Obs. Este
artigo é parte do subsídio para a lição bíblica da classe de Adultos.
Em Cristo, Deus ofereceu salvação a todo o mundo. O Evangelho
contempla a todos e a ninguém exclui: “Porque
a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt
2.11). Por conseguinte, a salvação está disponível a todos os que creem (Jo
3.15,16). Sim, todos nós, sem exceção, podemos ser salvos através dos méritos
de Jesus Cristo, pois todos nós fomos criados à imagem de Deus.
A ABRANGÊNCIA UNIVERSAL DA SALVAÇÃO
1. A salvação é para o
mundo inteiro.
Através do sacrifício perfeito de Cristo, todos os habitantes da terra
foram representados, e os seus pecados foram potencialmente perdoados. Cristo
'é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas
ainda pelos do mundo inteiro' (1Jo 2.2).
Assim como o pecado tornou-se universal, a justificação destina-se a
todos quantos queiram ser salvos (Tt 2.11). A expressão "para que todo
aquele que nele crê não pereça" (Jo 3.16) abrange a todos,
indistintamente. Todos os que se arrependem de seus pecados e creem em Jesus
como Salvador não perecerão, mas terão a vida eterna. Esta "multiforme graça"
alcança de igual modo todas as pessoas de todas as raças, culturas, níveis
sociais, idades e circunstâncias (Jo 6.37).
2. A salvação é para os
que creem.
Apesar de Cristo haver morrido pelos pecados do mundo inteiro, há um
sentido em que a expiação é uma provisão divina feita especialmente por aqueles
que creem. Paulo apresenta Jesus Cristo como o 'Salvador de todos os homens,
especialmente dos fiéis' (1Tm 4.10). Deste modo, apesar de a salvação estar à
disposição de toda a humanidade, de forma experimental ela se aplica
exclusivamente àqueles que creem.
3. Deus é misericordioso
para aceitar a qualquer um que se arrependa de seus pecados.
A preservação da vida de Raabe e sua família (Hb 11.31); a bênção
sobre a vida de Rute (Rt 4.13-22); e a cura de Naamã (2 Rs 5.1-14), são apenas
alguns exemplos de que Deus é Senhor e abençoador de todos. Ele quer salvar a
todos (Tt 2.11; Mt 11.28; Jo 6.37; Ef 4.6). O profeta Jonas testificou que Deus
é misericordioso para aceitar a qualquer um que se arrependa de seus pecados
(Jn 4.2). O Evangelho de João 1.12 confirma este propósito de Deus: salvar a
todos (Jo 1.12). Jesus também o declarou (Jo 3.17; 5.24). Infelizmente, muitos
são os que rejeitam o convite da graça de Deus e acabam por desprezar a Cristo,
acarretando sobre si à ira divina. “A Bíblia dá a entender que muitos daqueles
pelos quais Cristo morreu, aceitarão a sua provisão salvadora, mas depois
abandonarão, perdendo com isto o direito à vida eterna [...].”
O ALCANCE DA OBRA EXPIATÓRIA DE JESUS
1. Definindo expiação.
Uma das expressões mais importantes para se referir à salvação é a
palavra expiação, traduzida a partir
do termo hebraico kaphar.
Literalmente, kaphar significa
“cobrir,”, mas ele também carrega consigo um sentido mais amplo de “expiação,”
“perdoar,” “lavar,” “aplacar,” ou “cancelar.”
Cremos que Deus aceitou a morte de seu Filho Jesus Cristo como
expiação pelos nossos pecados: “mas este,
havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre
à destra de Deus” (Hb 10.12); “levando
ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para
os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes
sarados” (1 Pe 2.24).
O termo “expiação” ou o verbo “expiar” refere-se a sacrifício para
purificação e perdão dos pecados, mas o significado primário dessa palavra é
“cobrir”, cuja ideia é de cobrir com sangue: “porquanto é o sangue que fará
expiação pela alma” (Lv 17.11). Esse ritual está no sistema mosaico: “assim, o
sacerdote por ela fará expiação dos seus pecados, que pecou, e lhe será
perdoado o pecado” (Lv 4.35). Enquanto princípio, é reafirmado no Novo
Testamento: “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9.22).
A vítima do sacrifício foi Ele mesmo: “o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo” (Jo 1.29); e não um animal, pois o sangue de animais não era
suficiente para pagar tão alto preço. Por isso, Jesus submeteu-se a si mesmo
como sacrifício fazendo expiação com o seu próprio sangue (Hb 9.11-14) por
todos os seres humanos: “para que, pela graça de Deus, provasse a morte por
todo homem” (Hb 2.9 – ARA).
2. O alcance da expiação.
A Bíblia fale por si: "No dia seguinte, João viu a Jesus, que
vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". "Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por ele"; "E diziam à mulher: Já não é
pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos
que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo" (Jo 1.29;
3.16,17; 9.42).
"Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os
homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para
justificação de vida" (Rm 5.18).
"Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que,
se um morreu por todos, logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si,
mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5.14,15).
"O qual se deu a si mesmo
em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo";
"Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que
é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis" (1 Tm 2.6;
4.10).
"E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos, mas também pelos de todo o mundo"
(1 Jo 2.2).
3. Expiação Sacrifical
(Substitutiva).
Fica muito claro, nas diversas passagens que tratam da expiação, o
fato dela ser substitutiva: Para nos redimir do pecado, Cristo foi castigado e
morreu em nosso lugar pelos nossos pecados, a fim de que fôssemos deles
libertos. Considere agora os sólidos argumentos a favor da expiação
substitutiva.
Primeiro, a justiça absoluta de Deus exige um substituto perfeito em nosso
lugar, já que não pode simplesmente passar por cima dos nossos pecados. Como já
observamos, Deus é demasiadamente santo e não suporta nem olhar para o pecado
de forma benevolente (Hc 1.13). Deus é essencialmente justo e não pode ser
indiferente, já que Ele é imutável por natureza.
Segundo, a nossa depravação total exigia que um substituto perfeito fosse
apresentado para os nossos pecados, pois nada que façamos por nós mesmos será
capaz de atingir o padrão exigido por Deus: “Ora, nós sabemos que tudo o que a
lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e
todo o mundo seja condenável diante de Deus” (Rm 3.19). A única maneira pela
qual podemos entrar na presença eterna de um Deus santo e imutável é por meio
do sacrifício substitutivo da perfeição humana: pelo homem chamado Cristo
Jesus.
Terceiro, Isaías 53.5,6, por intermédio de várias expressões, fala
explicitamente acerca do sofrimento substitutivo:
Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas
pisaduras, fomos sarados. O SENHOR fez cair sobre ele à iniquidade de nós
todos.
O ato de Cristo foi executado “pelas nossas transgressões,” e o
castigo pelos nossos pecados estava “sobre ele” — o que representa uma expiação
substitutiva.
Jesus afirmou ser Ele mesmo o cumprimento de Isaías 53, que é uma
descrição de um sacrifício substitutivo. Ele disse: “Porquanto vos digo que
importa que em mim se cumpra aquilo que está escrito: E com os malfeitores foi
contado. Porque o que está escrito de mim terá cumprimento” (Lc 22.37).
Quarto, Jesus foi apresentado como o Cordeiro Pascal, um sacrifício
substitutivo. Da mesma forma que o Cordeiro Pascal veterotestamentário era
sacrificado pelos pecados do povo, Jesus, a “nossa páscoa”, foi “sacrificado
por nós” (1 Co 5.7). João Batista declarou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo.” (Jo 1.29).
Quinto, a expiação (ou propiciação pelos nossos pecados — Almeida e NVI),
utilizada com referência à morte de Cristo, implica um sacrifício substitutivo.
Por exemplo, em 1Jo 2.2 lemos: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados e
não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” Esta passagem
faria pouco sentido se Cristo não tivesse entregado a sua vida ilibada em
substituição pelos nossos pecados.
A SALVAÇÃO PARA TODO O MUNDO
O ensino arminiano é como segue: A vontade de Deus é que todos os
homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos. (1 Tm 2.4-6; Hb 2.9; 2 Co
5.14; Tito 2.11,12.) Com essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora
a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas
obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher
aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la.
1. A todos é oferecida a
salvação.
A todos é livremente oferecida a salvação por meio de Cristo
"Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu
sou Deus, e não há outro"; "Ó vós
todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro,
vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e
leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso
trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é
bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os ouvidos e vinde a
mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um concerto perpétuo,
dando-vos as firmes beneficências de Davi" (Is 45.22; 55.1-3).
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei”. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu
jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11.28-30).
"E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e
clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que
venha a mim e beba" (Jo 7.37).
"E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome
de graça da água da vida" (Ap 3.20; 22.17).
2. Salvar a todos é o
desejo de Deus.
O fato de que Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade (1Tm 2.4-6) não significa que todos serão salvos - a
Bíblia afirma que muitas pessoas rejeitarão a Cristo (Mt 25.31-46; Jo 12.44-50;
Hb 10.26-29). Mas o desejo de Deus é que todas as pessoas sejam salvas, e Ele
forneceu, em Cristo, o caminho para a salvação. Em 1 Timóteo 4.10, está dito
que a garantia da salvação se aplica somente àqueles que recebem o Evangelho.
Paulo não estava ensinando aqui sobre a escolha, mas sim mostrando a intenção
de Deus de que o Evangelho vá a todas as pessoas.