Lição 9 - O Mistério da Unidade Revelado


Lições Bíblicas do 2° trimestre de 2020 - CPAD | Classe: Adultos | Comentarista: Pr. Douglas Baptista | Data da Aula: 31 de Maio de 2020
TEXTO ÁUREO

“O qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas.”
(Ef 3.5)
VERDADE PRÁTICA
Deus revelou o mistério que esteve oculto, desde todos os séculos, aos profetas e aos apóstolos do Novo Testamento.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ef 3.5
O mistério que estava oculto no Antigo Testamento foi revelado no Novo
Terça - Gn 12.3; Is 11.10
As Escrituras do AT fazem menção das bênçãos prometidas aos gentios
Quarta - At 11.27-30
O ministério oculto foi revelado aos profetas e aos apóstolos
Quinta - At 11.4-17
A igreja incipiente demorou a entender o mistério oculto de Deus
Sexta - 1 Pe 1.20
Deus revelou o mistério oculto em tempo oportuno
Sábado - Ef 3.11,12
O mistério foi revelado por Cristo, o qual instituiu a Igreja

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 3.1-13

1 - Por esta causa, eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios,
2 - Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada;
3 - Como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi,
4 - Pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo,
5 - O qual noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas,
6 - A saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;
7 - Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.
8 - A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo
9 - E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou;
10 - Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,
11 - Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor,
12 - No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.
13 - Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.

HINOS SUGERIDOS: 53, 467, 614 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
Estudar o mistério de Deus que esteve oculto e a revelação concedida aos profetas e aos apóstolos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I - Explicar o mistério oculto de que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo;
II - Expor como e quando Deus revelou o mistério aos apóstolos e aos profetas;
III - Mostrar que desde a eternidade o mistério esteve encoberto para ser revelado em tempo oportuno.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Por meio das Sagradas Escrituras, temos o privilégio de termos acesso ao mistério que esteve oculto desde todos os séculos revelado aos profetas e aos apóstolos do Novo Testamento. Esse mistério se mostra em Jesus Cristo, a esperança da glória, edificando sua Igreja. É privilégio saber que Deus revelou isso aos simples, aos que se achegaram a Ele por meio da fé em Jesus. É uma dádiva ter acesso ao mistério pré-estabelecido por Deus na eternidade. Só Cristo pode proporcionar isso para a sua Igreja. Somente a Palavra de Deus desdobra em detalhes a profundidade e a grandiosidade desse santo mistério.

INTRODUÇÃO
Paulo e os demais apóstolos, bem como os profetas do Novo Testamento, receberam por meio de Cristo a revelação do mistério oculto (3.1-4). Nesta lição estudaremos o conceito bíblico para “mistério” (3.4,6), como esse mistério esteve oculto nas eras passadas, como o mistério foi revelado na Nova Aliança (3.5,10) e como ele foi pré-estabelecido por Deus na eternidade (3.11).

PONTO CENTRAL
Deus revelou o mistério que esteve oculto.


I – O MISTÉRIO OCULTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Os gentios ignoravam as promessas, e os judeus pensavam serem os únicos beneficiários delas, porém, ambos desconheciam o “mistério” que esteve oculto.

1. O conceito bíblico de mistério.
Do grego mysterion, a palavra mistério significa “segredo” ou “doutrina secreta”. Indica alguma verdade divina que esteve oculta e passou a ser conhecida (3.3). Não se refere a algo misterioso que somente alguns poucos iniciados possam compreender, como ensinavam alguns adeptos do falso misticismo (Cl 2.18). Pelo contrário, no cristianismo significa uma verdade que esteve encoberta e agora foi desvendada em benefício de todos (1 Tm 2.4).

2. O desconhecimento do mistério.
Para compreender em que sentido o mistério esteve oculto desde outras gerações, é preciso pôr em foco o advérbio “como” que aparece no texto com valor circunstancial: “noutros séculos não foi manifestado, como, agora” (3.5). A expressão “como” indica que no Antigo Testamento esse mistério não foi dado a conhecer tão claramente como agora o foi desvendado pelo Espírito. Isso não quer dizer que antes da Nova Aliança ninguém tomara conhecimento acerca da desse mistério, ou seja, a bênção de que os gentios também participariam.

3. O mistério e os profetas da Antiga Aliança.
Os escritores do Antigo Testamento não apenas conheciam a respeito das bênçãos prometidas aos gentios; eles fizeram menção delas (Gn 12.3; 22.18; Is 11.10; 49.6; 54.1-3; 60.1-3; Ml 1.11). O que esses profetas não sabiam era como isso aconteceria, como Deus faria algo totalmente novo. Que as barreiras raciais e religiosas seriam rompidas por meio de Cristo, que judeus e gentios seriam um só povo integrante de um mesmo corpo – a Igreja: o mistério oculto (3.6,10).

