Obs. Subsídio para a classe de Jovens. Lição 6 – 2° trimestre de
2019.
OBJETIVOS
• MOSTRAR que Deus criou o homem e a mulher
distintos e com objetivos específicos;
• SABER que o sexo é uma dádiva divina para ser
desfrutada no casamento.
I.
O Sexo na Narrativa da Criação
1. O homem e a mulher como obra-prima da
criação
As
religiões orientais criaram no mundo uma ilusão de natureza má. Da mesma forma,
o pensamento helenista, ou seja, dos gregos, considerava o mundo como algo
negativo. Segundo Faros (1993, p.206), “a tradição judaico-cristã se encontra
em dramática antítese com tudo isso, no consenso que exprime em relação ao
mundo material, que o vê como criado do nada pelo próprio Deus”, que constatou
que tudo era bom.
O
próprio apóstolo Paulo afirma: “Porque toda criatura de Deus é boa, e não há
nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças”. Essa concepção com a
correspondente concepção da santidade de todas as coisas toma-se imprescindível
para a compreensão da criação, do homem, da mulher e do eros (sexo). A aceitação da criação como uma atitude positiva como
é doutrinado pela antropologia bíblica resulta na confirmação da criação do ser
humano como uma unidade psicossomática, carne e espírito indissoluvelmente
ligados entre si, diferente da concepção oriental e helenista que separa entre
partes boa e má (corpo e alma; carne e espírito). O ser humano é a obra-prima
da criação, com capacidade para usar o corpo criado em seu benefício e para
domínio e preservação do restante da criação. A narrativa da criação atesta que
o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, “macho e fêmea os criou”
(Gn 1.27b). Assim como Deus é o criador da vida, Ele também criou os seres
humanos com capacidade de gerar vida. Para os hebreus, “imagem” tem um
significado dinâmico porque suscita a presença real de quem se representa.
A
narrativa bíblica da criação traz uma sequência lógica na ordem das coisas
criadas. Não entraremos nas questões críticas sobre a natureza mítica,
alegórica ou literal do relato da criação, mas, sim, extrairemos a essência do
objetivo do relato criacional. De início, Deus cria o céu e a terra na intenção
de dar origem a um local apropriado para suas criaturas. Independentemente do
tempo que leva, o Criador deixa esses ambientes habitáveis e com possibilidades
de vida (luz, firmamento, terra firme e estrelas) tanto nas águas (seres
marinhos), quanto no céu (aves) e na terra (animais, plantas). Por último, foi
criado o ser humano. Neste momento, o padrão da narrativa muda, pois surge um
tom mais solene e detalhado. Finalmente, passa a ser apresentada a obra-prima
da criação, o homem, o qual Deus cria à sua imagem (Gn 1.26,27). Diferentemente
dos demais relatos da criação do oriente, que acreditavam na criação do ser
humano para suportar o jugo dos deuses e para servi-los em suas necessidades
cotidianas, o ser humano em Gênesis é criado para reinar sobre a criação.
Portanto, o relacionamento entre o ser humano e o restante da criação, de
espécie diferente, é de domínio e submissão. Domínio sobre: a) a terra (Gn
1.28); b) os vegetais (Gn 1.29); e c) os animais em múltiplas relações: pastor,
cavaleiro, criador, caçador, entre outras.
Quase
todas as plantas e criaturas criadas reproduzem-se por meio da polaridade de
gênero. No entanto, o sexo humano foi criado de forma especial. Mas o que tem
de especial? Ellens (2011, p. 60) traz uma explicação interessante sobre o
assunto:
Talvez, no centro desta questão, repousa
o fato de que Deus nos criou com a capacidade de expressar tanto nosso desejo
intenso, irrepreensível, cru, inconsciente, e libidinoso pelos outros quanto,
ao mesmo tempo, nossa decisão consciente e profunda sobre quando, onde, por
que, como e com quem ter esta comunhão e união prazerosa que nos faz sentir
como pessoas completas. Desta forma, existe algo sobre nossa natureza sexual
que reflete a natureza de Deus, nisto nosso comportamento sexual é
primordialmente para criação de relações prazerosas de amor, bondade e carinho,
não primordialmente para reprodução como todo o resto do mundo orgânico. O sexo
humano é especial. Sim, ele pode levar à reprodução, mas este aspecto está
subordinado à criação de uma qualidade de vida de amor e união, alegria e
plenitude, paz e tranquihdade. (ELLENS, 2011, p. 60)
Assim, o homem e a mulher são a
obra-prima da criação, diferenciados não somente no sentido de dominar o
restante da criação, mas também na maneira de relacionar-se sexualmente.
