Falar noutras línguas é uma
das manifestações do Espírito Santo. Ou seja: é uma expressão vocal, ou
alocução, sobrenatural. As línguas podem ser humanas, ou desconhecidas (1 Co
13.1). É um fenômeno através do qual o Espírito Santo conduz o crente a falar uma,
ou mais línguas, de forma miraculosa.
I. A
REALIDADE DAS LÍNGUAS ESTRANHAS
1.
Sua realidade profética.
O dom de línguas não se
encontra em qualquer parte do Antigo Testamento. Mas a sua realidade profética
está clara cm Isaías 28.11 e 12: “Pelo que por lábios estranhos e por outra
língua, falará a este povo. Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao
cansado; e este é o refrigério”.
Na profecia de Joel (J1
2.28, 29) também está implícito o falar em línguas, pois foi citada por Pedro
em seu sermão no dia de Pentecostes (At 2.14-17). Pelo mesmo motivo, podemos
afirmar que o falar em línguas também está inferido nas promessas que Deus fez
através de Isaías (Is 44.3, 4; 59.21), Zacarias (Zc 12.10) e João Batista (Mt
3.11).
VEJA TAMBÉM:
2.
Sua realidade histórica.
O real cumprimento da
promessa do falar em línguas começou no dia de Pentecostes (At 2.1-4). O
testemunho da história mostra que o falar em línguas não sofreu interrupção
desde a época apostólica até nossos dias.
Agostinho, um dos grandes
líderes da Igreja, no quarto século, escreveu: “E de se esperar que os novos
convertidos falem em novas línguas”. Irineu, discípulo de Justino, discípulo de
João, testemunhou: “Temos em nossas Igrejas irmãos que possuem dons proféticos
e, pelo Espírito Santo, falam toda a classe de idiomas”. A história da Igreja
alemã registra: “O Dr. Martinho Lutero foi um profeta, evangelista, falador de
línguas e intérprete; tudo em uma só pessoa; dotado de todos os dons do
Espírito”.
II.
AS LÍNGUAS ESTRANHAS COMO EXPERIÊNCIA
1.
Na Igreja primitiva.
A experiência dos cristãos
primitivos foi tão poderosa que a Bíblia diz que todos eram batizados no
Espírito Santo (At 2.4; 4.31; 8.15-17; 10.44-48). Era lhes
uma experiência tão normal que lhes causava estranheza saber que alguém ainda
não havia recebido a promessa (At 19.1-7).
2.
Nos dias de hoje.
A promessa de Deus vigora
hoje como nos dias apostólicos. Atentemos, pois, para estas razões
bíblico-teológicas.
a)
A atualidade da promessa (At 2.39). O Senhor continua a balizar
hoje como “no princípio” (At 11. 15).
b)
Deus não mudou (Hb 13.8). Ele continua a convidar o crente a
receber esse dom (Jo 7.38, 39).
c)
A dispensação do Espírito (2 Co 3.8). O Espírito veio para ficar
conosco (Jo 14.16) e batizar os que creem (At 1.8).
d)
A plenitude da promessa.
No Pentecostes, Deus mandou
a chuva temporã, que é forte e rápida, mas de pouca penetração na terra. Nestes
dias, contudo, Ele nos manda a chuva serôdia: mais constante e que penetra na
terra, garantindo boa colheita (Jl 2.23; 1 Rs 18.41; Tg 5.7)
e)
Todo aquele que crê, recebe (Lc 11.13; Mt 7.7; Tg 1.6). O
crente que pedir com fé (Jo 7.37), perseverança (Lc 18.1) e obediência (Lc
24.49; At 5.32), certamente há de receber a promessa.
3.
Por que alguns não recebem a promessa.
Podemos destacar algumas
razões por que alguns ainda não tiveram essa experiência: Desconhecimento da
promessa (At 19.1, 2); negligência ou resistência na busca (At 7.51); demérito,
acham que não a merecem, quando a promessa é um dom, uma dádiva imerecida (At
2.38; 10.45); descrença, pedem sem fé (G1 3.14); impureza, não se preparam para
recebê-la (At 5.32); inconstância, não perseveram nas palavras de Cristo (Lc
24.49) etc.
III.
AS UTILIDADES DAS LÍNGUAS ESTRANHAS
1.
Como evidência do batismo no Espírito Santo.
No Pentecostes, os
discípulos falaram línguas estranhas como evidência do batismo no Espírito
Santo (At 2.1-8). A mesma evidência foi notada em Cesaréia (At 10.44-46), em
Éfeso (At 19.6) e na vida de Paulo (At 9.18; 1 Co 14.18).
A pessoa pode alegrar-se
grandemente, gesticular, movimentar-se; porém, se não falar línguas estranhas,
não poderá ser declarada como tendo sido batizada no Espírito Santo.
2.
Como edificação individual.
O falar em línguas promove a
edificação do crente porque:
a)
É um meio de edificação própria. “O que fala em línguas
edifica- se a si mesmo”(1 Co 14.4).
b)
É uma conversa mantida com Deus. “Quem fala em línguas não
fala a homens, senão a Deus; porque "ninguém o entende, e em espírito fala
em mistérios” (1 Co 14.2). E “se não houver intérprete, esteja calado na
igreja, e fale consigo mesmo e com Deus” (1 Co 14.28).
c)
E um recurso para orar eficazmente. “Se eu orar em língua
estranha, o meu espírito ora bem”
(1Co 14.14). E: “Que farei
pois? orarei com meu espírito”(1 Co 14.15). Dessa forma, o crente “dá bem as
graças” (1 Co 14.16), porque passa a orar no Espírito (Ef 6.18), que sempre nos
ajuda na oração (Rm 8.26).
3.
Como mensagem profética, se associada ao dom de interpretar.
Nesse ponto, é bom observar que existem dois tipos de línguas estranhas.
a)
Sinal ou evidência do batismo no Espírito Santo. É
dada a cada crente que recebe o batismo no Espírito Santo (At 2.1-4).
b)
Dom de variedade de línguas.
Nem todos possuem esse dom
(1 Co 12.29). Mas quem o possui, dirige-se à Igreja em línguas estranhas. Nesse
caso, a interpretação faz-se necessária, para que a congregação entenda a
mensagem (1 Co 14.5, 27). Havendo interpretação, a Igreja receberá uma mensagem
profética. Por essa razão, a Bíblia incentiva os que falam línguas a orarem
para que recebam o dom de interpretar (1 Co 14.13).
IV.
A DISCIPLINA DO DOM DE LÍNGUAS
Visando evitar abusos quanto
ao uso das línguas estranhas (1 Co 14.20), Paulo deixou instruções detalhadas.
A igreja de Corinto possuía todos os dons (1 Co 1.7), e nela havia dois grupos
de irmãos que falavam em línguas conforme os tipos acima expostos.
Vejamos que a referida disciplina abrange a igreja de forma coletiva
e individual:
1.
Individualmente.
a) Língua como evidência do
batismo no Espírito Santo - Disciplina quanto:
Ao
tom de voz.
Alto, quando do recebimento
do batismo, pois o barulho das línguas é ouvido nitidamente, como ocorreu no
Pentecostes (At 2.4-13), Cesaréia (At 10.43- 47), e Éfeso (At 19.6); baixo,
fora do âmbito do batismo, o crente deve controlar-se e falar consigo mesmo (1
Co 14.28), porque “não fala aos homens senão a Deus” e “fala em mistérios” (1
Co 14.2), “edifica-se a si mesmo” (1 Co 14.4), e, se falar alto, não instrui ninguém
(1 Co 14.19).
Uso.
Dentro do contexto acima,
todos podem e devem falar em línguas (1 Co 14.5), mas o abuso deve ser coibido
(1 Co 14.39).
Ao
calar-se.
Deve-se parar de falar em
línguas quando alguém estiver sendo usado por Deus com uma mensagem profética;
e quando a palavra de Deus estiver sendo pregada. É errado interromper o
pregador com línguas estranhas. Deus é Deus de ordem (1 Co 14.40).
b)
língua como dom. “Se não houver intérprete, esteja calado na
igreja, e fale consigo mesmo e com Deus” (1 Co 14.28).
2.
Coletivamente
a)
Língua como evidência do batismo. Se não tiver recebido o
dom de variedade de línguas, ou interpretação, deve proceder como descrito nos
itens acima.
b)
Língua como o dom de variedade de línguas.
Disciplina quanto ao: tom de voz, que
deve ser alto, se houver alguém que interprete, e baixo, se não houver
intérprete (1 Co 14.28) ; calar-se, se
Deus estiver usando outra pessoa com a mensagem profética, e se a Palavra de
Deus estiver sendo pregada; limitação -
no máximo três mensagens proféticas no culto ( 1 Co 14.29); ordem, “uns depois
dos outros”, e “com ordem e decência” (1 Co 14.31,40); julgamento, a Igreja
deve ouvir a mensagem profética e julgá-la (1 Co 14.29).
CONCLUSÃO
Atentemos para o ensino
bíblico sobre o uso correto do dom de línguas: isso trará bênçãos
extraordinárias para a Igreja do Senhor, e não escandalizará a ninguém. Tudo
deve ser feito com decência e ordem; a disciplina não pode estar ausente da
casa de Deus. Pois Deus não é Deus de confusão.
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Fonte: Lições Bíblicas Jovens e Adultos – 1° trimestre de 1998 - CPAD