Trimestre: 2° de 2017
Revista: do Professor
Data da
Lição:
09/04/2017
Comentarista: César Moisés
Carvalho
TEXTO DO DIA
Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele
que crê. (Rm 104)
SÍNTESE
A postura de Jesus em relação à Lei
ensina-nos como deve ser o comportamento de todo aquele que se tornou seu
discípulo.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Lc 16.17: A Lei cumprida
integralmente
TERÇA - Mt 11.13; Lc 16.16: A duração da
Lei
QUARTA - Rm 13.10: O cumprimento da Lei
QUINTA - Rm 13.8: Quem ama, cumpriu a
Lei
SEXTA - Rm 14.17: O que o Reino de Deus
não é
SÁBADO - Rm 13.5: Obedecer pela
consciência
OBJETIVOS
•
ESCLARECER a validade atribuída por Jesus à Lei e a
consideração que Ele tinha por ela;
•
SUBLINHAR a perspectiva de Cristo acerca da Lei e do
exercício do ensino;
•
DISTINGUIR as três justiças que são abordadas pelo
Mestre no Sermão do Monte.
INTERAÇÃO
Com propriedade já foi dito
que saímos de uma época em que “tudo era pecado” e adentramos outra, bem pior,
onde “nada é pecado”. Não obstante, tais extremismos serem exemplificados pelo
binômio “Lei X Graça”, tal divisão não procede da Bíblia, e sim de uma
banalização de ambos os conceitos. Somos habituados aos extremos, por isso,
acabamos não entendendo que a Lei não servia para proporcionar salvação, mas
para proteger a própria pessoa, de si e dos outros, normalizando a vida em
sociedade, pois isto também agrada a Deus. De igual forma, com o primeiro
advento de Cristo, não houve uma abertura permissiva como se vê agora, pelo
fato de a salvação não ser mérito pessoal de ninguém, pudéssemos fazer o que
bem entendemos. Quem foi alcançado pela graça de Deus sente—se constrangido a
fazer as coisas certas, não para alcançar a salvação, mas justamente por ser
salvo. No que se refere à postura de Jesus a respeito da Lei, não há nenhuma
contradição, pois a legislação mosaica, por não ter sido integralmente cumprida
por nenhum ser humano, receberia do Filho de Deus sua completude e acabamento,
daí porque Ele afirmar que não veio para aboli-la, e sim cumpri-la.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Na aula de hoje você terá oportunidade
de abordar, no Tópico III, a importante questão dos três tipos de justiça
ensinados no Sermão do Monte. A audiência de Jesus é composta por, no mínimo,
três públicos distintos. É interessante que tal distinção seja feita, pois
muita confusão ocorre por causa da falta de entendimento desta realidade. Uma
vez que a "justiça do Reino" vai além das outras duas, é importante
perguntar: A diferença é quantitativa ou qualitativa? Após esta inquirição inicial,
apresente o quadro abaixo (de acordo com as suas possibilidades) e deixe bem
claro as diferenças de abordagem do texto bíblico, dizendo que nas lições
seguintes serão realizados os devidos desdobramentos.
OS TRÊS DIFERENTES TIPOS DE JUSTIÇA E SEUS RESPECTIVOS PÚBLICOS
|
||
|
||
TEOLÓGICA
|
"PIEDOSA"
|
REINO
|
ESCRIBAS
|
FARISEUS
|
DISCÍPULOS
|
5-21-48
|
6.1-18
|
6.19-7.27
|
TEXTO BÍBLICO
MATEUS
5.17-20
17
Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas
cumprir.
18
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou
um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.
19
Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim
ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que
os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
20
Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus,
de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Muitos
comentaristas e estudiosos da Bíblia afirmam que os quatro versículos do texto
bíblico acima são os principais do Sermão do Monte, pois revelam a finalidade
do ensinamento do Mestre. É importante observar que Jesus não desconsidera a
Lei, mas afirma que veio completá-la. Ele ainda adverte para os perigos de se
violar os mandamentos e ensiná-los de forma deturpada, mas também fala da honra
de cumpri-los e ensiná-los corretamente. Ao final resta-nos, como discípulos
dEle, o desafio de viver instruídos sob outra perspectiva, distinta da
legalista e burocrática da religião. Na verdade, o desafio é assumir a
perspectiva do Mestre que, disse Ele claramente, não veio fazer a sua vontade,
mas a do Pai que o enviou (Jo 5.30).
l - JESUS E SUA
RELAÇÃO COM ALEI
1. Abolição ou completude da
Lei.
A
critica infundada dos mestres de Israel de que Jesus desfazia da Lei, o Filho
de Deus respondeu que não veio abolir a Lei ou os Profetas, ou seja, desfazer
esses textos e seus ensinamentos, antes, uma parte de sua missão era justamente
completá-la (v.i/ cf. Rm 10,4). "Completar" aqui nada tem com
reparar, antes significa dar-lhe pleno cumprimento.