Leitura Complementar:
3)
Pedofilia: Distúrbio ou Ação Demoníaca? –
Acesse Aqui
2. Deus criou homem e mulher distintos e
com objetivo específico
O
homem e a mulher não foram criados para relacionarem-se com os demais seres em
condições de igualdade e para procriação. Em Gênesis 1.22, após a criação dos
animais, “Deus os abençoou, dizendo: Frutificai”, sendo seguida da ordem para a
multiplicação. No entanto, em Gênesis 1.28, temos: “E Deus os abençoou e Deus
lhes disse”. Aqui, Deus comunica-se diretamente com o ser humano, demonstrando
a relação especial, inclusive no processo de fecundação. Para Israel, a
fecundidade era precedida de uma palavra de especial bênção divina. Deus criou
macho e fêmea, homem e mulher, para procriação e relação de complementaridade.
A expressão “macho e fêmea” refere-se à identidade do homem e da mulher, e a
identidade sexual é o primeiro elemento abençoado por Deus na narrativa das
obras da criação.
Em
Gênesis 2.24, texto do segundo relato da criação humana, que apresenta
primeiramente a criação do homem e, depois, a criação da mulher, é utilizada a
expressão hebraica “kenegdô” na criação da mulher, que dá sentido de algo
distinto e que se ajusta perfeitamente. Portanto, os dois sexos têm a mesma
dignidade de imagens de Deus para complementarem-se e gerar filhos também à sua
imagem e semelhança (Gn 5.3). Por isso, não há necessidade de hierarquia entre
eles. Homem e mulher foram criados para relacionarem-se emocional e
efetivamente entre si, diferentemente da relação com as demais criaturas. Aqui
merece comentário o relacionamento afetivo que hoje se propaga entre seres
humanos e animais, como comemorações de aniversários, funerais, entre outras
práticas. A criação deve ser cuidada e preservada, mas deve haver equilíbrio e
bom senso neste relacionamento afetivo.
Apesar
de criados à imagem e semelhança de Deus e para complementarem-se, o homem e a
mulher são diferentes na forma biológica, emocional, etc. O homem vê, sente e
interpreta de forma diferente da mulher. Se isso não for identificado, causará
conflitos no relacionamento.
A
tendência masculina é ser mais racional e analisar as coisas de forma mais
geral, enquanto a mulher tende a ser mais emocional e analisar as coisas nas
suas particularidades, por ser mais observadora. Essa tendência já faz parte da
criação dos dois, e o casal sábio investe no respeito dessas diferenças em seu
relacionamento, respeitando a individualidade e características dos gêneros.
Quando isso ocorre, um acaba complementando o outro. O lar não pode ser um
ringue de lutas e competições, mas, sim, um ambiente de parcerias, ou seja, um
ajudando o outro para a melhoria da convivência e criação dos membros da
família. Portanto, não há superior ou inferior, e sim pessoas diferentes que se
complementam. Em relação à sexualidade, homem e mulher também são diferentes. A
mulher é mais atraída pelo que ouve, enquanto o homem pelo que vê. Explorar
essas diferenças no relacionamento conjugal é uma boa iniciativa para a melhor
satisfação de ambos: a mulher deve investir na apresentação pessoal, e o homem,
nas palavras que a mulher gosta de ouvir. O sexo para o homem começa com o ato
sexual, enquanto para a mulher começa ao iniciar o dia. O relacionamento e a
intimidade fazem parte do ato noturno. As diferenças na constituição física são
mais visíveis e também devem ser observadas e respeitadas.
Portanto,
a narrativa da criação do homem e da mulher, evidenciando as diferenças e
complementações entre eles, tem muito a ensinar-nos sobre relacionamento
conjugal. Algumas pessoas defendem que isso deve ser orientado após o
casamento; por isso, há muitos casais com problemas conjugais. O jovem que
recebe orientações sobre a sexualidade antes do casamento tende a ter um
casamento mais feliz e bem-sucedido.
