Como é o aluno no ensino colaborativo? Quais são suas principais
características? Em que sentido é diferente dos que são submetidos aos métodos
tradicionais? Como é seu aproveitamento? O que deve fazer o professor para
torná-lo ativo no processo de ensino-aprendizagem?
O aluno participativo é aquele que não desperdiça tempo de aula.
Na sala
ou fora, participa das ações educativas de várias maneiras: questiona,
responde, concorda, discorda, sugere, opina, aponta, cumpre tarefas, cria
oportunidades, expressa suas idéias e as confronta com as do professor. E,
quando chega em casa, recorda, recapitula, estuda, faz os exercícios e passa
suas anotações a limpo a fim de melhorar a estrutura da matéria aprendida.
De que maneira pode o professor ajudar o aluno a tornar-se um autêntico
participante do processo de aprendizagem?
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I. O QUE FAZER PARA QUE O ALUNO COOPERE NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
Em primeiro lugar, é
necessário que o professor saiba como se constitui e se estrutura uma aula.
Pois, há mestres que não têm a menor noção do que seja uma aula.
Aula é uma atividade
organizada, que deve ser ministrada de acordo com certa técnica e dentro dos
princípios da Psicologia da Aprendizagem. É preciso que o professor compreenda
que aula é um processo, e como tal possui características bem definidas.
O que caracteriza o
processo de uma aula? Ou seja, por que as aulas são divididas em
"etapas"? Vejamos:
O processo de uma
aula deve ser sequencial, cumulativo, inte- grativo e global:
- Sequencial, porque
a aprendizagem se realiza mediante etapas sucessivas e encadeadas logicamente.
- Cumulativo, porque
cada aprendizagem prepara a base para novas aprendizagens.
- Integrativo,
porque cada etapa da aula resulta da precedente e se relaciona com as demais.
- Global, porque
envolve todas as áreas da personalidade do aluno, e também porque o aluno
necessita ter uma visão do todo que se quer ensinar, para que possa entender
suas inter-relações.
1. Explique claramente os objetivos de cada aula.
O aluno necessita
saber de antemão o tipo, a natureza e a razão de cada procedimento e atividade
proposta pelo professor. Ou seja, o mestre deverá ajudar o aluno a formar uma
idéia clara do trabalho a ser realizado. Pois, se o aluno não for preparado
para receber a lição, não terá expectativa diante dela.
Segundo Comenius em
sua Carta Magna, "não significa entulhar as mentes dos alunos com um
amontoado de palavras, opiniões extraídas dos autores, mas, ao contrário,
desenvolver o entendimento das coisas, de tal modo que deles brotem, como fonte
viva, tantos ribeiros quantas são as folhas, as flores e as frutas que brotam
de uma árvore".
O educando quer
realizar o trabalho por si mesmo. Isso faz parte de sua natureza. Ele está ansioso
para entrar em atividade e provar que é habilidoso. Seu aluno precisa apenas
receber algumas orientações.
2. Incentive a autonomia de pensamento.
O professor deverá orientá-los para que após a leitura da lição tentem
reeditá-la com suas palavras. Essa reedição poderá ser feita por escrito ou
oral. Este exercício faz com que o aluno apreenda e assimile o pensamento
central do conteúdo de ensino com mais facilidade. O aluno que pensa com
autonomia tem iniciativa, determinação, e está apto para colaborar com o
professor e partilhar seus conhecimentos com os colegas.
Pensar é aprender a ser livre, responsável e honrado. É esforço e
inconformismo, para com o mundo e também para consigo mesmo. É duvidar e
criticar, não de forma altaneira, ou presunçosa, senão por desejo do bem comum.
Pensar é ter o tempo de poder fazê-lo. É ativar o que de nobre há no ser
humano, porque pensar é também sentir, intuir. Acerca desse tema, John Dewey,
filósofo e psicólogo norte-americano, expressou-se: "O objetivo da educação
devia ser ensinar a pensar, e não ensinar o que pensar".
O professor deve abandonar a retrógrada postura de não reconhecer os
saberes dos alunos. Nenhum aluno é tábua rasa, mente vazia, pois trazem consigo
os conhecimentos adquiridos em outras situações de aprendizagem, vivências,
experiências etc. O educador Ausubel afirmou em uma de suas preleções que se
tivesse de reduzir a Psicologia Educacional a um único princípio, diria o
seguinte: "o fato singular mais importante que influencia a aprendizagem é
aquilo que o aprendiz já conhece".
