Classe: Jovens | Trimestre: 2° de 2019 |
Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, CPAD
TEXTO DO DIA
“Respondeu
Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado [...].” (Jo
19.11)
SÍNTESE
Um
dia, os poderosos deste mundo terão de se dobrar diante de quem tem
verdadeiramente todo o poder, o Senhor, o Todo-Poderoso.
AGENDA
DE LEITURA
SEGUNDA
- Jo 19.1-4: Pilatos
usa sua autoridade para açoitar Jesus
TERÇA
- Jo 19.14,15: Pilatos
humilha a Jesus
QUARTA
- Jo 19.15: Os líderes judeus afirmam que
o rei deles era César
QUINTA
- Jo 19.8: Pilatos
ficou atemorizado ao saber que Jesus afirmou ser o Filho de Deus
SEXTA
- Jo 19.9: Pilatos
escreve um título na cruz de Jesus
SÁBADO
- Jo 19.11: Jesus afirma que todo poder
está debaixo da soberania de Deus
OBJETIVOS
• DISCUTIR a respeito do poder
que impera no mundo;
• CONSCIENTIZAR de que todo poder
emana de Deus e que Ele está no controle de tudo.
INTERAÇÃO
Professor (a), daremos início a uma série de quatro lições que
abordarão o tema “poder”. As três primeiras lições enfocarão o poder que opera
no mundo e o poder destrutivo do orgulho e da inveja. Na última lição
abordaremos o resgate do princípio da humildade e do serviço ao próximo.
Os jovens passam por um momento crucial de suas vidas em que
terão que tomar muitas decisões. Essas decisões influenciarão o futuro deles,
por isso reflita na importância da sua influência e orientação na vida destes
jovens.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor (a), sugerimos a simulação de um júri. Para isso, você
precisará dedicar pelo menos uns 25 minutos de sua aula. Os alunos devem ler o
tópico II. Em seguida, divida a turma em dois grupos, um grupo para defender
Jesus e o outro para defender os argumentos do Império Romano e os líderes
religiosos. Dê uns 5 minutos para os grupos se organizarem e definirem um
representante de cada grupo para defender seu “cliente” diante do juiz, que
será você professor (a). Dê oportunidade para cada um argumentar e depois
contra argumentar. Aproveite para explorar as características de Jesus e do seu
Reino.
TEXTO
BÍBLICO
João
19.1-11
1
Pilatos, pois, tomou, então, a Jesus e o açoitou.
2
E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça e lhe
vestiram uma veste de púrpura.
3
E diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.
4
Então, Pilatos saiu outra vez fora e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora,
para que saibais que não acho nele crime algum.
5
Saiu, pois, Jesus, levando a coroa de espinhos e a veste de púrpura. E disse-lhes
Pilatos: Eis aqui o homem.
6
Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos, gritaram, dizendo:
Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, porque
eu nenhum crime acho nele.
7
Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei, deve
morrer, porque se fez Filho de Deus.
8
E Pilatos, quando ouviu essa palavra, mais atemorizado ficou.
9
E entrou outra vez na audiência e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não
lhe deu resposta.
10
Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para
te crucificar e tenho poder para te soltar?
11
Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado;
mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.
INTRODUÇÃO
Poder
é um assunto que suscita muitos questionamentos e poucas respostas. Alguns o
defendem como um bem a ser preservado para a justiça, e outros, como um mal
necessário e inevitável. Há os que defendem que é um mal, por natureza, a ser
eliminado. Certo é que não há como viver sem se relacionar com o poder. Mal ou
bem, depende de quem o detém e a maneira como faz uso dele.
E
a Bíblia, o que ensina a respeito do poder? O cristão sabe lidar com ele? Nesta
lição, refletiremos acerca de um texto do Evangelho de João que trata a
respeito do julgamento de Jesus. Veremos quais eram as autoridades naquele
tempo e como o Mestre lidou com o poder.
I - O PODER
QUE IMPERA NO MUNDO
1. O poder do Império
Romano no primeiro século.
O
modo de dominação imposta pelo Império Romano afetou profundamente a vida dos
judeus. A opressão imperial era sustentada por meio da força de legiões de
soldados. A Palestina já havia tido experiências de opressões imperialistas
antes dos romanos, por meio de extorsão de excedentes agrícolas e escravização.
No entanto, a comercialização romana era bem mais invasiva.
A
agricultura era a base da economia dos habitantes da Palestina e os romanos se
apropriavam das colheitas. Eles tiravam a dignidade dos campesinos, pois a
dominação romana não significava somente a submissão a uma pesada tributação,
mas, acima de tudo, era uma grave ameaça à própria existência. Toda a situação
de injustiça sistêmica e opressão institucionalizada eram “legitimadas” pela
firme crença de que o Império Romano era universal, desejado e protegido pelos
deuses. Uma dominação sustentada por um exército considerado invencível e sob o
pretexto de uma paz garantida.
2. O poder dos reinos
do mundo e a glória deles na tentação de Jesus (Mt 4.8-11).
A
terceira e última tentação de Jesus narrada por Mateus tem muito a nos ensinar
a respeito do poder e sua utilização. Ela nos mostra o risco de desejarmos o
poder dos reinos desse mundo, em detrimento da adoração a Deus. O lugar da
terceira tentação é um monte muito alto com visão de todos os reinos do mundo.
