Este artigo é um auxílio para os
professores da classe de Jovens.
Lições
Bíblicas 1° Trimestre de 2018, Jovens Professor – CPAD
TÍTULO:
Seu Reino não Terá Fim
Subtítulo:
Vida e obra de Jesus seguindo o Evangelho de Mateus
SUBSÍDIO I
O CONCEITO DE DISCÍPULO NA BÍBLIA
A palavra gr. muthetes empregada para discípulo é usada
aproximadamente 270 vezes nos Evangelhos e no livro de Atos.
Ela denota um pupilo que se
submete aos processos de aprendizado sob a responsabilidade de um professor.
Esta palavra grega entrou nas línguas inglesa e portuguesa como o termo matemática
(em inglês mathematics), que
significa literalmente, “disposto a aprender.
Na prosa ática, notadamente
em Platão, ela faz alusão ao estudante treinado por um filósofo ou orador retórico.
O CONCEITO DE DISCÍPULO NO ANTIGO
TESTAMENTO
O conceito prevaleceu
no AT e é exemplificado pelos “filhos dos profetas”, que foram os aprendizes
que mais tarde substituíram Samuel, Elias e Eliseu. Algo semelhante ocorre mais
tarde, no caso de Paulo, que foi “criado... aos pés de Gamalíel”.
O CONCEITO DE DISCÍPULO NO NOVO TESTAMENTO
No NT, o termo é
usado como uma alusão aos discípulos de João Batista (Mt 9.14), dos fariseus (Mc
2.18) e de Moisés, indicando os adeptos contemporâneos de seus ensinos (Jo
9.28).
Nas epístolas, o
termo mimetes,
“seguidor”, “imitador”, ocorre em exortações para seguir o modelo de vida
proposto por Deus (Ef 5.1), descreve o escritor como um apóstolo (1 Co 4.16; 11.1;
Fp 3.17; 2 Ts 3,7,9), e se refere ainda a outros crentes (Hb6.12; 13.7).
VEJA EXEMPLO.
Em um sentido amplo, Jesus
usou a palavra “discípulo" como descrição de todos os seus seguidores
vindo sob a influência de seu ensino, esforçando-se para conformar-se aos seus
princípios. Lucas refere-se a “toda a multidão dos discípulos” (19.37). Em Atos
6.2, ele declara que os Doze convocaram a multidão dos discípulos. Jesus disse:
“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus
discípulos” (Jo 8.31),
Os discípulos de Jesus
naqueles dias, e sempre, são aqueles que respondem ao seu convite, “Aprendei de
mim” (Mt 11.29).
Em
um sentido restrito, discípulo (também apóstolo) aplica-se
ao círculo interno dos Doze, chamados em meio a um grupo maior para que pudessem
estar com Cristo, ouvi-o expor os mistérios do reino que foram reservados para
um grupo seleto, testemunhar e posteriormente operar sinais e maravilhas que
serviriam como uma autenticação, e proclamar o Evangelho ao mundo.
SUBSÍDIO II
Os dozes Discípulos de
Jesus
No começo do seu
ministério Jesus escolheu doze homens que o acompanhassem em suas viagens.
Teriam esses homens uma importante responsabilidade: Continuariam a
representá-lo depois de haver ele voltado para o céu.
A reputação deles
continuaria a influenciar a igreja muito depois de haverem morrido.
Por conseguinte, a
seleção dos Doze foi de grande responsabilidade. "Naqueles dias retirou-se para o monte a
fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os
seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de
apóstolo" (Lc 6.12-13).
A maioria dos
apóstolos era da região de Cafarnaum, desprezada pela sociedade judaica
refinada por ser o centro de uma parte do estado judaico e conhecida, em realidade,
como "Galiléia dos gentios". O próprio Jesus disse: "Tu,
Carfanaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao
inferno" (Mt 11.23). Não obstante,
Jesus fez desses doze homens líderes vigorosos e porta-vozes capaz de
transmitir com clareza a fé cristã. O sucesso que eles alcançaram dá testemunho
do poder transformador do Senhorio de Jesus.
Nenhum dos escritores
dos Evangelhos deixou-nos traços físicos dos doze. Dão-nos, contudo, minúsculas
pistas que nos ajudam a fazer "conjeturas razoáveis" sobre como
pareciam e atuavam.
