordeno, virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão [...]."
(Dt 28.15). Os cativeiros assírios e babilônicos são exemplos do cumprimento
deste vaticínio, pois o autor quis mostrar, na vida de cada rei, que o
princípio da obediência traz descanso para o povo. Portanto, Reis tem um
conteúdo didático neste sentido. Mas, é preciso estar atento que, quando Reis
mostra a falência da capacidade humana em obedecer aos mandamentos divinos,
está apontando para a Obra de Cristo que, no tempo da graça, capacita os
crentes a serem obedientes e assim cumprirem o mandamento divino, agora
ressignificado por Jesus nos Evangelhos, Na ânsia de obter mérito através da
obediência, podemos correr o risco de tirar o único mérito que nos salva: a
morte e a ressurreição de Cristo.
O Reino do Norte politicamente era mais
instável que o Reino do Sul. Algumas características comprovam isso: a duração
mais curta de 209 anos; a violência que precedeu a sucessão real; todos os
dezenove reis são considerados maus, pois prestam culto ao bezerro de ouro de
Jeroboão; a duração média do reinado era de 10 anos; e nove famílias diferentes
ocuparam o trono de Israel. O Reino do Sul chega a 345 anos de existência e era
mais obediente e nobre, conforme observado. Assim, a média de duração do
reinado era de dezessete anos; e a família de Davi foi praticamente a única a
governar em Jerusalém, o que deu estabilidade política ao reinado. Relato isso
porque somente Judá voltou do cativeiro, certamente como hipótese da
consequência da maior obediência de Judá em relação a Israel.
4) Outros destaques na narrativa de 1 e 2
Reis são os profetas Elias e Eliseu. Outros são mencionados, mas estes são os
principais. Como o senhor resumiria a importância do ministério desses dois
homens de Deus para Israel naqueles dias e seu significado para os nossos dias?
Elias surge na história do nada, era o
profeta ermitão que profetizou contra a corrupção, a política injusta e as
escolhas perversas dos reis, denunciando e advertindo-os. Já Eliseu tem um
passado e uma chamada, era o profeta palaciano com acesso a muitos reis, sendo
amigo e conselheiro deles; apesar disso, não hesitou quando foi preciso
entregar mensagens duras. Embora ambos tinham uma grande consagração e
compromisso com o Senhor, suas histórias eram muito diferentes, por isso não é
possível aplicar regras baseadas em doutrinas de homens para definir um profeta
de Deus: Elias vivia isolado, enquanto Eliseu estava no meio das pessoas; não
consta que Elias tivesse posses, já Eliseu, antes de seguir seu chamado, tinha
doze juntas de bois; alguns milagres de Elias causaram mortes e prejuízos,
Eliseu em sua maioria praticou milagres de misericórdia e promoção da vida;
Elias é comparado a João Batista, Eliseu, por seus milagres de cura, faz
lembrar a Obra de Cristo.
5) Que lição, de forma geral, a história
dos cativeiros de Israel e de Judá trazem para nossas vidas?
Os cativeiros do povo de Deus foram
momentos muito duros e traumáticos na nação de Israel. Eles levaram séculos
para superarem as perdas e desorganizações sociais e religiosas que os
cativeiros trouxeram. A nação do Sul, Judá, teve sua libertação setenta anos
depois do início do cativeiro; a nação do Norte demorou muito mais para voltar
e, ainda assim, os judeus vivem espalhados pelo mundo.
Apenas um número pequeno voltou às suas
origens territoriais. A glória de Jerusalém nunca mais foi a mesma, portanto
são funestas as consequências da desobediência. Isso nos mostra que, como vivemos
no tempo da graça conquistado por Jesus, temos muito mais responsabilidade do
que eles em seguir a Palavra de Cristo e servir-Lhe como adoradores num mundo
corrompido pelo egoísmo, ideologias, intolerância e desprezo ao Evangelho,
tanto na esfera social quanto política, econômica e muitas vezes também na
eclesiástica.
6) Que conselhos o senhor daria para os
professores que estarão ministrando esta edição de Lições Bíblicas neste
trimestre?
O professor de ED lida com dois grandes
valores: a Palavra de Deus e o aluno, sendo o professor, no caso da ED, o
entreposto entre o aluno e a Palavra de Deus. O professor é o que serve a mesa
do manjar celestial, servindo e dispondo ao aluno o melhor alimento espiritual.
Portanto, o empenho do professor, gastando tempo com estudos e oração, será
recompensado com a nutrição e a saúde espiritual dos seus alunos aqui no mundo
e, além disso, há a recompensa que Jesus dará naquele dia a todos aqueles que
deram o seu melhor e serviram o melhor manjar espiritual aos seus alunos. Que
Deus abençoe os seus estudos com os alunos neste trimestre!
Artigo extraído da revista Ensinador
Cristão Nº 86
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