Trimestre: 2° de 2017
Revista: do Professor
Data da Lição: 21/05/2017
Comentarista: César Moisés
Carvalho
TEXTO DO DIA
'Sede, pois, misericordiosos, como
também vosso Pai é misericordioso." (Lc 6.36)
SÍNTESE
A nossa natural disposição em sentenciar
as pessoas, coloca-nos em uma posição que não nos cabe.
AGENDA DE LEITURA
•
SEGUNDA - Mc 4. 24: O ónus do julgamento
•
TERÇA - Lc 6.37: Não julgueis e não sereis julgados
•
QUARTA - Lc 6.38: Com a medida que medirmos, seremos igualmente
medidos
•
QUINTA – Lc 6.41: O argueiro e a trave
•
SEXTA - Lc 6.42: Antes de reparar o argueiro, tire a
trave da sua frente
•
SÁBADO - Lc 6.36: A melhor recomendação
OBJETIVOS
• CRITICAR a autossuficiência da postura de juiz, tanto em
si, quanto nos outros;
• CULTIVAR o bom costume de autoavaliar-se, auto-corrigir-se e também ajudar
aos outros;
• BUSCAR o discernimento a fim de conduzir-se sabiamente durante toda a
vida.
INTERAÇÃO
Em 1Coríntios 11.31,32 o apóstolo Paulo diz que
"se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seriamos julgados. Mas quando
somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com
o mundo". Este texto utilizado, tradicionalmente, em reuniões de
celebração da Ceia revela uma grande verdade. Se cada um de nós exercesse
sobre, e acerca de si, um autoexame perfeito, não haveria o perigo de sermos
julgados. Contudo, devido ao fato de não sermos perfeitos, terminamos não nos
avaliando corretamente, ou seja, fazemos isto de forma desequilibrada, sendo,
muito vezes, autoindulgentes ou severos demais. Entretanto, quando somos
avaliados pelo Senhor, acabamos corrigidos para o nosso bem, para não sermos
condenados com o mundo. Na realidade, como diz a Palavra de Deus, "Quando
somos corrigidos, isso no momento nos parece motivo de tristeza e não de
alegria. Porém, mais tarde, os que foram corrigidos recebem como recompensa uma
vida correia e de paz" (Hb 12.11. ARA).
A fim de
contribuir para um melhor entendimento acerca das três posturas e/ou práticas a serem estudadas
nesta Lição, apresente a seguinte atividade: Solicite aos alunos que se dividam
em três grupos. Um grupo representará a pratica do julgamento, o outro a da
capacidade de autoavaliação e o último, a do discernimento. A ideia é que cada
grupo apresente, ao menos, dez palavras relacionadas a cada uma das práticas
para posteriormente compará-las com as expressões das demais.
Exemplo:
JULGAR AUTOAVALIAR DISCERNIR
|
||
Sentenciar
|
Enxergar-se
|
Conhecer
|
Condenar
|
Reconhecer-se
|
Distinguir
|
Poder
|
Corrigir-se
|
Decidir
|
O objetivo é que ao comparar as expressões, os alunos compreendam não apenas
a diferença entre elas, mas o lugar de cada Monte, só a Deus cabe o julgamento,
pois Ele é o único capaz de julgar perfeitamente e sentenciar. Nosso papel é
"julgarmos" a nós mesmos, isto é, nos autoavaliarmos e discernirmos
todas as coisas para que possamos agir com sabedoria.
TEXTO BÍBLICO
Mateus
7.1-6
1 NÃO julgueis, para que
não sejais julgados.
2 Porque com o juízo com
que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão
de medir a vós.
3 E por que reparas tu
no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu
olho?
4 Ou como dirás a teu
irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
5 Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do
teu irmão.
6 Não deis aos cães as
coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as
pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.
INTRODUÇÃO
A vida em comunidade é
fascinante. Não podemos existir saudavelmente vivendo em isolamento. Contudo, o
viver em sociedade tem os seus desafios. Um dos principais diz respeito ao
relacionamento interpessoal. Na convivência surgem rusgas, discordâncias e até
ofensas. Apesar de essas praticas não serem positivas e cristãs, muitas vezes
são inevitáveis. A Bíblia, porém, nos ensina a tratar de tais conflitos para
que eles não se tornem raízes de amargura e, com isso, venham contaminar a
muitos (Hb 12.15). Outro fator perigoso é que discordâncias podem formar grupos
e nestes as pessoas se transformam em juízes (1Co 3.1-8; Rm 14.1-12), postura
altamente reprovável pelo Senhor, conforme iremos aprender nesta aula (Mt
7.1-5). Não podemos esquecer de que o ensinamento desse texto dirige-se aos
discípulos, portanto, aos filhos do Reino de ontem e de hoje.
