Os educadores cristãos devem
ser firmes na defesa da proeminência do Reino de Deus sobre a cultura humana.
Lembremo-nos de que a porta e o caminho para a salvação são estreitos (Mt
7.13,14) e de que a Igreja foi estabelecida por Jesus para pregar o Evangelho,
e não contextualizá-Lo a fim de agradar o ser humano.
Escrita
no quarto século a.C. por Arístocles de Atenas (Platão), a Apologia de Sócrates
é o registro da defesa socrática perante acusadores na ágora — praça principal
da cidade-Estado grega(pólis) —, onde ocorriam discussões políticas,
tribunais populares e o comércio. Nos tempos neotestamentários, o termo grego apologia era empregado com o
sentido de salvaguardar-se (cf. At 22.1; 25.16; 1Co 9.3; 2Co 7.11; Fp
1.7e2Tm 4.16) e também o de defender o Evangelho (Fp 1.16). A despeito de a
palavra em apreço, em 1 Pedro 3.15, ter sido traduzida por "responder"
ou "apresentar uma defesa", veremos
que o papel do educador-apologista é o de atacar as heresias.
Veja também:
Na
pós-modernidade, um dos maiores desafios do educador cristão, além de
apresentar aulas cativantes quanto a conteúdo e forma, é o de ser um
apologista. O prefixo "pós" não indica somente substituição da era
moderna ou sublevação contra ela. Além de antítese da modernidade, a
pós-modernidade é uma era pós-cristã em que não apenas ocorre uma insurgência
contra o lluminismo, que deu origem à era moderna, mas principalmente uma
ferrenha oposição ao cristianismo. Na Renascença, ainda na pré-modernidade, não
houve a entronização da razão, porém solapou-se a autoridade da Igreja. E,
bebendo da fonte renascentista, os iluministas elevaram o ser humano ao centro
do mundo, substituindo Deus pela humanidade e colocando-a no palco da História.
O
lluminismo rompeu a cosmovisão teísta, apurada pela Reforma Protestante, de
maneira permanente e radical, transformando a razão em fonte primária de
autoridade, acima das superstições"
proclamadas pelos cristãos.
Em meio à oposição às Escrituras, no fim da era pré-moderna, em 1780, surgiu em
Gloucester, Inglaterra, a Escola Bíblica Dominical (EBD), fundada por Robert
Raikes. Já na modernidade — que teve seu ápice na Revolução Industrial —,
educadores-apologistas tinham o desafio de se opor ao pensamento de John Locke,
Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot, Hume, Kant etc, os quais associavam a
verdade à racionalidade, fazendo da razão o único árbitro da crença correta. Em
1855, enquanto se propagava pelo mundo a cosmovisão deísta (religião natural,
racional) dos iluministas, a EBD, na "contramão" (cf. Rm
12.1,2),apresentando a cosmovisão teísta dos reformadores, chegou a Petrópolis,
Rio de Janeiro.
Com a
publicação de Assim Falava Zaratustra, de Friedrich Nietzsche, em 1883,
assinalou- -se o começo do fim da era moderna e o início da gestação da
pós-moderna, que traria novos desafios à EBD, recém-fundada no Brasil por
Robert e Sarah Kalley. Na década de 1970, o ataque da pós-modernidade às
Escrituras começou a ter maior intensidade, com o surgimento do movimento
pós-modernista, cujos ideólogos principais, além de Nietzsche, são: Foucault,
Marx, Gramsci, Darwin etc. Estes substituem o otimismo e o positivismo do
século XIX por um pessimismo corrosivo, visando a desconstruir dialeticamente o
discurso filosófico ocidental. Embora rejeitem o lluminismo, os pós-modernistas
adotam o naturalismo como cosmovisão dominante, uma excrescência iluminista que
abarca materialismo, ateísmo, antropocentrismo e evolucionismo.
O
principal
argumento pós-moderno contrário ao cristianismo é o de que não existe verdade
absoluta nem lugar para conceitos absolutos de dignidade, moral, ética e fé em
Deus. Nietzsche notabilizou-se por atacar a moralidade e dizer que ela é
simplesmente um costume local ou uma expressão de sentimentos duvidosos.
