O que é dom
de ensinar
É uma capacitação
divina para esclarecer, expor, defender e proclamar as verdades referentes à
Palavra e ao Reino de Deus:
"De modo que,
tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela
segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino" (Rm 12.6,7).
"E a uns Deus pôs
na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro,
doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas" (1Co 12.28).
"E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos
para também ensinarem os outros" (2Tm 2.2).
O verbo
"ensinar" vem do latim insignare e significa instruir, lecionar,
educar, doutrinar, dar conhecimento a outrem. Ensinar não é somente transferir
conhecimentos de uma cabeça a outra; não é somente comunicar. Ensinar é fazer
pensar, estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar a
criar novos hábitos de pensamento e ação.
Se perguntarmos a um
leigo o que significa ensinar, certamente ouviremos as seguintes respostas:
"Ensinar é transmitir conhecimentos" ou "é transferir para o
aluno tudo aquilo que o professor aprendeu". Essas proposições estariam
corretas se não colocassem o aprendiz na condição de mero espectador. Se
ensinar é simplesmente transferir saberes de uma cabeça à outra, significa que
quem aprende exerce um papel passivo no processo, ou seja, é apenas um
receptáculo do saber alheio.
Nesse caso, professores
e alunos posicionam-se em níveis diferentes e distantes. De um lado, temos o
mestre que sabe tudo; e de outro, o aluno que nada sabe. Afirmar isso é
comparar a mente humana a uma folha em branco, na qual os professores podem
gravar o que desejar. Era assim que a didática tradicional conceituava o
ensino.
Por meio de recentes
estudos no campo da didática, alguns educadores preferiram considerar o ensino
como a técnica capaz de formar uma série de condicionamentos. Daí a expressão:
"Ensinar é formar hábitos". Posteriormente, surgiu uma nova
definição: "Ensinar é dirigir ou orientar tecnicamente a
aprendizagem". Mediante essa posição, a maioria dos pedagogos concorda que
o processo de ensinar tem como consequência obrigatória a aprendizagem. Se o professor
ensinou, e o aluno não aprendeu, não houve verdadeiro ensino.
Objetivos do
dom de ensinar
Os líderes do quíntuplo
ministério, segundo Efésios 4.11-13, foram chamados com três objetivos
específicos e coordenados:
a) Capacitar os santos;
b) Servir às necessidades
da igreja; e
c) edificar o Corpo de
Cristo.
O principal objetivo do
quíntuplo ministério, em relação à igreja, é, sem dúvida, o de levar o Corpo de
Cristo a alcançar a plena maturidade (Ef 4.13). Mas como?
- Que todos os crentes possam não apenas alcançar a
fé em Cristo, mas a "unidade da fé".
- Que todos os crentes possam
não apenas ter algum conhecimento a respeito de Cristo, mas ter o "pleno
(epignosis) ou total conhecimento" do Filho de Deus".
- Que todos os crentes possam
não apenas crescer em Cristo, mas chegar "à medida da estatura completa de
Cristo".
Somente, então, irão
tornar-se maduros. Literalmente, "irão tornar-se pessoas perfeitas e
totalmente amadurecidas". "A
quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo homem em toda a
sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo"
(Cl 1.28).
Líder-mestre:
princípios fundamentais
Princípio 1: Cristo designou os
líderes-mestres para prepararem os santos para a obra do ministério.
Isso significa que o
líder-mestre não deverá preocupar-se em apenas transmitir conteúdos bíblicos
para os seus liderados. Pouco adiantará se eles receberem apenas informações e
instruções acerca do ministério. Eles terão de ser preparados e treinados.
"...querendo
o aperfeiçoamento dos santos..."
"Aperfeiçoamento",
do grego katartizo, significa consertar, restaurar, colocar em ordem (diz
respeito à cirurgia de redução de osso quebrado para ajustar sua função no
corpo). Significa tornar alguém pronto para o serviço do ministério.
Aqui, percebemos que a
principal tarefa do líder-mestre é preparar seus liderados para fazer alguma
coisa. Seu foco principal precisa ir além do conhecimento e se concentrar em
aplicar na prática o foi aprendido.
Segundo o professor
Ralph W. Tyler, "a aprendizagem se realiza através da conduta ativa do
aluno, que aprende mediante o que ele faz e não o que faz o professor".
Como preceituou o especialista Robert Wiener, "não é a quantidade de
informação emitida que é importante para a ação, mas antes a qualidade e medida
de informação capaz de estabelecer-se o bastante num dispositivo de
armazenamento e comunicação, de modo a servir de gatilho para a ação".
Atualmente, diante da
explosão de conhecimentos, o mestre deve selecionar as informações que
realmente são relevantes. Deve fazer com que os discípulos atinjam níveis cada
vez mais altos de reflexão, autonomia e aplicação adequada dos conhecimentos.