3. Dialogue.
O tipo de ensino pautado exclusivamente em aulas expositivas, onde o
professor apenas expõe determinado conteúdo sem dialogar com os alunos, está
fadado ao fracasso. E preciso que os estudantes questionem, apresentem os
problemas e proponham soluções. Para tanto, é indispensável que o professor
incentive a pesquisa e o raciocínio lógico, sugerindo atividade que envolvam
soluções de problemas. É inadmissível que nos dias de hoje a aprendizagem ainda
esteja restrita à memorização de fórmulas, regras, textos, definições,
conceitos etc.
Como já dissemos em outras oportunidades, o educador não é
exclusivamente um transmissor de conhecimentos, do mesmo modo que o aluno não é
um simples receptor passivo dos mesmos. Antes, é um mediador competente entre o
aluno e o conhecimento, alguém que deve criar situações para que a aprendizagem
aconteça; que provoque desafios intelectuais. O novo papel do professor é o de
interlocutor que assinala, salienta, orienta e coordena as ações educativas
dentro e fora da sala de aula.
É imprescindível ao professor da Escola Dominical comprometer- se
profundamente com a educação cristã. Deve ele reconstruir, analisar e repensar
seu trabalho, para então melhorá-lo, aperfeiçoá-lo. Os educadores cristãos
precisam deixar de ser meros informadores de conteúdos bíblicos, para
tornarem-se mestres, comissionados por Deus, que analisam responsabilidade e
consciência crítica o seu trabalho, dando significado a cada ação, no sentido
de estimular o aluno, a pensar, a cooperar, a ter liberdade e direito à
aprendizagem, para que de posse do conteúdo adquirido, busque o verdadeiro
entendimento e respostas às suas indagações.
4. Promova a reflexão.
Adquira o hábito de ler com os alunos textos bíblicos que os façam
refletir sobre sua fé e vocação cristã. Após a leitura, não tente explicar-lhes
o texto imediatamente. Dê a eles a chance de, por si mesmos, encontrarem o
significado e o sentido contextualizado para a vida deles.
Evite dirigir aos alunos perguntas com respostas óbvias. Elabore
questões que lhes permitam refletir criticamente em mais de uma possibilidade
de resposta. Na procura pelas melhores e mais adequadas respostas, os alunos
ponderam, analisam as experiências anteriores e buscam novas informações que os
ajudem a esclarecer, explicar e validar a nova experiência de aprendizagem.
5. Incentive a pesquisa.
A máxima "Em educação, vale mais procurar sem achar que achar sem
procurar", expressa pelo ilustre professor Rafael Grisi, em uma de suas
preleções, reflete perfeitamente a relevância da pesquisa no processo de
aprendizagem.
Tornar o aluno um investigador, um pesquisador, um procurador em busca
da verdade, é imprescindível. O aluno da Escola Dominical não deve contentar-se
apenas com o que ouve acerca da Bíblia, mas deve ele mesmo ler, meditar, pesquisar,
averiguar, desejar conhecer toda a Verdade.
6. Identificar-se com a linguagem da classe.
O professor deve conhecer a linguagem de seus alunos para saber o máximo
possível quais as palavras que eles costumam usar e que significado atribuem a
elas. A linguagem usada no ensino deve ser comum ao professor e ao aluno. O
mestre deve o quanto possível expressar-se na linguagem dos educandos para
corrigi-los quando atribuírem significado errado às palavras. Utilize um
vocabulário simples e de poucas palavras. Palavras rebuscadas e desnecessárias
aumentam a possibilidade de má interpretação e dificultam o entendimento do
aluno.
II. IDENTIFIQUE O CENTRO DE INTERESSE DA AULA
Seus alunos têm interesse no conteúdo da aula? Em que tipo de matéria
eles demonstram maior interesse? Você costuma variar suas técnicas,
procedimentos, e recursos?
Os objetivos e os conteúdos didáticos merecem atenção especial? Refletem
eles as necessidades e as expectativas do aluno? E a partir desse foco que será
realizado o contexto, ou situação estímulo, para que se processe a
aprendizagem. Muitas vezes, a boa comunicação na sala de aula entre professores
e alunos não se efetiva devido à ausência de um foco de interesse. O professor
fala, e os alunos devaneiam, fazem ou pensam outra coisa. Eles ficam dispersos
e temem participar da aula.