I - JULGANDO O PRÓXIMO OU OCUPANDO O LUGAR DE
DEUS
1. Não podemos Julgar.
O texto é claro e não
permite outras interpretações. O Mestre é enfático: "Não julgueis"
(v.1). Como pessoas de uma sociedade estratificada, ou seja, dividida em
partidos e grupos, tanto políticos quanto religiosos, era atitude corriqueira
entre eles a disputa pela "verdade" (Mt 23.15,23; Mc 3.18; Lc 718;
20,1; Jo 12,20-22; At 5.36,37). Cada facção reivindicava a posse da verdade e
assim punha-se a julgar as demais pessoas ou grupos. Na realidade, os discípulos
foram forjados nessa sociedade e, mesmo depois de estarem com o Mestre, eles
ainda disputavam entre si (Mc 9.33,34; Lc 9.46). Quem entra em uma disputa não
o faz sem intenção de ganhar e, para isso, lança mão de todos os tipos de
artifícios e argumentos para que o seu ponto de vista prevaleça. Ao final, o
comportamento é o de alguém que se acha capaz de julgar as demais pessoas,
tendo a si mesmo como base e referência. Infelizmente, quem se acostuma com
essa prática, faz do costume de julgar os outros seu estilo de vida.
2. A consequência para quem se comporta como juiz.
O Mestre adverte que o
discípulo não deve julgar para que não venha a ser julgado (v.1). Ele desdobra
o seu ensino e mostra a consequência, ou o resultado, do exercício do
julgamento por parte de quem se acha capaz de julgar, dizendo que da mesma
forma que a pessoa julga, ela será julgada, e que a medida utilizada para medir
será também a mesma com que ela também será medida (v.2).
A pergunta inevitável é: Se tal for feito, qual será o destino de todos?
Se não falhamos em uma
área da vida em que alguém sempre tropeça, por outro lado temos defeitos que,
às vezes, nos passam despercebidos, mas que prejudicam outras pessoas do nosso
convívio (SI 19.12). Entretanto, esse "nível de julgamento" ainda é
simples diante do que o Senhor está advertindo a que não se faça (Mt 18.15-35).
3. Por que não podemos julgar?
A Bíblia de Estudo
Palavras-Chave, em seu Dicionário do Novo Testamento, afirma que o verbo krinõ, traduzido no versículo primeiro
como "julgar", significa "propriamente distinguir", ou
seja, "decidir (mentalmente ou judicialmente)" e, sendo assim,
"julgar, condenar, punir: — vingar, concluir, condenar, maldizer,
decretar, determinar, estimar, julgar, recorrer a Lei, ordenar, questionar,
sentenciar a, pensar". Considerando os versículos posteriores, não seria
forçado dizer que a expressão tem um sentido de julgar com o objetivo de
"sentenciar", isto é, condenar e proferir um castigo à altura.
Ocorre, porém, que nesse sentido, o julgamento só cabe a Deus, que conhece
perfeitamente a tudo. Nem mesmo o Mestre colocou-se nessa condição (Lc 12.14;
Jo 12.47,48). Assim, os discípulos, ao menos agora, não devem sentenciar a
ninguém, pois não têm prerrogativa para tal. Quanto ao exercício do julgamento
futuro, tanto Jesus, como os salvos, no dia determinado pelo Pai, deverão
exercê-lo (Jo 5.22,23; 1Co 6.2,3).
Pense!
Qual seria o seu destino
se as pessoas exercessem um juízo sobre sua vida da mesma maneira que você
exerce sobre a vida dos outros?
Ponto Importante
Não tendo possibilidade
de conhecer os motivos — que vão além das atitudes —, não cabe a nós
sentenciarmos ninguém.
II - AUTOAVALIAÇÃO, AUTOCORREÇÃO E O AUXÍLIO A
TERCEIROS
1. A disposição natural para corrigir aos outros.
Pensando na
possibilidade de exercer um juízo de correção, portanto, de menor alcance sobre
as pessoas, o discípulo, como ser humano em transformação, é tentado a observar
a conduta alheia e apontar o erro do próximo sob a desculpa de estar sendo
cuidadoso (v.3).
