Lição 3: E Deus os criou Homem e Mulher

Subsídio: O HOMEM É COMPOSTO DE CORPO, ALMA E ESPÍRITO
"Que é o homem?" (Sl 8.4). Essa pergunta do salmista tem sido alvo de muitas pesquisas, através de todos os tempos, da parte de filósofos, cientistas, teó­logos e outros. Quando o rei Davi meditou sobre esse problema, disse: "Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado" (Sl 139.14). É realmente um assunto interessante estudar o que a Bíblia ensina a respeito do homem.
Podemos definir e subdividir esse assunto de várias maneiras. Assim como ó tabernáculo no deserto era dividido em três partes, também o homem o é. O pátio do tabernáculo repre­senta a parte externa e visível do homem, que é o seu corpo o lugar santo, que não se podia ver de fora, representa a alma, e o lugar santíssimo representa o espírito do homem. A Bíblia subdivide o homem em duas partes: "o homem exterior", que é o seu corpo, e "o homem interior', que é composto da alma e do espírito (cf. 2 Co 4.16; Ef 3.16). A parte exterior do ho­mem é visível e mortal, enquanto a parte interior é imaterial, invisível e imortal.
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Nos textos que se seguem, espírito e alma distinguem-se um do outro:

1 Ts. 5.23 - “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”;
Hb. 4.12 - “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração".
Compare 1 Co. 2.14 - “Ora, o homem natural (gr. ‘psíquico’) não compreende as coisas do Espírito de Deus”; 15.44 - “Semeia-se o corpo animal (gr. psíquico), ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal (gr. psíquico), há também corpo espiritual”.

1. O corpo do homem

O corpo do homem foi formado por Deus do pó da terra (cf. Gn 2.7), isto é, da mesma terra que temos hoje sob os nossos pés. Através de análise química, sabemos que o corpo humano consiste de vários compostos, como ferro, glicose, sal, carbono, iodo, fósforo, cálcio etc.

O valor real do corpo está em sua alta finalidade de ser a morada da alma e do espírito do homem (cf. 2 Pe 1.14,15; 2 Co 5.1,4; Jó 14.22; 32.8; Zc 12.1). O cor­po humano conserva a vida enquanto o espírito e a alma nele permanecem. Quando o espírito (cf. Ec 12.7; Tg 2.26; Lc 8.54,55) e a alma (cf. At 20.9,10; 1 Rs 17.20­-22; Gn 35.18) deixam o corpo, este morre. Por ser um produto feito à semelhança de Deus, o corpo não será aniquilado, mas ressuscitará (cf. 19.26). Outra afir­mação de importância é que o corpo foi determinado para ser templo do Espírito Santo (cf. 1 Co 6.20).
2. A alma do homem
2.1.    O homem interior
A alma, junto com o espírito, formam o "homem interior", a parte imaterial de todo ser humano. Em­bora a alma e o espírito estejam inseparavelmente unidos, tanto dentro como fora do corpo, existe uma diferença entre eles. A Bíblia diz que "a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qual­quer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espirito" (Hb 4.12).
2.2. Função da alma e do espírito
A alma é a parte que orienta a vida do corpo, e estabelece o contato com o mundo em redor, enquan­to o espírito é a parte do homem que lhe oferece a possibilidade de relacionamento com Deus.
2.3. A alma é a sede do sentimento
A Bíblia diz: "A minha alma tem sede de Deus" (Sl 42.2); "a minha alma se alegrará no Senhor" (Sl 35.9); "a minha alma esta quebrantada de desejar os teus juízos" (Sl 119.20). É com a alma que podemos amar a Deus (cf. Mt 22.37). A alma também sente-se aborre­cida (cf. 2 Sm 5.8; Jr 14.19; Gn 42.21), ficando triste e amargurada (cf. 2 Rs 4.27).
2.4.   A inteligência reside na alma
A alma é a sede do intelecto com todas as suas fa­culdades: pensamento, entendimento e saber (cf. Sl 139.14; Pv 19.2). A vontade tem também na alma a sua sede. É a alma que centraliza o querer: "O que a sua alma quiser, isso fará" (Jó 23.13). A alma também é o centro do temperamento, pois nela habita a índole. À alma pertencem também os desejos e as paixões em relação à vida natural e física (cf. Lc 12.19; Ap 18.14).
3.2.5.A alma do homem não está no sangue
Quando a Bíblia, em Levítico 17.11, afirma: "a alma da carne está no sangue", a palavra "alma" está sendo usada como sinônimo de "vida". Veja em Gênesis 9.4: "A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis". A idéia de que o sangue significa a alma do homem abre a porta para muitas contradições. Vejamos o texto de Apocalipse 6.9,10: "E, havendo aberto o quinto selo, vi de­baixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verda­deiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso san­gue dos que habitam sobre a terra?" Se a alma fosse a mes­ma coisa que o sangue, como então as almas poderiam es­tar no Paraíso, debaixo do altar, uma vez que o seu sangue havia sido derramado sobre a terra? Está bem claro que o sangue faz parte do corpo, enquanto a alma é a parte imaterial e imortal do homem. Se a alma fosse o sangue, uma transfusão sanguínea seria, na realidade, uma transfu­são de alma — receberíamos a alma de outra pessoa! Isso é doutrina espírita! Um absurdo!
3.2.6.A alma pode ser salva
A Bíblia fala da salvação da alma (cf. Tg 5.20) e pergunta: "Que daria o homem pelo resgate da sua alma?" (Mc 8.37) e: "Que aproveitaria ao homem ga­nhar todo o mundo e perder a sua alma?" (Mc 8.36). Devemos, portanto, encomendar as nossas almas a Deus, como ao fiel Criador, fazendo o bem (cf. 1 Pe 4.19).