Os doze apóstolos foram:
1) André;
2) Bartolomeu (Natanael);
3)
Tiago (Filho de Alfeu);
4)
Tiago (Filho de Zebedeu);
5)
João;
6)
Judas (não o iscariotes);
7)
Judas Iscariotes;
8)
Mateus;
9)
Filipe;
10)
Simão Pedro;
11)
Simão Zelote;
12)
Tomé;
13)
Matias (Substituindo a Judas)
Resumo sobre a vida dos
Apóstolos:
1) André
No dia seguinte
àquele em que João Batista viu o Espírito Santo descer sobre Jesus, ele o
apontou para dois de seus discípulos, e disse: "Eis o Cordeiro de
Deus" (Jo 1.36). Movidos de curiosidade, os dois deixaram João e começaram
a seguir a Jesus. Jesus notou a presença deles e perguntou-lhes o que buscavam.
Responderam: "Rabi, onde assistes?" Jesus levou-os a casa onde ele se
hospedava e passaram a noite com ele. Um desses homens chamava-se André (Jo 1.38-40). André foi logo à procura de seu irmão, Simão
Pedro, a quem disse: "Achamos o Messias..." (Jo 1.41). Por seu
testemunho, ele ganhou Pedro para o Senhor.
André é tradução do
grego Andreas, que significa "varonil". Outras pistas dos Evangelhos
indicam que André era fisicamente forte, e homem devoto e fiel. Ele e Pedro
eram donos de uma casa (Mc 1.29) Eram filhos de um homem chamado Jonas ou João,
um próspero pescador. Ambos os jovens haviam seguido o pai no negócio da pesca.
Eram Pescadores.
André nasceu em
Betsaida, nas praias do norte do mar da Galiléia. Embora o Evangelho de João
descreva o primeiro encontro dele com Jesus, não o menciona como discípulo até
muito mais tarde (Jo 6.8). O Evangelho de Mateus diz que quando Jesus caminha
junto ao mar da Galiléia, ele saudou a André e a Pedro e os convidou para se
tornarem discípulos (Mt 4.18,19). Isto não contradiz a narrativa de João;
simplesmente acrescenta um aspecto novo. Uma leitura atenta de João 1.35-40
mostra-nos que Jesus não chamou André e a Pedro para segui-lo quando se
encontraram pela primeira vez.
André e outro
discípulo chamado Filipe apresentaram a Jesus um grupo de gregos (Jo 12.20-22).
Por este motivo podemos dizer que eles foram os primeiros missionários
estrangeiros da fé cristã.
Diz à tradição que
André viveu seus últimos dias na Cítia, ao norte do mar negro. Mas um livreto
intitulado: Atos de André (provavelmente escrito por volta do ano 260 dC) diz
que ele pregou primariamente na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda,
que ele foi crucificado numa cruz em forma de "X", símbolo religioso
conhecido como Cruz de Sto André.
2) Bartolomeu (Natanael)
Falta-nos informação
sobre a identidade do Apóstolo chamado Bartolomeu. Ele só é mencionado na lista
dos apóstolos. Além do mais, enquanto os Evangelhos sinóticos concordam em que
seu nome era Bartolomeu, João o dá como Natanael (Jo 1.45). Creem alguns
estudiosos que Bartolomeu era o sobrenome de Natanael.
A palavra aramaica
bar significa "filho", por isso o nome Bartolomeu significa
literalmente, "filho de Talmai". A Bíblia não identifica quem foi
Talmai.
Supondo que
Bartolomeu e Natanael sejam a mesma pessoa, o Evangelho de João nos proporciona
várias informações acerca de sua personalidade. Jesus chamou Natanael de
"israelita em quem não há dolo" (Jo 1.47). Diz à tradição que ele
serviu como missionário na Índia e que foi crucificado de cabeça para baixo.
3) Tiago - Filho de Alfeu
Os Evangelhos fazem
apenas referências passageiras a Tiago, filho de Alfeu (Mt 10.3; Lc 6.15). Muitos
estudiosos creem que Tiago era irmão de Mateus, visto a Bíblia dizer que o pai
de Mateus também se chamava Alfeu (Mc 2.14).