2. A validade da Lei.
A
afirmação do versículo 18 deve ser lida tendo em mente que o Mestre utilizava
figuras de linguagem, entre elas a hipérbole, que consistia em exagerar na
expressão de uma ideia para demonstrar o seu valor (Mt 19.24-26). Assim, o
Mestre refere-se à passagem do céu e da Terra, bem como ao conteúdo da Lei,
mencionando o jota, isto é, o yod que é a menor letra do alfabeto hebraico,
e fala de um "til" que, no contexto do versículo, alude
a um tracinho que, para nós, seria como uma vírgula; tudo para expressar o seu
respeito pela Lei e também o quanto ela falava dEle (Lc 24.44).
3. Jesus e o cumprimento da
Lei.
É
importante perceber que nos versículos 17 e 18, Jesus está falando de sua
relação com a Lei. Dessa forma, Ele assinala que até mesmo o "céu e a
terra passarão, mas [as suas] palavras não hão de passar" (Mt 24.35). Em
outros termos, até que tudo que a Lei requer idealmente não tenha encontrado a
sua plenitude definitiva, nada de escatológico acontecerá, nenhuma
"transformação" deve ser esperada na Terra e muito menos no céu.
Pense!
De que forma o Senhor Jesus
"completou" a Lei?
Ponto Importante
Tendo Jesus Cristo cumprido toda a Lei,
resta-nos saber qual deve ser o nosso relacionamento com ela,
II - ENSINO E
RECONHECIMENTO
1. A Lei na perspectiva de
Cristo.
No
versículo 19, o Mestre antecipa a responsabilidade que cada discípulo deve ter
no que diz respeito à ressignificação que Ele dará à Lei. Todos os
"mandamentos" a que o Senhor se referiu deverão ser observados a
exemplo dos grandes princípios que Ele extraiu de cinco dos mandamentos,
demonstrando com isso que obedecer a Deus vai muito além da observância
mecânica de regras (vv.21-48).
2. "Maior" e
"menor" no Reino.
O
Senhor utiliza uma linguagem corrente entre os discípulos para despertar a
atenção (Mt 18.1-4; Mc 9.33,34; Lc 9.46). Comparando esse texto com os
ensinamentos do Mestre em outras oportunidades, é perceptível que Ele não apoia
qualquer tipo de disputa que resulte em distinção entre as pessoas (Jo
17.20.23).
3. O ensino no contexto do
Sermão do Monte.
A
ideia de que o ensino pode ser meramente teórico e sem implicações práticas na
vida das pessoas parece estranha na perspectiva e no contexto do Sermão do
Monte. O Mestre fala de pessoas que "violam", ou transgridem, e
ensinam os outros a fazer o mesmo através de sua prática e também da teoria. De
igual forma, Ele destaca a posição dos que praticam corretamente e assim também
instruem os outros a fazer o mesmo (v.9).
==============
O Pense!
O que você acha de alguém que ensina
corretamente e age de maneira errada? E vice-versa?
Ponto
Importante
É
imprescindível entender que Jesus utiliza figuras de linguagem e Lança mão de
expressões e costumes de sua época para ensmar grandes Lições.
III - A JUSTIÇA NA
PERSPECTIVA DO REINO
1. O ensino fundamental do
Sermão do Monte.
A
expressão "justiça", utilizada por Jesus no versículo 20, só pode ser
plenamente entendida à Luz dos princípios que serão expostos na sequência
(vv.21-48). Entretanto, fica subentendido que ela significa algo como a
motivação íntima que orienta cada um a fazer aquilo que é certo ou que se julga
correto. A mesma expressão, e com o mesmo significado, pode ser encontrada em
outras partes desse mesmo Evangelho (Mt 3.15; 5.6,10; 6.33; 21.32).
2. Ultrapassando a
"justiça farisaica".
A
justiça dos discípulos deve ultrapassar a dos escribas e fariseus, ou seja,
eles devem ter motivos mais nobres para observar os princípios, ou mandamentos,
da Palavra de Deus. A motivação para se viver corretamente não pode vir de
qualquer desejo de ser premiado e nem por medo algum de ser punido. Tampouco a
referência de Jesus diz respeito à quantidade, antes, tem a ver com o aspecto
qualitativo com que se obedece, isto é, com a disposição correta do coração (Mt
715-23).
3. Três tipos de justiça:
teológica, "piedosa" e do Reino.
Apesar
de parecer estar em pé de igualdade, escribas e fariseus são dois grupos
distintos: os primeiros são os "teólogos" da época, intérpretes
autorizados da Lei; ao passo que os segundos, são Leigos piedosos, provenientes
de todas as camadas sociais. Assim, para ambos os grupos há diferentes espécies
de "justiça". A dos escribas será contrastada nos versículos 21 a 48.
Já a dos fariseus será objeto de análise do Mestre no capítulo 6, versículos l
a 18. Finalmente, o último tipo de justiça, a do Reino, e, portanto, dos
discípulos, vai do capítulo 6, versículo 19 até o capítulo 7, versículo 27
Pense!
