Quando analisamos o processo
pelo qual a aprendizagem se dá, observamos que este tem se desenvolvido
continuamente ao longo de diferentes épocas históricas, desde as mais
longínquas civilizações judaicas, egípcias, gregas, persas, até as mais
modernas sociedades contemporâneas.
Deus fez o ser humano
inteligente, não somente para internalizar como para gerar conhecimentos. O
conhecimento inicialmente foi transmitido de geração a geração, em especial por
meio da observação e da oralidade.
Com o passar do tempo, novas
manifestações acerca do registro do conhecimento e do desenvolvimento humano
possibilitaram que a educação passasse a ter um caráter formal, qualitativo e
diferenciado entre as classes sociais. Até hoje, mesmo os que não frequentam os
bancos escolares recebem informações por diversas mídias e obtém a formação
educacional.
Quando falamos em formação,
vale ressaltar que entendemos o processo de construção e promoção do
conhecimento, compactuado pelo educador (professor) e pelo educando (aluno). Por
professor, conceituamos a pessoa-educador que tem a tarefa de organizar, construir
e transmitir conhecimentos, atuando junto com o educando no prazer da descoberta
de aprender – sempre ciente de que o aluno participa de forma pessoal e ativa.
I – Desafios da Formação Continuada
A formação continuada é um
processo de qualificação educacional que pode ser planejado a médio e longo
prazo, atendendo às demandas do desenvolvimento humano e da necessidade que
cada um tem de amadurecer conceitos, construir opiniões e vivenciar um processo
contínuo de aprender coisas novas e amadurecer os saberes antigos. Interagindo e
comparando as aquisições novas e velhas, a pessoa amplia seu universo
intelectual, emocional, vivencial e espiritual.
Desafios a serem vencidos
Para tanto, faz-se
necessário, por meio da formação continuada e da produção pedagógica, vencer os
seguintes desafios:
1. Mesmice pedagógica
A repetição excessiva de um
mesmo método de ensino pode comprometer o rendimento do aluno. Elmer L. Towns descreve
em sua obra para educadores que "variedade é o tempero da vida, e o segredo
é variar a metodologia de ensino bíblico para criar e manter o interesse".
Veja:
1) Princípios de ensino e
aprendizado para Adolescentes – Clique
Aqui
2) Os Estágios da Capacidade
de Aprendizado em Crianças – Clique
Aqui
3) Como tornar a Escola
Dominical mais Atrativa? Clique
Aqui
2. Insuficiência didática
A mesmice pedagógica também se
manifesta através da insuficiência didática. Os professores precisam parar para
pensar no "como" ensinar com excelência a Palavra de Deus.
3. Superficialidade hermenêutica
Esta expressão demonstra a
precariedade de interpretação correta da Palavra de Deus. O obreiro e o
professor da Escola Dominical precisam conhecer os princípios de interpretação bíblica
e os métodos de estudo e de ensino da Bíblia.
Veja:
1) Regras para Interpretação
da Bíblia – Clique
Aqui
2) Método Interpretativo de
Estudo – Clique
Aqui
4) Como os Pentecostais Interpretam a Bíblia – Clique
Aqui
4. Visão equivocada do ato
de ensinar
Quem está acompanhando o
desenvolvimento da Pedagogia, a tendência construtivista do nosso tempo, já
abandonou a ideia de ir para a sala de aula para despejar "sabedoria"
nos alunos. O professor contemporâneo precisa nutrir pelo aluno um respeito muito
grande. É necessário que se veja naquele que aprende alguém que também ensina e
constrói conhecimento.
No caso do ensino da Bíblia,
esta visão de parceria entre professor e aluno é de fundamental importância,
visto que o próprio conceito bíblico de discipulado a pressupõe. O aluno
precisa ter espaço para entender e descobrir, por si só, as verdades de que
necessitará em sua vivência como filho de Deus no meio de uma geração corrupta
e má (Fp 2.15).
Veja:
-
O mandato para o ensino cristão – Clique
Aqui
-
O Professor e o Planejamento – Clique
Aqui
5. Acomodação
A tendência à acomodação em nosso
meio é inacreditável. Ao surgirem os primeiros obstáculos, muitos desanimam e
isolam-se. Há professores e líderes acomodados na ED. Não querem melhorar.