3. O espírito do homem
1. O que é?
O espírito é a parte invisível do homem que, junta­mente com a alma, compõe o "homem interior". É aque­la parte do homem que, como uma janela aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a realidade de Deus e da sua Palavra (cf. 1 Co 2.10,12). Eis o que distingue o homem de qualquer outro ser: só ele foi criado à ima­gem e semelhança de Deus. O espírito do homem é a sede das suas relações com Deus. "O espírito do ho­mem é a lâmpada do Senhor" (Pv 20.27, Versão Revisa­da). Por esse motivo, a Bíblia muitas vezes usa "cora­ção" como sinônimo de "espírito": "Era um o coração e a alma da multidão dos que criam" (At 4.32).
2. O não-crente
O espírito do homem não-crente é morto, inativo, isto é, separado de Deus (cf. Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; Cl 2.13; I Tm 5.6). Ele é dominado pelos seus pecados e concupiscências (cf. Ef 4.17-22; Tt 1.15), sem possibi­lidade de ver a gloria de Deus (cf. 2 Co 4.4).
3. 0 espírito do homem no processo de salvação
Na salvação, o espírito do homem e vivificado (cf. Ef 2.5; Cl 2.1 3). Um despertamento começará no seu espírito (cf. Ed 1.1) quando o Espírito Santo o conven­cer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus (cf. Jo 16.8-10). Quando o homem aceita Jesus como Sal­vador, recebe a vida eterna (cf. Rm 6.23) e, então, "o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que so­mos filhos de Deus" (Rm 8.16).

Agora, "eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17). O espírito do homem vivificado pode, doravante, ver a glória de Deus, pois o véu que antes o impedia foi tirado (cf. 2 Co 3.16). O seu coração tornou-se limpo e pode ver a Deus (cf. Mt 5.8), o Invisível (cf. Hb 11.27). A luz resplandece em seu interior, para "ilu­minação do conhecimento da glória de Deus". Agora ele pode comprovar que Deus é bom (cf. Sl 34.8), e com o seu espírito adorar ao Senhor (cf. Jo 4.23) e orar (cf. 1 Co 14.15,16), e o Todo-poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o faz entendido (cf. Jó 32.8).
Assim, podemos observar com clareza que "o espí­rito do homem" não significa "o Espírito Santo ope­rando no homem", mas que esse espírito é um órgão do seu "homem interior", onde o Espírito Santo ope­ra, fazendo-o ouvir a voz de Deus (cf. At 2.7).
4.  A consciência
Uma das faculdades mais importantes do es­pírito humano é a consciência (cf. Rm 2.15,16), que é uma "janela" existente no homem, pela qual Deus olha para o seu interior. A consciência é um "espião" de Deus que persegue o homem quando ele peca, mas que lhe fala com uma voz elogiosa quando faz o bem.