Classe:
Jovens – 3°Trimestre de 2018 | Data da Aula: 05/08/2018
TEXTO DO DIA
“E Jesus tomou os pães e, havendo dado
graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos, pelos que estavam
assentados; e igualmente também os peixes, quanto eles queriam.” (Jo 6.11)
SÍNTESE
O milagre da multiplicação dos pães e
dos peixes evidencia o compromisso do Evangelho em alcançar o ser humano de
forma completa.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Êx 16.1-36: O
alimento que vinha do “céu”
TERÇA – 1 Rs 17.4-6: Os
corvos alimentam Elias
QUARTA – 1 Rs 17.10-16: A
multiplicação da farinha e do azeite
QUINTA – 2 Rs 4.1-7: O
azeite multiplicado
SEXTA – 2 Rs 4.38-41: O
veneno foi milagrosamente retirado do alimento
SÁBADO – Mt 15.29-39: A
segunda multiplicação dos pães
OBJETIVOS
• CONTEXTUALIZAR o cenário e as
circunstâncias da narrativa;
• DISTINGUIR o compromisso de
Jesus com as pessoas;
• EVIDENCIAR a completude do
Evangelho.
INTERAÇÃO
Invariavelmente tendemos à polarização. Tal postura parece ser
inerente à nossa humanidade e, de tal forma, que dela não conseguimos escapar.
Se formos bons técnicos e eficientes comunicadores, significa que não podemos
igualmente ser fervorosos no Espírito. A reprodução acrítica desse pensamento
reforça estereótipos e retroalimenta práticas que devem ser corrigidas. Em
qualquer labor o profissional sabe que a ferramenta que estiver devidamente
azeitada com certeza será mais bem aproveitada e melhor desempenho
proporcionará. De forma análoga, o educador que mais dedicado se encontrar,
tanto técnica quanto espiritualmente falando, será ainda mais instrumentalizado
pelo Espírito Santo de Deus. Rompamos com a errônea, e até mesmo diabólica concepção
de que quem se prepara tecnicamente não pode ser um instrumento poderoso nas
mãos do Espírito Santo, pois se trata justamente do contrário.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
A fim de melhor traduzir a ideia de comunhão proporcionada pelo
milagre objeto desta lição, que tal promover um café colonial na classe? Em
muitas Escolas Dominicais a realização de um café da manhã já é tradição, porém,
pense em algo mais intimista e específico. Tal momento deve ser organizado com,
ao menos, uma semana de antecedência (daí a importância do planejamento, quando
todas as lições são estudadas assim que você tem acesso à revista). Para melhor
exemplificar os pontos que serão estudados, é imprescindível que todos participem
trazendo alguma coisa para o cardápio (frutas, cereais, pães, bolos, frios,
sucos, leite, café, chá etc.).
Havendo possibilidade e espaço adequado, o momento não precisa ser
“estanque”, ou seja, antes ou depois da aula, mas pode ser degustado durante a
aula, de forma ordeira e organizada, não podendo, sob hipótese alguma, prejudicar
a exposição e a interação.
TEXTO
BÍBLICO
João 6.1-15
1
Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberíades.
2
E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
3
E Jesus subiu ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos.
4
E a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
5
Então, Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com
ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
6
Mas dizia isso para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.
7
Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada
um deles tome um pouco.
8
E um dos seus discípulos, André, irmão de
Simão Pedro, disse-lhe:
9
Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é
isso para tantos?
10
E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar.
Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
11
E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os
discípulos, pelos que estavam assentados; e igualmente também os peixes, quanto
eles queriam.
12
E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que
sobejaram, para que nada se perca.
13
Recolheram-nos, pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de
cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
14
Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é, verdadeiramente,
o profeta que devia vir ao mundo.
15
Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a
retirar-se, ele só, para o monte.
INTRODUÇÃO
A
continuidade do capítulo cinco do quarto Evangelho revela que os judeus
passaram a perseguir Jesus e queriam matá-lo, pois Ele realizava prodígios no
sábado. O Mestre ia ainda mais longe, pois justificava sua postura dizendo que
o Criador ainda estava em atividade de trabalho e que Ele, justamente por isso,
também trabalhava. Tal pronunciamento enchia os judeus ainda mais de ira, pois
Jesus “não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio
Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.16-18). Dessa maneira Jesus consolida seu
ministério como Messias enquanto João, por sua vez, vai evidenciando a
messianidade do Senhor. Dos versículos 19 a 47 o Mestre faz um de seus
discursos, intercalando
sinais e palavra, como é característico do estilo do Evangelho joanino. Na
sequência, Jesus realiza o grande milagre da lição que será estudada hoje.
