A
salvação é condicional ou incondicional?
Uma
vez salva, a pessoa é salva eternamente?
A
resposta dependerá da maneira em que podemos responder às seguintes
perguntas-chave: De quem depende a salvação?
É
irresistível a graça?
1) De quem depende, em última análise, a salvação: de Deus ou do
homem?
Podemos estar seguros disto:
Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos,
uma vez que sinceramente desejamos fazer a sua vontade. Sua graça está sempre
presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar.
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SALVAÇÃO
Contudo, não haverá um sentido em que a
salvação dependa do homem?
As Escrituras ensinam
constantemente que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a
morte, e Deus nunca violará esse poder.
2) Pode-se
resistir à graça de Deus?
Um dos princípios
fundamentais do Calvinismo é que a graça de Deus e irresistível. Quando Deus
decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito atrai, e essa atração não pode
ser resistida. Portanto, um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até
ao fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com
ele. Ilustrando a teoria calvinista diríamos: é como se alguém estivesse a
bordo dum navio, e levasse um tombo; contudo está a bordo ainda; não caiu ao
mar.
Mas o Novo Testamento
ensina, sim, que é possível resistir à graça divina e resistir para a perdição
eterna (João 6:40; Heb. 6:46; 10:26-30; 2 Ped. 2:21; Heb. 2:3; 2 Ped. 1:10), e
que a perseverança é condicional dependendo de manter-se em contacto com Deus.
Note-se especialmente Heb.
6:4-6 e 10:26-29. Essas palavras foram dirigidas a cristãos; as epístolas de
Paulo não foram dirigidas aos não-regenerados. Aqueles aos quais foram
dirigidas são descritos como havendo sido uma vez iluminados, havendo provado o
dom celestial, participantes do Espírito Santo, havendo provado a boa Palavra
de Deus e as virtudes do século futuro. Essas palavras certamente descrevem
pessoas regeneradas.
Aqueles aos quais foram
dirigidas essas palavras eram cristãos hebreus, que, desanimados e perseguidos
(10:32-39), estavam tentados a voltar ao Judaísmo. Antes de serem novamente
recebidos na sinagoga, requeria-se deles que, publicamente, fizessem as
seguintes declarações (10:29): que Jesus não era o Filho de Deus; que seu
sangue havia sido derramado justamente como o dum malfeitor comum; e que seus
milagres foram operados pelo poder do maligno. Tudo isso está implícito em Heb.
10:29. (Que tal repúdio da fé podia haver sido exigido, é ilustrado pelo caso
dum cristão hebreu na Alemanha, que desejava voltar à sinagoga, mas foi
recusado porque desejava conservar algumas verdades do Novo Testamento).
Antes de sua conversão havia
pertencido à nação que crucificou a Cristo; voltar à sinagoga seria de novo
crucificar o Filho de Deus e expô-lo ao vitupério; seria o terrível pecado da
apostasia (Heb. 6:6); seria como o pecado imperdoável para o qual não há
remissão, porque a pessoa que está endurecida a ponto de cometê-lo não pode ser
"renovada para arrependimento"; seria digna dum castigo mais terrível
do que a morte (10:28); e significaria incorrer na vingança do Deus vivo (10:30,
31).
Não se declara que alguém
houvesse ido até esse ponto; de fato , o autor está persuadido de "coisas
melhores" (6:9). Contudo, se o terrível pecado da apostasia da parte de
pessoas salvas não fosse ao menos remotamente possível, todas essas admoestações
careceriam de qualquer fundamento.
Leia-se 1 Cor. 10:1-12. Os
coríntios se haviam jactado de sua liberdade cristã e da possessão dos dons
espirituais. Entretanto, muitos estavam vivendo num nível muito pobre de
espiritualidade. Evidentemente eles estavam confiando em sua
"posição" e privilégios no Evangelho. Mas Paulo os adverte de que os
privilégios podem perder-se pelo pecado, e cita os exemplos dos israelitas.
Estes foram libertados duma maneira sobrenatural da terra do Egito, por intermédio
de Moisés, e, como resultado, o aceitaram como seu chefe durante a jornada para
a Terra da Promissão.
A passagem pelo Mar Vermelho
foi um sinal de sua dedicação à direção de Moisés. Cobrindo-os estava a nuvem,
o símbolo sobrenatural da presença de Deus que os guiava. Depois de salvá-los
do Egito, Deus os sustentou, dando-lhes, de maneira sobrenatural, o que comer e
beber. Tudo isso significava que os israelitas estavam em graça, isto é: no
favor e na comunhão com Deus.
Mas "uma vez em graça
sempre em graça" não foi verdade no caso dos israelitas, pois a rota de
sua jornada ficou assinalada com as sepulturas dos que foram destruídos em
consequência de suas murmurações, rebelião e idolatria.
O pecado interrompeu sua
comunhão com Deus, e, como resultado, caíram da graça. Paulo declara que esses
eventos foram registrados na Bíblia para advertir os cristãos quanto à
possibilidade de perder os mais sublimes privilégios por meio do pecado
deliberado.
Conclusão
As respectivas posições
fundamentais, tanto do Calvinismo como do Arminianismo, são ensinadas nas
Escrituras. O Calvinismo exalta a graça de Deus como a única fonte de salvação
— e assim o faz a Bíblia; o Arminianismo acentua a livre vontade e responsabilidade
do homem — e assim o faz a Bíblia.
A solução prática consiste
em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista, e em evitar
colocar uma ideia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas
bíblicas são colocadas em posição antagônica, uma contra a outra, o resultado é
uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada à soberania e à
graça de Deus na salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a
pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude nada têm a ver com sua salvação,
pode tornar-se negligente.
Por outro lado, ênfase
demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação contra
o Calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de
toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são:
a ilegalidade e o legalismo.
Adaptação:
Subsídios EBD
Fonte:
Conhecendo as Doutrinas Bíblica
Autor:
Myer Pearlman