Subsídio bíblico para
a Escola Dominical - classe dos Adultos. Subsídio para a Lição: 2 | Revista do 4°
trimestre de 2019 | Fonte:
E-book Subsídios EBD Vol. 18 | VEJA aqui OS
NOVOS SUBSÍDIOS.
INTRODUÇÃO
Samuel
é um personagem singular no antigo Israel, no qual ele teve três papéis distintos,
ou responsabilidades oficiais, como líder. Ele nasceu em uma família de levitas
e, por isso, serviu como sacerdote em Israel (1 Sm 10.8). Ele também foi
reconhecido como o último juiz de Israel e lidava com decisões e disputas
judiciais (1 Sm 7.6, 15; 12.11). E, além disso, foi o primeiro de uma série de
grandes profetas levantados após Moisés (1 Sm 3.20).
A
FAMÍLIA DE SAMUEL
1.
O Pai (1.1-8; 1 Cr 6.26,27,34).
O
pai de Samuel se chamava Elcana, que era um levita,
um coatita da família de Zufe (1 Cr 6.22-28, 34, 35). Os levitas encontravam-se
espalhados por toda a terra e, sempre que necessário, iam a Siló ministrar no
tabernáculo. A cidade de Siló, localizada cerca de 32 quilómetros ao norte de
Jerusalém, era o centro religioso da nação naquela época e o local do
tabernáculo (Js 18.1).
A
Lei exigia que os israelitas participassem de três festividades por ano em
Jerusalém [a Páscoa, o Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos] (Êx 34.23; Dt
16.16). Muitos levavam suas famílias na viagem, mas eles não eram obrigados a
fazer isso. Esse versículo (1 Sm 1.7) mostra a devoção de Ana ao Senhor pelo
fato de ela também ir a Siló para adorar a Deus.
Elcana
vivia em Ramá [1],
na fronteira entre as tribos de Efraim e de Benjamim (Js 18.25). Samuel, o
filho tão conhecido de Elcana, nasceu em Ramá (1 Sm 1.19, 20), onde viveu (1 Sm
7.1 7) e foi sepultado quando morreu (1 Sm 25. 1).
2.
A Bigamia[2]
de Elcana.
Elcana
tinha duas esposas: Penina e Ana. Ao que parece, Ana era sua primeira esposa e,
ao ver que era estéril, Elcana casou-se com Penina para que pudesse ter uma família.
Não sabemos o motivo de Elcana não ter esperado no Senhor e confiado que realizaria
seu plano, mas até mesmo Abraão casou-se com Hagar (Gn 16) e Jacó acabou tendo
quatro esposas!
Apesar
de a bigamia e o divórcio não serem proibidos pela lei mosaica (Dt 21.15-17; 24.1-4),
o plano original de Deus era que cada homem se casasse com uma só mulher para a
vida toda (Mc 10.1-9).
Subsídio
Bibliológico 1
Gn 2.24 - Deus deu o casamento como um
dom a Adão e Eva.
Eles foram criados como seres perfeitos, um para o outro. O
casamento não era apenas por conveniência, nem foi inventado por alguma cultura
particular.
Ele foi instituído por Deus, e tem três aspectos básicos:
(1) O homem deixa seus pais e, em um ato público, promete-se à
sua esposa;
(2) O homem e a mulher são unidos, assumindo a responsabilidade
pelo bem-estar do outro, e amando, um ao outro, acima de todas as demais
pessoas;
(3) os dois são unidos, em uma só pessoa, na intimidade e no
compromisso da união sexual, que é reservada apenas para o casamento. Os
casamentos sólidos incluem esses três aspectos (Bíblia de Estudo Cronológica
Aplicação Pessoal – CPAD).
Subsídio
Bibliológico 2
Por que havia poligamia entre o povo de
Deus?
1
Sm 1.2 - Embora muitos grandes líderes do
Antigo Testamento (como Abraão, Jacó e Davi) tivessem mais de uma esposa, esta
não era a intenção original de Deus para o casamento. Gn 2.24 afirma que no casamento duas pessoas
se tomam uma só carne. Então por que havia poligamia entre o povo de Deus?
Primeiro, para produzir mais
descendentes que ajudassem no trabalho e para assegurar a continuidade da
linhagem familiar de um homem. Um grande número de filhos era um símbolo de
status e riqueza.
Em segundo lugar, em sociedades onde
muitos jovens eram mortos nas batalhas, a poligamia tomou- se uma forma
aceitável de apoio às mulheres, que de outra forma teriam permanecido solteiras
e, muito provavelmente, na miséria. No entanto, frequentemente a poligamia
causava sérios problemas familiares, como podemos ver na história de Ana e
Penina.
2.
A mãe de Samuel: Ana (1 Sm 1.20).
Depois
de orar ao Senhor e obter dele a resposta, Ana ficou grávida e nasceu Samuel (1
Sm 1.19,20). Elcana foi gracioso e permitiu que ela o dedicasse ao serviço do
Senhor, no santuário em Siló (1 Sm 1.23; 2.11,20). A fidelidade de Ana e Elcana
foi recompensada por Deus com mais cinco filhos. Em
tudo o que disse e fez, Ana procurou glorificar ao Senhor. Sem dúvida, foi uma
mulher notável que deu à luz um filho extraordinário.
SAMUEL:
FRUTO DA ORAÇÃO DE SUA MÃE
A
vida de Ana, embora seja mencionada apenas nos dois primeiros capítulos de 1
Samuel, fala conosco de forma veemente. Permanece até hoje como um exemplo de
devoção e sacrifício; ela nos ensina o que significa o verdadeiro compromisso
com o Senhor do Universo.
1.
A vida de oração de Ana (1 Sm 1.9-18).
Anualmente
Elcana, marido de Ana, levava sua família para adorar e fazer sacrifícios em
Siló, onde Eli era sacerdote (1 Sm 1.1-4). Durante uma das refeições festivas
em Siló, Ana deixou a família e foi ao tabernáculo orar.
Com
a alma profundamente angustiada, Ana derramou seu coração diante de Deus. Em
meio às muitas lágrimas, orou, pedindo ao Senhor que lhe desse um filho.
Prometeu dedicá-lo a Deus todos os dias da existência dele (1 Sm 1.9-11).
2.
A oração de Ana.
A
oração de Ana em 1 Samuel 2.1-11, revela o verdadeiro coração e o caráter dessa
nobre mulher. Também conhecida como a Canção de Ana, essa oração contém os
mesmos elementos encontrados em outras orações/canções do Antigo Testamento,
inclusive temas de combates, livramento do inimigo e o cuidado providencial do
Senhor por seu povo Israel (veja a Canção de Moisés, Êx 15.1-18; Dt 32.1-43; a
Canção de Débora, Jz 5). Há também uma forte ênfase à soberania de Deus e ao
seu poder eterno.
A
oração de Ana é verdadeiramente um sacrifício de gratidão a Deus, que a
resgatou de seus problemas, mudou suas lágrimas em alegria e a colocou em seu
lar como a mãe de muitos filhos, feliz e realizada.
A
oração de Ana nos mostra que tudo o que temos e recebemos é um empréstimo de
Deus. Ana poderia ter dado muitas desculpas para ser uma mãe possessiva. Mas
quando Deus respondeu sua oração, ela cumpriu sua promessa de dedicar Samuel ao
serviço de Deus.
Ana
descobriu que a maior alegria de ter um filho é entregar a criança de maneira
plena e livre de volta a Deus. Ela entrou na maternidade preparada para fazer o
que todas as mães devem fazer, no final - deixar seus filhos se desenvolverem.
Quando
os filhos nascem, eles são completamente dependentes de seus pais no que diz
respeito a todas as suas necessidades básicas. Isto faz com que alguns pais se
esqueçam que estes mesmos filhos crescerão e se tomarão independentes, no
espaço de poucos anos. Ser sensível às diferentes etapas deste processo
saudável fortalecerá muito os relacionamentos familiares; resistir ou negar
este processo causará muito sofrimento. Devemos, gradualmente, deixar que
nossos filhos se desenvolvam, a fim de permitir que se tomem adultos maduros e
independentes.
ANA
DEDICA SAMUEL AO SENHOR
Dentro
do contexto da sua oração, Ana fez um voto a Deus. Ela prometeu que, se Deus
lhe desse um filho, a criança seria dedicada a Ele. Os levitas costumavam
trabalhar dos 25 aos 50 anos (Nm4-3; 8.24-26). Ana dedicou seu filho à obra de
Deus enquanto ele vivesse. (A Bíblia fala apenas de outra pessoa a serviço de
Deus por toda a vida, o juiz Sansão — Jz 13— 16.)
1.
Não era uma dedicação simples.
Este
voto interpretava a renúncia dela de criar o filho junto consigo em casa. Ele
se tornaria um nazireu, totalmente devotado ao serviço do Senhor. Era uma
promessa incrível feita por Ana. Ela o ofereceria a Deus, pois abria mão do
privilégio de criá-lo e alimentá-lo.
Eli,
o sumo sacerdote, sentado na porta do Tabernáculo, a observava atentamente,
enquanto ela orava e chorava. Os lábios dela se moviam, mas não se ouvia sequer
uma palavra. Ele então a acusou de estar embriagada e a repreendeu,
apresentando-lhe a imoralidade de tais hábitos (1 Sm 1.12-14). Ana, porém, se
defendeu apropriadamente e o sacerdote no mesmo instante mudou sua maldição
numa bênção e a despediu em paz (1 Sm 1.15-17).
Ao
receber o encorajamento da parte de Eli e o conforto do Senhor, Ana não ficou
mais deprimida. Ela, seu marido e Penina levantaram cedo no dia seguinte,
adoraram ao Senhor e voltaram para Ramá. No tempo determinado, Deus atendeu ao
pedido de Ana: ela concebeu e deu à luz a Samuel.
2.
O tempo de Ana cumprir sua palavra.
Depois
que Samuel desmamou (antigamente, as mulheres israelitas amamentavam os filhos
até completarem dois ou três anos de idade), ela fez os preparativos para
levá-lo ao Tabernáculo, em Siló. Levou consigo um novilho de três anos, um efa
[3] de farinha e um odre
[4] de vinho para o
sacrifício. Então apresentou Samuel ao sumo sacerdote Eli (1 Sm 1.24-27).
3.
Ana deixa o menino Samuel com o sacerdote.
O
menino Samuel viveria sob a supervisão de Eli e ministraria no Tabernáculo
todos os dias da vida dele (1 Sm 1.28). A cada ano sua mãe fazia uma pequena
túnica e a levava para ele quando ia com o marido a Siló oferecer sacrifícios
(1 Sm 2.19).
Tendo
em vista o estado precário da vida espiritual de Eli e os caminhos perversos de
seus filhos, foi preciso que Elcana e Ana tivessem muita de fé para deixar o
filho inocente sob os cuidados deles. Mas o Senhor estava com Samuel, tomando
conta dele e preservando-o da corrupção a seu redor. Assim como Deus protegeu
José no Egito, também protegeria Samuel em Siló, e é capaz de proteger nossos
filhos e netos neste mundo perverso em que vivemos.
Ana
era uma mulher extraordinária, em sua integridade, fé e compromisso com Deus.
Manteve seu voto a um grande custo pessoal e tornou-se um modelo para todas as
gerações.
O
Senhor foi gracioso com Ana e posteriormente ela deu a Elcana mais três filhos
e duas filhas (1 Sm 2.21).
4.
A atitude de Ana depois que dedica o menino Samuel ao Senhor.
Depois
que Ana deixou o filho com Eli, poderia ter se retirado sozinha para algum
lugar a fim de chorar desconsolada, mas, em vez disso, irrompeu num cântico de
louvor ao Senhor (1 Sm 2.1-11).
O
mundo não entende a relação entre sacrifício e cântico; não compreende como o
povo de Deus consegue cantar enquanto se dirige para o sacrifício e sacrificar com
cânticos.
Antes
de ir para o jardim onde seria preso, Jesus cantou um hino com seus
discípulos
(Mt 26.30); Paulo e Silas cantaram hinos ao Senhor depois de terem sido humilhados
e açoitados (At 16.20-26). Nos Salmos, encontramos, em várias ocasiões, Davi
louvando a Deus em meio a circunstâncias difíceis. Depois de açoitados pelos líderes
religiosos em Jerusalém, os apóstolos "se retiraram do Sinédrio
regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse
Nome" (At 5.41).
Ana
reconheceu a salvação de Deus (1 Sm 2.1), Sua santidade (1 Sm 2.2), Sua
sabedoria (1 Sm 2.3), Sua graça (1 Sm 2.8) e Seu julgamento (1 Sm 2.10). Nós
devemos incluir Ana entre os grandes “salmistas” do antigo Israel, assim como Maria,
no Novo Testamento (Lc 1.46-55). Na verdade, esse cântico de Ana' foi
reutilizado duas vezes na poesia bíblica: como base no lindo Salmo 113; e,
depois, no cântico de Maria, em Lucas 1.
Subsídio
Cultural
O costume da poligamia
A poligamia era um costume social aceito por todo o antigo
Oriente Médio. Também era uma prática comum entre os antigos israelitas. Embora
possa parecer que a poligamia se desvia da concepção original de Deus para o
casamento (como ilustrado em Gn 2.24), a prática era permitida segundo a Lei de
Deus, particularmente nos casos de primeiro casamento sem filhos ou em
casamentos leviratos (Dt 25.5-10).
No antigo Israel, a ausência de filhos era considerada uma
tragédia na família, por várias razões. Numa cultura agrária, filhos eram
necessários para ajudar no trabalho do dia-a-dia. Sem eles, o nome da família
não seria preservado, e, sem um herdeiro, uma família não poderia manter o seu
espaço na tribo. Finalmente, uma mulher sem filhos jamais seria a mãe ou a ancestral
do prometido Messias (Gn 3.15).
Elcana provavelmente tomou uma segunda esposa, Penina, por uma
razão que era legítima no mundo antigo: sua esposa Ana era estéril. Naquele
tempo, a responsabilidade por não haver crianças era atribuída à mulher. A
esterilidade era, frequentemente, a causa de divórcios. Embora a poligamia
fosse um costume aceito, a Lei de Deus estabelecia regras contra o casamento
com muitas mulheres (Dt 17.17). Além disso, as Escrituras registram os
resultados trágicos da poligamia: famílias turbulentas e divididas.
[1]
Ramataim-Zofim era outro nome de Ramá (1 Sm 1.19), um vilarejo
localizado uns oito quilómetros ao norte de Jerusalém.
[2]
Bigamia. Estado em que, ainda presa ao vínculo conjugal anterior, uma
pessoa realiza um novo casamento, ou seja, consiste em ter uma mulher a mais.
[3] Efa
é uma medida de secos de aproximadamente 22 litros (grãos, farinha).
[4]
Odre - Vasilha feita com o couro inteiro de um animal. Servia para
guardar ou transportar líquidos como água, azeite, leite, vinho, manteiga ou
mesmo queijo. (Js 9.13; Mt 9.17; pronuncia-se ôdre). O odre era geralmente feito
de pele de cabra.