I
– O CENÁRIO E AS CIRCUNSTÂNCIAS DA NARRATIVA
1. Jesus volta à
Galileia.
Como
já foi mencionado, Jesus desenvolve o seu ministério entre a Judeia e a
Galileia. Assim, depois de curar o paralítico no Tanque de Betesda,
reencontrá-lo no Templo em Jerusalém, confrontar os religiosos com a questão do
sábado e de pronunciar seu discurso (Jo 5.1-47), o Mestre dirigi-se novamente à
Galileia, especificamente, diz João, “para o outro lado do mar da Galileia, que
é o de Tiberíades” (Jo 6.1).
2. A multidão e os
sinais.
João
observa que uma grande multidão seguia o Senhor, pois via os sinais que Ele
realizava (v.2). A observação é oportuna, pois evidencia que a multidão
continua ávida pelo extraordinário, não tendo ainda maturidade para desenvolver
uma fé solidificada na Palavra do Evangelho anunciado por Jesus Cristo,
conforme pode ser visto logo mais no próprio capítulo seis do texto joanino (Jo
6.22-26). Na verdade, conforme o Senhor deixa claro, até mesmo os sinais são
desprezados diante de outras necessidades priorizadas pelo povo.
3. A época e o
“local”.
Jesus
e os seus discípulos, os doze, sobem a um “monte” não especificado (v.3). João
acrescenta um detalhe que também aparece no versículo 13 do capítulo 2,
demarcando um período de aproximadamente um ano, pois ele diz que se aproximava
mais uma Páscoa (v.4). Têm-se então a passagem do primeiro ano do ministério
terreno do Senhor.
Pense!
O
que demonstramos quando decidimos procurar Deus apenas por
interesses particulares?
Ponto
Importante
Mesmo
tendo necessidades, é preciso desenvolver uma fé madura e
fundamentada no Evangelho e não na resolução dos nossos problemas.
II
– JESUS E O SEU COMPROMISSO COM AS PESSOAS
1. A solidariedade de
Jesus.
Ao
contemplar a multidão, Jesus demonstra preocupação e comprometimento (v.5). Sua
pergunta a Filipe — “Onde compraremos pão, para estes comerem?” — deixa isso
muito claro. Na realidade, como João revela, o Mestre experimentava Filipe, ou seja,
testava o seu discípulo com o objetivo de ver sua reação, pois o Senhor sabia perfeitamente
como deveria proceder (v.6). O discípulo, visivelmente abismado, responde ao
Mestre que duzentos dinheiros não seriam suficientes para que cada um pudesse
comer um pedaço de pão (v.7).
O
“dinheiro” ou denário era uma moeda romana de prata, sendo mais ou menos a
média do salário de um dia de trabalho de um operário. Por isso, a sugestão de Filipe
mostra-se “lógica”, pois deixa transparecer que eles não têm tal dinheiro e nem
condição de alimentar tanta gente. À parte disso, é interessante pensar no fato
de que mesmo Jesus, sabendo das reais intenções da multidão (Jo 6.22-26), ainda
assim não deixou de ser solidário, cordato e educado, atendendo as pessoas em
suas necessidades.
2. A fé do rapaz.
O
que acontece na sequência demonstra que o problema havia extrapolado o círculo
dos discípulos e chegado ao povo, pois um rapaz anônimo avisa André, irmão de
Simão Pedro, ao Senhor Jesus, oferecera seu lanche — “cinco pães de cevada e
dois peixinhos” — para que pudesse ser repartido pela multidão (vv.8,9). A pergunta
retórica de André deixa explícita sua completa descrença em relação ao gesto do
rapaz: “mas o que é isso para tantos?”. Tal atitude, porém, revela que o rapaz
tinha mais fé que os discípulos, pois ofereceu seu lanche por saber que aquela
pequena quantidade de alimento, nas mãos de Jesus, certamente poderia ser
transformada em muito.
3. A organização da
multidão.