Outros creem que este Tiago se identificava como "Tiago, o
Menor", mas não temos prova alguma
de que esses dois nomes se referiam ao mesmo homem (Mc 15.40). Se o filho de Alfeu era,
deveras, o mesmo homem Tiago, o Menor, talvez ele tenha sido primo de Jesus (Mt
27.56; Jo 19.25). Alguns comentaristas da Bíblia teorizam que este discípulo
trazia uma estreita semelhança física com Jesus, o que poderia explicar por que
Judas Iscariotes teve de identificar Jesus na noite em que foi traído. (Mc 14.43-45; Lc 22.47-48). Diz às lendas que ele pregou na Pérsia e aí
foi crucificado. Mas não há informações concretas sobre sua vida, ministério
posterior e morte.
4) Tiago - Filho de Zebedeu
Depois que Jesus
convocou a Simão Pedro e a seu irmão André, ele caminhou um pouco mais ao longo
da praia da Galiléia e convidou a "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu
irmão, que estavam no barco consertando as redes" (Mc 1.19). Tiago e seu irmão responderam
imediatamente ao chamado de Cristo. Ele foi o primeiro dos doze a sofrer a
morte de mártir. O rei Herodes Agripa I ordenou que ele fosse executado ao fio
da espada (At 12.2). A tradição diz que isto ocorreu no ano 44 d.C., quando ele
seria ainda bem moço.
Os Evangelhos nunca
mencionam Tiago sozinho; sempre falam de "Tiago e João". Até no
registro de sua morte, o livro de Atos refere-se a ele como "Tiago, irmão
de João" (At 12.2) Eles começaram a seguir a Jesus no mesmo dia, e ambos
estiveram presentes na Transfiguração (Mc 9.2-13). Jesus chamou a ambos de
"filhos do trovão" (Mc 3.17).
A perseguição que
tirou a vida de Tiago infundiu novo fervor entre os cristãos (At 12.5-25).
Herodes Agripa esperava sufocar o movimento cristão executando líderes como
Tiago. "Entretanto a Palavra do Senhor
crescia e se multiplicava" (At 12.24).
As tradições afirmam
que ele foi o primeiro missionário cristão na Espanha.
5) João
Felizmente, temos
considerável informação acerca do discípulo chamado João. Marcos diz-nos que
ele era irmão de Tiago, filho de Zebedeu (Mc 1.19). Diz também que Tiago e João
trabalhavam com "os empregados" de seu pai (Mc 1.20).
Alguns eruditos
especulam que a mãe de João era Salomé, que assistiu a crucificação de
Jesus (Mc 15.40). Se Salomé era irmã da
mãe de Jesus, como sugere o Evangelho de João (Jo 19.25), João pode ter sido
primo de Jesus.
Jesus encontrou a
João e a seu irmão Tiago consertando as redes junto ao mar da Galiléia.
João parece ter sido
um jovem impulsivo. Logo depois que ele e Tiago entraram para o círculo íntimo
dos discípulos de Jesus, o Mestre os apelidou de "filhos do trovão"
(Mc 3.17). Os discípulos pareciam relegar João a um lugar secundário em seu
grupo. Todos os Evangelhos mencionavam a João depois de seu irmão Tiago; na
maioria das vezes, parece, Tiago era o porta-voz dos dois irmãos. Paulo
menciona a João entre os apóstolos em Jerusalém, mas o faz colocando o seu nome
no fim da lista (Gl 2.9).
Muitas vezes João
deixou transparecer suas emoções nas conversas com Jesus. Certa ocasião ele
ficou transtornado porque alguém mais estava servindo em nome de Jesus. "E
nós lho proibimos", disse ele a Jesus, "porque não seguia
conosco" (Mc 9.38). Jesus replicou: "Não lho proibais... pois quem
não é contra a nós, é por nós" (Mc 9.39,40). Noutra ocasião, ambiciosos,
Tiago e João sugeriram que lhes fosse permitido assentar-se à esquerda e à
direita de Jesus na sua glória (Mc 10.35-41).