3. O sexo humano foi criado para a
procriação e o prazer
A
sexualidade humana é parte da criação. Os seres humanos foram criados como
seres sexuados pela livre vontade de Deus (Gn 1.26,27). Deus, em sua soberana
vontade, resolve criar o homem e a mulher. A narrativa bíblica é clara quando
afirma que a sexualidade é algo outorgado por Deus e que sexo é bom (Gn
1.28,31). Neste segundo relato da criação, o homem é criado primeiro, convive e
domina os animais. No entanto, ele tem uma vida solitária, pois falta a
companhia do sexo oposto, como tinham os animais. Em todo relato criacionista,
somente uma coisa é assinalada como não sendo boa: “que o homem estivesse só”,
o que reforça a ideia de que a sexualidade é algo bom e criado por Deus para a
plenitude do ser humano. O sentimento de solidão de Adão “comove” o coração de
Deus, que afirma não ser bom que ele vivesse só. Deus, então, decide criar uma
companheira para o homem (Gn 2.18). Após a criação da mulher, o homem
contempla-a e diz: “Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne”.
Agora, ele tem uma companheira consanguínea, que o complementa e pode
relacionar-se afetivamente.
Tanto
o homem quanto a mulher foram criados com uma substância química no corpo que
estimula o interesse e o prazer no ato sexual, respeitada a diferença de
gênero, que será tratada em capítulo posterior. A dopamina, que atua em certa
área do cérebro e cria o senso de antecipação do prazer, quando acrescentada
com uma boa dose de testosterona, tanto no homem como na mulher, estimula o
desejo sexual. Aliado a isso, ambos foram criados com outras substâncias
químicas que, após o ato sexual, criam o sentimento de ternura e ligação
íntima. Esse sentimento produz o prazer mútuo e a necessidade de proximidade
para uma vida sexual sadia. Se não fosse assim, comprometería a procriação
humana. A interpretação equivocada do texto bíblico tem tirado de muitos casais
o direito de participarem juntos do prazer sexual, além do prazer de gerarem
filhos.
A
ética cristã, como base no relato da criação, define alguns padrões para o
cristão.
Há certo consenso na ética cristã de
que:
a)
Por certo Deus destinou o ser humano a buscar a realização sexual com outros
seres vivos. A necrofilia ou atração sexual por cadáveres fere esse padrão;
b)
Deus destinou o ser humano à realização sexual com outro ser da mesma espécie.
A zoofilia, ou atração sexual por irracionais, fere esse padrão;
c)
Deus destinou o ser humano à realização com o sexo oposto. O homossexualismo
fere esse padrão;
d)
Deus destinou o ser humano a se realizar sexualmente por livre manifestação da
vontade. O estupro ou relação sexual à força fere esse padrão;
e)
Deus destinou o ser humano à realização sexual por amor. A prostituição fere
esse padrão;
f)
Deus destinou o ser humano a relacionamentos estáveis que crescem e se
aprofundam. A fornicação, ou
relacionamentos sexuais efêmeros e sucessivos fere esse padrão;
g)
Deus destinou o ser humano a relacionamentos na amplitude da espécie. O incesto ou relacionamento sexual com
parentes próximos fere esse padrão;
h)
Deus concebeu a atividade sexual como um ato de comunicação interpessoal. A
masturbação, ou autorrealização sexual solitária, quando opção permanente, fere
esse padrão,
i)
Deus criou o ser humano a incumbência e a capacidade de reprodução da espécie.
Ele é a fonte da vida e condena a morte. O aborto, ou destruição do ser
enquanto ainda no útero, fere esse padrão;
j)
Destinou Deus o ser humano a fazer da atividade sexual um ato construtivo de
afeto. O sadismo, ou prazer em fazer sofrer, e o masoquismo, ou prazer no
sofrer, ferem esse padrão. (LISBOA, 2001, p. 41)
Deus
criou o sexo e os instintos, tanto no homem como na mulher, com motivações
tanto para a procriação como para o prazer dentro da instituição do matrimônio.
