Trimestre: 2° de 2017
Revista: do Professor
Data da Lição: 30/04/2017
Comentarista: César Moisés
Carvalho
TEXTO DO DIA
"Assim também vós, quando fizerdes
tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente
o que devíamos fazer."(Lc 17.10)
SÍNTESE
O bem deve ser feito peto simples fato
de isso ser correto e recomendável, e não para proporcionar status ou visibilidade
social.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Is 58.2-12: O verdadeiro jejum
TERÇA - Ef 2.10: Criados para o bem
QUARTA - Dt 10.17-19: O Criador não faz
acepção de pessoas
QUINTA -Tg 4.17: O pecado de omissão
SEXTA - Dt 24.14-22: A justiça de Deus
SÁBADO -Tg 214-17: A fé sem obras é morta
OBJETIVOS
•
INVESTIGAR a atualidade do primeiro ato de justiça;
•
DIFERENÇAR a prática da oração sincera do exercício
mecânico da oração;
•
ESTIMAR a prática consciente do jejum.
Interação
"Fazer o bem sem olhar
a quem". Trata-se de um ditado conhecidíssimo, mas o quanto será que ele
tem sido praticado? Aferir com precisão tal questionamento é impossível. Na
verdade, mesmo que fosse possível essa ação não seria ética e nem biblicamente
correia, pois não se deve ajudar a quem quer que seja e tornar o auxílio
conhecido ou publicá-lo.
Estender as mãos a quem
precisa deve ser uma atitude cuja motivação e satisfação seja, simplesmente, o
próprio ato de ajudar e nada mais. O exercício da piedade, que é muito mais
amplo que a prática dos três atos básicos de justiça do judaísmo, conforme
instruiu Paulo a Timóteo, é proveitoso sob quaisquer circunstâncias (1Tm 4.8).
Além do auxilio aos menos favorecidos, a oração, como prática piedosa e forma
de comunicar-se com Deus, deve ser cultivada para garantir a saúde espiritual
do crente. Ela não deve se transformar em prática mecânica, motivo de orgulho
por parte de quem "ora mais" que os outros e coisas afins.
Semelhantemente o jejum, sua prática não pode converter-se em uma razão para
que um se destaque dos demais, mas como uma forma de demonstrar gratidão e
domínio próprio.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para esta oportunidade,
faça a seguinte pergunta aos alunos: "O que Jesus estava dizendo quando
afirmou que "não saiba a tua mão esquerda o que fez a tua direita"?
Ouça os alunos com
atenção. Ressalte que o Mestre estava ensinando que o real motivo para dar a
Deus e ao próximo deve ser puro, ou seja, sem segundas intenções. Infelizmente,
muitos até fazem algo em favor do outro, mas esperando receber algum tipo de
beneficio. Em seguida, utilize o texto abaixo, extraído da Bíblia de Estudo
Cronológica Aplicação Pessoal, página 1333, para discutir com os alunos a
respeito do dar sem esperar nada em troca; "É mais fácil fazer o que é
certo, quando recebemos reconhecimento e louvor. Mas devemos fazer nossas boas
obras silenciosamente ou em segredo, sem pensar em recompensa. Jesus diz que
devemos examinar nossos motivos em três áreas: generosidade (Mt 6.4), oração
(Mt 6.6) e jejum (Mt 6.18). Esses atos não devem ser egocêntricos, mas
centrados em Deus, feitos não para que pareçamos generosos ou bons, mas para
que Deus pareça bom. A recompensa que Deus promete não é material, e nunca é
dada aos que a buscam. Fazer algo somente para nós mesmos não é um sacrifício
de amor. Na sua própria boa obra, pergunte a si mesmo: será que eu ainda faria
isso se ninguém jamais soubesse que eu o fiz?"
TEXTO BÍBLICO
Mateus 6.18,16-18
1 GUARDAI-VOS de fazer a vossa esmola
diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão
junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 Quando, pois, deres esmola, não
faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas
ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já
receberam o seu galardão.