Mas a ousadia de João
foi-lhe vantajosa na hora da morte e da ressurreição de Jesus. Jo 18.15 diz que
João era “conhecido do sumo
sacerdote". Isto o tornaria
facilmente vulnerável à prisão quando os aguardas do sumo sacerdote prenderam a
Jesus. Não obstante, João foi o único apóstolo que se atreveu permanecer ao pé
da cruz, e Jesus entregou-lhe sua mãe aos seus cuidados (Jo 19.26-27). Ao
ouvirem os discípulos que o corpo de Jesus já não estava no túmulo, João correu
na frente dos outros e chegou primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que
Pedro entrasse antes dele na câmara de sepultamento (Jo 20.1-4,8).
Se João escreveu,
deveras, o quarto Evangelhos, as cartas de João e o Apocalipse, ele escreveu
mais texto do NT do que qualquer dos demais apóstolos. Não temos motivo para
duvidar de que esses livros não são de sua autoria.
Diz à tradição que
ele cuidou da mãe de Jesus enquanto
pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a
Roma e exilado
na Ilha de Patmos.
Acredita-se que ele viveu até avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso
para sepultamento.
6) Judas - Não o Iscariotes
João refere-se a um
dos discípulos como "Judas, não o Iscariotes" (Jo 14.22). Não é fácil
determinar a identidade desse homem.
O NT refere-se a
diversos homens com o nome de Judas - Judas Iscariotes; Judas, irmão de Jesus
(Mt 13.55; Mc 6.3); Judas, o Galileu (At 5.37) e Judas, não o Iscariotes.
Evidentemente, João desejava evitar confusão quando se referia a esse homem,
especialmente porque o outro discípulo chamado Judas não gozava de boa fama.
Mateus e Marcos
referem-se a esse homem como Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18). Lucas o menciona como
"Judas, filho de Tiago" (Lc 6.16; At 1.13).
Não sabemos ao certo
quem era o pai de Tadeu.
O Historiador Eusébio
diz que Jesus uma vez enviou esse discípulo ao rei Abgar da Mesopotâmia a fim
de orar pela sua cura. Segundo essa história, Judas foi a Abgar depois da
ascensão de Jesus, e permaneceu para pregar em várias cidades da Mesopotâmia. Diz outra tradição que esse discípulo foi
assassinado por mágicos na cidade de Suanir, na Pérsia. O mataram a pauladas e
pedradas.
7) Judas Iscariotes
Todos os Evangelhos
colocam Judas Iscariotes no fim da lista dos discípulos de Jesus. Sem dúvida
alguma isso reflete a má fama de Judas como traidor de Jesus.
A Palavra aramaica
Iscariotes literalmente significa "homem de Queriote". Queriote era
uma cidade próxima a Hebrom (Js 15.25). Contudo, João diz-nos que Judas era
filho de Simão (Jo 6.71). Se Judas era, de fato, natural desta cidade, dentre
os discípulos, ele era o único procedente da Judéia. Os habitantes da Judéia
desprezavam o povo da Galiléia como rudes colonizadores de fronteira. Essa
atitude pode ter alienado Judas Iscariotes dos demais discípulos.
Os Evangelhos não nos
dizem exatamente quando Jesus chamou Judas pra juntar-se ao grupo de seus
seguidores. Talvez tenha sido nos primeiros dias, quando Jesus chamou tantos
outros (Mt 4.18-22).
Judas funcionava como
tesoureiro dos discípulos, e pelo menos em uma ocasião ele manifestou uma
atitude sovina para com o trabalho. Foi quando uma mulher por nome Maria
derramou unguento precioso sobre os pés de Jesus. Judas reclamou: "Por que
não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres?"
(Jo 12.5). No versículo seguinte João comenta que Judas disse isto "não
porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão."
Enquanto os
discípulos participavam de sua última refeição com Jesus, o Senhor revelou
saber que estava prestes a ser traído e indicou Judas como o criminoso. Disse
ele a Judas: "O que pretendes fazer, faze-o depressa" (Jo 13.27).
Todavia, os demais discípulos não suspeitavam do que Judas estava prestes a
fazer. João relata que "como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns
que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa da Páscoa..."
(Jo13. 28-29).
