TEXTO DO DIA
“Na
verdade, que já os fundamentos se transtornam: que pode fazer o justo?” (Sl
11.3)
SÍNTESE
O
avanço do secularismo alerta-nos para a necessidade de uma maior atuação de
todos nós, Igreja de Cristo, como luz do mundo e sal da terra.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA
- Jr 8.5 - A apostasia de Israel
TERÇA-
1Sm 8.1-8 - A rejeição do governo divino
QUARTA
- Jz 2125 - A anarquia em Israel
QUINTA
-Mt 9.36 - Ovelhas sem pastor
SEXTA
- Sl 113 - Fundamentos transtornados
SÁBADO-2
Tm 3.1-5 - Tempos trabalhosos
OBJETIVOS:
COMPREENDER que
estamos vivendo tempos trabalhosos.
CONSCIENTIZAR de que
jamais devemos nos amoldar a este mundo.
EXPLICAR a importância
de se utilizar o "ciclo histórico do mundo", como uma forma didática
de “Ler" a realidade.
INTERAÇÃO
Prezado professor, nesta lição estudaremos acerca da secularização,
um perigo que ronda a Igreja de Cristo. Veremos que o avanço do secularismo, já
anunciado por Jesus nas Escrituras Sagradas, aponta para a necessidade de uma
maior vigilância e atuação da igreja. Muitos cristãos estão se deixando levar
pelas sutilezas malignas da secularização. Como consequência a fé de muitos tem
sido destruída. Que jamais venhamos ser seduzidos pelas coisas deste mundo,
pois quem ama e se deixa amoldar pela filosofia deste século, não pode
desfrutar do amor divino. Sigamos a recomendação bíblica: “Não ameis o mundo,
nem o que no mundo há" (l Jo 2.15).
TEXTO BÍBLICO
2
Timóteo 3.1-5
1
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos;
2
porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos,
blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
3
sem afeto natural, irreconciliáveis,
caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
4
traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de
Deus,
5
tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
COMENTÁRIO
Na
aula de hoje aprenderemos que em nenhum outro lugar 0 reflexo da secularização
é tão evidente quanto na igreja. Apesar de serem as artes e a ciência (e a
filosofia por trás delas) os grandes propulsores da chamada modernidade tardia,
no campo religioso suas influências se revelam ainda mais presentes. A
flexibilização dos valores do Evangelho, visando amoldá-los às mudanças da
pós-modernidade, é um dos perigos mais sutis deste tempo para a Igreja.
0
que seria, de fato, a “secularização"? A inserção de pensamentos puramente
materiais na esfera religiosa ou a atribuição de uma dimensão religiosa às
coisas puramente temporais? Tais indagações precisam ser devidamente
esclarecidas a fim de que possamos saber a melhor forma de levar adiante a
nossa missão.
I - OS
TEMPOS TRABALHOSOS
1. A profecia paulina acerca
dos “tempos trabalhosos" (2 Tm 3.1).
Ao
jovem pastor Timóteo, o apóstolo Paulo adverte acerca de um período que ele
classificou como “tempos trabalhosos” (2 Tm 3.1). Tal época seria caracterizada
pela completa anulação dos valores humanos mais nobres, bem como aqueles que
foram ensinados pelo Senhor Jesus Cristo (Mt 5—7). A despeito de o texto ter
uma audiência imediata, ele igualmente aponta — profeticamente — para o futuro.
2. O tema dos “tempos
trabalhosos" nos escritos paulinos. Como um dos mais proficuos
escritores do Novo Testamento, Paulo trata de alguns temas em mais de uma
ocasião (1 Co 5.9). O assunto dos “tempos trabalhosos", porexemplo, cerca
de uma década antes, já havia sido tratado pelo apóstolo dos gentios em sua
Epístola dirigida aos judeus que viviam em Roma (1.18-32).
3. Características dos “tempos
trabalhosos".
Escrevendo
a Timóteo, Paulo destaca como características dos tempos trabalhosos que,
segundo ele, também são os últimos tempos, a anulação dos valores e a perversão
religiosa através de um ascetismo que se parece com piedade (1 Tm 41-5; 2 Tm
3.1-5). Em Romanos 1.18-32, o apóstolo dos gentios realça os aspectos pagãos,
religiosos, filosóficos e imorais que caracterizarão tal momento histórico. Com
o quadro que o apóstolo apresenta, é possível avaliar a sociedade atual e o
tempo de hoje, comparando-os e verificando se há algum paralelo e até
similaridade entre si.
Pense!
Cientes
de que a advertência pau- lina é circunstancial, mas também profética, podemos
dizer que estamos vivendo nos “tempos trabalhosos’ referidos por Paulo?
O Ponto
Importante
Em
cada período da história, o povo de Deus sempre enfrentou desafios difíceis de superar,
portanto, é preciso evitar qualquer especulação escatológica.
