Subsídio Para a
Lição:
2 - 2°Trimestre de 2017
Por: Ev. Jair Alves
“Abel, homem fiel,
santo e inocente, foi morto pelo próprio irmão por causa de sua fidelidade a
Deus” (Elinaldo Renovato de Lima). Na presente lição conheceremos um pouco
sobre o caráter de Abel, demostrado através de sua oferta e fé em Deus.
I
– ABEL, O TIPO DE OFERTANTE DE QUEM DEUS SE AGRADA.
1. Quem era Abel (Gn 4.2)?
O nome ‘Abel’ de um
termo hebraico (Hebel) que significa
respiração, Mas a etimologia é incerta, e outros sentidos têm sido sugeridos
como “vapor”, “fragilidade" e “filho".
2. A família de Abel.
Era
o segundo filho de Adão e Eva, ‘talvez’ gêmeo de Caim (Gn. 4.1,2). Foi
instruído na adoração ao Criador e trabalhava como pastor. Seu irmão, Caim, era
agricultor. Devido a essas circunstâncias, Abel ofereceu em sacrifício um
animal, ao passo que Caim trouxe dos frutos da terra (Gn. 4.3-5).
O trecho de Hebreus
11.4 mostra que Deus agradou-se do sacrifício de Abel, mas não do de Caim. Despertou-se
lhe a inveja, e, segundo diz o texto samaritano, ele convidou Abel para o
campo, onde o matou (Gn 4.8 – NTLH). O texto hebraico disponível silencia sobre
o convite, embora registre o homicídio. Seja como for, é certo que o ato foi
premeditado.
3. A ocupação de
Abel.
Abel
era pastor de ovelhas, e Caim era agricultor. Abel foi o primeiro de muitos
pastores que encontramos na Bíblia, como Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos,
Moisés e Davi.
Adão e Eva cultivavam
o solo; Abel era pastor de ovelhas. Caim também cultivava o solo. Os irmãos
trouxeram suas ofertas a Deus. Caim as trouxe do fruto de seu trabalho no solo,
e elas foram rejeitadas. Abel trouxe suas ofertas do rebanho (Gn 4.4); e elas
foram aceitas por Deus.
1. A oferta da Caim
(Gn 4.3,5)
A
oferta de Caim representa o auto esforço, o mérito humano, que parece bom a
nossos olhos, mas não é aceitável diante de Deus. Pode representar também a
autossuficiência e de confiança própria.
Deus não aceitou nem
a Caim nem a seu sacrifício, pois não se agradara dele, nem ofereceu nenhuma
palavra de aprovação.
2. A oferta de Abel
(Gn 4.4)
A
oferta de Abel representa a auto desistência e confiança na expiação de outro e
uma Oferta de fé. Pela fé, Abel ofereceu
melhor sacrifício que o de Caim (Hb 11.4).
Sacrifícios
animais e vegetais mais tarde vieram a fazer parte do culto dos hebreus. Alguns
intérpretes veem aqui (Gn 4.4), no sacrifício de cordeiros do rebanho de Abel,
uma prefiguração do Cordeiro de Deus.
“A oferta de Abel foi
agradável (Hb 11.4) não apenas porque foi um animal, nem apenas porque foi o
melhor que o ofertante possuía, e nem mesmo porque procedeu de um coração que
tinha muito zelo para com Deus; ela foi agradável porque, em todos os sentidos,
foi obedientemente dada de acordo com o que Deus deve ter revelado (mas que não
foi registrado em Gênesis)” [Mac Arthur].
3. Abel, uma vítima
de da ira de seu irmão.
Já
com a intenção de matar o seu irmão Abel, Caim o convida para ambos ir ao
campo. Lá Caim ataca Abel e o mata (Gn 4.8 – NTLH).
A enormidade de seu
crime se vê no fato de que matou seu próprio irmão. A ira é um dos pecados
cardeais. Aparece na lista das obras da carne, na lista de Paulo, em Gl 5.20. A
ira encontra-se na raiz de muitos atos irracionais, e quase sempre tem o
egoísmo como sua base, e o ódio como sua motivação.
Caim teve o cuidado
de assassinar a seu irmão em um local onde não pudesse ser observado. Mas coisa
alguma é feita em segredo que não venha a ser revelada.
Alguns intérpretes
têm procurado identificar o local com precisão, isto é, cerca de um
quilômetro e meio distante de Damasco, onde há uma colina que, segundo se
diz, seria o lugar onde ocorreu o fratricídio. Existe ali uma estrutura que
presumivelmente assinala o túmulo de Abel. Mas identificações dessa ordem
geralmente são fantasiosas.