Judas traiu o Senhor
Jesus, influenciado ou inspirado pelo maligno (Lc 22.3; Jo 13.27). Tocado pelo
remorso, Judas procurou devolver o dinheiro aos captores de Jesus e
enforcou-se. (Mt 27.5).
8) Mateus
Nos tempos de Jesus,
o governo romano coletava diversos impostos do povo palestino.
Pedágios para
transportar mercadorias por terra ou por mar eram recolhidos por coletores
particulares, os quais pagavam uma taxa ao governo romano pelo direito de
avaliar esses tributos. Os cobradores de impostos auferiam lucros cobrando um
imposto mais alto do que a lei permitia. Os coletores licenciados muitas vezes
contratavam oficiais de menor categoria, chamados de publicanos, para efetuar o
verdadeiro trabalho de coletar. Os publicanos recebiam seus próprios salários
cobrando uma fração a mais do que seu empregador exigia. O discípulo Mateus era
um desses publicanos; ele coletava pedágio na estrada entre Damasco e Aco; sua
tenda estava localizada fora da cidade de Cafarnaum, o que lhe dava a
oportunidade de, também, cobrar impostos dos pescadores.
Normalmente um
publicano cobrava 5% do preço da compra de artigos normais de comércio, e até
12,5% sobre artigos de luxo. Mateus cobrava impostos também dos pescadores que
trabalhavam no mar da Galiléia e dos barqueiros que traziam suas mercadorias
das cidades situadas no outro lado do lago.
Os judeus
consideravam impuro o dinheiro dos cobradores de impostos, por isso nunca
pediam troco.
Os judeus desprezavam os publicanos como
agentes do odiado império romano e do rei títere judeu. Não era permitido aos
publicanos prestar depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo de seu
dinheiro ao templo. Um bom judeu não se associaria com publicanos (Mt 9.10-13).
Mas os judeus
dividiam os cobradores de impostos em duas classes. A primeira era a dos gabbai, que lançavam impostos gerais
sobre a agricultura e arrecadavam do povo impostos de recenseamento.
O Segundo grupo
compunha-se dos mokhsa era judeus,
daí serem eles desprezados como traidores do seu próprio povo. Mateus pertencia
a esta classe.
O Evangelho de Mateus
diz-nos que Jesus se aproximou deste improvável discípulo quando ele esta
sentado em sua coletoria. Jesus simplesmente ordenou a Mateus:
"Segue-me!" Ele deixou o trabalho pra seguir o Mestre (Mt 9.9).
Evidentemente, Mateus
era um homem rico, porque ele deu um banquete em sua própria casa. "E
numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa" (Lc 5.29). O
simples fato de Mateus possuir casa própria indica que era mias rico do que o
publicano típico.
Por causa da natureza
de seu trabalho, temos certeza que Mateus sabia ler e escrever. Os documentos
de papiro, relacionados com impostos, datados de cerca de 100 d.C., indicam que
os publicanos eram muito eficientes em matéria de cálculos.
Mateus pode ter tido
algum grau de parentesco com o discípulo Tiago, visto que se diz de cada um
deles ser "filho de Alfeu" (Mt 10.3; Mc 2.14). Às vezes Lucas usa o
nome Levi para referir-se a Mateus (Lc 5.27-29). Daí alguns estudiosos crerem
que o nome de Mateus era Levi antes de se decidir-se a seguir a Jesus, e que
Jesus lhe deu um novo nome, que significa "dádiva de Deus". Outros
sugerem que Mateus era membro da tribo sacerdotal de Levi.
De todos os
evangelhos, o de Mateus tem sido provavelmente, o de maior influência. A
literatura cristã do segundo século faz mais citações do Evangelho de Mateus do
que de qualquer outro.
Os pais da igreja
colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do NT provavelmente por
causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus destaca a Jesus
como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era o Messias
prometido.
Não sabemos o que
aconteceu com Mateus depois do dia de Pentecostes. Uma informação fornecida por
John Foxe declara que ele passou seus últimos anos pregando na Pártia e na
Etiópia e que foi martirizado na cidade Nadabá em 60 d.C. Não podemos julgar se esta informação é digna
de confiança.