3 Mas, quando tu deres esmola, não
saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;
4 Para que a tua esmola seja dada em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.
5 E, quando orares, não sejas como os
hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o
seu galardão.
6 Mas tu, quando orares, entra no teu
aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará publicamente.
7 E, orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque
vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
16 E, quando jejuardes, não vos
mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos,
para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o
seu galardão.
17 Tu, porém, quando jejuares, unge a
tua cabeça, e lava o teu rosto,
18 Para não pareceres aos homens que
jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente.
INTRODUÇÃO
Os chamados "atos básicos de
justiça do judaísmo" - esmola, oração e jejum - eram os pilares principais
da religião oficial de Israel. Apesar de serem atos prezados pelos judeus, assim
como contrapôs a justiça dos escribas (Mt 5,20), mostrando que a do Reino vai
muito além (Mt 5.21-48), o Mestre procede da mesma maneira em relação à justiça
dos fariseus (Mt 6.1-8,16-18). Jesus demonstra que mesmo tais atos não são
piedosos em si mesmos, antes o que determina a sinceridade e a pureza deles é a
atitude do coração, a intenção desprovida de qualquer outro interesse a não ser
ajudar as pessoas como forma de gratidão a Deus, bem como orar e jejuar visando
o estreitamento da relação com o Pai, pois Ele contempla o coração e não apenas
o exterior (1Sm 16.7 cf. Lc 18.9-14).
l - PRIMEIRO ATO DE JUSTIÇA - A ESMOLA
1.
Os deveres de Israel para com os pobres.
Por também ter sido estrangeiro e
peregrino em "terra estranha", esperava-se do povo de Israel
sensibilidade e solidariedade com as pessoas menos favorecidas, bem como em
relação ao órfão, à viúva e ao estrangeiro (Dt 10.17-19; 24.14-22). Ciente da
obstinação e dureza do coração humano, Deus, através de Moisés, ordena que em
caso de sobra em uma colheita, não se deve "rebuscar", isto é,
repassar a mesma área do campo para ver se não ficou nada ainda a ser colhido
ou recolhido, pois tal sobra era uma provisão divina a essas pessoas (Dt
24.19-22).
2.
A atualidade da prática de auxiliar os pobres.
A despeito de a prática de auxiliar os
pobres estar sendo observada nos dias de Jesus (Mt 26.6-9), e até no tempo da
igreja do primeiro século (Gl 2.10), o Mestre sabia que mesmo as ações
virtuosas podem ser praticadas com motivações escusas. Por isso, Ele não
contesta o ato de justiça de ajudar, mas chama a atenção para os motivos que,
para além das aparências, podem não ser tão nobres (v.1 cf. Mt 19,21,22; Jo
12.4-6).
3.
A atitude de quem ajuda.
Não é de censura a instrução de Jesus
acerca do auxilio aos menos favorecidos, ou seja, os pobres devem ser ajudados
e assistidos em suas necessidades por aqueles que possuem mais condições (Mt
25.31-46; At 20.35). A observação do Mestre diz respeito não unicamente à
motivação, mas também quanto à discrição com que se deve fazer o bem, ou dar
esmolas às pessoas necessitadas. O Mestre utiliza expressivas figuras de
linguagem ao falar de "tocar trombetas" (motivação de fazer publicidade)
e também de "a mão esquerda não saber o que faz a direita" (falta de
discrição) (vv.2,3). Em outras palavras, se a finalidade é ajudar e não se
autopromover com a necessidade e o problema alheio, então deve-se agir discreta
e sigilosamente, pois do contrário já se terá recebido a recompensa aqui mesmo,
nada devendo esperar do Pai celestial em seu tribunal de galardão (vv.2,4 cf. 1
Co 3.12-15).
Pense!
Você acredita que, observando o texto
de Gaiatas 2.10, e depois de estudar esse tópico, a igreja tem alguma
responsabilidade em relação aos pobres?