Muitos mestres no
passado achavam que deviam selecionar um grande acervo de informações e
amontoá-lo na mente de seus discípulos. Imaginavam que o aluno exemplar era
aquele capaz de memorizar a maior quantidade possível de fatos, nomes, datas,
conceitos, definições, fórmulas, etc. Hoje, porém, sabemos que a função do
professor não se resume apenas na apresentação de fatos a seus alunos. É
preciso conduzi-los à compreensão e aplicação desses dessas informações à sua
realidade e experiência de vida. Ou seja, devemos fazer de tudo para que nossos
discípulos sintam prazer em aprender as coisas que lhes são necessárias e
significativas.
As informações contidas
em um livro não são consideradas conhecimento até que sejam colocadas em
prática por quem as lê. Muitos crentes têm apenas informações acerca da Palavra
de Deus, e não conhecimento, visto que não a praticam.
Princípio 2: Os santos constituem o
público-alvo dos líderes-mestres.
"...
querendo o aperfeiçoamento dos santos..."
O líder-mestre deve
ensinar e treinar crentes, não descrentes. A pregação e o ensino deverão visar
à preparação dos santos e não a evangelização dos não crentes. O líder-mestre
deverá preparar aqueles que sairão a campo para evangelizar.
Princípio 3: A obra do ministério
realizada pelos santos é resultado da preparação feita pelos líderes-mestres.
Mas os santos estão realmente realizando a obra?
"...
na medida em que cada parte realiza a sua função e pelo auxílio de todas as
juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor" (Ef 4.16 - NVI).
Necessidade de avaliar
nosso trabalho
a) Em qual ministério
os santos preparados por nós estão envolvidos? Qual a natureza desse
ministério?
"...
obra do ministério..."
Isso diz respeito à
qualidade e direcionamento do nosso ensino. O que Deus quer que realmente
ensinemos? Como Ele quer que ensinemos? O que o Senhor quer que nossos alunos
aprendam? A ênfase de Deus sempre recai sobre o que eles poderão aprender e
fazer. Mas nós, líderes-mestres, quase sempre enfatizamos aquilo que
fazemos. Enquanto Deus valoriza mais a
obra do ministério, nós, geralmente, damos mais valor ao conteúdo que temos a
transmitir, nosso plano de aula, nossas anotações, nossos métodos e oratória.
Precisamos nos perguntar: o que nossos alunos estão "fazendo para
Deus" em consequência do nosso ensino?
b) Quantos de nossos
discípulos estão realmente envolvidos na obra do ministério?
"...
cada parte..."
A ênfase está na total
participação de todos os santos. E você se preocupa com o percentual que não
está participando?
c) Nossos discípulos
estão fazendo exatamente aquilo para o qual foram chamados?
"...
cada parte realiza a sua função...."
Deus concedeu a cada
crente um dom espiritual para um propósito específico no ministério. Não
podemos dizer que cumprimos nosso ministério apenas porque nossos alunos estão
"fazendo alguma coisa para Deus". Eles precisam fazer aquilo para o
qual foram comissionados pelo Senhor.
d) Nossos discípulos
estão realizando uma obra de excelência em termos de qualidade e quantidade?
"...
uma obra excelente..." (versão inglesa)
Tudo o que Deus faz é
excelente. Por isso, Ele espera que treinemos nossos discípulos continuamente,
até que consigamos melhorar seus desempenhos.
O padrão de desempenho deve ir além do simples "pôr à prova o
conhecimento do conteúdo." Deus não está interessado apenas em que
"os santos" estejam trabalhando, mas que atuem eficientemente.
e) Qual é o percentual
de crescimento de nossos alunos?
"...
faz o aumento do corpo..." "...o corpo cresce..."
O crescimento do
"corpo" se dá por meio do ensino eficaz da Palavra de Deus. Por que a
Igreja Primitiva cresceu tanto? "E perseveravam na doutrina dos
apóstolos" (...) "E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja
aqueles que se haviam de salvar" (At 2.42,47).
f) Os alunos estão
ministrando uns aos outros?
"...
edifica-se a si mesmo em amor".
Apesar de nossa enorme
responsabilidade, não somos os únicos responsáveis pelo ensino de nossos
discípulos. Tudo o que ensinamos é automaticamente repassado entre eles. É a
lei da multiplicação.
"E as palavras que
me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que
sejam também capazes de ensinar outros" (2 Tm 2.2).
OLHO:
"Não podemos dizer
que cumprimos nosso ministério apenas porque nossos alunos estão 'fazendo
alguma coisa para Deus'. Eles precisam fazer aquilo para o qual foram
comissionados pelo Senhor".
Artigo: Pr. Marcos Tuler | Fonte:
Ensinador Cristão, CPAD, ano 12 n. 47 | Divulgação: Subsídios EBD