9) Filipe
O Evangelho de João é
o único a dar-nos qualquer informação pormenorizada acerca do discípulo chamado
Filipe. Jesus encontrou-se com ele pela primeira vez em Betânia, do outro lado
do Jordão (Jo 1.28). É interessante notar que Jesus chamou a Filipe
individualmente enquanto chamou a maioria dos outros em pares. Filipe
apresentou Natanael a Jesus (Jo 1.45-51), e Jesus também chamou a Natanael (ou
Bartolomeu) para segui-lo.
Ao se reunirem 5 mil
pessoas para ouvir a Jesus, Filipe perguntou ao Seu Senhor como alimentariam a
multidão. "Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço", disse ele
(Jo 6.7). Noutra ocasião, um grupo de gregos dirigiu-se a Filipe e pediu-lhe
que o apresentasse a Jesus. Filipe solicitou a ajuda de André e juntos levaram
os homens para conhecê-lo (Jo 12.20-22).
Enquanto os
discípulos tomavam a última refeição com Jesus, Filipe disse: "Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta" (Jo 14.8). Jesus respondeu que nele
eles já tinham visto o Pai.
Esses três breves
lampejos são tudo o que vemos acerca de Filipe. A igreja tem preservado muitas
tradições a respeito de seu último ministério e morte. Segundo algumas delas,
ele pregou na França; outras dizem que ele pregou no sul da Rússia, na Ásia Menor,
ou até na Índia. Nada de concreto.
10) Simão Pedro
Era um homem de
contrastes. Em Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou: "Mas vós, quem dizeis
que eu sou?" Ele respondeu de imediato: "Tu és o Cristo, o filho do
Deus vivo" (Mt 16.15-16). Alguns versículos adiante, lemos: "E Pedro
chamando-o à parte, começou a reprová-lo..." Era característico de Pedro
passar de um extremo ao outro.
Ao tentar Jesus
lavar-lhe os pés no cenáculo, o imoderado discípulo exclamou: "Nunca me
lavarás os pés." Jesus, porém, insistiu e Pedro disse: "Senhor, não
somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça" (Jo 13.8,9).
Na última noite que
passaram juntos, ele disse a Jesus: "Ainda que todos se escandalizem, eu
jamais!" (Mc 14.29). Entretanto, dentro de poucas horas, ele não somente
negou a Jesus, mas praguejou (Mc 14.71).
Este temperamento
volátil, imprevisível, muitas vezes deixou Pedro em dificuldades. Mas, o ES o
moldaria num líder, dinâmico, da igreja primitiva, um "homem-rocha"
(Pedro significa "rocha") em todo o sentido.
Os escritores do NT usaram quatro nomes diferentes com
referência a Pedro.
Um é o nome hebraico
Simeon (At 15.14), que pode significar "ouvir".
O Segundo era Simão,
a forma grega de Simeon. O terceiro nome era Cefas palavra aramaica que
significa "rocha".
O quarto nome era
Pedro, palavra grega que significa "Pedra" ou "rocha"; os
escritores do NT se referem ao discípulo com estes nomes mais vezes do que os
outros três.
Quando Jesus
encontrou este homem pela primeira vez, ele disse: "Tu és Simão, o filho
de João; tu serás chamado Cefas" (Jo 1.42). Pedro e seu irmão André eram
pescadores no mar da Galiléia (Mt
4.18; Mc 1.16). Ele falava com sotaque galileu, e seus maneirismos
identificavam-no como um nativo inculto da fronteira da galiléia (Mc 14.70).
Foi levado a Jesus pelo seu irmão André. (Jo 1.40-42).
Enquanto Jesus pendia
na cruz, Pedro estava provavelmente entre o grupo da Galiléia que
"permaneceram a contemplar de longe estas coisas" (Lc 23.49). Em 1Pe
5.1, ele escreveu: "...eu, presbítero como eles, e testemunha dos
sofrimentos de Cristo..."
Pedro encabeça a
lista dos apóstolo em cada um dos relatos dos Evangelhos, o que sugere que os
escritores do NT o consideravam o mais importante dos doze. Ele não escreveu
tanto como João ou Mateus, mas emergiu como o
líder mais influente da igreja primitiva. Embora 120 seguidores de Jesus
tenha recebido o Espírito Santo no dia do Pentecostes, a Bíblia registra as
palavras de Pedro (At 2.14-40). Ele sugeriu que os apóstolos procurassem um
substituto para Judas Iscariotes (At 1.22). Ele e João foram os primeiros a
realizar um milagre depois do Pentecostes, curando um paralítico na Porta
Formosa (At 3.1-11).
