Lições Bíblicas do 4° trimestre de 2018 -
CPAD | Classe: Adultos | Data da Aula: 11 de Novembro de 2018
TEXTO ÁUREO
"E
o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será
exaltado." (Mt 23.12)
VERDADE PRÁTICA
Cuidado
com o orgulho e a arrogância espiritual, pois ambos são pecados perante Deus e
devem ser confessados e abandonados.
LEITURA
DIÁRIA
Seg. Pv 16.18: A destruição é
antecedida pelo orgulho, e a queda, pela altivez
Ter. Pv 29.23: A soberba é uma
armadilha para os que a cultivam
Qua. Mc 7.21-23: Na lista dos
pecados, a soberba ocupa um lugar especial
Qui. Tg 4.6: Deus também se
opõe ao soberbo
Sex. 1Pe 5.5-7: Pedro repete o
que disse Tiago, mas acrescenta uma promessa
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 18.9-14
9- E disse também esta parábola a
uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os
outros:
10- Dois homens subiram ao templo, a
orar; um, fariseu, e o outro, publica no.
11- O fariseu, estando em pé, orava
consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais
homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
12-Jejuo duas vezes na semana e dou
os dízimos de tudo quanto possuo.
13- O publicano, porém, estando em
pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito,
dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
14- Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se
exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
HINOS
SUGERIDOS: 77,88,118 da Harpa Cristã
OBJETIVO
GERAL
Ressaltar a sinceridade e o
arrependimento como duas virtudes importantíssimas para o cristão.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
I- Interpretar a
parábola do fariseu e do publicano;
II- Apontar os
males do farisaísmo e da hipocrisia;
III- Contrastar a
postura do publicano em relação à do fariseu.
Saiba mais – veja:
VEJA A VÍDEO AULA
• INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Até mesmo as pessoas
que não professam a fé cristã sabem do que se trata quando alguém é chamado de
"fariseu". Farisaismo é sinônimo de hipocrisia, postura altamente
reprovável por Jesus durante todo o seu ministério terreno. É importante entender
que Jesus não reprovava o que era certo do ensinamento dos fariseus (Mt
23.1-3), mas desabonava a conduta deles. Portanto, as boas virtudes devem ser
cultivadas, pois estas também são parte da transformação operada pelo Espírito
Santo em nós (Ef 2.10). Como aprenderemos nesta lição, as coisas que o fariseu
dizia fazer não eram, em si mesmas, erradas, mas a motivação com que ele agia,
isto sim, era algo altamente arrogante e mesquinho.
PONTO CENTRAL: A sinceridade e o arrependimento vão além da
religiosidade.
INTRODUÇÃO
Talvez
a parábola do fariseu e do publicano seja uma das mais conhecidas. Ela mostra
que a dependência humilde diante de Deus, em vez de justiça própria, é a base
para a resposta de oração. Muitas pessoas acreditam que Deus deve responder
suas orações com base naquilo que elas fazem para Ele. Contudo, na contramão da
meritocracia religiosa, e dentro da gloriosa graça de Deus, que faz cair chuva
sobre justos e injustos (Mt 5.45), a lição de hoje nos ensina que o que Deus
quer é que nossas orações sejam permeadas de sinceridade e arrependimento.
Quando oramos a Deus, devemos confiar em quem Ele é, e não em quem nós somos.
Jesus ensina que são felizes os humildes de espírito (Mt 5.3), aqueles que
reconhecem a sua real condição diante de Deus. Por isso, hoje vamos falar sobre
a sinceridade e o arrependimento para com o Senhor.
I - INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO FARISEU E DO
PUBLICANO
Estamos
diante de uma parábola narrativa indireta simples, ou seja, uma comparação
entre dois personagens opostos - o fariseu e o publicano -, colocando-os lado a
lado. Depois de haver ensinado a respeito da necessidade e do poder da oração
por meio da parábola do "juiz iníquo", Jesus conta essa parábola com
o objetivo de ensinar a atitude correta na hora da oração. Agora somos
ensinados que, além de perseverarmos na oração, é preciso uma atitude correta.
1. O fariseu.
Pertencente
a uma das principais seitas dos judeus, muito mais numerosa do que a dos
saduceus, e de mais influência entre o povo, os fariseus insistiam no
cumprimento rigoroso da Lei e das tradições dos anciãos (Mt 15.1,2). Fariseu
significa "separado". Esta classe de pessoas assim era identificada
porque não somente se separava dos outros povos, mas também dos outros judeus.