II - A
IGREJA EM ÜM MUNDO PÓS- CRISTÃO
1. A secularização.
Por
incrível que pareça, a secularização, ou seja, a perda da influência da
religião sobre a sociedade, decorre em parte do lluminismo (chamado também de
"século das luzes") que, por sua vez, juntamente com a Renascença (ou
Renascimento, das artes, da filosofia e da cultura pré-cristã, chamada de
“antiguidade clássica"), é fruto da Reforma Protestante que acabou com a
hegemonia do catolicismo romano.
Por
isso, quando se fala em secularização e imediatamente a relacionamos à fé,
tem-se a impressão de que tal postura afeta unicamente a igreja, Não é bem
assim, mas pelo fato de o Ocidente ser o que é por causa da cultura
judaico-cristã e pelo longo período do predomínio da igreja na Idade Média, é
fato que a comunidade de fé acaba sentindo — muito mais que qualquer outro
setor da sociedade —, de forma mais sensível e agressiva, os reflexos da
secularização (Mt 721-23; 2 Tm 2.14-21,23-26).
2. A pós-modernidade (2 Tm
3.1-5).
Também
conhecida como hipermodernidade ou ainda modernidade tardia, de forma simples é
uma reação ao mundo moderno (que foi criado confiando cegamente na razão, e
formou-se no impacto de três acontecimentos: Reforma Protestante, lluminismo e
Renascença) e, ao contrário deste, é a desconstrução das certezas, tanto as que
se baseiam na ciência como as que se fundamentam na revelação. Entre as suas
características mais marcantes, figura a inaceitabilidade da ideia de qualquer
narrativa que pretenda ter uma abrangência global. Por isso, ela anuncia o fim
da história como a conhecemos e herdamos da visão judaico-cristã, possuindo
início, meio e fim, e procura retomar a antiga noção cíclica do tempo: sem
início, sem fim e, portanto, sem possibilidade alguma de se pensar em
transmutação dos valores ocidentais, ou quaisquer outros, como norma para o
mundo, pois não há civilização que tenha autoridade, ou que seja melhor que as
demais, para prescrevê-los.
3. A cultura pós-cristã.
Atualmente,
tornou-se comum falar de era ou cultura pós-cristã. Esta é resultado direto do
processo de secularização e da filosofia pós- modernista. Pós-cristianismo é a
ideia de que a visão de mundo que o cristianismo apresentava como forma de
explicar a realidade já não dá mais conta de fazê-lo. Não obstante, a cultura
pós-cristã não é anticristã como muitos, equivocadamente, pensam. Ao contrário,
a secularização e o pensamento pós-modernista tornaram possível ao mundo saltar
de uma época em que era praticamente impossível ser ateu, para outra em que se
pode não apenas ser ateu, mas agnóstico, cético, crente, místico, panteísta,
etc. Os seus defensores dizem não existir verdade absoluta em nenhuma área,
seja na religião, seja na ciência, na ética e até mesmo na moralidade. Com
isso, tem-se a falsa impressão de que assim o mundo será melhor, mais tolerante
e respeitoso em relação ao diferente e não convencional.
Pense!
De
acordo com as características elencadas da hipermodernidade, você considera o
seu país, culturalmente, pós-modemo?
O Ponto Importante
Todos
os períodos históricos possuem aspectos positivos e negativos, por isso, é
preciso saber a melhor maneira de viver em cada momento.
III -
NÃO SE AMOLDEM AO MUNDO
1. ‘‘Quando os fundamentos se
corrompem, o que os justos podem fazer?”.
O
questionamento do salmista no Salmo 11.3, é o mesmo em que nos encontramos
atualmente. Constatamos, sem sombra de dúvidas, que os fundamentos estão sendo
transtornados, mas a grande questão é: O que podemos fazer?
2. “Não se amoldem às
estruturas deste mundo".
Não
tomar a forma ou entrar na fôrma não é necessariamente ser reacionário; implica
não aceitar acriticamente o que nos é imposto pelo sistema pecaminoso da
sociedade. A recomendação paulina não se encerra na negação e na resistência de
amoldar-se às estruturas deste século, mas avança instruindo que devemos
transfor- mar-nos pela renovação do entendimento, ou seja, fazer uma manutenção
constante em nossa visão de mundo cristã, a fim de conhecer ou distinguir qual
é a vontade de Deus: o que é bom, o que é perfeito e o que é agradável a Ele
(Rm 12.2).
3. Saber interpretar o tempo.
Em
1Crônicas 12.32, há uma informação interessante sobre a pequena tribo de
Issacar: “dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para saberem o
que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes e todos os seus irmãos, que
seguiam a sua palavra". É claro que a habilidade dos descendentes de
Issacar a que faz referência o cronista, dizia respeito à capacidade
estratégica para guerrear. No entanto, o Senhor Jesus Cristo, ao falar sobre os
últimos tempos e censurar a postura hipócrita do povo que sabia distinguir o
clima estiado de quando poderia chover, questionou: “Hipócritas, sa- beis
discernir a face da terra e do céu; como não sabeis, então, discernir este
tempo?” (Lc 12.56). Interpretando o tempo e não tomando a forma do sistema
pecaminoso em vigência no mundo, podemos continuar cumprindo nossa missão de
sermos salda terra e luz do mundo (Mt 5.13,14).
Pense!
