Lição 5 - Dízimos e ofertas como disciplina para uma vida bem-sucedida

Obs. Subsídio para a classe de Jovens. Lição 5 – 2° trimestre de 2019.
OBJETIVOS
• COMPREENDER o significado de Abrão ter entregado o dízimo a Melquisedeque;
• CONSCIENTIZAR de que aqueles que são fiéis em seus dízimos tem uma vida equilibrada e abençoada.
Veja também:
O que o crente precisa saber sobre o Dízimo – Clique Aqui

Para falar sobre o tema desta lição, analisaremos, em primeiro lugar, uma narrativa bem conhecida de Gênesis sobre a entrega do dízimo por Abrão a Melquisedeque, rei de Salém, após a vitória surpreendente de Abrão sobre quatro grandes reis orientais. No segundo tópico, a pesquisa será sobre a tratativa com relação à entrega do dízimo no Novo Testamento. Para tal, será analisado um texto bastante usado para falar sobre o assunto (2 Co 9.9,10), além de dois textos que mostram como Jesus também lidou com o tema. Ao final, a intenção é refletir como os estudos desses textos auxiliarão no equilíbrio entre as contribuições e a vida financeira do cristão.

I. Abrão Entregou o Dízimo a Melquisedeque por que Era Desprendido de Bens Materiais

1. A prática do dízimo antecede a Lei mosaica e o sacerdócio levita

O dízimo é citado tanto no Antigo Testamento (Gn 14.20; 28.22; Lv 27.30-32; Nm 18.21-28; Dt 12.6-17; 14.22-28; 26.12; 1 Sm 8.15-17; 2 Cr 31.5-12; Ne 10.37,38; 13.5-12; Am 4.4; Ml 3.8-10) quanto no Novo Testamento (Mt 23.23; Lc 11.42; 18.12; Hb 7.2-9), embora a ordem para dizimar não apareça de forma direta nos ensinos do NT.
 
O dízimo foi regulamentado no AT por meio do sistema levítico e era destinado aos levitas, que não tinham o direito à herança na Terra Prometida e viviam exclusivamente para o serviço religioso (Lv 27.30-34). Além dos levitas que atuavam como sacerdotes, cantores e mestres da Lei e ficavam com os dízimos de tudo em Israel (Nm 18.21-32), os sacerdotes da família de Arão também eram beneficiados com:
a) as ofertas que não eram queimadas;
b) o que fosse consagrado a Deus por voto;
c) todas as primícias;
d) todos os primogênitos dos animais;
e) o dízimo dos dízimos entregue pelos levitas (Nm 18.9-26; Lv 5.15—7.35; Ne 10.37,38; 12.44; 13.5-12). Os pobres também eram lembrados em situações excepcionais.

Na época do reinado de Josias, Judá tem certa independência, enquanto o Reino do Norte foi massacrado pelos assírios. Nesse período, muitos israehtas da região norte desceram para Judá, fugindo da situação de penúria em que se encontravam. Os levitas também fugiram do norte para o sul e ficaram à margem, ao lado das viúvas, estrangeiros e órfãos (Dt 12.14,26; 14.29; 16,11,14; 26.11). As mudanças socioeconômicas geradas pela situação vigente obrigou a alteração de parte do antigo Código da Aliança. Assim, o santuário foi transformado numa espécie de centro comunitário, e, no terceiro ano, o dízimo foi distribuído diretamente aos pobres no lugar da produção.

O dízimo, no entanto, antecede a Lei mosaica e a própria existência do povo israelita; ou seja, era independente do sacerdócio levítico. O evento de Abrão e Melquisedeque é a primeira citação sobre o dízimo na Bíblia e a principal evidência de que o dízimo antecede a regulamentação levítica (Gn 14.20; 28.22; Hb 7.5-10). Gênesis 14.20 e 28.22 ligam o dízimo com dois lugares que se tornariam importantes santuários em Israel, no caso de Betei, e em Judá, no caso de Jerusalém. Todavia, a primeira referência ao dízimo no AT não traz detalhes sobre essa prática, o que sugere que era algo bem conhecido na época e algo já praticado há muito tempo pelos povos vizinhos dos hebreus. O reconhecimento e prática por Abrão, considerado o principal patriarca para os judeus, dá uma grande legitimidade para essa prática entre o povo israelita.