SÍNTESE DO TÓPICO I
O mistério da igreja de Cristo formada pela união entre judeus e gentios estivera em oculto desde a eternidade.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Para introduzir esta lição é importante que você conceitue bem biblicamente a palavra “mistério” e amplie o seu conceito. Para lhe auxiliar nessa tarefa, juntamente com o conceito presente na lição, leve em conta o seguinte fragmento textual: “Embora a palavra ‘mistério’ não apareça no AT [...] o conceito de segredo no AT é o de conselhos que Deus revela ao seu povo. [...] O NT usa o termo para se referir ao Evangelho, às vezes no seu sentido mais amplo, incluindo o plano de Deus de redenção, existente desde tempos eternos (Rm 16.25,26; 1 Co 2.7; 4.1; Ef 1.9,10; 6.19; Cl 1.26,27; 4.3; 1 Tm 3.9; Ap 10.7). É também aplicável a aspectos específicos do evangelho: a encarnação (Cl 2.2,9; 1 Tm 3.16); a igreja como o Corpo de Cristo incluindo os judeus e os gentios (Ef 3.3-6,9; 5.32); as características do reino espiritual atual (Mt 13.11; Mc 4.11; Lc 8.10); a cegueira temporária de Israel (Rm 11.25) e a transformação do crente na volta de Cristo (1 Co 15.51). O termo também é usado para se referir a qualquer verdade oculta que tenha que se entendida de forma sobrenatural (1 Co13.2; 14.2), e ao mistério da influência do Anticristo ainda não revelado (2 Ts 2.7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.1292).

II – O MISTÉRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO

O plano divino oculto quanto à Igreja de Cristo é a ênfase paulina acerca do “mistério revelado” aos apóstolos e aos profetas.
1. Revelado aos apóstolos e profetas.
Ao fazer abertura do capítulo três de Efésios, Paulo destaca a sua condição de prisioneiro, o processo de sua vocação e como lhe foi “este mistério manifestado pela revelação” (3.1-3). Em passagens correlatas, Paulo deixa claro que não recebeu seu apostolado de homem algum (Gl 1.1), que a doutrina que ensinava não aprendeu com nenhum homem (Gl 1.11) e que ao ser enviado aos gentios não consultou homem algum (Gl 1.16). Significa dizer que a chamada, a doutrina e a comissão lhe foram divinamente confiadas “pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).

O apóstolo assegura ainda que o mistério oculto foi revelado pelo Espírito de Deus a ele e aos demais apóstolos e profetas (At 11.4-17,27). Ele indica que o mistério divino não poderia ser desvendado por meio do raciocínio intelectual. Portanto, o apóstolo enfatiza que o mistério foi dado a conhecer por meio da “revelação divina” e não por sabedoria humana (1 Co 2.4).

2. O mistério oculto revelado.
Em termos gerais o “mistério revelado” é a Igreja. Essa revelação começa pela declaração de que o Pai idealizou tudo desde sempre (1.14; 3.11); e prossegue com a execução da Obra de Cristo (1.7; 2.15); e também com a criação de uma nova humanidade (2.1-10); como também a união de judeus e gentios como família de Deus e Corpo de Cristo (2.11-22; 3.6); e a comunicação dessas verdades aos santos apóstolos e profetas (3.3,5). Por fim, o anúncio dessas dádivas do mistério revelado recai sobre a responsabilidade da Igreja, para que “a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida” (3.10). Significa que a própria Igreja é a principal agência divina de divulgação desse “mistério” a fim de unir todos os homens em um só povo por meio de Cristo.

3. A magnitude do mistério.
Outrora ninguém tinha ventilado a possibilidade da formação de um só povo, sem distinção de pessoas, etnia ou classe social; mas em Cristo e por Cristo, todos são um e participantes da mesma promessa (Gl, 3.28; Ef 3.6, Cl 3.11). Até mesmo alguns líderes da primitiva igreja demoraram a entender esse mistério onde todos são aceitos em Cristo (At 11.4-17). Esse mistério, ora revelado, deve ser propagado aos homens conforme Deus planejara desde o princípio (3.7,8,10,11).

SÍNTESE DO TÓPICO II
Nesse ponto, o destaque para o “mistério revelado” é a Igreja redimida por Cristo e formada pelos povos e nações do mundo todo.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O fato de Deus pretender que as bênçãos de Abraão e as promessas da salvação messiânica, através da teocracia judaica, incluíssem os gentios, não estavam anteriormente ocultas (v.5). Elas foram claramente reveladas nos livros do Antigo Testamento da Lei, dos Profetas e dos Escritos (por exemplo, em Gn 12.1-3; Dt 32.43; Sl 18.49; 117.1; Is 11.10). O que estava oculto nas antigas gerações e não havia sido previsto nem mesmo pelos profetas do Antigo Testamento era o seguinte: o plano de Deus para a redenção em Cristo (o Messias) envolvia a destruição da antiga linha de demarcação que separava judeus de gentios (2.14,15). O antigo pacto das promessas divinas, a teocracia nacional judaica, devia ser substituído por uma nova raça espiritual (os cristãos), e por uma nova comunidade internacional (a Igreja) nas quais, em Cristo, judeus e gentios seriam admitidos em bases iguais, sem nenhuma distinção” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.423).

