Data da Aula: 08/07/2018
TEXTO DO DIA
“Estes, porém, foram escritos para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida
em seu nome.” (Jo 20.31)
SÍNTESE
Os milagres realizados por Jesus
manifestavam a chegada do Reino de Deus.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Lc 11.20: O sinal
da chegada do Reino de Deus
TERÇA – Lc 4.18,19: A
missão de Jesus
QUARTA – Mc 1.14,15: O
anúncio do Reino de Deus
QUINTA – Lc 10.9: Milagres
e anúncio do Reino de Deus
SEXTA – Mc 16.15-20: O
Evangelho completo
SÁBADO – At 28.31: A igreja
do primeiro século anunciava o Reino de Deus
OBJETIVOS
• HISTORIAR a expectativa
judaica em relação à questão messiânica;
• RESSALTAR os paradoxos da
vinda do Reino de Deus;
•
EXPLICAR a conexão do ministério de Jesus com o Reino de Deus.
INTERAÇÃO
Querido (a) professor(a), como foi a primeira aula? Qual foi sua
impressão? Pela reação dos alunos é possível ter uma ideia de como será o trimestre.
Se eles se mostraram interessados, parabéns. Caso isso não tenha acontecido, que
tal incentivá-los?
O tema é pertinente se se pensar na questão estritamente espiritual.
Como tudo na vida, a espiritualidade tende a arrefecer. E tal pode acontecer não
apenas na vida dos alunos, mas inclusive na nossa que ensinamos! Podemos “acostumar-nos”
ao exercício do ensino, apaixonarmo-nos pela técnica, mas tornarmo-nos impermeáveis
ao que ensinamos. Lamentavelmente, tal perigo não é incomum. Por isso, a
sugestão da primeira aula — de instituir um período de cinco minutos de oração em
cada domingo durante este trimestre — deve ser vista como uma oportunidade
valiosa de resgatar uma espiritualidade aliada ao conhecimento
bíblico-teológico.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Com a crescente institucionalização os testemunhos foram desaparecendo
das liturgias, de forma que muitos jovens sequer alcançaram essa época em que
alguém se levantava para contar uma bênção que recebera da parte de Deus. Que
tal organizar uma pequena exposição?
Certamente você conhece o jornal Mensageiro da Paz, órgão oficial
das Assembleias de Deus no Brasil, editado pela CPAD. Esse jornal mantém, desde
a sua criação em 1930, uma página destinada a testemunhos. Pergunte aos alunos
se eles conhecem o jornal. Proponha que eles pesquisem entre os irmãos se há
alguém que já compartilhou seu testemunho. Mesmo que não haja, peça a eles que
consigam edições antigas do jornal e tragam a parte do testemunho para expor em
classe. Aproveite o momento e reflita com eles acerca da importância de se
dividir com os demais o recebimento de uma cura, a abertura de uma porta de
emprego ou mesmo a resolução de um grande problema.
TEXTO BÍBLICO
Lucas
4.14-24
14
Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia, e a sua fama correu
por todas as terras em derredor.
15
E ensinava nas suas sinagogas e por todos era louvado.
16
E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu
costume, na sinagoga e levantou-se para
ler.
17
E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o
lugar em que estava escrito:
18
O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres,
enviou-me a curar os quebrantados do coração,
19
a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos,
a anunciar o ano aceitável do Senhor.
20
E, cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos
na sinagoga estavam fitos nele.
21
Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
22
E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam
da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José?
23
E ele lhes disse: Sem dúvida, me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo;
faze também aqui na tua pátria tudo o que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum.
24
E disse: Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.
INTRODUÇÃO
Sem
dúvida alguma os milagres realizados por Jesus visavam socorrer as pessoas (Lc
13.16). Com seu poder, o Mestre usava de extrema sensibilidade e então toda dor
e todo sofrimento cessavam. Mas será que além de socorrer aos que sofriam,
havia mais algum propósito na realização dos milagres? Tal pergunta só pode ser
respondida se entendermos a missão do Senhor Jesus Cristo, pois todas as ações
do Mestre convergiam para o propósito final de sua missão. Nada que Ele fazia
era sem objetivo ou a esmo. Na verdade, como o próprio povo reconhecia, Jesus
fazia bem todas as coisas, inclusive quando curava surdos e mudos (Mc 7.37). Apesar
disso, seu ministério não se deu sem oposições e enfrentamentos, pois
os fariseus chegaram a acusá-lo de operar sinais, não pelo Espírito de Deus,
mas por Belzebu, príncipe dos demônios (Mt 12.24).
I – A EXPECTATIVA
JUDAICA
1. O chamado de Abrão
e o Povo da Promessa.
Chamado
por Deus, Abrão peregrinou sob a promessa de que, a partir dele, seria formada
uma grande nação (Gn 12.1,2,4-9). Juntamente com tal promessa, Deus também
disse que, através de Abrão, seriam “benditas todas as famílias da terra” (Gn
12.3; Gl 3.8). Isso, porém, não se daria de um dia para o outro e nem sem
reveses (Gn 15.13). Tal tempo era necessário, pois sendo justo, Deus aguardava
que “a medida da injustiça dos amorreus” se completasse para só então
desapropriá-los e dar a terra à descendência de Abrão (Gn 15.16).
2.
O propósito de Israel.
Quando
o tempo de Deus completou-se, o Senhor chamou a Moisés e o enviou ao Egito para
que libertasse o povo (Êx 3―4). Em Êxodo 19.6 o Senhor revela o propósito da
nação israelita e ordena a Moisés para que este diga o seguinte ao povo:
“E
vós me sereis reino sacerdotal e povo santo”. Como povo sacerdotal a tarefa de
Israel era clara: ― servir de modelo aos demais povos, levando-os a querer ser como
o Povo da Promessa (Dt 4.5-8). A ideia não era que Israel dominasse os outros
povos, mas que exercesse um papel sacerdotal em relação às demais nações (Êx
23.9).
3. O fracasso de
Israel em representar Deus e a expectativa judaica.
Como
é sabido, infelizmente Israel fracassou em seu papel sacerdotal e rejeitou o conhecimento
de Deus (Os 4.6). O Senhor já havia advertido, há muito tempo, que se o povo
que Ele separara praticasse as mesmas coisas das demais nações, o destino deles
não seria diferente (Lv 18.26-28). Desde quando Israel fracassou em representar
o que significava ser governado por Deus, sua esperança era que o Senhor
interviesse e mudasse a situação. No período intertestamentário desenvolveu-se
uma consciência extremamente nacionalista e então se pensou na figura de um
libertador político, o Messias, descendente de Davi, que mudaria tal quadro.
Nos dias do Novo Testamento, tal ideia era ainda muito forte e motivo de
questionamento até mesmo por parte dos discípulos (Jo 4.25; At 1.6).
Pense!
Você
crê que, assim como Deus tinha um propósito para a vida de Abraão, e para com o
povo de Israel, há um propósito dEle para sua vida?
Ponto
Importante
Quando
Deus chamou Abraão, Ele o fez não apenas para que o patriarca fosse abençoado,
mas para ser uma fonte de “bênção”.
II – A VINDA DO
REINO DE DEUS
1. O rei que não
nasceu no palácio.
A
maioria das pessoas que estudam a Palavra de Deus, e que tem experiência com o
Senhor, já sabe que Ele não age da forma como a nossa lógica humana pensa (1 Co
1.25-29). Com o nascimento de Jesus não foi diferente. Os magos que vieram do
Oriente para visitar o Salvador, orientados por uma estrela, o procuraram no
palácio, mas depois descobriram que, conforme diziam as Escrituras, Cristo não nascera
na capital, Jerusalém, mas sim em Belém e, conforme se sabe, não foi em um
“berço de ouro”, mas numa manjedoura (Mt 2.1-12; Lc 2.1-20). Parece um contrassenso,
mas foi exatamente assim que aconteceu, dando indícios de que Jesus não era um
rei como os demais que as pessoas conheciam (Mt 21.5).
2. João Batista
anuncia a proximidade do Reino de Deus. Levantado por Deus para preparar o caminho
para o Salvador, João Batista começa a pregar no deserto da Judeia:
“Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). O povo chegou a
pensar que o Batista fosse o Cristo, o Rei, mas ele tratou de desfazer tal pensamento
(Lc 3.15-17). Na verdade, João Batista tinha consciência de que seu ministério
tinha uma finalidade, bem como um período de abrangência (Jo 3.28-30). Sua
missão era anunciar que o tempo ansiado por todos em Israel estava próximo, o
Reino de Deus, e o seu Messias, estavam chegando (Mc 1.2-8).
3. O Reino de Deus
não é deste mundo.
A
despeito de todos os judeus esperarem ansiosamente pelo Reino de Deus, ou seja,
pela “redenção”, ou libertação, de Jerusalém (Lc 2.38), não tardou a vir a
decepção. Com expectativas equivocadas, eles
ansiavam por um reinado político nos moldes dos reis-imperadores objetivando
até mesmo retaliação (Lc 24.21; Jo 6.14,15; At 1.6). Contudo, como Jesus fez questão
de frisar a Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste
mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas,
agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36). Naquele momento histórico o Reino
ainda não dominaria completamente aqui, pois atua somente no coração, e
realidade, daqueles que aceitam ao Evangelho e assim decidem viver (Mc 1.14,15
cf. Mt 6.10). Entretanto, chegará o dia em que o Reino de Deus será uma
realidade absoluta e física (Dn 2.34,35) e neste dia,
toda
língua confessará ao Senhor e todo joelho se dobrará perante o Rei dos reis e
Senhor dos senhores (Rm 14.11).
Pense!
Por que os judeus se decepcionaram com Jesus?
Alguém já decepcionou você? Como reagiu?
Ponto
Importante
João
Batista nunca pensou em colocar-se em uma posição de Messias, pois tinha
consciência de seu ministério.
III – O MINISTÉRIO DE JESUS SÓ PODE SER
ENTENDIDO EM CONEXÃO COM O REINO DE DEUS
1. Os sinais
concretos da chegada do Reino de Deus.
Procurado
por dois discípulos de João Batista e perguntado por estes acerca de se Jesus
era mesmo o Messias que havia de vir ou se eles deviam esperar por outro, a
“resposta” do Mestre não poderia ser mais clara, pois a Bíblia diz que “na
mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus; e deu vista
a muitos cegos” (Lc 7.21). Na sequência, Ele disse aos discípulos que retornassem
ao Batista e então anunciassem o que viram e ouviram (Lc 7.22). Em outra
ocasião, acusado de expulsar espíritos malignos por Belzebu, príncipe dos
demônios, o Mestre disse que o fazia pelo “dedo”, isto é, pelo poder de Deus, e
que, por conseguinte, isto era uma evidência concreta de que o Reino de Deus
havia chegado (Lc 11.20).
2. Jesus revela sua
missão, causando escândalo e ira.
O
ministério de Jesus era dirigido pelo Espírito e consistia em anunciar o Evangelho
de que o Reino de Deus havia chegado. Este era o conteúdo do seu ensinamento,
inclusive nas sinagogas dos judeus (Lc 4.14,15 cf. Mc 1.14,15). Em uma dessas
ocasiões, numa das passagens mais conhecidas, o Mestre, num sábado, foi a uma
sinagoga em Nazaré, local onde fora criado. Ali lhe deram o livro do profeta
Isaías e então Ele fez uma leitura que sintetiza perfeitamente sua missão (Lc
4.18,19 cf. Is 61.1). Pelo fato de Ele ter dito que naquele dia aquela Escritura
cumprira-se, o povo se surpreendeu, pois conheciam sua origem humilde e simples
(Lc 4.22). Tal reação não foi surpresa alguma para o Senhor, pois Ele sabia da
resistência das pessoas em reconhecer que Deus pudesse levantar alguém entre os
de sua própria terra natal (Lc 4.23-27). A revolta do povo foi tão grande que eles
o expulsaram e até quiseram atentar contra sua vida (Lc 4.28-30).
3. O propósito dos
milagres de Jesus.
O
que fica claro, ao se estudar os milagres e sinais realizados pelo Senhor Jesus,
é que o seu propósito só pode ser devidamente entendido levando-se em conta a
mensagem do Reino de Deus ― o Evangelho, e o ministério de ensino que o Mestre
desenvolveu (Lc 11.20). Lucas relata que em Cafarnaum, num sábado, o Mestre
ensinava numa sinagoga quando um homem atormentado por um espírito imundo
manifestou-se, incomodado com o ensino e com a presença do Senhor, pois sabia
que o exercício de tal ministério significava a derrota de Satanás (Lc
4.31-36). As pessoas ali presentes ficaram espantadas, pois se admiravam de que
o ensinamento do Senhor não fosse apenas teórico, mas extremamente poderoso e
eficaz.
Pense!
Se
o ministério do próprio Senhor Jesus tinha necessidade da direção do Espírito,
será que nós podemos prescindir de tal orientação?
Ponto Importante
Os
milagres e sinais realizados por Jesus Cristo revelavam seu compromisso com
Deus e com as pessoas necessitadas.
SUBSÍDIO
O
Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5.13-16)
Comparando a proposta de Jesus aos modelos de sedição política
que haviam, Ele ‘não era um separatista, tampouco se comprometia com sistemas’
e, de igual forma, ‘também não era um zelote’. Distintamente de tais ‘modelos,
Jesus voltou-se para as Escrituras e resgatou um modelo único de reinado na
terra, muito mais judaico do que os três implementados pelo seu próprio povo’.
Mais ‘judaico’ porque resgatava justamente o sentido original do que pretendia
o Criador ao dizer, através de Moisés, que o povo de Israel seria um ‘reino
sacerdotal’ (Êx 19.6). Isso porque, conforme Wright, os ‘judeus dos dias de
Jesus não esperavam que o universo fosse parar de funcionar’. Na verdade, eles aguardavam
‘que Deus fosse agir de forma dramática no universo, como havia feito em
momentos extremos — como o episódio do êxodo, no qual a única linguagem
apropriada era a de um mundo abatido e, então, recriado’. Assim, quando Cristo anuncia
que o ‘Reino de Deus, o retorno do exílio, o clímax da história de Israel está
entre vós, Jesus está a dizer [que], embora não se pareça com o que [eles]
esperavam ver’, o reinado de Deus finalmente havia iniciado (CARVALHO, César
Moisés. O Sermão do Monte. A justiça sob a ótica de Jesus. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2017, pp. 57,58).
CONCLUSÃO
Além de servir de
alívio para a dor e o sofrimento das pessoas, os milagres e sinais realizados
por Jesus manifestavam o Reino de Deus. Ocorre, porém, que tal Reino nenhuma
semelhança tem com os impérios deste mundo, seja os da antiguidade ou atuais.
Isso, porém, faz com que as pessoas se frustrem em suas expectativas e acabem
não aceitando a mensagem do Reino de Deus. Todavia, os que o aceitam, desfrutam,
desde já, do privilégio de serem feitos filhos de Deus (Jo 1.11-13).
HORA DA REVISÃO
1. O que a Bíblia
quer dizer ao mencionar que “a medida da injustiça dos amorreus” ainda não
estava cheia?
Sendo
justo, Deus aguardava que “a medida da injustiça dos amorreus” se completasse
para só então desapropriá-los e dar a terra à descendência de Abrão (Gn 15.16).
2. Como “povo
sacerdotal”, qual era a tarefa de Israel?
Como
povo sacerdotal a tarefa de Israel era clara: servir de modelo aos demais povos,
levando-os a querer ser como o Povo da Promessa (Dt 4.5-8). A ideia não era que
Israel dominasse os outros povos, mas que exercesse um papel sacerdotal em
relação às demais nações (Êx 23.9).
3. O que Jesus quis
dizer ao afirmar que expulsava os demônios pelo “dedo de Deus”?
Jesus
quis dizer que expulsava os demônios pelo poder de Deus, e que, por conseguinte,
isto era uma evidência concreta de que o Reino de Deus havia chegado (Lc
11.20).
4. Qual era o “conteúdo”
do ensinamento do Mestre?
Anunciar
o Evangelho de que o Reino de Deus havia chegado.
5. O que significava
o exercício do ministério do Senhor?
A
derrota de Satanás (Lc 4.31-36).