2.  Motivo da gratidão de Abrão

Desde o conflito entre os servos de Ló e Abrão, tio e sobrinho viviam separados. Ló estava habitando no local em que escolhera morar, quando seu tio, mesmo tendo o direito de escolha, permite que Ló decida para onde queria ir com seu clã e rebanhos (Gn 13.10-12). Trata-se de Sodoma, que ficava na região da campina do Jordão, uma área urbana e proporcionalmente bem habitada, com costumes mais liberais para a época (Gn 19.14-17; Lc 17.28,32). Enquanto isso, Abrão vivia em paz com seu clã na região rural, cuidando de suas terras e rebanhos. Abrão já demonstrava o seu desprendimento dos bens materiais e a valorização que dava à paz com Deus e com sua família. A escolha de Ló, no entanto, acabou envolvendo-o numa guerra que resultou na rendição do povo de sua cidade, incluindo ele e sua família.
O capítulo 14 de Gênesis inicia com o relato da guerra entre reis do Oriente e reis cananeus que resultou no cativeiro de Ló. Quatro reis das maiores potências orientais da época (Sinar, Elasar, Elão e Goim) derrotaram os cinco reis das cidades cananeias (Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar). Os vencedores, como era o costume, levaram consigo os prisioneiros. Entre eles, estava o sobrinho de Abrão e toda a sua casa, além dos despojos da guerra. O texto demonstra que Abrão estava unido aos cananeus numa aliança. Ele, ao saber do ocorrido, convidou seus confederados Aner, Escol e Manre, e eles formaram uma pequena tropa de 318 homens. O grupo foi atrás dos grandes reis do Oriente que haviam vencido os cinco reis cananeus. Extraordinariamente, os 318 venceram a batalha contra os cinco reis do Oriente. Assim, libertaram todos os prisioneiros e recuperaram bens materiais tomados pelos reis vencidos. Além dos prisioneiros e bens recuperados, Abrão e seus aliados retomaram também com os despojos da guerra, ou seja, os bens e alimentos tomados em guerra dos reis do Oriente.

Ao retomar, ele consagrou a décima parte (dízimo) dos despojos tomados dos reis do Oriente a Melquisedeque, rei e sacerdote de Salém. O texto afirma: “E deu-lhe o dízimo de tudo”. A prática comum da época era o dízimo da colheita (entregue pelos camponeses) e dos rebanhos (entregue pelos pastores). Esse é o único caso bíblico em que é citado o dízimo do despojo de uma guerra. E importante ressaltar que esse é o primeiro ato que Abrão realiza após a vitória; é uma forma de reconhecimento e gratidão por um livramento divino. Abrão sempre teve um histórico de gratidão a Deus após as conquistas.

3. Abrão entrega o dízimo a Melquisedeque, o sacerdote do Deus altíssimo

Deus chama Abrão e promete fazer dele pai de uma grande nação com sua própria terra, dar-lhe fama e prestígio (Gn 12.1-3). A orientação era para deixar o que era conhecido, palpável e concreto para apegar-se a algo desconhecido e incerto. Abrão creu na promessa de Deus e obedeceu a sua ordem. A promessa de Deus vem acompanhada no versículo 2 de uma declaração: “[...] e tu serás uma bênção”. Abrão iria receber as bênçãos de Deus, mas também deveria ser uma bênção para as demais pessoas. Trata-se de um grande exemplo para os dias atuais, em que as pessoas estão constantemente em busca de bênçãos, de atendimento aos seus interesses pessoais, mesquinhos e egoístas, tornando a religião um instrumento mercantilista da fé, ou seja, uma troca. O que vemos na promessa condicional de Deus a Abrão é que as pessoas que são abençoadas pelo Senhor devem transformar o que recebe em bênçãos para o próximo também. Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, as bênçãos não são sinônimos de valores materiais e prestígio, mas, sim, de compartilhamento e benefício coletivo. Deus prioriza o coletivo, e não privilégios pessoais e egoístas. A orientação divina a Abrão evidencia essa verdade, e a experiência do patriarca com Deus fazia toda a diferença quando comparada ao comportamento com as demais pessoas. Por isso, ele não teve dificuldade de entregar o dízimo a Melquisedeque. Mas quem era Melquisedeque?


Melquisedeque (Malki-Séâeq = Rei de Justiça) é identificado como sacerdote de El Elyon, o Deus altíssimo, e também como o rei de Salém, reino onde posteriormente seria edificada a cidade santa de Jerusalém (SI 76.2). No encontro com Abrão, Melquisedeque ofereceu pão e vinho a ele no santuário de Salém, um gesto que indicava oferta de paz e de bênção em nome do Deus Altíssimo. O fato de Abrão entregar o dízimo a Melquisedeque, pela cultura da época, toma o rei maior do que o patriarca. Por esse motivo, o autor da Epístola aos Hebreus considera seu ministério superior ao dos filhos de Levi, uma vez que estes eram descendentes de Abraão. Muito tempo depois, o nome Melquisedeque é relacionado com a figura do Messias rei e sacerdote (SI 110.4; Hb 7).