A este comportamento, o
Senhor Jesus interpõe uma observação fundamental: Se a pessoa tem capacidade
para enxergar um pequeno "cisco" no olho de alguém, é estranho que
não verifique que há uma tábua na frente dos seus próprios olhos! Quem tem capacidade
para observar pequenos detalhes nos outros, precisa exercer o mesmo rigor
consigo mesmo. Nessa mesma linha é que Jesus faz duas censuras ao comportamento
dos que se achavam justos aos seus próprios olhos, mas não
"conseguiam" ver os sinais que Ele fazia como sendo provenientes de
Deus (Lc 12.54-57; Jo 7.19-24). Somos ávidos para corrigir e avaliar os outros,
mas lentos e parcimoniosos quando se trata de ver os próprios erros e
corrigi-los da mesma forma.
2. Autoavaliação.
Quem é competente para
perceber um pequeno defeito nos demais, deve ser suficientemente capaz para
perceber os seus grandes erros e mudar de atitude (v.4). Se essa não for a
postura, torna-se impossível corrigir alguém. Na verdade, querer consertar os
outros antes de fazer o mesmo consigo é hipocrisia (Rm 2.1-16). Mesmo porque, a
correção alheia não redime os meus defeitos e pecados.
3. Autocorreção e auxílio ao próximo.
A instrução do Mestre é
clara quanto ao comportamento de quem quer corrigir aos outros no intuito de
"ajudá-los": Tirar a trave, ou seja, remover os seus graves desvios e
se autocorrigir. Só assim estará apto a auxiliar o próximo na remoção do
"cisco do olho" (v.5). Vale lembrar que, posteriormente, Jesus instrui
acerca da correção ao próximo, isto é, como ela deve ser feita e as reais
motivações que devem levar alguém a fazê-lo (Mt 18.15-17).
Pense!
Ponto Importante
Viver em comunidade
significa disposição para se autocorrigir e assim estar apto a auxiliar os
outros a também fazer o mesmo.
Ill - A NECESSIDADE DE DISCERNIMENTO
1. Discernir é preciso.
O versículo seis
demonstra claramente que o ensino do Mestre acerca de ‘Julgar’ nos versículos
anteriores não se refere ao indispensável exercício do discernimento nem da autoavaliação.
É necessário e urgente que se faça. Todavia, é preciso que isso se dê de forma
consciente, inclusive, dos nossos próprios erros e do valor das coisas
sagradas.
2. Cães e porcos.
Os destinatários da
justiça do Reino são os discípulos. Como eles são judeus, sabem claramente o
que essa palavra quer dizer ao utilizar a figura de dois animais imundos, ou
cujo comportamento remete à imundície (Lv 11.7; 2 Pe 2.22).
3. Coisas santas e pérolas.
Novamente não é possível
entender o ensinamento do Mestre se não tivermos em mente o fato de que Ele se
dirige a uma audiência imediata composta por judeus. "Coisas
sagradas" lembram claramente o sacrifício destinado á expiação da culpa
que era propriedade de Deus e do sacerdote, portanto, sagrado (Lv 75-38).
Quanto às pérolas, Lembra-nos o que o Senhor faLou em Mateus 1345,46. Como os
cachorros são animais carnívoros, a carne do sacrifício Lhes era certamente
atrativa, mas nem isso os impediam de satisfazerem-se e, depois de
empanzinados, voltarem-se contra quem Lhes ofereceu. É importante Lembrar que o
cachorro não era um animal de estimação como se vê nos dias de hoje.
A respeito dos porcos, a ideia é simples: Em um chiqueiro do
mundo antigo, e até mesmo em época mais recente, a comida dos porcos consistia
de restos e sobras, muitas vezes estragados. Pérola para um animal como esse só
tinha um destino: ser despedaçada. Assim, a mensagem do Reino levada a pessoas que
a desprezavam, davam de ombros e desdenhavam, seria como dar coisas sagradas
aos cães e pérolas ao porcos. Um desperdício que os discípulos não podiam se
dar ao luxo de cometer (Mt 10.5-15).
O Pense!
Como você tem exercido
sua capacidade de discernir todas as coisas?
Ponto Importante
Conquanto nos seja vedado
o exercício do julgamento e, por conseguinte, sentenciar os outros, é nos
recomendado pelo Senhor que venhamos a discernir e nos autoavaliarmos.