É
possível agir corretamente mesmo que as motivações sejam erradas?
Ponto Importante
O discípulo, ou cidadão do Reino, não pode
viver instruído por motivações de prêmio ou de castigo.
SUBSÍDIO I
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Jesus É o Cumprimento da Lei (5,17-48)
Os oponentes de Jesus o criticavam por não guardar as minúcias das
observâncias tradicionais da lei judaica. Aqui Jesus deixa claro que Ele não
está ausente para destruir a lei, mas para cumpri-la e até intensificá-la. Ele
fixa padrões mais altos. Seu principal interesse é a razão de a lei existir;
Ele insiste que guardar a lei começa com a atitude do coração. Por este
princípio Jesus afirma simultaneamente o valor das pessoas e da lei. Neste
aspecto Ele cumpre a lei antecipada por Jeremias: 'Porei a minha lei no seu
interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o
meu povo' (Jr 31.33 b).
Como sucessor de Moisés, Jesus dá a palavra final na lei. Mas o que
Ele quer dizer quando fala que cumpre a lei? Não significa que Ele simplesmente
a observa. Nem quer dizer que Ele anulou o Antigo Testamento e as leis (como
sugerido por Márcion e os hereges gnóstícos). A obra de Jesus e sua igreja está
firmemente arraigada na história de salvação. Em certo sentido, Jesus deu á lei
uma expressão mais plena, e em outro, transcendeu a lei, visto que Ele se
tornou a corporificação do seu cumprimento, Mateus vê o cumprimento da lei em
Jesus semelhantemente ao cumprimento da profecia do Antigo Testamento: O novo é
como o velho, mas o novo é maior que o velho. Não só o novo cumpre o velho, mas
o transcende, Jesus e a lei do novo Reino são o intento, destino e meta final
da lei" (ARRINGTON, French L; STRONSTAD. Roger (Eds) Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, P44).
SUBSIDIO 2
O Princípio Básico (5,17-20)
Note o fraseado enfático de Jesus em não abolir a lei (Mt 5.18). A
expressão 'em verdade vos digo que' aparece no começo das declarações mais
enfáticas de Jesus, Esta palavra grega (amen)
e a transliteração para o grego da palavra hebraica que Jesus falou, e é
linguagem cristã especializada, denotando afirmação sagrada, Jesus assevera que
nem um jota, a menor letra, nem uma
serifa ou adorno numa letra, de nenhuma maneira passara ate que tudo se cumpra.
Parece que a maneira na qual Jesus cumpre a lei varia de acordo com
o tipo da lei. Muitas leis rituais foram completadas no sacrifício de Jesus ( a
carta aos Hebreus) e então já não precisam ser observadas. O próprio Jesus
considerou as leis dietéticas cumpridas, uma vez que a corrupção vem do coração
(Mc 7.18,19; At 10.10-16; Gl 2.11-14), Outras leis são cumpridas na
reinterpretação e reaplicação de Jesus no espirito de uma lei internalizada
profundamente sentida, como ocorre nas interpretações revolucionárias que Ele
dá da antiga lei apresentada nas seções seguintes de Mateus 5.
A pressuposição de que Jesus estava perpetuando o mero legalismo e
elevando o lance legalista evapora-se no calor da advertência de Jesus
encontrada no versículo 20: 'Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrarei no Reino dos céus'.
A questão era a qualidade e fim da lei, e não sua quantidade" (ARRÍN-GTON,
French L: STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo
Testamento. 2 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. pp 44-45).
CONCLUSÃO
Mateus revela Jesus como
Mestre da Palavra e da ação. Enquanto no Sermão do Monte Jesus é o ensinador da
Palavra, nos capítulos seguintes Ele aparece curando e libertando pessoas. Além
disso, o Mestre cumpriu a "justiça" tal como ensinava os seus
seguidores a cumprir (Mt 3.15), deixando um grande exemplo de harmonia e
coerência entre discurso e ação (Lc 24.19).
HORA DA REVISÃO
1. O que Jesus quis dizer
quando falou que veio "cumprir a Lei"?
Ele
veio completá-la., isto é, dar-lhe pleno cumprimento
2. Por que o Mestre utiliza
as expressões "maior" e "menor"?
Para
desperta a atenção dos discípulos cuja linguagem corrente era esta.
3- O que significa justiça
no contexto do Sermão do Monte?
Significa
algo como a motivação íntima que orienta cada um a fazer aquilo que é certo ou
que se julga correto,
4. Qual deve ser a motivação
para se fazer o que é certo e agir corretamente?
A
motivação para se viver corretamente não pode vir de qualquer desejo de ser
premiado e nem por medo algum de ser punido.
5. Jesus falou de justiça na
perspectiva do Reino, porque havia outros tipos.
Cite
os três tipos de justiça. A dos escribas, a dos fariseus e a do Reino.