Abrão une-se a Melquisedeque, o rei cananeu, por meio do dízimo (poder estatal-religioso). Fica evidente a afiança e boa convivência entre Abrão e os cananeus, com um defendendo o outro. De certa forma, esse foi o cumprimento parcial da promessa inicial de Gênesis 12.1-3. Os cananeus participaram da bênção e do poder do Deus de Abrão, e este, por sua vez, recebeu a bênção deles em troca, além de estabelecer um nexo entre o patriarca e Jerusalém a partir daquele momento. Essa foi uma legitimação da prática do dízimo em favor do santuário de Jerusalém ligada ao grande patriarca de Israel.

4. Abrão entregou o dízimo a Melquisedeque, e isso não lhe fez falta

Após cumprir suas obrigações religiosas, Abrão vai até o rei de Sodoma. Este oferece a Abrão os bens recuperados como gratidão pela libertação, mas ele recusa veementemente (Gn 14.21-23), diferentemente do bom grado como recebeu os presentes e a bênção do rei e sacerdote Melquisedeque. O comportamento de Abrão foi atípico de situações semelhantes em que era concedido ao vencedor da guerra o direito sobre o despojo. Abrão, no entanto, demonstra sua característica pacífica peculiar e o desprendimento de bens materiais, como já havia demonstrado no episódio da separação de Ló e seu grupo (Gn 13). Ele não quer dar motivo para o rei de Sodoma falar a seu respeito e prefere selar um juramento em agradecimento a Deus: levanta sua mão ao Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. A atitude de Abrão dá-se pelo seu desapego aos bens materiais, como comprovado na entrega do dízimo. Ele não teve a intenção de enriquecer com o evento ocorrido, uma atitude geralmente típica de quem entrega o dízimo, além de não ser avarento e ter suas contas controladas. O fato de Abrão rejeitar os valores do despojo não fez falta em sua vida financeira; pelo contrário, ele prosperou mesmo assim. A entrega do dízimo é uma forma didática de lidar com bens materiais, pois muitas pessoas não entregam por falta de controle econômico e financeiro.

Abrão entregou o dízimo do espólio tomado dos adversários vencidos e entregou o restante aos demais reis parceiros. Isso ocorreu porque ele tinha um comportamento diferente da cultura local, ou seja, ele valorizava mais as pessoas do que as coisas:

Abraão não se interessou pelo dinheiro. Disse ele ao rei de Sodoma: “Fica com teu dinheiro!”. O rei não relutou, e ficou com o dinheiro. Abraão estava interessado em salvar pessoas que lhe eram queridas. Tendo feito isso, seu interesse pelo caso tinha terminado. Não era assim que um general costumava agir, mas era a atitude espiritual certa. Alguns comentam: “Abraão já era rico, pelo que não precisava de coisa nenhuma”. Isso é uma verdade, mas usualmente os ricos jamais param de cobiçar mais. Abraão mostrou ser diferente. (CHAMPLIN, 2001, p.115)

Fortalecido por seu encontro com Melquisedeque, Abraão negou-se a aceitar como desposo de guerra os bens de Sodoma que havia recuperado, e desse modo deu bom testemunho ao rei de Sodoma. Segundo o costume daquele tempo, o libertador guardava para si o despojo quando resgatava a outros do inimigo; mas Abraão não quis que ninguém, exceto Deus, pudesse dizer que o havia enriquecido. Demonstrou que ele não dependia de um rei humano, mas do Rei do céu a quem havia “levantado sua mão”. (HOFF, 1997, p.53)

A narrativa de Gênesis 14 demonstra como Abrão era desprendido de bens materiais. Ele teve uma vida equilibrada e próspera.

II. Os Contribuintes Fiéis Têm uma Vida Equilibrada e Garantia de Bênçãos Espirituais

1. Paulo incentiva a prática de contribuições para os menos favorecidos

Durante sua segunda viagem missionária, Paulo funda as comunidades na Galácia, de Filipos, de Tessalônica e de Corinto (At 15.36—18.22), que se tomaram famosas no contexto bíblico por meio das epístolas enviadas a essas comunidades. Em Corinto, o apóstolo fica por um ano e meio (At 18.1-17). Era uma cidade que havia perdido a influência política, mas que se mantinha como um centro de cultura universalmente reconhecido. Tratava-se de uma cidade comercial próspera e moderna, com dois portos que se abriam, um na parte ocidental sobre o mar Adriático, e o outro na parte oriental sobre o mar Egeu, que facilitava o transporte de mercadorias. Enquanto estava ainda em Corinto, Paulo tem uma grata e dupla surpresa: a chegada de Silas e Timóteo, acompanhados com ajuda financeira das igrejas da Macedônia (At 18.5; 1 Ts 3.6). O pastor Elienai Cabral afirma que a igreja, desde o início, contribuía para a continuidade da obra de Deus, como também aos necessitados:

Após o dia de Pentecostes, a Igreja multiplicou-se com muitos crentes. Muitos estrangeiros se converteram naquele dia. A perseguição foi iniciada contra os primeiros cristãos, e estes perderam propriedades e outros bens. A igreja promoveu um atendimento filantrópico aos necessitados, e sob a força do Espírito Santo aqueles primeiros crentes se uniram e reconheceram a necessidade de mordomia e, diz a Bíblia: “e tinham tudo em comum” (At 4.32-35). A contribuição arrecadada era consagrada ao serviço de Deus e os necessitados eram atendidos. (CABRAL, 2003, pp. 132,137)

O apóstolo Paulo dedica dois capítulos (8 e 9) de sua Segunda Epístola aos Coríntios para orientá-los sobre a contribuição aos irmãos pobres de Jerusalém, que passavam por vários surtos de fome na época. Para incentivar os coríntios, Paulo utiliza o exemplo das igrejas macedônicas, uma região mais pobre, porém rica em generosidade e bens espirituais. Paulo incentivava uma contribuição consciente, pois elas tinham como fim a igualdade, e não a sobrecarga. O texto demonstra que o processo requer disciplina, exige uma atitude de amor e equilíbrio, consequência da obediência à Palavra de Deus.

Com essa contextualização em mente, é possível compreender melhor 2 Coríntios 9.6, texto preferido para reforçar o momento da oferta e do dízimo. Paulo utiliza a figura da semente para incentivar os coríntios a semearem ricamente, pois não se tornarão pobres, e a semeadura vai produzir bons frutos. Em 2 Coríntios 9.10, é possível ler qual é o resultado esperado: “[...] também multiplicará a vossa sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça”. As pessoas que se comprometem em ajudar as necessidades de outras têm tendência de não viver em função do acúmulo de bens materiais com objetivos egoístas. Nos púlpitos, é comum pessoas prometerem recompensa material para quem contribui; porém, como visto, não há segurança bíblica nesse texto e também não há coerência com a própria vida de Cristo.
 
O grande desafio da Igreja é viver o projeto de economia do Reino, que segue uma lógica da partilha solidária, um projeto alternativo ao que prevalece no mundo. Jesus ensinou que a provisão divina passa pela organização fraterna; e é dessa forma que haverá o necessário para todos. Testemunhar o Ressuscitado era implantar uma vida comunitária. O cristão deve focalizar na multiplicação dos “frutos da vossa justiça”.

2. Jesus ratifica a entrega do dízimo, mas critica sua prática sem justiça, misericórdia e fé

Uma das polêmicas sobre o dízimo é a ausência de uma ordem específica sobre sua entrega no Novo Testamento. No entanto, um texto que aborda de forma satisfatória sobre o assunto é Mateus 23.23.

O versículo 23 faz parte de um contexto de conflitos entre Jesus e os escribas e fariseus. Jesus critica-os por algumas práticas hipócritas e contraditórias. Eles tinham uma visão equivocada sobre a vontade de Deus, pois acrescentavam peso sobre os mandamentos já recebidos. Jesus adverte-os: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho”. A recomendação do judaísmo era entregar o dízimo de rebanhos, vinho, grão e óleo (Lv 27,30-33; Nm 18.21-32; Dt 14.22-29; 26.12-15; Ml 3.8-12) para sustento dos levitas, manutenção do Templo e ajuda aos pobres. Jesus reconhece o acréscimo (dízimo das ervas), mas reprova a motivação deles. Ele acusa-os de desprezar o que é “o mais importante da lei”: a justiça/juízo (dia escatológico de prestação de contas por negligenciar os menos favorecidos — Mt 5.22; 10.15; 11.22,24; 12.36,41,42; 12.18,20; Is 1.17,21-23; 3.13-15), misericórdia (socorro ao necessitado — Mt 6.2-4; 9.13,27; 12.7; 15.22; 17.15; 18.33; 20.30) e fé. O dízimo deve ser entregue com a motivação certa:

Não basta ser dizimista, é preciso ter a motivação correta. E um engano pensar que as bênçãos de Deus se limitam apenas às coisas materiais. As pessoas mais ricas e mais felizes do mundo foram aquelas que abriram mão do que não podiam reter, para ganhar o que não podiam perder. Dízimo não é barganha nem negócio com Deus. Precisamos servir a Deus por quem Ele é e não pelo que vamos receber em troca. Se o seu coração ainda está no dinheiro, você precisa se converter. A prosperidade financeira sem Deus pode ser um laço. Um homem nunca é tão pobre como quando só possui dinheiro. Jesus disse que a vida de um homem não consiste nas riquezas que ele tem. [...] riqueza sem salvação é a mais consumada miséria. (LOPES, 2009, p. 93)

A entrega do dízimo não deve ser um incômodo ao cristão. Para isso, alguns cuidados devem ser tomados. Sem a pretensão de contemplar todas as orientações possíveis, o dízimo e as ofertas: a) devem ocorrer de forma voluntária (2 Co 9.7); b) não deve ser por medo de ser punido por Deus; c) não deve ser um meio de barganhar com Deus; d) não deve ser visto como uma esmola; e) não deve ser para promoção pessoal ou demonstração de religiosidade, entre outras atitudes que não são compatíveis com a justiça, a misericórdia e a fé.

Jesus não coloca as regras acima das pessoas. Por duas vezes, Ele resume toda a tradição judaica em amar a Deus e ao próximo (Mt 7.12; 22.37-39).

Os líderes são criticados não por entregar o dízimo, mas por justificarem-se por isso e negligenciarem a justiça, a misericórdia e a fé, que são causas maiores.

3. O dízimo e a parábola do fariseu e do publicano

Os fariseus observavam os mais rigorosos padrões legalistas como jejuns, orações, esmolas, dízimo, entre outras práticas que excediam até as próprias leis cerimoniais mosaicas. Jesus apresenta algo que chocou seus ouvintes por meio da Parábola do Fariseu e do Publicano: colocar um dos cobradores de impostos, considerados traidores pelos judeus, como justificado diante de Deus, enquanto que um fariseu zeloso pela sua religião é reprovado.

A lição de Jesus é clara. O publicano reconhecia que sua dívida era muito alta e não tinha condições de pagá-la. A única coisa que ele poderia fazer era rogar pela misericórdia de Deus. Ele não recorreu a obras que havia realizado, nem ofereceu fazer nada. Ele simplesmente rogou que Deus fizesse por ele o que não podia fazer, somente baseado na fé e misericórdia divina. Por outro lado, o fariseu demonstrou arrogância, confiando que os jejuns realizados, dízimos e outras obras consideradas justas iriam tomá-lo aceito por Deus, ou seja, tudo aquilo não passava de uma cobrança de retribuição. Jesus, porém, afirma que, daqueles dois, somente o publicano foi justificado. As vezes, como o fariseu, o cristão ignora o aprendizado com os julgamentos de Jesus e corre o risco de ser reprovado no final.

O dízimo e as ofertas, portanto, não devem ser praticados com o objetivo de demonstrar superioridade espiritual em relação aos outros ou como meio de justificar-se diante de Deus. Um dos princípios básicos da entrega do dízimo é o reconhecimento da soberania de Deus como Senhor de tudo e todos (Ag 2.8; Cl 1.17), que está relacionado a outro, a saber, o reconhecimento da dependência humana de Deus. O cristão que reconhece a Bíblia como a revelação de Deus não tem como negar que o Senhor é o doador e tem o controle sobre tudo. Outro princípio é reconhecer o valor do próximo que é menos favorecido. Conforme lido, desde o Antigo Testamento, o dízimo também deveria ser repartido com os pobres (Dt 14.28,29; 26.12-15).

O pastor José Gonçalves (2011, p.147) afirma que “devemos reconhecer algumas dimensões do dízimo: religiosa, ligada à manutenção dos templos, obreiros, social, ligada à manutenção das obras assistenciais da igreja; missionária, ligada ao propósito de levar o evangelho a todas as pessoas; patrimonial, ligada à regularização de obras, aquisição, edificações, funcionários”. Como qualquer organização, a igreja, como instituição, tem que provisionar seu orçamento de custeio para manutenção de suas despesas rotineiras, como também o seu orçamento de investimento para novas aquisições e ampliação das instalações. O provisionamento de orçamento é elaborado com base nas contribuições de seus membros. Portanto, quanto mais envolvidos e comprometidos os membros, maior será o retomo para o Reino de Deus.

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FonteCobiça e Orgulho – Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida. Editora CPAD | Autor: Pr. Natalino das Neves.
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