III. AJUSTE A MENSAGEM ÀS CONDIÇÕES DOS ALUNOS
Tarefas muito difíceis, confusas, ou muito fáceis não preparam ou
despertam o aluno para a ação. O estudante possui possibilidades de vocabulário
que necessitam ser consideradas pelo professor. Sabemos que só haverá de fato
aprendizagem se o aluno modificar seu comportamento. Entretanto, ele não poderá
modificar-se, caso não disponha de base suficiente para que tais mudanças sejam
efetivadas. O professor deverá refletir sobre seu trabalho:
As experiências dos alunos permitem ou facilitam a nova aprendizagem?
IV. ESTABELEÇA UMA SEQUÊNCIA PERMITINDO QUE O ALUNO
AVANCE PROGRESSIVAMENTE ATÉ A ASSIMILAÇÃO DO CONTEÚDO
Para chegar ao domínio de conceitos complexos, é necessário partir do
exame de conceitos ordinários, sejam estes dominados ou não pelos alunos.
Comenius, o pai da didática moderna, nos diz que o ensino é gradual e sucessivo
no sentido de que as disciplinas posteriores devem ser a continuação das anteriores.
Há professores, em determinadas ED, que por ignorância, não querem
adotar um currículo. Preferem trabalhar com temas livres, lições soltas,
desvinculadas de uma matriz curricular. Esta atitude constitui-se num grande
problema, uma vez que no programa curricular, os assuntos são planejados,
adaptados às idades dos alunos e distribuídos de forma sistemática, lógica,
cadenciada, dosada.
A maioria dos currículos bíblicos funciona da seguinte maneira: Para
cada fase de estudos há uma quantidade de informação (conteúdos didáticos)
adequada à capacidade de assimilação e aproveitamento por parte dos alunos. Os
conteúdos são dosados criteriosamente, de modo que ao atingirem a idade adulta,
os alunos concluam o curso bíblico elementar. O sistema funciona como numa
escola secular. A partir de 2 anos, o aluno passa por todas as fases do
programa, sem repetir nenhuma lição, desde que sua transferência para a classe
da faixa etária seguinte seja feita corretamente, até chegar à faixa etária de
jovens e adultos.
V. DESENVOLVA UMA LINGUAGEM NATURAL
O professor deverá ser claro, consistente e coerente em seu comportamento
verbal, expressando ideias bem conectadas. Os alunos serão esclarecidos e
orientados quanto à sua aprendizagem à medida que o professor lhes forneça de
forma escrita ou falada elementos que funcionem como ativadores de interesse.
Seja conciso em sua exposição. Expor as ideias em poucas palavras é uma
virtude extremamente necessária à práxis docente.
VI. ATENDA ÀS NECESSIDADES ESSENCIAIS DOS ALUNOS
Como poderemos provocar transformações significativas no comportamento
de nossos alunos se eles permanecem sentados nos ouvindo passivamente? O
professor deve ensinar visando atender às necessidades de seus alunos.
Comunicar ou transferir conteúdos não é difícil, mas, colocar-se no lugar do
aluno para conhecer de perto suas necessidades é bem diferente. Nem sempre o
mestre pode satisfazer as necessidades de seus pupilos, mas poderá contribuir
para que estes satisfaçam suas próprias necessidades.
Quantos de nossos alunos se queixam de seus problemas! Eles precisam de
nosso amparo, ajuda e atenção. Às vezes, um conselho ou quem sabe, apenas serem
ouvidos!
VII. APRENDA A OUVIR O QUE O ALUNO TEM A DIZER
1. É preciso ouvir e captar a mensagem.
O professor necessita ouvir seus alunos com interesse e atenção. Um dos
maiores problemas de comunicação é como o receptor capta uma mensagem.
Raríssimas são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra
está dizendo. Ouvir não é o mesmo que escutar. Ouvir de concentração. Escutar
significa dirigir a atenção para ouvir, e ouvir, é perceber através do sentido
da audição.
O problema da audição também está na ansiedade que temos de falar.
Falamos em média 120 a 150 palavras por minuto, porém, nosso pensamento
funciona três ou quatro vezes mais depressa. E por isso que surge um mau hábito
na audição. Às vezes, ficamos tão ansiosos em provar nossa capacidade e rapidez
de apreensão, que antecipamos os pensamentos antes de ouvi-los dos lábios do
interlocutor. Isso ocorre quando pronunciamos a famigerada exclamação: "Já
sei o que você vai dizer!"
