O clima natalino começa cada vez mais
cedo. Num passeio pela cidade no mês de novembro, já podemos começar a sentir a
emoção da festa que nos faz lembrar o nascimento de Jesus. Iniciado o mês de
dezembro, o tema Natal já é quase que onipresente. Para o cristianismo, esta
data foi aceita mundialmente como simbólica para comemorar e agradecer a Deus o
melhor presente que recebemos Dele, o nosso Senhor Jesus Cristo.
Na verdade, essa lembrança não pode ser restringida ao Dia
de Natal. O verdadeiro servo do Senhor reconhece e agradece ao Pai todos os
dias a bênção da Salvação, que recebemos por meio da vinda de Jesus a este mundo
e dos propósitos que, consequentemente, firmamos com Ele. “Veio para o que era
seu, e os seus não o receberam, mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o
direito de serem chamados filhos de Deus”, Jo 1.11.
Esse é o verdadeiro
sentido do Natal, e nada deve desviar a.nossa atenção dele.
Natal pagão
O Natal como festa pagã é diferente. É
o Natal do barulho e da alienação, do consumismo e da ostentação declarada.
Consumir é a palavra de ordem. A cidade ganha, muitas luzes, enfeites
caprichosamente confeccionados, presépios vivos tentando retratar o ambiente
que serviu de cenário para o nascimento de Jesus, verdadeiras superproduções
artísticas, com o propósito de atrair o público para as compras e,
consequentemente, gerar lucros altos. Concursos são realizados para que seja
escolhida a mais bela decoração.
Os shoppings centers, da mesma forma são adornados, e as
suas lojas exibem em suas vitrines produtos atraentes que se tornam alvo da
cobiça e desejo de crianças, jovens e adultos, sempre com muitas novidades. A
propaganda é bem produzida, visando destacar o produto e criar necessidades,
oferecendo verdadeiros ‘‘pacotes de felicidade e prazer”.
Na verdade, a mensagem subliminar é: “Compre, aproveite as
boas coisas da vida, consuma! É momento de presentear as crianças, os
familiares, os amigos, os agregados etc”. Distorcem ou limitam o foco da nossa
atenção para aspectos específicos das comemorações, comprometendo o bom
proveito, numa atuação mais ampla e edificante.
Em alguns casos, o
Natal consumista pode transformar um bom momento de alegria em pesadelo de
dívidas, um verdadeiro desastre no orçamento familiar, que poderá se estender e
trazer muitos conflitos durante o Ano Novo. Tudo por conta de gastos
exagerados, movidos pela impulsividade nas compras. “Semeais muito e recolheis
pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vesti-vos, mas
ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe salário num saquitel furado”,
Ag 1.6.
Paulo, escrevendo aos crentes em Roma, traz uma orientação
imprescindível para nossas vidas: “E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento para que experimenteis
qual seja a boa agradável e perfeita vontade de Deus”, Rm 12.2.
Compulsão
para o consumo
Muitas pessoas desenvolvem uma certa compulsividade para
adquirir novidades. A euforia por haver comprado algo passa, e em seguida a
pessoa não valoriza o que comprou, sentindo necessidade de procurar novas
ofertas.
Fazer boas compras depende também do
grau de maturidade emocional, do bom senso e da moderação. Para evitarmos um
comportamento inadequado e precipitado em nossas escolhas e cedermos aos apelos
do consumismo, devemos
observar o seguinte:
a) Identificar a
importância ou a real necessidade do que se escolhe. “Porque gastais o dinheiro
naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode
satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite
com a gordura”, Is 55.2.
b) Ter autocontrole,
principalmente para não escolher por impulso.
c) Ponderar vantagens
e consequências do que se deseja comprar.
Presentear é bom e
pode fazer parte das nossas demonstrações de carinho. As pessoas, de forma
geral, gostam de dar e receber presentes. E normalmente nem pensam o que
significa presentear de verdade. Às vezes, sentem-se frustrados por não poder
dar ao filho o brinquedo preferido, enquanto outros sabem que exageram nos
gastos para contentar a criança.
A palavra presente tem dois
significados. Ela pode se referir a algo que se oferece a alguém - “dar um
presente” - ou a “estar presente”. Nesse sentido, a gente pode estar
fisicamente presente, mas a cabeça muito longe. Estar presente completamente,
verdadeiramente, é estar emocionalmente envolvido, de coração, cabeça, olhos atentos
e ouvidos abertos. Este presente, que é a atenção, a consideração positiva, não
depende da condição econômica da pessoa, mas da disposição para compartilhar.
Se for o seu filho, brincar com ele, ouvir as suas ideias, contar uma história
bonita, contar a própria história do seu tempo de criança e a história de vida
dele, do seu nascimento, mostrando fotos etc. Experimente, será um dia
inesquecível.
Esse contato genuíno
é o melhor presente que você poderá dar ao seu filho ou filha. Os outros presentes
serão apenas complementos.
Talvez pelo Natal estar tão próximo às
comemorações do Ano Novo, as interpretações, sentimentos e percepções se
confundem e são vivenciadas de maneira fútil. Sem perceber, entramos no ritmo
do mundo secular, apenas confraternizando, trocando presentes e vivendo a
alegria e as emoções que a data nos proporciona. Para nós, servos do Senhor, é
mais do que emoção do momento, é oportunidade de reflexão, para pensar de
maneira mais profunda em como estamos aproveitando o nosso tempo, fazendo
também um “balanço” das nossas atitudes. É a chance de reafirmarmos propósitos
e novas perspectivas para a vida cristã no ano que se inicia.
Se não fizermos assim, podemos até
viver muitas emoções, mas edificamos pouco a nossa construção espiritual.
Observemos as palavras do salmista: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal
maneira que alcancemos corações sábios”, SI 90.12.
Reverberação: www.subsidiosebd.com | Fonte: Jornal Mensageiro
da Paz, Dezembro de 2005 – Acervo: Subsídios EBD | Artigo: Doutora Sônia Pires
Ramos.