O livro de Atos
acentua as viagens de Paulo, mas Pedro também viajou extensamente. Ele visitou
Antioquia (Gl 2.11), Corinto (2Co 1.12) e talvez Roma.
Pedro sentiu-se livre
para servir aos gentios (At 10), mas ele é mais bem conhecido como o apóstolo
dos judeus (Gl 2.8). À medida que Paulo assumir um papel mais ativo na obra da
igreja e à medida que os judeus se
tornavam mais hostis ao Cristianismo, Pedro foi relegado a segundo plano na
narrativa do NT.
A tradição diz que a
Basílica de São Pedro em Roma está edificada sobre o local onde ele foi
sepultado. Escavações modernas sob a antiga igreja exibem um cemitério romano
muito antigo e alguns túmulos usados apressadamente para sepultamentos
cristãos. Uma leitura cuidadosa dos Evangelhos e do primitivo segmento de Atos
tenderia a apoiar a tradição de que Pedro foi figura preeminente da igreja
primitiva.
11) Simão Zelote
Mateus refere-se a um
discípulo chamado "Simão, o
Cananeu", enquanto Lucas e o livro de Atos referem-se a
"Simão, o Zelote". Esses nomes referem-se à mesma pessoa. Zelote é
uma palavra grega que significa "zeloso"; "cananeu" é
transliteração da palavra aramaica kanna'ah, que também significa "zeloso";
parece, pois, que este discípulo pertencia à seita judaica conhecida como
zelotes.
A Bíblia não indica
quando Simão foi convidado para unir-se aos apóstolos. Diz à tradição que Jesus
o chamou ao mesmo tempo em que chamou André e Pedro, Tiago e João, Judas
Iscariotes e Tadeu (Mt 4.18-22).
Temos diversos
relatos conflitantes acerca do ministério posterior deste homem e não é possível
chegar a uma conclusão.
12) Tomé
O Evangelho de João
dá-nos um quadro mais completo do discípulo chamado Tomé do que o que recebemos
dos Sinóticos ou do livro de Atos. João diz-nos que ele também era chamado
Dídimo (Jo 20.24). A palavra grega para "gêmeos" assim como a palavra
hebraica t'hom significa "gêmeo". A Vulgata Latina empregava
Dídimo como nome próprio.
Não sabemos quem pode
ter sido Tomé, nem sabemos coisa alguma a respeito do passado de sua família ou
de como ele foi convidado para unir-se ao Senhor.
Sabemos, contudo, que
ele juntou-se a seis outros discípulos que voltaram aos barcos de pesca depois
que Jesus foi crucificado (Jo 21.2-3). Isso sugere que ele pode ter aprendido a
profissão de pescador quando jovem.
Diz à tradição que
Tomé finalmente tornou-se missionário na Índia. Afirma-se que ele foi
martirizado ali e sepultado em Mylapore, hoje subúrbio de Madrasta. Seu nome é
lembrado pelo próprio título da igreja Martoma ou "Mestre Tome".
13) Matias - Substituto
de Judas Iscariotes
Após a morte de
Judas, Pedro propôs que os discípulos escolhessem alguém para substituir o
traidor. O discurso de Pedro esboçava certas qualificações para o novo apóstolo
(At 1.15-22). O apóstolo tinha de conhecer a Jesus "começando no batismo
de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas". Tinha de ser
também, "testemunha conosco de sua ressurreição" (At 1.22).
Os apóstolos
encontraram dois homens que satisfaziam as qualificações: José, cognominado
Justo, e Matias (At 1.23). Lançaram sortes para decidir a questão e a sorte
recaiu sobre Matias.
O nome Matias é uma
variante do hebraico Matatias, que significa "dom de Deus".
Infelizmente, a Bíblia nada diz a respeito do ministério de Matias.
Atenção!
Referências Bibliográficas:
1) Dicionário Wycliffe – CPAD
2) Acervo Teológico Escola Bíblica ECB