Gente acomodada impede o progresso e cria obstáculos ao crescimento da obra de
Deus.
Para vencer a acomodação é
indispensável uma carga de ânimo e de esperança que somente pode ser obtida com
o renovar da visão de importância da ED
e da benção de trabalhar como obreiro da maior escola bíblica do mundo. É necessário
que se permita ao Espírito
Santo agir na vida, implantando no lugar mais profundo do coração o sentimento
de responsabilidade e de prazer para com a realização da obra do Senhor.
6. Falta de vocação
Ensinar é um dom de Deus,
mas nem todos possuem este dom. Paulo ensinou aos coríntios que Deus colocou algumas
pessoas na igreja para atuarem como mestres, com o dom do ensino (1 Co 12.28).
Aos efésios, ele ensinou que o objetivo do ministério do mestre é o aperfeiçoamento
dos crentes para que possam bem realizar o serviço do Reino (Ef 4.11,12). Já
aos romanos, o apóstolo enfatizou que aqueles que têm o dom do ensino devem
exercê-lo com dedicação (Rm 12.7). Estes três textos bastam para entendermos
que o ensino na igreja é uma tarefa a ser desempenhada por alguém que tenha
recebido de Deus este chamado. Quando assim acontece, não há lugar para a
mesmice.
II - A necessidade da
formação continuada
A pós-modernidade trouxe
consigo alguns fatores que têm substituído o ministério do ensino bíblico na
vida das famílias e das igrejas. Não é raro encontrar recursos que coagem
mentes e corações de forma cômoda, tranquila, menos exigente e muito atraente,
como vídeos, programas de TV, Internet, literatura etc.
O professor que investe na
continuidade da sua formação terá maiores condições de lidar com este cenário atual,
enfrentando com sabedoria o ritmo acelerado com que se multiplicam
variedades de consumo e entretenimento; o acesso fácil à informação, gerando conhecimento
superficial; e o crescimento da multiplicidade religiosa associado ao senso
místico de cada um, onde tudo é relativo, dentro do conceito de que "todos
os caminhos levam a Deus".
III - A Importância do
aprimoramento
O professor de ED que deseja desenvolver sua tarefa com excelência deve constantemente buscar aprimoramento. Em outras palavras, deve buscar as frentes que vão proporcionar continuidade à sua formação. Tal esforço traz em si um alto nível de importância:
1. Para revelar Deus.
Um Deus único, pessoal,
criador, auto-existente, autossuficiente, onipotente, onisciente, onipresente,
imanente e transcendente na mesma proporção e que subsiste em três pessoas
distintas, Pai, Filho e Espírito Santo.
2. Para revelar Jesus Cristo.
Jesus é o fato histórico da
revelação divina, não é um mito. Ele não poderia ter desenvolvido a sua missão
se antes não tivesse nascido. A encarnação refere-se à união da divindade e
humanidade na pessoa de Jesus Cristo.
3. Para revelar o Espírito Santo.
"E, quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo", Jo 16.8. O Espírito
Santo ensina. "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará
em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos
tenho dito", Jo 14.26.
4. Para revelar o homem.
A Bíblia declara que o homem e toda forma de existência
no universo foram criados por Deus. O homem, porém, foi constituído de
personalidade, racionalidade, moralidade, espiritualidade, sociabilidade etc.
5. Para revelar o pecado.
O homem foi criado por Deus
para viver em estado de pureza. Mas, ele desobedeceu ao Senhor e dessa forma o
pecado entrou no mundo. "Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus", Rm 3.23. O pecado gerou no ser humano o desejo de
transgredir, cometer excessos e infrações, quebrar as leis e as ordenanças de
Deus e até apostatar. Daí, as manifestações do pecado, tais como imoralidade,
violência, mentira, vícios, fome, miséria e morte.
6. Para revelar a ação maligna.
A ação de satanás se opõe
frontalmente ao plano de Deus para a redenção da humanidade. Ele acusa Deus
diante dos homens e acusa os homens diante de Deus. Ele também procura destruir
a igreja com a introdução de falsos ensinos. "Porque não temos que lutar
contra a carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades,
contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da
maldade, nos lugares celestiais", Ef 6.12.