Uma
vez que havia muita relva no local, isto é, planta rasteira apropriada para
descanso, o Mestre então orienta os seus discípulos para
que organizem a multidão, mandando que o povo se assente (v.10). Neste momento o texto joanino informa que o número
de homens era de quase cinco mil. É importante dizer que tal contagem não considerava
mulheres e crianças (Mt 14.21), portanto, a quantidade de pessoas alimentadas,
provavelmente, deve ter sido bem superior a cinco mil. Certamente por isso
André desprezou o gesto do anônimo que ofereceu seu lanche. Deus, todavia, não
age de acordo com a lógica humana (1 Co 1.25).
Pense!
A
admiração e a incredulidade de André, características da lógica humana, diante
do gesto do rapaz anônimo, eram corretas?
Ponto
Importante
A
lógica humana é diametralmente oposta à divina, por isso, quem serve a Deus não
pode orientar-se exclusivamente pelo entendimento humano.
III
– O MILAGRE EVIDENCIA A COMPLETUDE DO EVANGELHO
1. O milagre e sua
relação com o Reino de Deus.
O
Mestre toma os cinco pães e os dois peixinhos do moço anônimo e dá graças; a
seguir passa aos discípulos, e estes ao povo que anteriormente fora organizado.
O texto diz que o alimento era dado “quanto eles queriam” (v.11), ou seja, não
era regulado, mas distribuído em abundância e com fartura. Tal ação, demonstra
a grandeza do milagre, pois os pães eram poucos e os peixes estão no diminutivo,
“peixinhos”, mas estes nas mãos de Jesus foram suficientes. O milagre também
aponta para a completude do Evangelho, pois era anunciado pelo Senhor a todos,
mas primordialmente aos pobres, pois estes não tinham esperança e muito menos
condições de subsistência. No entanto, o Senhor era sensível às necessidades
dos menos favorecidos, sinalizando o compromisso do Reino de Deus (Mt 11.5;
25.35; Tg 2.14-17).
2. A saciedade e o
cuidado com o desperdício.
Depois de saciada a
multidão, o Senhor orientou os discípulos a que recolhessem o que sobrou para
que nada se perdesse (v.12). A sobra foi tão grande que os discípulos “encheram
doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam
comido” (v.13). Tal ação demonstra o cuidado do Mestre com o desperdício, pois
se antes não havia o que comer, agora já tinha
até mesmo de sobra.
Isso, porém, não justificava o desperdício.
3. A discrição e a consciência de Jesus a respeito de sua
missão.
Com a realização do
milagre, e devido sua especificidade, a multidão concluiu que Jesus era
“verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo” (v.14). Contudo, o Mestre
sabia que tal pensamento não se dava por uma motivação correta, mas sim por um
interesse político. E era justamente por saber disso, isto é, que “haviam de vir
arrebatá-lo, para o fazerem rei”, que Ele “tornou a retirar-se, [...] só, para
o monte” (v.15). Jesus tinha uma missão e sua consciência acerca desse fato levou-o
a não se empolgar com o pensamento da sociedade a seu respeito, daí o porquê de
Ele retirar-se (Jo 6.38).
Pense!
O milagre que
produziu a sobra justifica o desperdício?
Ponto Importante
A consciência da
missão faz com que não nos desviemos do alvo
estabelecido por
Deus.
SUBSÍDIO
1
“Jesus... vendo que uma grande multidão vinha ter com Ele (v.5)
Os discípulos também viram a multidão, mas não com a mesma visão do
Mestre. Alguns enumeram as multidões como se enumera gado, tantas cabeças.
Outros, em termos de trabalho, contam as mãos. Ainda outros, o tamanho da
multidão indica o grau de popularidade. Mas Jesus vê a necessidade, o anelo da
alma, os sofrimentos da multidão. Aquele que percebeu a fome de Nicodemos, que
sentiu a sede da mulher samaritana, que compartilhou da miséria do paralítico
em Betesda, que compreendeu o anelo de Zaqueu ― Ele teve a verdadeira visão da
multidão com Ele no deserto. Spurgeon teve a mesma visão quando chorou perante os
trinta mil que se congregaram para ouvi-lo pregar no Great Crystal Palace. A
ternura infinita de Jesus O constrangeu
a alimentar a multidão. No Seu ministério compadecia-se tanto do
estado físico do povo como do espiritual. Esforçava-se para ministrar tanto ao
corpo como à alma dos homens.