SUBSIDIO 1
Não Julgar ou Ser
Julgado (7.1-5)
Esta passagem é uma das declarações de Jesus mais equivocadamente
interpretadas e erroneamente citadas. Sempre que a pessoa quer obstar criticas
sobre atitudes, ações ou estilo de vida de alguém, objeções são encontradas na
ordem: “Não julgueis”. Obviamente não é o que Jesus pretendia aqui. Ele espera
que julgamentos de valor sejam feitos, que o certo e o errado sejam
identificados e que o digno e o indigno sejam discernidos, como vemos nos
versículos seguintes (esp. o v.6), O discípulo deve poder ver a falta no irmão
de forma que tal pessoa seja trazida a uma correção gentil, mas firme (Mt
18.15-17). Jesus nunca disse que o bem e o mal são ideias relativas
determinadas por cada pessoa, A tradição profética pede discernimento e
correção, A oferta de Deus de perdão não envolve libertinagem impenitente.
O que Jesus proíbe nesta passagem e a mania de criticar, a
condenação e o espírito de hipocrisia. O imperativo presente em 'não julgueis'
(ou 'parai de julgar') indica um estilo de vida e uma atitude habitual de
condenação. Tal atitude obsta a misericórdia e sujeita o participante a mesma
justiça rigorosa e implacável.
A expressão: 'Com a medida com que
tiverdes medido vos hão de medir a vós' (v,2) conota a retribuição divina e era
usada nas obras rabínicas judaicas ( e.g, M. Sota 1.7). Esta declaração de
Jesus remonta a Oração do Senhor no capítulo prévio, na qual Ele deixou claro
que um espírito irreconciliável ou condenador revoga o perdão já recebido (Mt
6.14,15: cf. Mt 18.23-35)" (ARRINGTON. French L.;
STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed.
Rio cie Janeiro: CPAD. 2004, pp.59-60).
SUBSIDIO
2
A
trave e o argueiro
Para ampliar seu ensino contra o julgamento, Jesus focaliza a imagem
do argueiro e da trave (vv.3-5). A trave, ou tábua, é uma hipérbole que Jesus
usa para condenar a pessoa que, com uma tábua no olho (i.e., uma grande falta),
tenta tirar um farelo de serragem (um defeito menor) dos olhos de outra pessoa.
Esta imagem ridícula intensifica a imperfeição e autoilusão da hipocrisia.
Normalmente Jesus reserva o título 'hipócrita' para os inimigos, mas Ele o
aplica aos discípulos. Ninguém está imune desta miopia ética; assim devemos
provar a percepção da profundidade espiritual da pessoa" (ARRINGTON.
French L; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento,
z.ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2004. p.60).
Não julgueis, para que não sejais julgados (7.1)
A palavra krino tem o
sentido de 'avaliar, distinguir e também de julgar, condenar'. Aqui 'não
julguei' refere-se a uma atitude critica e cáustica com relação a outros. Por
quê? Jesus dá três razões poderosas.
Em primeiro lugar, a maneira como tratamos os outros definirá a maneira como eles nos
tratam (7,2).
Em segundo lugar, estar alertas às nossas próprias faltas já é um trabalho
suficiente (7.3-5), E, em terceiro lugar,
se os outros não valorizam o que você valoriza (Nem deiteis aos porcos as
vossas pérolas [7.6]), sua condenação irá enfurecê-los ao invés de convencê-los
do pecado" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento, 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CONCLUSÃO
A
Lição de hoje ensinou-nos grandes princípios, mas o principal deles é que a
única pessoa que cada um de nós pode realmente melhorar através da correção
somos nós mesmos.
HORA DA REVISÃO
1. Qual a consequência para quem julga os outros?
Da
mesma forma que a pessoa julga, ela será julgada, e a medida utilizada para
medir será também a mesma com que ela também será medida.
2. Por que não podemos julgar?
Porque
o julgamento só cabe a Deus, que conhece perfeitamente a tudo. Nem mesmo o
Mestre colocou-se nessa condição (Lc 12,14; Jo 12.47,48). Assim, os discípulos,
ao menos agora, não devem sentenciar a ninguém, pois não têm prerrogativa para
tal.
3. Antes de corrigir aos outros devemos ser capazes de quê?
Remover nossos graves desvios e nos autocorrigir.
4. Ao corrigir alguém, qual deve ser o nosso propósito?
Ajudar,
5. Por que o discernimento é tão importante?
Para
reconhecer nossos próprios erros e saber dar valor às coisas sagradas.
Fonte: Lições Bíblicas de Jovens – 2° trimestre
de 2017, Revista de Professor – Reverberação: Subsídios EBD
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