7. Para revelar a salvação.
A Bíblia é o único livro que
mostra a solução para o pecado da humanidade. "Examinais as Escrituras,
porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim
testificam", Jo 5.39.
IV- Competências e
Habilidades na Formação Continuada
O ensino da Palavra de Deus é um ministério divino por ser o manejar da Verdade revelada pelo Espírito, e por ser a operação do Espírito na vida dos alunos. O ensino bíblico, vinculado à convicção e à regeneração da parte do Espírito Santo, resulta em nova vida. Por isso, o propósito deste ministério é o desenvolvimento espiritual de cada cristão, até Cristo ser formado em cada coração. "Meus filhinhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós", Gl 4.19. O apóstolo Paulo considerou o ministério do ensino como algo em destaque e importante nos planos de Deus. Ele afirmou ser constituído pregador, apóstolo e mestre (2Tm 1.11).
Não basta apenas conhecer a
pedagogia bíblica, ter um sentido na vocação divina e sentir a urgência da
tarefa de ensinar. O professor deve revestir-se para a tarefa que enfrenta,
deve ter como alvo um ministério de ensino eficiente e dinâmico.
V – Quatro áreas da
formação
1. Formação Bíblica
Em 2 Timóteo 2.15, a Bíblia
diz: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade". Assim, o professor deve estar:
•
Enraizado em Cristo com uma profunda experiência pessoal;
•
Firme e ancorado na Palavra de Deus;
•
Cheio do Espírito Santo;
•
Aprovado no testemunho pessoal, na vida familiar e na vida social (Mt 5.16; 1 Tm
4.16);
•
Integrado na igreja em que serve a Deus, dedicando-se ao ensino (Rm 12.7b);
•
Lendo e estudando a Bíblia e bons livros (1 Tm 4.13);
•
Orando e vigiando constantemente (Ef 6.12; 1Ts 5.17);
•
Vivendo o que ensina. Emerson disse: "O que você é soa tão alto que não posso
ouvir o que você diz".
2. Formação Intelectual
Deve
ser a mais variada possível, dentro dos diversos ramos do conhecimento das
Ciências Sociais, Humanas e Exatas. De acordo com a Lei das Diretrizes e Bases
da Educação, a formação de profissionais da Educação para atuar no magistério
básico (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) deve ser feita em
nível superior, através de cursos de licenciatura com graduação plena,
realizados em universidades ou instituições superiores de educação.
3. Formação Teológica
Para
manejar bem a Palavra é necessário preparar-se teologicamente porque:
•
Um bom curso teológico dá visão ampla do ensino sistemático da Palavra de Deus;
•
Os adolescentes, em esperam um bom conhecimento bíblico do professor;
•
Deve-se conhecer os fatos relevantes da atualidade para, ao ser perguntado, saber
responder e fazer as relações com os princípios divinos expostos na Bíblia.
4. Formação Psicológica
Considerando
o que diz Gálatas 5.22, o preparo psicológico é importante
para:
•
Enfrentar as situações reais que existem entre os alunos;
•
Respeitar os saberes dos educandos;
•
Evitar conclusões baseadas em pré-conceitos, prevenções e tradições;
•
Ter o equilíbrio e bom senso;
•
Estar aberto ao diálogo;
•
Saber escutar, o que é diferente de apenas ouvir. Escutar pressupõe disposição:
é preciso querer escutar.
5. Formação Didática
Há
de se destacar algumas exigências intrínsecas ao ofício de ensinar:
•
Rigorosidade metódica, ou seja, a aplicação correta dos métodos educacionais;
•
Pesquisa em diversas fontes;
•
Criatividade;
•
Organização do tempo;
•
Organização do espaço;
•
Orientação da aprendizagem;
•
Apreensão da realidade;
•
Utilização adequada dos recursos e da tecnologia moderna.
Conclusão
É
importante aprofundar todo conhecimento possível para melhorar o desempenho e
os resultados do ministério de ensino na igreja. Nosso maior exemplo, ao qual
devemos seguir, é o do próprio Mestre Jesus, que em Sua prática nos mostra como
ensinar.
Divulgação: Subsídios EBD | Fonte: Ensinador
Cristão. Ano 13 – N° 49 - Artigo: Pastor
Eliezer Morais. Atenção! Se você copiar este artigo use nosso link: