Observação. Este um subsídio para
ajudar os professores na ministração da lição 3 – Classe de Jovens | 2° Trimestre de 2018.
Paulo inicia o segundo capítulo de sua primeira epístola
aos tessalonicenses destacando a natureza abnegada de seu ministério entre
aqueles irmãos. Mais que um autoelogio narcisista, essa apologia paulina ao seu
ministério pessoal — atitude que ele também toma ao escrever para outras
igrejas (2 Co 12.11-21; Gl 6.14-18) — é um registro histórico do modelo
inspirativo de ministro no cristianismo primitivo. Mesmo tendo vivenciado uma
experiência extremamente traumática em Filipos (acusação de perturbação
pública, prisão, açoite, detenção inapropriada, etc.), o apóstolo persistiu na
obediência à visão que Deus concedera a ele (At 16.9) e iniciou a evangelização
em Tessalônica.
Compreender como se deu esse processo de evangelização,
quais os fundamentos da mensagem anunciada por Paulo entre os tessalonicenses
e, principalmente, qual o comportamento adotado pelo apóstolo entre os habitantes
daquela cidade serão os objetos de estudo para nossa discussão e reflexão neste
capítulo.
- Lições Bíblicas de Jovens – 2° Trimestre de 2018 – Acesse Aqui
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1. O Esforço Pessoal de Paulo para Garantir a
Evangelização dos Tessalonicenses
Qual seria a reação normal de alguém que, seguindo uma
intuição pessoal, ao iniciar um novo empreendimento, encontra de pronto um
forte revés? Logicamente, desistir. É por isso que tantas empresas fecham nos
seus três primeiros anos de funcionamento; muitas pessoas abandonam a faculdade
ainda no primeiro ano estudo. Entretanto, é isso que se esperaria de um missionário
que, logo no início de sua atuação evangelística num território desconhecido,
tivesse enfrentado cárcere, perseguição e tortura?
Segundo uma avaliação humana, sim; talvez, alguém ainda
dissesse: “Essa missão não era de Deus!” ou “A vocação desse missionário acaba
de ser desqualificada!”.
Deve-se esclarecer, no entanto, que, em primeiro lugar,
Paulo não seguia um pressentimento pessoal; sua ida à Macedônia fora resultado
de uma orientação divina (At 16.9). Ora, a obediência à vocação divina não nos isenta
dos sofrimentos da vida. Deve-se lembrar, inclusive, que a ida de Paulo àquela
região tinha como objetivo auxiliar os irmãos que, segundo a visão divina,
passavam por dificuldades e necessitavam de ajuda.
Soteriologia
e Escatologia estão imbricadas por meio da temática do sofrimento
no pensamento de Paulo apresentado aos tessalonicenses. Ao entender-se a dor
humana — muito mais complexa no seu aspecto existencial-fundante do que no
físico-circunstancial — por meio desses prismas, altera-se qualquer análise
valorativa sobre uma suposta negatividade do sofrimento e vislumbra-se uma rica
positividade nesse contexto.
A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que, mesmo
no cumprimento da perfeita vontade de Deus, tiveram que passar por momentos
angustiantes. O próprio Jesus é o perfeito exemplo sobre essa questão. O seu
sofrimento em vários níveis (intenso, contínuo, episódico) e tipos (emocional,
físico, espiritual) era um dos elementos inevitáveis no curso do pleno
cumprimento do plano de Deus.
O sofrimento não é uma opção para o verdadeiro cristão,
mas, antes, um fundamento condicionante de sua fé em Cristo Jesus. Não há
Cristo sem cruz, assim como não há cristão sem o Cristo crucificado, e muito
menos cristão sem a vivência existencial de Mateus 16.24.
No momento da dor, naturalmente, não conseguimos avaliar
qualquer aspecto positivo nas tormentas da vida; contudo, após a vivência e
superação de tais problemas, segundo a graça constante que nos concede Deus,
somos capazes de reavaliar os acontecimentos e identificar a ação de Deus em
tudo o que envolve nossa vida. É o que nos afirma os autores dos Salmos 118.18;
119.71, por exemplo; tal compreensão não está acessível a todos os indivíduos,
mas apenas àqueles que, tendo sido provados, atravessam o processo avaliativo
com louvor, isto é, são aprovados. Pois, após todo esse encadeamento de
acontecimentos, certamente se colherão os devidos prêmios de tal amadurecimento
(Tg 1.12).
2. Uma Prática Ministerial Centrada em Cristo
nunca É Infrutífera
Diante desse quadro de adversidades que se estabeleceu,
Paulo fez questão de registrar que sua ida aos tessalonicenses não foi em vão.
