A
Bíblia fornece informações valiosas
acerca dos requisitos necessários e indispensáveis aos ensinadores cristãos.
Dentre eles, indiscutivelmente está a necessidade de um relacionamento pessoal
e ininterrupto com o Senhor por parte daquele que ensina. Vejamos a importância
disto.
A
experiência libertadora do povo hebreu na Páscoa, como registrada em Êxodo 12,
não deveria ser esquecida pelos israelitas recém-libertos, mas, pelo contrário,
a celebração periódica do cordeiro deveria trazer à memória a retirada do jugo
egípcio. Muito mais do que celebrar uma refeição como um memorial, o testemunho
da noite libertadora deveria arder no coração dos israelitas para ensinarem aos
seus descendentes: "Quando vossos filhos lhes perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o
sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de
Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas..." (Êx
12.26,27).
Na verdade, a refeição posta, a família reunida e a pergunta dos
filhos faziam da ocasião um cenário propício ao ensino das verdades divinas,
neste caso da milagrosa libertação do jugo opressor. Assim sendo, os
ensinadores (os pais) fariam uso do recurso da refeição para transmitir uma
verdade não teórica, mas factual, pois o propósito divino era que os libertos ensinassem
aos filhos sobre a memorável noite no Egito não com um conhecimento obtido por
meio de relatos de antepassados, mas como vivido por cada ensinador. Portanto,
o propósito de Deus no marco inicial da instituição do ensino das verdades
divinas em meio ao povo de Israel tinha como fator imprescindível a experiência
pessoal dos ensinadores, neste caso, dos pais. É possível corroborar tais
afirmações, ao ver ordenança semelhante à do Êxodo quando o povo adentra aos
limites iniciais da Terra Prometida com Josué (Js 4.21,22).
Já nas páginas do Novo
Testamento, a missão dada por Cristo aos enviados, como registrado em Mateus
28.19,20, consiste na ordenança de fazer discípulos e batizá-los, ensinando-os
a guardar os mandamentos do Salvador. O escritor do Evangelho encerra sua obra
com ênfase no ensino, e isto não como registro da vontade de Mateus, mas do
próprio Cristo. Já Lucas, ao compilar o livro da história da igreja primitiva
registra, inicialmente, que o Salvador ordenou que antes do cumprimento do
"ide" havia a necessidade de receberem o batismo no Espírito Santo
(At 1.8), o que já havia sido predito por João Batista (Lc 1.16) e pelo próprio
Jesus (At 1.5). Neste sentido, apesar de a Grande Comissão ser a missão da
Igreja, esta não poderia iniciar o árduo trabalho de testemunhar do Salvador
sem que primeiro recebesse a virtude do Espírito Santo, sem que primeiro a
experiência pessoal capacitasse a cada potencial ensinador. A Igreja não estava
autorizada a iniciar o magistério sem a experiência do Espírito. Sobre essa
vocação magistral o pastor César Moisés Carvalho registra que "No dia de
Pentecostes, logo após a segunda experiência dos apóstolos e discípulos com o
Espírito Santo, Pedro levanta-se e nada tem com àquele de cinquenta dias atrás.
Naquela primeira pregação, o apóstolo Pedro é poderosamente usado por Deus e
transmite uma mensagem eloquente inspirada, que o número de conversos chega a
quase três mil (At 2.41)." É o texto de Atos 2 a primeira demonstração dos
poderosos efeitos do poder do Espírito para o trabalho da Igreja, o que
esclarece a ordenança de Jesus para que permanecessem em Jerusalém antes do
início das missões.
Para o pastor Robert Menzies,
"a hermenêutica do crente pentecostal típico é direta e simples: as
histórias de Atos são minhas histórias - histórias que foram escritas para
servir de modelo para amoldar a minha vida e experiência". Sendo assim,
"a conclusão lógica é que no Pentecostes o Espírito desceu sobre os
discípulos para capacitá-los para cumprir a tarefa divinamente designada."
A tarefa confiada por Deus ao professor de escola dominical é por demais
importante, sendo necessário que piedosamente busque ser cheio do Espírito
Santo para cumprir sua missão.
Assim como as experiências
pessoais dos primeiros ensinadores em Israel eram indispensáveis ao ministério
do ensino, pois todos os libertos participaram juntos da operação sobrenatural
na saída do Egito e as que vieram em seguida, da mesma forma além de buscar o
batismo no Espírito Santo o professor pentecostal deve prosseguir em sua
caminhada convicto que Deus opera ainda sinais em nosso meio, sinais que, como
disse Jesus, seguiriam aos que creem (Mc 16.17,18), o de que fato ocorreu
naqueles dias (Mc 16.20) e deve ser buscado nos dias de hoje.
Os pontos bíblicos aqui
destacados fundamentam o argumento de que ao professor de Escola Dominical é
essencial, além do conhecimento da lição e outras habilidades indispensáveis ao
ensino (Rm 12.7), uma vida marcada pela busca e vivência de experiências
sobrenaturais com Deus iniciando com a busca pelo batismo no Espírito Santo. As
experiências não podem acrescentar nada à revelação contida Bíblia, mas o
ensino de suas verdades será exponencialmente proveitoso e transformador quando
o mestre estiver cheio da Palavra e do poder de Deus; os alunos serão
impactados e levados a buscar suas próprias experiências quando virem-nas na
vida de seus professores. O ambiente de ensino das Escrituras é espaço para a
manifestação do poder do Espírito (At. 10.44-48), é cenário propício à operação
do Senhor, ao batismo com o Espírito Santo, ao choro e dedicação ao Senhor
diante uma lição que fala profundamente aos corações. Se você foi destacado
como professor da Escola Dominical para ensinar as verdades bíblicas, incluindo
a atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais, bem como
do relacionamento próximo de cada cristão com Deus, deve buscá-los
prioritariamente em sua vida. Neste caso, a vida do professor também será
poderoso instrumento de ensino.
Assim, lembremos que
biblicamente não é só a carência do conhecimento escriturístico que abre caminho
ao erro em meio aos cristãos, mas também a carência do poder de Deus (Mt
22.29). Entretanto, cumpre ressaltar que a busca pelo poder de Deus não afasta
a necessidade de dedicação ao estudo e do esforço intelectual árduo do
professor, pois "Deus não faz separação entre o conhecimento e a
excelência espiritual." Na verdade, a genuína espiritualidade bíblica só é
possível com base no exame da Palavra de Deus, com todo entendimento e uma vida
de oração.
Artigo: João Paulo da Silva M.
Fonte: Ensinador Cristão – n°71 – CPAD /
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