Ouvir, implica uma atenção irrestrita ao outro. Daí a dificuldade de as
pessoas com raciocínio rápido efetivamente ouvirem.
2. Aprenda a ouvir, reter e compreender a mensagem.
"E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do pai
ouviu e aprendeu vem a mim" (Jo 6.45).
O que Jesus queria dizer é que não basta ouvir a mensagem de salvação. E
preciso entendê-la, assimilá-la completamente. Ouvir e não reter o conteúdo da
mensagem de nada adianta. O fato de apenas ouvir uma mensagem não significa que
seu conteúdo foi apreendido. Além disso, há vários ruídos que atrapalham a boa
audição. Ouvir depende de concentração. Quando estamos ouvindo uma mensagem,
nem sempre conseguimos limpar de nossa mente todas as interferências a fim de
apreendermos o sentido da mensagem que ouvimos. Não é suficiente ouvir. É
preciso, além de ouvir, aprender e apreender. Daí afirmarmos que a conversão
torna-se perene quando acontece através do ensino.
3. Teste sua capacidade de ouvir.
Abaixo, estão 15 comportamentos que podem ocorrer, quando se entra em
contato com outras pessoas. Reflita, e responda com que frequência (sempre, às
vezes, nunca) você se enquadra em cada situação.
a) Em conversa, discussão ou debate interrompe a fala do outro.
b) Demonstra, por meio de sinais (gestos, olhares) sua discordância.
c) Demonstra por meio de sinais o seu desinteresse pelo assunto que está
sendo tratado.
d) Conversa com alguém dando atenção à (s) outra (s), arrumando alguma
coisa, afirmando: "pode falar, estou ouvindo".
e) Durante uma conversa, fala junto com outra (s) pessoa (s).
f) Durante a fala de uma pessoa, puxa assunto com outra (conversa
paralela).
g) Demonstra, por meio de expressões fisionômicas, postura, olhar, estar
ouvindo realmente o que o outro está dizendo.
h) Demonstra, por meio de sinais (olhares, gestos) sua aprovação ao que
está sendo dito.
i) Interrompe a fala do outro, dizendo:
"já sei o que você vai dizer", j) Interrompe a fala do outro,
dizendo: "você não entendeu o que eu disse" .
I) Interrompe a fala do outro, dizendo: "eu já falei isso
antes";
"eu sabia que você ia dizer isso".
m) Interrompe a fala do outro, expondo outro assunto.
n) Não permite a participação do outro, transformando o diálogo em
monólogo, o) Interrompe o que o outro disse e distorce ao fazer a comunicação,
p) Demonstra, por meio de expressão fisionômica, que está pensando no que vai
responder, logo que o outro termine.
Vocabulário
1- Aula: Pedagogicamente, significa lição de uma matéria ministrada pelo
professor num determinado espaço de tempo; preleção, disciplina, área de estudo
ou atividade.
Aula é um período de tempo variável, destinado ao estudo de um tema ou
execução de uma tarefa, em função de uma unidade em que o professor orienta o
ensino, visando à aprendizagem do aluno, para que este alcance objetivos
predeterminados. Uma aula, normalmente, tem 50 minutos de duração, inclusive
nas classes de Escola Dominical.
2- Linguagem no ensino: E o principal recurso de comunicação de que o
professor se utiliza para ministrar informações, prestar esclarecimentos aos
alunos e orientar-lhes em todo o processo de aprendizagem. A linguagem só é
significativa quando comunica. Quando a pessoa percebe e compreende o que foi
dito. "A linguagem é o mais geral dos meios didáticos. Apesar de quantos
abusos se tenham cometido, a palavra é o meio principal de ensinar, isto é, de
fazer aprender, orientando o discípulo e ilustrando o seu entendimento."
(Ruiz Amado)
3- Psicologia da aprendizagem: Ciência que estuda as leis que regem o
crescimento, desenvolvimento e comportamento do indivíduo. Estuda o aluno
quanto aos aspectos físico, mental, social e espiritual. Suas tendências,
aspirações, potencialidades, possibilidades, predileções, intenções e
necessidades de acordo com a faixa etária.
Por: Marcos Tuler – Ensinador Cristão, n° 58 – CPAD