Eles observavam as práticas de forma minuciosa, contudo, esqueciam do espírito
da Lei, como se nota na forma como se lavavam antes de fazer as refeições, no
lavar dos copos, jarros, os vasos de metal e as roupas de cama (Mc 7.3,4), em
pagar cuidadosamente o dízimo (Mt 23.23), na observância do sábado, etc.
2. O publicano.
Os
publicanos, geralmente judeus, eram cobradores de impostos que trabalhavam para
os romanos. Os judeus consideravam os publicanos traidores e apóstatas, porque
cobravam os impostos para a nação que os oprimia. Eles eram julgados como
pessoas de vil caráter, porque alguns também acabavam extorquindo grandes
quantias de dinheiro do seu próprio povo (Lc 3.12,13; 19.8). Os publicanos
sempre eram classificados entre os pecadores (Mt 9.10,11), os pagãos e as
meretrizes (Mt 21.31). 0 povo murmurava pelo fato de Jesus comer com eles (Mt
9.11; 11.19; Lc 5.29; 15.1,2). Chama a atenção o fato de Jesus ter escolhido um
publicano, Mateus, para segui-lo, tornando-se apóstolo (Mt 9.9).
3. A oração.
Os
judeus da cidade de Jerusalém tinham o costume de fazer orações nas horas
costumeiras (9 da manhã e 15 da tarde). Entretanto, mesmo fora dos horários
regulares havia pessoas orando no Templo (Lc 2.37; At 22.17). Um fariseu e um
publicano subiram ao Templo com o fim de orar à mesma hora. Como já foi dito,
nos aspectos religioso e moral reinava no judaísmo daquela época uma grande
distância entre essas duas classes do povo. O fariseu, como vimos, era tido
como um homem que cumpria a Lei com rigor exemplar. O outro, publicano, era
considerado uma pessoa que vivia em grandes pecados e vícios, sendo mesmo equiparado
aos gentios. Essas duas figuras estão orando juntas à mesma hora no Templo. É o
que informa a parábola.
SÍNTESE DO TÓPICO I
Os dois, fariseu e publicano, estavam no
Templo e também orando, mas as motivações eram muito diferentes.
SUBSÍDIO HISTÓRICO-CULTURAL
"Dois homens subiram
ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano
(10). Eles não entraram
no santuário, mas em um dos átrios do templo onde eram oferecidas as orações.
Este era o pátio das mulheres. Ao escolher um fariseu e um publicano para esta
ilustração, Jesus escolheu dois extremos. Os fariseus eram a mais rígida, mais
conservadora e mais legalista de todas as facções dos judeus. Os publicanos
eram oficiais judeus do governo romano, cujo trabalho era recolher taxas para
Roma. Eles eram odiados pelos judeus tanto pelas taxas recolhidas para os
dominadores estrangeiros, como por serem geralmente desonestos" (CHILDERS,
Charles L. Comentário Bíblico Beacon. Vol.6. 1.ed. Rio de Janeiro; CPAD, 2006,
pp.467,468).
CONHEÇA MAIS
Quem Eram os Fariseus
“Os fariseus, ou perushim, isto é, do ‘hebraico parash, separar, interpretar’, expressão
que literalmente significa ‘separados ou separadores’ e pode ser entendida,
como ‘intérpretes ou comentadores’, isto é, aqueles que distinguem, separam e
expõem a lei’, eram judeus piedosos e, pela sua popularidade, considerados
‘mentores religiosos da ‘ralé”. Para conhecer mais, leia O Sermão do Monte,
CPAD, p.100.
II-A HIPOCRISIA DO FARISEU
1. A postura do fariseu no momento da oração.
Inicialmente
a parábola contada por Jesus se detém no fariseu, com o objetivo de dizer como
este formulava a sua oração. De acordo com uma das interpretações, o fariseu
postou-se em local isolado e ali orou (Lc 18.11). O texto enfatiza a posição
distinta, separada, do fariseu. Ele postou-se de maneira que chamava a atenção
e atraía sobre si todos os olhares dos presentes (Mt 6.5). Ele ora como todos
os devotos judeus: de pé, com os braços erguidos e a cabeça levantada. Ele
agradece a Deus. Esta é a forma clássica da oração bíblica judaica: o louvor e
o agradecimento a Deus. O fariseu, antes de tudo, agradece a Deus por estar
isento dos vícios dos outros homens, e em seguida porque é rico em obras
meritórias.