Foucault, por sua vez, afirma que a verdade é uma fabricação ou ficção. Um
filme que mostra a importância de nos opormos a essas influências filosóficas
anticristãs é Deus não Está Morto (em duas partes), especialmente a segunda
película, que conta com a participação de apologistas renomados, como Lee
Strobel e Rice Broocks.
Uma
das influências filosóficas da pós-modernidade é o pluralismo, que se manifesta
principalmente como a diversidade que há numa sociedade multicultural e
relativista. Cada grupo tem a "sua verdade"; a mentalidade
pós-moderna é eclética e compreende mais do que simplesmente a tolerância a
outros pontos de vista. Como todas as culturas são consideradas moralmente
equivalentes, e como são muitas as comunidades humanas, são inúmeras também as
diferentes "verdades", que podem existir umas ao lado das outras. A
verdade tem sido substituída pela imparcialidade e é definida como "a
minha opinião", não havendo, pois, espaço para o primado das Escrituras.
As
famílias nunca mais foram as mesmas depois da Revolução Industrial, que alienou
a maioria das suas funções. Mas, na pós-modernidade, em razão do aumento
desenfreado do consumismo, do hedonismo e das mutações e convulsões sociais
(cf. Rm 1.18-32), têm surgido novos estilos de "família". O conceito
bíblico de união familiar tem sido do homossexual (Rm 1.27 e 1 Co 6.10).Ele
deve ensinar sem medo "que, no princípio, o Criador os fez macho e
fêmea" (Mt 19.4).
Vigora na pós-modernidade a
ideia pragmática de que tudo o que é cultural pode fazer parte do culto
evangélico. Os educadores cristãos devem ser firmes na defesa da proeminência
do Reino de Deus sobre a cultura humana. Lembremo-nos de que a porta e o
caminho para a salvação são estreitos (Mt 7.13,14) e de que a Igreja foi
estabelecida por Jesus para pregar o Evangelho, e não contextualizá-lo a fim de
agradar o ser humano. Atentemos para as palavras do nosso Mestre, em Mateus
28.19,20: "ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado".
Outras
verdades que o educador-apologista deve defender são: a encarnação sobrenatural
do Verbo e sua morte como nosso substituto penal, a realidade do Inferno e o
reconhecimento de que Satanás e os demónios são reais e estão ativos no mundo.
O educador-apologista deve reafirmar que "o Verbo se fez carne e habitou
entre nós" (Jo 1.14 e 1Tm 3.16). E que, graças a isto, o Deus-Homem provou
a morte por todos os homens, a fim de nos livrar da condenação e das garras do
Inimigo (2Co 5.14 e Cl 2.14,15). Evocando o pensamento cfos reformadores,
devemos afirmar a ideia da substituição penal, a fim de declarar que o Senhor
suportou em lugar da humanidade a penalidade que ela deveria pagar (Hb 2.9-15).
As
filosofias pós-modernas contrárias à Palavra de Deus são muitas e têm
influenciado o evangelicalismo de tal modo, que a cada dia cresce o número de
"cristãos não salvos" em busca de autoajuda, ignorando que, por causa
de sua natureza pecadora (Rm 3.23; 5.12), todos precisam ser envolvidos pela
graça de Deus e entrar pelo único caminho para a salvação (Tt 2.11; Jo 10.9 e
14.6). Que sejamos firmes no ensino da sã doutrina, na defesa de que toda a Escritura
é inspirada por Deus (2Tm 3.16), verberando contra as heresias "entre
nós" (cf. At 20.29 e 2Pd 2.1), sempre preparados para responder a todos
"com mansidão e temor" (1 Pd 3.15).
Divulgação:
Publicação
em Revista Ensinador Cristão – n°68, CPAD
Por:
PR. Ciro Sanches
“ A
ferramenta de Pesquisas
e Estudos
dos Professores
e Alunos
da Palavra
de Deus" (www.sub-ebd.blogspot.com).