Leitura Complementar:
3)
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II. Sexo, uma Dádiva para Ser Desfrutada
no Casamento
1. O sexo no casamento e com a bênção da
família
Uma
frase já muito repetida é comprovada neste verso: o casamento foi a primeira
instituição criada por Deus. Gênesis 2.24 demonstra que o casal não é um
elemento acidental, mas planejado, incluindo a participação das famílias
envolvidas. Famílias bem estruturadas trazem consigo o papel forte dos pais na educação
e formação dos filhos, principalmente no momento da constituição de novas
famílias. A Bíblia destaca a importância da família e o respeito entre os seus
membros. Há que se considerar a questão cultural, identificar o que é o costume
de uma época, mas preservar os princípios morais e éticos, que são permanentes.
No
modelo do primeiro casamento, vemos Deus, que, em muitos textos, é relacionado
com a figura do Pai por conduzir Eva até Adão. Ele abençoou-os e deu a
autorização para serem fecundos. Esse é o modelo ideal bíblico para a formação
das famílias e a consumação do sexo. A epístola que foi escrita aos Efésios
fornece alguns preceitos que norteiam o relacionamento entre o casal e entre
pais e filhos. O autor aconselha a plena união entre os casados, num clima de
amor e de respeito. Na Lei mosaica, já estavam previstos a participação da
família e o incentivo para que os jovens recém-casados desfrutassem desse
momento tão especial, sendo retiradas algumas responsabilidades do homem para
que este desfrutasse o primeiro ano de casamento com a sua jovem esposa:
Outras
informações quanto à aprovação divina do ato sexual aparecem nos mandamentos e
ordenanças que Deus deu a Moisés, para os filhos de Israel. Ali Ele dispõe que,
no primeiro ano do matrimônio, o jovem marido era desobrigado do serviço
militar e de todas as responsabilidades de negócio (Dt 24.5), para que os dois
pudessem conhecer-se um ao outro numa época de suas vidas em que o instinto
sexual se achava no ponto mais elevado, sob circunstâncias que lhes dariam
amplas oportunidades de fazerem experiências e desfrutarem delas. Reconhecemos
também que este dispositivo da lei tinha o objetivo de possibilitar ao jovem
“propagar a raça” antes de enfrentar sérios riscos de vida nos campos de batalha.
Naquela época, não se usavam anticoncepcionais, e, como o casal podia ficar
junto durante tanto tempo, é compreensível que tivessem filhos logo nos
primeiros anos do casamento. Há outro verso que ensina que Deus entendia
claramente o instinto sexual que Ele próprio colocou no homem: “E melhor casar
do que viver abrasado” (1 Co 7.9). Por quê? Porque existe uma forma lícita,
ordenada por Deus, de se liberar a pressão natural que ele colocou nos seres
humanos — o ato conjugal. Esse é o método básico de Deus para a satisfação do
instinto sexual. E seu propósito que marido e mulher dependam totalmente um do
outro para obterem satisfação sexual. (LAHAYE e LAHAYE, 1989)
No
que tange aos filhos, Paulo exorta-os à obediência. Aos pais, recomenda-os a
bem cuidar de seus filhos (Ef 5.22—6.9). O modelo bíblico cristão é o início da
vida sexual após o casamento com a participação das famílias. Portanto, para um
bom encaminhamento, faz-se necessário um bom relacionamento entre os jovens
casais e seus pais, uma convivência com base no respeito e na boa comunicação
entre os envolvidos. Os jovens precisam de uma orientação pré-nupcial sobre a
sexualidade dos pais, podendo ser auxiliados por um departamento da família da
igreja. Quanto maior o envolvimento das famílias e da igreja em uma educação
sexual bíblica e coerente, melhor será a possibilidade de um casamento
bem-sucedido. O modelo bíblico é a família como entidade básica da vida em
termos econômicos, espirituais, culturais, emocionais, entre outros, não
prevendo o indivíduo em uma vida isolada. O casamento culmina a interação de
duas famílias com a finalidade de estabelecer laços de parentesco entre si.
Fonte: Cobiça e Orgulho – Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a
soberba da vida. Editora CPAD | Autor: Pr. Natalino das Neves.
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