2. Uma "oração comum".
Tudo
indica que o tipo de oração que encontramos no texto, apesar de transparecer
arrogante, não era completamente desconhecido, pois há relatos na literatura
rabínica do judaísmo de que tal comportamento era comum. Alguns autores mostram
exemplos de orações cujo teor é similar à do fariseu da parábola. Isso, porém,
não justifica a atitude e nem a torna aceitável.
3. A oração arrogante.
O
fariseu diz a respeito de si mesmo o que era rigorosamente verdadeiro, mas o
que o motivava a orar era completamente errado. Não existe nenhuma consciência
do pecado, nem da necessidade, nem da humilde dependência de Deus. O fariseu
quase que comete a loucura de "parabenizar" a Deus por ter um servo
tão excelente como ele! Depois de suas primeiras palavras, não se lembra mais
de Deus, mas apenas de si mesmo. 0 centro de sua oração é o que ele faz. A
oração do fariseu inicialmente mostra quem ele é. Em seguida, ele passa a
destacar as obras excedentes, ou seja, "a mais" que ele realiza.
Excedia o jejum prescrito na Lei, o "Dia da Expiação", acrescentando
à prática anual (Lv 16.29,31; 23.27), mais dois jejuns semanais. Excedia o
dízimo normatizado pela Lei (Lv 27.30,32; Nm 18.21,24), chegando a separar o
dízimo dos "temperos" ou condimentos (Mt 23.23). Ele realmente
"agradece" por ser quem é, mas, não contente com isso,
"agradece" também pelo que supostamente faz para Deus.
SÍNTESE DO TÓPICO II
O fariseu praticava coisas certas não por
isto ser o correto, mas como forma de auto justificação.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"O tríplice uso da
expressão 'hipócritas' [hypokritês]
([utilizada por Jesus em Mateus 6] vv.2,5,16), termo grego originalmente
utilizado no teatro para os atores que representavam, denota a seriedade com
que são encarados os que fazem o bem com motivações escusas. É impossível não
lembrar-se de Mateus 25.31-46, quando as ovelhas forem separadas dos bodes,
justamente por causa das boas obras executadas. Obras que, vale ressaltar, eram
praticadas sem nenhum outro interesse por parte de quem praticava a não ser o
bem da pessoa necessitada. Aliás, os benfeitores estavam fazendo ao próprio
Filho de Deus, mas eles sequer sabiam disso! Nada fora feito para representar,
pois eles sequer sabiam que estavam sendo observados e suas obras anotadas e
contabilizadas. É assim que, conforme observa Dumais, uma ‘ação praticada
diante do Pai 'em segredo’ (vv. 4.6.18) não significa uma 'ação secreta';
designa toda ação, até pública, que se faz de verdade diante do Pai, 'que vê o
que está oculto', isto é, que penetra a intenção profunda dos corações'. O
feito de qualquer um, isto é, qualquer obra, jamais será 'oculta' diante dos
olhos de quem tudo vê e conhece, inclusive as ações, não precisam ser
necessariamente ocultas, escondidas, pois se não houver outra forma ou local,
elas podem ser realizadas publicamente" (CARVALHO, César Moisés. O Sermão
do Monte, l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.102-03).
III - A SINCERIDADE DO PUBLICANO
1. A oração do publicano.
O
cobrador de impostos parece não estar à vontade no local de culto. Ele não está
apto nem mesmo para assumir o comportamento normal de quem ora. Bate no peito
como aquele que está numa situação de desespero, suplica com a fórmula do
pecador que não sabe fazer o elenco de seus pecados (Sl 51.3). É a oração do
pobre que confia totalmente em Deus. Com profunda dor ele exclama: "Deus,
tem misericórdia de mim, pecador!" Nessa breve, porém, sincera e humilde
oração, a ênfase recai sobre a palavra "pecador".
2. Sinceridade e arrependimento.
Além
de golpear o próprio peito, o publicano nem conseguia levantar os olhos. O
termo grego utilizado é uma expressão forte e definida para uma contrição
dolorosa e arrependida, tal como aparece em Lucas 23.48.0 publicano sequer
consegue formular muitas palavras. Nem mesmo fazendo promessas ele conseguiria
obter quaisquer direitos. Ele tem consciência de sua condição, por isso,
prostra-se em sinal de sinceridade e arrependimento. A sua condição o permite
apenas render-se inteiramente às mãos de Deus. É possível notar, pelas palavras
do fariseu, que todos os seres humanos eram pecadores e "apenas" ele
era justo. De forma contrária, na confissão do publicano, porém, todos eram
justos, "somente" ele era o pecador. Nisto também vemos a comparação
entre ambos. Na verdade, estamos diante de uma oração que saía das profundezas de
um coração completamente dilacerado pela dor.