Mais uma vez, se a análise da situação for feita a partir de elementos humanos,
os resultados da viagem da equipe missionária à Tessalônica foram pífios e
inúteis: a presença apostólica na cidade foi de apenas alguns meses — talvez,
meramente, de semanas; não houve tempo para a consolidação da fé daqueles
irmãos, além de restarem numerosas dúvidas no processo do discipulado, etc.
A avaliação, contudo, deve ser feita segundo o critério
da fé. Por isso, os instrumentos de mensuração e classificação são
completamente outros; desse modo, Paulo pode alegremente afirmar para aqueles
irmãos: a presença entre os tessalonicenses não foi inútil (v. 1).
3. As Diferenças Litúrgicas entre o Evangelho
e a Religiosidade Pagã dos Tessalonicenses
A natureza da mensagem paulina em Tessalônica é eminentemente
missionária. Há o uso de expressões como (falar) em 1 Ts 1.8; 2.2,4,8, anunciar
em 1 Ts 2.9 e exortar em 1 Ts 2.12; 3.2-7; 4.10. Pode-se, assim, comparar a
essência kerigmática da missão
paulina entre os tessalonicenses com a ambição monetária que alguns falsos
pregadores já demonstravam em pleno nascedouro da Igreja Primitiva. É contra
tais falsos obreiros que Paulo compara-se ao declarar que anunciou o evangelho
entre aqueles irmãos sem engano, imundícia ou fraudulência (v. 3) e também sem bajulação
ou pretensão gananciosa (v. 5).
Paulo apregoava um evangelho de purificação da alma e do
corpo dos indivíduos, mas que os permitissem apropriarem-se de seus corpos com
as devidas honras que estes mereciam. Algo bem diferente das escandalosas procissões
fálicas e cultos sexuais promovidos, até então, em Tessalônica.
Há, ainda, outro aspecto relevante que o apóstolo faz
questão de apresentar para diferenciar-se dos falsos profetas que já se
introduziam naquela comunidade. A transmissão das verdades do Reino foi feita
sem segundas intenções. Diferentemente de determinados contemporâneos seus,
Paulo anunciava as palavras de Jesus sem a expectativa de um “retorno
financeiro”. Não havia bajulação ou charlatanismo na mensagem apostólica (v.
5).
Além de suas próprias consciências e corações que estavam
diante de Deus, Paulo e sua equipe dispunham ainda do unânime testemunho dos tessalonicenses
que referendavam uma postura não mercenária e não ambiciosa. Paulo não fora a
Macedônia para entesourar riquezas humanas; não era seu objetivo fazer um
“pé-de-meia” para sua vida apostólica. O evangelho foi anunciado sem ganância
ou bajulação, tendo Deus como testemunha.
3. Paulo, as Metáforas Parentais e o
Exercício do Amor Fraternal em 1 Tessalonicenses
Conforme nos aponta McNeel (2014), há no pensamento
paulino, especialmente em 1 Tessalonicenses, uma série de comparações relativas
às relações familiares — grande parte delas é feminina —, que aponta tanto para
o cuidado pastoral como para a desenvoltura retórica do apóstolo. As expressões
“como a ama que cria seus filhos” (1 Ts 2.7), “como o pai a seus filhos” (2.11)
e “como as dores de parto àquela que está grávida” (5.3) apontam para esse uso
de imagens parentais nos capítulos de 1 Tessalonicenses.
Segundo essa autora, o uso de comparações familiares e de
cuidado — numa referência às imagens medicinais associadas à pregação do
evangelho — faz parte de um sofisticado arcabouço retórico-argumentativo do
apóstolo.
O comprometimento de Paulo com os tessalonicenses não era
uma questão burocrático-religiosa, mas, sim, uma relação de amor e cuidado para
com aquela jovem igreja que nascia; tal amor envolvia a doação de si para com
os outros sem constrangimento. Talvez, 1 Tessalonicenses 2.8 seja uma das afirmações
mais profundamente cheias de amabilidade que Paulo utiliza-se para referir-se a
uma comunidade local em sua tradição epistolar.
Não havia apenas uma preocupação humano-material com a
Igreja em Tessalônica, mas também um relacionamento de amor e cuidado mútuos de
tal nível, que Paulo sacrificou-se por aqueles irmãos, correu riscos de morte, esforçou-se
no nível de um esgotamento pessoal; contudo, não pensou em desistir em momento
algum.
Fonte:
A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses
para estes últimos Dias, CPAD
Autor: PR. Thiago Brazil