É
possível conterá marcha evolutiva — ou involutiva — do mundo?
Ponto
Importante
O
conhecimento da realidade é fundamental, não apenas para quem quer preservar a
cultura, mas, sobretudo, para quem pensa em transformá-la.
IV- O
CICLO HISTÓRICO DO MUNDO
1. O “encantamento” do mundo.
Apesar
de parecer simplista, a ideia de divisão histórica pelo âmbito das perspectivas
com as quais se enxerga o mundo, é um exercício didático e aceitável. Partindo
desse ponto de vista, é possível não apenas dividira história passada, mas, até
mesmo, em termos de ciclo civilizatório, pensar a sociedade de forma futura.
Como
se sabe, o mundo antigo fora marcado pela tentativa humana de se explicar a
realidade através dos mitos. Tal atitude corresponde com o surgimento da
religião, ou do sentimento religioso, entre a humanidade. O mundo era
"encantado" e todas as coisas se explicavam através do mito. A
filosofia foi uma tentativa de racionalizar a fala a respeito dos mitos,
procurando questionar respostas simplistas e oferecendo “explicações” mais
elaboradas e menos transcendentais. Falando-se em ocidente, tal postura
perdurou até a Idade Média.
2. O“desencantamento” do mundo.
Com
a descoberta progressiva da física, ou seja, de como funciona o universo, as
explicações religiosas são substituídas por explicações lógicas e racionais. No
mundo ocidental esse período corresponde à modernidade, chamada por Max Weber
de “desencantamento do mundo”.
3. O “reencantamento” do mundo.
O
próximo estágio só é possível quando se descobre que nem tudo pode ser
explicado de forma racional. O ser humano não vive sem mistério e de forma
puramente lógica. As coisas mais importantes da vida ainda são inexplicáveis:
Quem somos, de onde viemos, para onde vamos? Esse momento, ocidentalmente
falando, corresponde à pós-modernidade. Nesta, é possível coexistir fé e razão,
ciência e religião.
Pense!
Em
qual momento do ciclo histórico você acha que a sociedade encontra-se?
Ponto importante
A
teoria dos ciclos históricos demonstra que é possível experimentar tais
momentos de forma concomitante.
SUBSÍDIOS
Da
Cosmovisão Centrada em Deus para a Cosmovisão Centrada no Homem
Duzentos
anos depois da Reforma do século XVI, a Europa conheceu o iluminismo. O
iluminismo não era contra a religião; apenas declarava que nosso conhecimento
de Deus não deveria vir da Bíblia, mas pela luz universal da natureza. Como
tais, todas as religiões do mundo eram essencialmente iguais, fundamentadas
como estavam na observação natural e na experiência. A Bíblia foi vista como um
livro proveitoso, mas não considerada a revelação de um Deus pessoal. A razão
humana foi elevada acima da revelação.
O
iluminismo foi uma bênção mesclada. Por um lado, enfatizou a liberdade
religiosa e a tolerância no melhor sentido da palavra. Dois séculos antes, a
Reforma tinha inspirado nova vida espiritual em religiões da Europa. Esta luz.
porém, era frequentemente oculta, senão extinta, pelas controvérsias religiosas
que se seguiram anos mais tarde. Podemos entender por que as pessoas foram
alimentadas com a intolerância da era, Ele deu ênfase muito necessária na
liberdade de aprendizagem e na liberdade da consciência.
Infelizmente,
o iluminismo também introduziu densas trevas" (LU- TZER, Erwin E. Cristo
Entre Outros Deuses: Uma defesa da fé cristã numa era de tolerância, i.ed. Rio
de Janeiro. CPAD. 2000, pp. 34-35).
CONCLUSÃO
É
urgente, para dizer 0 mínimo, que reconheçamos a necessidade de buscarmos mais
a Deus, sua Palavra e 0 conhecimento do que ocorre à nossa volta para levarmos
adiante a obra do Senhor. Em todas as épocas, a Igreja sempre enfrentou
dificuldades e jamais desistiu. Que possamos cumprir a nossa parte, pois talvez
sejamos a geração da última hora da Igreja na face da terra (Lc 18.8; l Jo
2.18).
HORA DA
REVISÃO
1. Cite
as características dos “tempos trabalhosos” apontadas na lição.
Anulação dos valores cristãos e a perversão
religiosa através de um ascetismo que se parece com piedade.
2. A
secularização, involuntariamente, foi originada por qual acontecimento?
iluminismo, Renascença e Reforma Protestante.
3. A
cultura pós-cristã é anticristã? Por quê?
Não. Porque a secularização e o pensamento
pós-modernista tornaram possível ao mundo saltar de uma época em que era
praticamente impossível ser ateu, para outra em que se pode não apenas ser
ateu, mas agnóstico, cético, crente, místico, panteísta etc.
4- O
que significa não se amoldar ao mundo?
Significa não aceitar acriticamente o que nos é
imposto pelo sistema pecaminoso da sociedade.
5.
Quais as duas atitudes que a igreja precisa tomar para restabelecer os
fundamentos?
Interpretar o tempo e não tomar a forma do
sistema pecaminoso em vigência