Ponto
importante
O que fica claro foi que Jesus não
aboliu a boa prática de auxiliar os menos favorecidos, mas advertiu acerca do
cuidado de se fazer publicidade com a situação miserável das pessoas.
II - SEGUNDO ATO DE JUSTIÇA - A ORAÇÃO
1.
Orar com discrição.
De forma semelhante, o Mestre trata da
oração (v.5). Como alguém que orava muito (Lc 6.12,13; 11.1; Mt 14.23; 26.36-46;
Lc 22.44), Jesus não desaconselha a prática da oração, antes a afirma (Mt
26.41; Lc 18.1). Contudo, o Mestre dá instruções muito claras acerca do cuidado
com a discrição no momento de se falar com Deus (v.5). Ele refere-se ao perigo
de querer mostrar-se piedoso, e não da posição física ou mesmo do ato de orar
em público em algum momento (Mt 11.25,26; Lc 18.10-14). Quem quer mostrar-se
piedoso a fim de obter aplausos e admiração pública nada deve esperar da parte
de Deus em termos de galardão.
2.
Orar secretamente.
A oração sigilosa é a prática
recomendada pelo Mestre (v.6). Aquém utilizava tal expediente para destacar-se,
a observação do Senhor soava como afronta. Os fariseus costumavam agir dessa
maneira e, certamente, ficaram aborrecidos e desapontados por causa da
orientação de Jesus (Mt 23.14). No entanto, como ilustra a história de Agar e
Ismael, Deus não apenas ouve orações secretas e até mesmo o choro, mas os
atende (Gn 21.14-21).
3.
O perigo de a oração degenerar-se em vãs repetições.
A advertência do Senhor não se
restringe a não orar como os hipócritas (os fariseus), mas para se cuidar com o
perigo de a prática da oração não degenerar-se em artifícios, ou seja, adotar a
forma pagã de orar como aqueles que não têm conhecimento de Deus. Estes achavam
que usando mantras (fórmulas repetitivas para se pronunciar), obteriam o favor
divino (v.7). Na verdade, como Criador, o Pai já sabe tudo o que o ser humano
necessita (v.8 cf. vv.26-34). É curioso o fato de Jesus advertir para o perigo
de que a prática hipócrita pode acabar levando à prática pagã, degenerando
completamente a oração.
Pense!
Depois de aprender com essas
orientações do Senhor, como devemos procederão orar?
Ponto
Importante
O perigo de se orar com motivações
mesquinhas, de acordo com o que ensina Jesus, é acabar Levando as pessoas ao
paganismo de achar que desenvolvendo mantras, suas orações se tornarão eficazes
e, consequentemente, atendidas.
III - TERCEIRO ATO DE JUSTIÇA - O JEJUM
1.
A prática do jejum no Antigo Testamento.
Considerando o volume de texto, são
poucas as referências a respeito do jejum no Antigo Testamento. A recomendação
na Lei, por exemplo, era que se fizesse uma vez ao ano na chamada Festa da
Expiação (Lv 16.29-34). Outras referências à prática do jejum no Antigo
Testamento têm uma relação direta com a crença e a devoção pessoais (2 Sm
12.16-23; 2 Cr 20.3; Ed 8.21; Ne 9.1; Et 4,3; Jl 2.12; Jn 3.5, etc.).
2.
O jejum no Novo Testamento.
Jesus falou acerca do jejum unido a
oração com finalidades bem definidas (Mt 17.21). Já os fariseus jejuavam,
ritualística e religiosamente, duas vezes na semana (Lc 18.12). A fim de que
não restassem dúvidas de que eles estavam jejuando, os fariseus adotavam outros
procedimentos que caracterizavam a prática e, assim, garantiam a si próprios
que as pessoas reconheceriam que eles estavam jejuando (v.16 cf. Mt 11.21; Lc
10.13).
3.