A multidão achava o pão espiritual tão bom que se esquecera de
comer.
Compare cap. 4.31-34.
Ele bem sabia o que havia de fazer (v.6):
Nos problemas e dificuldades não sabemos avançar; mas Ele bem sabe, nunca
está perplexo para nos dirigir (BOYER, Orlando. Espada Cortante. Lucas, João e
Atos. Vol 2. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 265).
SUBSÍDIO
2
“Repartiu-os pelos discípulos (v.11) Lembremo-nos de que foi somente
quando o menino entregou seus pães a Jesus que eles foram multiplicados para
alimentar toda a multidão. É somente quando entregamos a Jesus o pouco que
temos que Ele pode multiplicá-lo. Foi só quando a pobre viúva de Zarefate cedeu
ao pedido estranho de Elias, Faze disso primeiro para mim um bolo, que o
punhado de farinha e o pouco de azeite se tornaram provisão inesgotável para
ela, 1 Rs 17.13.
Foi nas mãos de Cristo que os pães se multiplicavam. Os discípulos
não podiam multiplicar a comida, mas tinham de voltar constantemente a Ele para
receber mais para distribuir. Tudo é uma figura do que nos acontece: não
podemos, nem com os maiores esforços e com estudos esmerados, alimentarmos as
multidões sem recorrermos, constantemente, a Jesus.
Quando estavam saciados (v.12): Não comeram só um pouco, mas
fartaram-se. Uma professora da Escola Dominical, bastante incrédula, disse aos
meninos: É claro que Jesus não alimentou toda a multidão apenas com cinco pães
e dois peixes. Isto seria impossível. Jesus ensinava de tal forma que a multidão
perdia todo
o sentido da fome física e voltava à casa satisfeita” (BOYER,
Orlando. Espada Cortante. Lucas, João e Atos. Vol 2. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2007, p. 266).
CONCLUSÃO
O
milagre da multiplicação dos pães e dos peixes evidencia a completude do
Evangelho e sua relação com o Reino de Deus que, apesar de não ser “comida nem
bebida; mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17), deve
contemplar o ser humano em sua totalidade. O Mestre demonstrou isso com sua
preocupação em deixar a multidão com fome. Ele não se preocupava apenas com as
almas das pessoas, mas as via de forma global e completa. Da mesma forma, Tiago
instrui que não podemos, tendo condições, ver o nosso irmão padecendo necessidades,
dizer para ele ir em “paz”, pois “a fé, se não tiver as obras, é morta em si
mesma” (Tg 2.15-17).
HORA
DA REVISÃO
1. O que evidencia a observação feita por João, de que uma
multidão seguia o Senhor pois via os sinais que Ele fazia?
Evidencia que a multidão continua ávida pelo extraordinário,
não tendo ainda maturidade para desenvolver uma fé solidificada na Palavra do
Evangelho.
2. A indagação de Jesus — “Onde compraremos pão, para estes
comerem?” — demonstra o quê?
Demonstra preocupação e comprometimento (v.5).
3. O que a atitude do rapaz em oferecer os cinco pães e os
dois peixinhos evidenciou?
Tal atitude revela que o rapaz tinha mais fé que
os discípulos, pois ofereceu seu lanche por saber que aquela pequena quantidade
de alimento, nas mãos de Jesus, certamente poderia ser transformada em muito.
4. O que demonstra o fato de o milagre ter sido realizado a
partir de cinco pães e dois peixinhos e ainda ter sobrado?
Demonstra a grandeza do milagre, pois os pães eram
poucos e os peixes estão no diminutivo, “peixinhos”, mas estes nas mãos de Jesus
foram sufi cientes. O milagre também aponta para a completude do Evangelho,
pois era anunciado pelo Senhor a todos, mas primordialmente aos pobres, pois
estes não tinham esperança e muito menos condições de subsistência, no entanto,
o Senhor era sensível às necessidades dos menos favorecidos, sinalizando o
compromisso do Reino de Deus.
5. Por que Jesus retirou-se para um monte quando quiseram
fazer dEle rei?
Jesus tinha uma missão e sua consciência acerca
desse fato levou-o a não se empolgar
com o pensamento da sociedade a seu respeito, daí o porquê de Ele retirar-se (Jo 6.38).