3. A oração aceita.
As
pessoas que ouvem atentamente a narração de Jesus talvez tivessem esboçado
sinais de aprovação inclinando-se para a atitude do fariseu. Porém, num dado
momento, o Mestre desconcerta a todos os ouvintes com uma conclusão inesperada.
O publicano, que era odiado por todos, isto é, o pecador, recebe o dom de Deus,
a justiça, ou seja, o perdão e a misericórdia divina. Já o fariseu, que ostentava
a justiça perante Deus como conquista pessoal, não obteve o mesmo favor. O
publicano recebeu o favor divino como dom misericordioso de Deus. Esta é a
verdadeira justiça, posto ser proveniente de Deus (Rm 1.17). Assim, a oração
aceita é a do publicano. Ela vem permeada de sinceridade e arrependimento
diante de Deus. Por isso, ele voltou para casa "justificado", ou
seja, perdoado e "inocentado" dos seus pecados. O princípio por trás
de toda a parábola está muito claro: aquele que se exalta, será humilhado.
Ninguém possui algo de que possa se orgulhar diante de Deus. Quem se humilha,
será exaltado (Lc 14.11). O pecador arrependido que humildemente busca a
misericórdia de Deus, certamente, a encontrará.
SÍNTESE DO TÓPICO III
O publicano, a despeito de exercer uma
atividade nada honrosa entre os judeus, foi justificado por sua sinceridade e
arrependimento.
SUBSÍDIO DEVOCIONAL
"A oração que o
pecador faz com humildade e arrependimento leva à conversão genuína, que, por
sua vez, se evidencia pela conversão comprovada, pela reparação dos erros
cometidos e a volta às atividades que honram a obra de Deus e o glorificam. Os
atos falam mais alto que as palavras. São os atos da pessoa que atestam a
sinceridade da sua conversão. Se você está em falta diante de Deus, quanto
maior for seu erro, tanto maior deve ser a humildade e o arrependimento
demonstrados em sua oração. Você estará orando a um Deus vivo que conhece tudo
que é rico em misericórdias" (SOUZA, Estevam Ângelo de. Guia Básico de
Oração, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.124,125-26).
CONCLUSÃO
Na
parábola que aprendemos na Lição de hoje, o fariseu representa aquele tipo de pessoa
que ora bastante, mas não tem uma atitude sincera. O publicano, apesar da
classe a que pertence, no momento da oração representa aquele tipo de pessoa
que, com sinceridade e arrependimento, se prostra diante do Pai e, por isso,
encontra favor. Será que o nosso coração, naturalmente, não é sempre semelhante
ao do fariseu? Vê severamente os pecados de outras pessoas, mas esquece dos
próprios. O fariseu deixou o Templo da mesma maneira que entrou nele. Devemos
orar como publicanos, pois todos somos pecadores. Devemos orar com sinceridade
e arrependimento diante de Deus. Quem se humilhando, curva-se até ao pó, será
amorosamente conduzido ao coração do Pai (Sl 51.17).
PARA REFLETIR
A respeito de "Sinceridade e
Arrependimento Diante de Deus" responda:
• O que significa dizer que estamos diante de
uma "parábola narrativa indireta simples"?
Uma
comparação entre dois personagens opostos o fariseu e o publicano, colocando-os
lado a lado.
• Além de perseverarmos na oração, o que é
necessário fazer?
Além
de perseverarmos na oração, é preciso cultivar uma atitude correta.
• Qual foi, de fato, o erro do fariseu?
Sua
arrogância.
• O que era possível notar pelas palavras do
fariseu e do publicano?
É
possível notar, pelas palavras do fariseu, que todos os seres humanos eram
pecadores e "apenas" ele era justo. De forma contrária, na confissão
do publicano, porém, todos eram justos, "somente" ele era o pecador.
• Qual é o princípio por trás de toda essa
parábola?
O
princípio por trás de toda a parábola está muito claro: aquele que se exalta,
será humilhado. Ninguém possui algo de que possa se orgulhar diante de Deus.
Quem se humilha, será exaltado (Lc 14.11). O pecador arrependido que
humildemente busca a misericórdia de Deus, certamente, a encontrará.