Observação. Este
artigo é um subsídio para ajudar os
professores na ministração da lição 7 – Classe de Jovens | 1° Trimestre de
2018.
1.
Os falsos religiosos transformaram o Templo em covil de ladrões (Mt 15.10-20)
A semana final da
vida de Jesus é crucial para entender a abrangência de seu ministério e a
purificação do Templo vai ser o principal condutor de Jesus até a cruz do
calvário. Neste episódio, a principal liderança se convence que tem que pará-lo
de uma vez, pois Ele estava mexendo com o centro da mercantilização da religião
judaica. Afinal Jesus “predissera que os anciãos, os chefes dos sacerdotes e
escribas, o Sinédrio (ver 2,4; 16,21; 21,23) o matariam (20,18). Ir para o
Templo significa confrontação com esta liderança”. (CARTER, 2002, p. 523)
Mais uma vez o relato da entrada de
Jesus no Templo difere entre os evangelhos sinóticos. Marcos o menor dos
evangelhos quando chega à última semana de Jesus dá uma atenção especial aos
detalhes dos eventos e as ações de Cristo, enquanto Lucas é mais resumido.
Marcos relata que Jesus chegou ao Templo e dá somente uma olhada ao redor e devido
o adiantar do horário e volta para Betânia para depois retornar, somente então realiza
a purificação do Templo. Para Mateus tudo acontece no mesmo dia. Certo que Jesus
se incomoda com o que vê no pátio do Templo, em especial o sistema de câmbio
que operacionalizava os “sacrifícios puros”. Bock afirma
que o sistema de cambista era uma inovação recente:
O que Ele
viu na área do Templo aparentemente era uma inovação recente. Cambistas operam nos pátios do Templo, no pátio dos gentios, para prover sacrifícios
puros e trocar dinheiro para o pagamento da taxa do Templo que devia ser paga
em shekels. A prática foi criada por conveniência. A Lei exigia sacrifícios puros
e uma taxa do Templo paga em moeda nacional. Estabelecer essa conveniência nos
pátios do Templo é o que Jesus acha mais censurável. Essa inovação se torna um
catalisador para a reação de Jesus. (BOCK, 2006, p. 300)
A prática dos cambistas
era uma
forma de exploração dos fiéis e beneficiava o sumo sacerdote, os sacerdotes e
suas famílias. No entanto, Bock (2006, p. 300) afirma que a ação de Jesus no
Templo “[…] foi fundamentalmente profética para por a nação em uma direção nova
e anunciar a chegada de um personagem central no programa de Deus”. A expectativa
era de que o Messias tomaria parte de uma adoração renovada no Templo, com base
na profecia de Zacarias 14.21. Jesus expulsa os cambistas do Templo e cita Isaias
56.7 e Jeremias 7.11 para reclamar a transformação do Templo em um lugar de corrupção,
um “covil de ladrões”. Carter afirma que a expulsão de todos os que vendiam e compravam
naquele local era comparado a um ato de exorcismo:
O ato de Jesus é, em
parte, um exorcismo.
(1) Uma conexão entre
o Diabo e o Templo e sugerida pelo local da segunda tentação no pináculo do
Templo (4,5-6).
(2) Os líderes
religiosos, uma aliança narrativa de sacerdotes, fariseus, escribas e saduceus
que aparecem em várias combinações em oposição a Jesus, previamente foram
demonizados pelos termos “mal” (6,13; 9,4; 12,34) e “tentar” (4,1.3; 16,1; 19,3;
22,18), que são usados pelo Diabo.
(3) Os chefes dos
sacerdotes, os oponentes de Jesus desde 2,4, são aliados com Herodes. O Diabo
reivindicou poder sobre todos os impérios do mundo (4,8) que coloca Herodes e
sua aliança com os chefes dos sacerdotes sob controle do Diabo.
(4) Os fariseus,
oponentes desde 3,7, com uma visão de estender a identidade sacerdotal (Ex
34,6) e o serviço de pureza do Templo para toda a vida, são declarados em
15,13-14 como não sendo do plantio de Deus. Na estrutura cósmica dualista do evangelho,
isso os associa com o Diabo. O verbo expulsar sugere que a elite religiosa e
seu lugar central estão sob o controle do Diabo, contra os propósitos de Deus.
(CARTER, 2002, p. 524)
Além de expulsar os
cambistas, Jesus derruba as mesas deles.
A vivacidade potencialmente
explosiva dessa atitude no sentido físico levaria a liderança do Templo, que
fazia parte do “covil de ladrões”, a tomar uma atitude mais radical. Como
afirma Bock (2006, p. 301): “[…] a última coisa que a liderança precisava era
uma figura ‘profética’ popular para desafiá-los”. Com o ataque ao centro da
mercantilização da religião judaica, na casa dos maiorais religiosos, estava
previamente decretada a morte de Jesus.
2.
Os falsos religiosos querem calar o louvor genuíno e perfeito (Mt 21.15,16).
14-17)
Para acentuar ainda
mais a ira dos líderes do Templo, enquanto tudo isso estava acontecendo, se
aproxima de Jesus alguns cegos e coxos em busca de cura. Jesus os cura dentro
do Templo. Considerando que os cegos e coxos eram tidos por alguns como indignos
de oferecerem sacrifícios no Templo (Lv 21.16-24), a cura de Jesus se torna ainda
mais significativas.
Em 2 Samuel 5.8 registra um fato em que os cegos e coxos
são excluídos da cidade de Davi. Segundo Carter (2002, p. 525), “[…] dada a
ligação assumida de pecado e doença (ver 4,23-25; 9,1-8), a cura de Jesus
significa o perdão, a misericórdia de Deus (9,13; 12,7) e a presença disponível
nele, o novo Templo. Este é o último ato de cura do evangelho (cf. 20,29-34)”.
2.1 A adoração das crianças
Como se não bastasse
isso, algumas crianças começam a adorar Jesus clamando: “Hosana ao Filho de
Davi”. Isso foi o cúmulo para a liderança do Templo. Eles advertem Jesus com o
questionamento: “ouves o que estes dizem?” Uma forma de dizer que as crianças
estavam blasfemando dentro do Templo sagrado. Todavia, para a surpresa deles,
Jesus responde de forma positiva e cita o Salmo 8.2 “[…] nunca lestes: Pela
boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” Fazendo
uma releitura como se o salmo tivesse sido escrito para aquele momento.
O contraste era muito
forte. De um lado estavam os cambistas e líderes do Templo que estavam
comercializando a religião, os falsos religiosos. Do outro lado, estavam as crianças
oferecendo o perfeito louvor pela libertação dos necessitados. Os líderes ficam
inquietos, enquanto o clima na multidão é de um sentimento de momento messiânico.
Os líderes incentivavam o sacrifício e a adoração que era rejeitada por Deus e
rejeitavam a adoração genuína e perfeita, que era agradável a Deus. Fica bem
claro a falsa religiosidade de quem deveria ser um exemplo para o povo.
Atenção!
Fonte:
Seu Reino não Terá Fim – PR. Natalino Das Neves