1. Definição
O termo significa literalmente "gerar novamente" e só aparece
duas vezes no Novo Testamento: a primeira no sentido escatológico (Mt 19.28),
ao se referir à restauração de todas as coisas; e a outra como sinônimo de novo
nascimento, cujo sentido é de salvação em Cristo (Tt 3.5). Isso significa ser
gerado da semente incorruptível (1 Pe 1.23).
2. A natureza da Regeneração.
Regeneração é a ação divina de criar um novo homem, dando-lhe um novo
coração, transformando-o em nova criação (2 Cr 5-17), tornando-o filho de Deus
(Jo 1.12,13) e fazendo-o passar da morte para a vida (Jo 5.24). Aqui, é
importante distinguir regeneração da conversão. Esta é a resposta humana à
regeneração no processo de salvação, que é voltar-se inteiramente para Deus;
enquanto aquela é um milagre operado por Deus na natureza humana, um fenómeno
incompreensível à mente natural (Jo 3.3,7). Logo, Deus é o operador dessa
transformação, fazendo com que a pessoa, outrora apática para as coisas
divinas, agora se encontre em plena vitalidade para com as coisas espirituais
(Rm 8.28-30; Tt 3.5).
3. A necessidade de Regeneração.
Para fazermos parte do Reino de Deus é preciso nos tornar nova criatura
e nascermos do Espírito (Jo 3.5) que opera a vivificação em nós, pois Ele é o
agente da regeneração. O Espírito Santo faz brotar entusiasmo espiritual e vida
abundante (Jo 7.38), onde outrora havia morte, ofensa e pecado (Ef 2.1). É o
agir do Espírito pela Palavra que faz germinar vida no coração do salvo (Tg
1.18).
4. Consequências da Regeneração.
É possível verificar se somos regenerados por meio de algumas mudanças
que passam a fazer parte do nosso viver:
o amor intenso a Deus (1Jo 4.19; 5.1); o amor pelos irmãos (1Jo 3.14); a
rejeição das coisas mundanas (1Jo 2.15,16); o amor à Palavra de Deus
(51119.103; 1Pe 2.2); o amor pelas almas perdidas (Rm 9.1-3); o desejo de estar
em comunhão com Deus e adorá-lo (SI 42.1,2; 63.1; Ef 5.19,20); a vitória sobre
o pecado, a carnalidade e as práticas contrárias ao Evangelho (1Jo 5.18; Cl
5.16; 2 Co 5.17); o conhecimento da vontade de Deus (1Co 2.12); o testemunho
interior do Espírito Santo atestando nossa filiação ao Pai (Rm 8.16); o intenso
interesse de praticar a justiça (1Jo 2.29).
Claro que não somos perfeitos e que muitas vezes nos depararemos com a
impossibilidade de manifestar essas mudanças o tempo todo, mas substancialmente
elas estão presentes na regeneração da pessoa.
5. Características da regeneração na vida de uma pessoa.
A compreensão daquilo que é a regeneração torna-se mais fácil de captar
a partir do diálogo de Jesus com o erudito fariseu, Nicodemos, em João 3.1-12.
Nesse texto, testemunhamos a dúvida do interlocutor de Jesus, que seria a de
qualquer um de nós. Quando Jesus fala sobre a necessidade da regeneração
(v.3,7) Ele utiliza-se da expressão "nascer de novo" que poderia ser
traduzida como "nascer de cima", numa tradução livre, "nascer
noutro nível, num nível mais elevado". Mas o que significaria exatamente
isso? Nas palavras de Jesus, é muito mais que assumir uma série de
comportamentos ou atitudes sociais, tem a ver com uma transformação radical que
atinge a espiritualidade de uma pessoa (v.6).
A regeneração não é aquilo que uma instituição faz na vida de uma
pessoa, ou que a influência de outros indivíduos constrói em nossas opiniões e
hábitos, a regeneração é a manifestação da salvação no interior de cada um de
nós, operando em nosso ser - e tendo como exclusivas testemunhas nós mesmos (1
Jo 5.18). Logo, a causa da regeneração é única: a ação do Eterno no interior
daquele que teve o privilégio de conhecer a Cristo (1 Pe 1.23). Somos novamente
gerados, nascidos para outro nível de espiritualidade por meio da graça (Gl
4.24,28,31).
Apesar de a regeneração ser uma obra que ocorre no interior do nascido
de novo, é possível apontar alguns elementos fundamentais que caracterizam essa
operação de Deus em nossas vidas:
a) Quem passou pela experiência da regeneração vive na perspectiva do
Espírito, por isso, consegue
perceber e entender acontecimentos sob uma ótica que os não-regenerados, isto
é, aqueles que vivem uma "vida natural" não conseguem atingir (Jo
3.8; 1 Co 2.11-16).
b) O regenerado em Cristo reconhece a paternidade de Deus, por isso, identifica-se com as coisas que são do Criador e com tudo o que é do céu, isto é, de cima; assim ele vive como um morto entre os que vivem em pecado e como um vivo entre os que estão mortos em suas transgressões e delitos (Mt 10.39; Rm 14.8);
c) O regenerado consegue, porque vive a experiência da salvação; viver de modo absolutamente diferente (2 Co 5.17).
Neste texto, a prova da nova criação não é algo físico, e sim, um conjunto de
consequências espirituais que, naturalmente, tem repercussões materiais.
Conclusão
A Fonte da regeneração é Deus, o resultado da regeneração é a filiação;
o meio da regeneração é o Espírito Santo; e a duração da regeneração é eterna
[...] Nascer de novo ou nascer do alto são expressões paralelas a regeneração.
O novo nascimento é o ponto no qual uma pessoa "morta em ofensas e
pecados" (Ef 2.1) recebe a vida espiritual. Jesus disse: "O que é
nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espirito é espírito. Não te
maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo" (Jo 3.6,7).
Pedro acrescenta que fomos: "De novo gerados, não de semente corruptível,
mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para
sempre" (1 Pe 1.23; cf.Jo 1.13; 1 Jo 3.9; 4.7, 5.1, 4, 18)" (GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. pp. 158, 199,
200).
Fonte: www.subsidiosdominical.com
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