III – O MISTÉRIO PRÉ-ESTABELECIDO POR DEUS

Deus não foi surpreendido com o pecado no Éden. Desde a eternidade o Senhor pré-estabeleceu um plano para ser executado na “plenitude dos tempos”.

1. As riquezas insondáveis de Cristo.
O mistério agora revelado e anunciado é considerado pelo apóstolo como “riquezas insondáveis” (3.8). A expressão se refere às maravilhas e a providência divina que estão além do entendimento humano (1.7). Para o apóstolo Paulo, compartilhar com os povos essas boas novas era algo imensurável (3.18,19). A mensagem da qual ele fora incumbido consistia em ministrar a todos a perfeição e a preciosidade do mistério que estivera oculto (3.8,9); proclamar que essas dádivas foram projetadas desde a eternidade, sendo livremente concedidas aos homens por meio de Cristo (1.4; 2.16). Tudo abrange o beneplácito da vontade divina, que articulou o plano (1.11), o conteúdo desse plano (Ef 2.1-6) e a pessoa de Cristo que executou o plano pré-estabelecido por Deus (Ef 1.19-22).

Como vimos anteriormente, o mistério “desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (3.9).

2. O eterno propósito em Cristo.
Como vimos anteriormente, o mistério “desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (3.9). O que significa que, desde o princípio dos tempos, o Criador manteve o mistério encoberto para ser revelado em tempo oportuno (1 Pe 1.20). E indica que Deus sempre esteve no controle de sua criação “para que agora seja manifestada [...] segundo o eterno propósito que fez em Cristo” (3.10,11). Assim, o “plano da salvação”, que abrange o “mistério da igreja”, e a “revelação desse mistério”, sempre estiveram de acordo com o desígnio divino para serem executados por intermédio de Cristo.    

3. O plano divinamente pré-estabelecido.
O plano divino não surgiu pelo advento do pecado de Adão. Deus não foi apanhado de surpresa. Ao contrário, Ele sempre esteve no controle e já tinha um plano de salvação pré-estabelecido desde a eternidade. Essa verdade nos ensina que por trás de todo o evento da história existe um propósito eterno em andamento. Deus é soberano e controla todas as eras, tempos e circunstâncias. Nesse eterno propósito, no tempo previamente determinado, o mistério da Igreja foi executado em Cristo “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (3.12).

SÍNTESE DO TÓPICO III
O mistério da Igreja de Cristo foi pré-estabelecido pelo Pai desde antes da fundação do mundo.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Outro aspecto da doutrina de Deus que requer a nossa atenção é o das suas obras.
Este aspecto pode ser dividido em:
1) seus decretos 2) sua providência e 3) conservação. Os decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira (Sl 135.6). Têm a ver com as ações de Deus, e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais tem Ele responsabilidade soberana; e também as ações das quais Ele, embora permita que aconteçam, não é responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é o autor do mal (embora seja o criador de todas criaturas subalternas), nem é a causa derradeira do pecado” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.153).



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CONCLUSÃO
O mistério da Igreja esteve oculto nas gerações passadas. No tempo estipulado, Deus revelou o seu eterno propósito aos apóstolos e aos profetas. Judeus e gentios estavam inseridos nesse mistério idealizado por Deus. Tal mistério agora revelado deve ser anunciado pela própria igreja conforme os desígnios divinamente pré-estabelecidos desde a eternidade.

PARA REFLETIR
A respeito de “O Mistério da Unidade Revelado”, responda:

• Qual o significado da palavra mistério?
Do grego “musterion”, a palavra mistério significa “segredo” ou “doutrina secreta”. Indica alguma verdade divina que esteve oculta e passou a ser conhecida (3.3).

• O que indica a expressão “como”?
A expressão “como” indica que no Antigo Testamento esse mistério não foi dado a conhecer tão claramente como agora o foi desvendado pelo Espírito.

• O que Paulo destaca na abertura do capítulo três de Efésios?
Ao fazer abertura do capítulo três de Efésios, Paulo destaca a sua condição de prisioneiro, o processo de sua vocação e como lhe foi “este mistério manifestado pela revelação” (3.1-3).

• O que é o “mistério revelado”?
Em termos gerais o “mistério revelado” é a Igreja.

• Por quem o mistério agora deve ser anunciado?
Tal mistério agora revelado deve ser anunciado pela própria igreja conforme os desígnios divinamente pré-estabelecidos desde a eternidade.

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