O verdadeiro jejum.
O Mestre diz que, tal como a prática
de dar esmolas e orar, o jejum deve ser discreto e ter motivações nobres, pois
do contrário a pessoa já recebia sua recompensa (v.16). Assim, o ensino de
Jesus objetiva a discrição ao jejuar, pois se tal ato visa agradar a Deus, não
há necessidade alguma de que isso transpareça a outros (vv.17,18). Ademais, é
sempre oportuno lembrar-se do jejum requerido por Deus em Isaías 58.2-12.
Pense!
Sendo uma pratica devocional, devemos
convocar um jejum coletivo?
Ponto
Importante
A não ser por questões puramente
espirituais, a forma de jejum mais aconselhável é a de praticar a justiça
social exposta em Isaías 58.2-12.
SUBSIDIO 1
As
Esmolas (6.1-4)
Jesus presume que dar aos
pobres e a norma. Ele não diz: 'Se, pois deres', mas: 'Quando, pois, deres'.
Sua admoestação aqui é contra dar aos pobres pelos motivos errados. A razão que
Jesus apresenta para fazer caridade sem ser visto, é que a generosidade
ostentosa não resulta em recompensa 'do vosso Pai, que esta nos céus. Mateus
frequentemente levanta a questão de pagamento e recompensa. O substantivo
'galardão' (misthos, as vezes traduzido
por 'salário, recompensa') ocorre vinte e nove vezes no Novo Testamento, sendo
encontrado dez vezes em Mateus: o verbo 'recompensar' (apodidomi. v.4) aparece quarenta e oito vezes no Novo Testamento, e
é achado dezoito vezes em Mateus Estes ensinos sobre pagamento e recompensa por
boas e mas ações são usualmente colocados no contexto de julgamento do tempo do
fim, Jesus chama 'hipócritas' (hypocrites)
os que dão pelos motivos errados. Este é linguajar forte para descrever as
atividades dos seus inimigos, ainda que anteriormente Ele tivesse advertido
contra tais epítetos indiscriminados (Mt 5,22).
Atividades auto-ilusórias
atraem acentuada crítica de Jesus, e Ele acha necessário chamar a atenção das
pessoas para o perigo. O termo hypocrites era originalmente usado para
descrever atores apropriado aqui, visto que o doador ostentoso está
desempenhando para uma audiência" (ARRINGTON, French L,; STRONSTAD, Roger
(Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento, 2.ed, Rio de Janeiro:
CPAD, 2004, pp.49-50).
SUBSÍDIO 2
As
Esmolas (6.1-4)
O verbo 'serdes visto' (theaomai, v.1) implica 'espetáculo',
origina-se da mesma família de palavras da qual provém a palavra 'teatro'. Esta
justiça teatral' pode enganar os seres humanos, mas o ato destinado do motivo
puro de honrar a Deus através de um viver correto (Bruner: 1998a, p.229) 'Fazer
tocar trombeta' (v.2) é uma expressão figurativa que significa 'chamar a
atenção para alguém', pois não há evidência de que os fariseus jamais tenham
subido em 'palcos' públicos sob o clamor de trombetas. Ao fazerem esmola eles
buscavam a própria glorificação das pessoas, em vez de dar aos pobres como ato
de agradecimento voltado à glória de Deus.
O que vem a seguir em Mateus é
puramente Jesus: 'Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão' (v.2),
'Já receberam' tem um sentido contábil, indicando que foi feito pagamento total
e um recibo foi dado. O contrato foi cumprido; eles receberam pelo que
negociaram uma audiência iludida. Mas Deus não é iludido (Gl 6.3.7). O objetivo
do afeto para o verdadeiro esmoleiro e principalmente Deus. A justiça que
excede a dos fariseus (Mt 5.20) busca proeminentemente agradara
Deus"(ARRINGTON. French L.; STRONSTAD. Roger (Eds,), Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio cie Janeiro; CPAD, 2004, p.50).