4. O Crime de Caim.
Embora
repreendido por Deus, Caim resolveu dar vazão à sua ira mediante um ato
irracional de homicídio. Desde então, os homens têm satisfeito a sua vontade
tirando a vida do próximo, o que mostra a extensão da queda.
Quando Deus perguntou
a Caim onde estava seu irmão, Abel, Caim indagou: “Não sei; acaso sou eu tutor
de meu irmão?” (Gên. 4.9). Essa pergunta de Caim, famosa desde então, usada em
inúmeros contextos, mostra-nos a natureza egoísta de seu ato homicida. Pois a
lei do amor leva- nos a cuidar uns dos outros, como cuidamos, cada um, de nós
mesmos.
O ódio já é homicídio
e leva o homem a praticá-lo (Mat. 5.21,22; I João 3.15). O ódio é uma das obras
da carne, de maneira que é contrário às virtudes cultivadas pelo Espirito. O
que o amor é para Deus, o ódio é para o diabo: Deus-amor; diabo-ódio. O
assassino (Gn 4.9) mostrou que também era um mentiroso, tal como Jesus disse
acerca de Satanás (João 8.44,45). A perversão humana é como as raízes espinhentas
que espalham os seus tentáculos por toda parte e sobre tudo, estragando assim a
personalidade inteira.
“Pela fé, Abel
ofereceu a Deus um sacrifício mais excelente do que Caim. Por meio da fé, ele
foi reconhecido como justo, no momento em que Deus aprovou as suas ofertas.
Apesar de estar morto, seu testemunho de fé ainda é eloquente (Hb 11.4 – JKA)”.
O trecho de Hebreus
11.4 elogia Abel por sua fé, do que resultou um sacrifício superior. Seu nome
figura no início da grande lista dos fiéis, tendo sido ele elogiado pelo
próprio Senhor Jesus (Mt 23.35). Presume-se que ele obedeceu a alguma ordem
específica, acerca do sacrifício, que Caim ignorou, embora isso não seja declarado
no Antigo Testamento.
1. O primeiro mártir.
Jesus
referiu-se a Abel como o primeiro mártir (Mat. 23.35), conceito esse que teve
prosseguimento na Igreja primitiva. Evidentemente, Jesus o considerava um
personagem histórico.
O
sangue de Abel é comparado com o de Cristo em Hebreus 12.24. (Veja também Mt
23.35; Jo 3.12). Em quanto Abel foi o primeiro mártir, Caim foi a primeira
pessoa a ver um ser humano morrer, e isso sob as mais terríveis circunstâncias.
Em
relação à maneira que Caim matou seu irmão, há que afirma que Caim teria
atingido Abel com uma pedra, na cabeça. Abel caiu. Para a surpresa de Caim, ali
estava Abel, imóvel. Atônito, ele acabou percebendo que tinha acabado com uma
vida humana.
2. O Simbolismo.
Abel
tornou-se um tipo de Cristo porquanto ofereceu um sacrifício cruento (Cruento
significa ‘ em que há sangue derramado), superior (Hb 9.26; 10.12). Ele
tipifica Cristo como o Messias e Servo sofredor, o Cordeiro de Deus (João 1.29;
Is 53.7). Ele testifica sobre a necessidade de um sacrifício de sangue (Hb
9.22; 11.4).
Nos Escritos dos Pais
da Igreja:
a) Crisóstomo
chamou-o de tipo do Cordeiro de Deus, gravemente injustiçado, em vista de sua
inocência.
b) Agostinho chamou-o
de “peregrino”, porquanto foi morto antes de poder residir em qualquer cidade
terrena, pelo que aguardava uma cidade celeste, onde pudesse habitar em
justiça.
c) Irineu observou
como Abel mostrou que os justos sofrem às mãos dos ímpios, e como as virtudes
dos justos são assim magnificadas (Contra Haeres. iii. 23).
Com base em Hebreus
11.4, há quem argumenta que Abel ofereceu seu sacrifício motivado pela fé, ou
seja, em resultado de uma autêntica espiritualidade, em legítima obediência a
Deus.
Quanto a Caim, esse
fator se fez ausente. Isso posto, seu sacrifício realmente não visava honrar a
Deus. Ele estava apenas cumprindo um dever, e não se estava ocupando em
adoração a Deus. E foi nisso que ele pecou. Se foi esse, realmente, o caso,
então a rejeição ao seu sacrifício não foi porque este se compunha de produtos
vegetais, mas por haver sido oferecido com uma atitude errada, com motivos
distorcidos.
Continuação:
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