Sabemos que o ser humano tem uma tendência a querer poder. Todos querem o domínio,
a diferença é que alguns têm equilíbrio, enquanto outros não se importam com os
meios para conquistá-lo, e para estes, os meios justificam os fins.
O
texto em apreço pode dar a entender que o Inimigo domina os reinos do mundo,
pois ele tem a petulância de oferecê-los a Jesus. Mas ele é o pai da mentira.
Jesus rejeita tal oferta e vence o Diabo.
3. A força manipuladora
do poder.
Talvez
essa seja uma das mais perigosas tentações, quando você pensa que está fazendo
um bem e na realidade está sendo usado para fazer o mal a você e às pessoas que
poderiam se beneficiar com sua ação. Por isso, a importância de estar
sincronizado com Deus para
não
ser enganado pelo mal. Jesus sabia o caminho que teria que percorrer para
cumprir sua missão, que não era política. O Salvador veio a fim de buscar o
perdido, e não libertar os judeus do jugo romano (Lc 19.10). Jesus não
priorizou o que é deste mundo, mas o que é eterno, pois os reinos e a glória
deste mundo são passageiros.
II - DEUS ESTÁ
ACIMA DE TODO E QUALQUER PODER
1. O poder de Pôncio
Pilatos, a quem Jesus foi entregue para ser julgado.
Pilatos
era um procurador nomeado pelo imperador Tibério (14 a 37 d. C.) e não tinha a
consideração dos judeus. Era sanguinário, autoritário e arrogante. Não respeitava
os limites do Templo de Jerusalém, local onde tentou introduzir uma imagem do
imperador e se apropriou dos tesouros ali depositados para construir um
aqueduto na capital. A relação de Pilatos com os judeus pode ser vista no texto
de Lucas 13.1. O sinédrio, antes do domínio romano, tinha o poder de infligir
sentença de morte, mas na época de Jesus essa sentença tinha que ser sancionada
pelos romanos. Portanto, apesar de rivais, os principais líderes judeus
governavam junto com o representante romano, mas tinham seus poderes limitados.
A decisão, segundo as leis deste mundo, se Jesus viveria ou morreria, estava
nas mãos de Pilatos (Lc 19.10).
2. O poder
político-religioso opositor a Jesus.
João
utiliza o termo “os judeus” de forma diferenciada dos demais evangelistas.
Quando utilizado com conotação adversativa é para indicar os opositores de
Jesus e seus discípulos, um grupo judaico dominante e específico. Eles eram
autoridades político-religiosas que exerciam o poder político por intermédio do
Sinédrio e o poder religioso por meio do Templo e do culto oficial (Jo 1.19;
2.18; 5.10). João mostra que mesmo entre os fariseus existiam pessoas que criam
em Jesus, mas estavam tão arraigadas ao sistema religioso que não o confessavam
como o Cristo para não serem expulsas da sinagoga (Jo 2.23; 12.10,11,.42).
Entre as principais causas da oposição desse grupo a Jesus estavam a sua
messianidade, sua origem, suas pretensões de reino, sua posição em relação ao
sábado e a sua divindade (Jo 8.52,53,57,59). A influência e a popularidade de
Jesus levaram os poderosos da época a planejarem a morte do Salvador.
3. O contraste entre a
realeza de Jesus e o poder imperial.
O
texto joanino destaca o contraste entre a realeza de Jesus e o modo de vida do
poder imperial (privilégios, hierarquias, dominação, hipocrisia, entre outros).
Os representantes do poder imperial vão sendo gradativamente desmascarados. No
julgamento de Jesus (Jo 19.1-15), Pilatos até aparenta estar impressionado com
a postura do Salvador, mas logo demonstra sua leviandade. Primeiro ele manda
açoitar e humilhar Jesus (vv. 1-3), sendo que tinha a intenção de soltá-lo (v.
4) e até o reconhece como rei (vv. 14,15). Além disso, ficou entrando e saindo
do pretório para conversar com os judeus e com Jesus. Por outro lado, as
autoridades político-religiosas, querendo a morte de Jesus e, ao mesmo tempo,
querendo manter a boa relação com os romanos, traem a própria tradição e
aliança com Deus. Eles afirmam que o único rei deles é César (v. 15). Eles não
entram no pretório para se manterem
“puros”
e participarem da Páscoa, e não se preocupam em levar à morte um justo. Jesus e
a multidão assistiram à desmoralização desse poder arrogante e degradante.
4. Pilatos fica
inseguro diante da afirmação da divindade de Jesus.
No
primeiro século, o Império Romano empunhava sobre os liderados a chamada
teologia “augustana”, centrada na divindade do Imperador. Antes de Jesus
Cristo, estes foram os títulos de César Augusto: Divino, Filho de Deus, Deus,
Deus de Deus, Senhor, Redentor, Libertador, Salvador do Mundo. O evangelista
assevera que Pilatos, quando se depara com a declaração dos judeus de que Jesus
teria afirmado ser filho de Deus, ele “mais atemorizado ficou” (v. 8). A
ansiedade o faz voltar ao pretório para dialogar com Jesus. Ele quer saber a
origem do Senhor (v. 9), mas dessa vez Jesus se “impõe” por meio do silêncio.
Pilatos, o “poderoso”, se apequena diante de Jesus, aparentemente indefeso e
tenta fazer uso do poder e da autoridade a ele conferida pelo Império Romano,
mas mesmo assim, Jesus afirma que acima do “todo poderoso Império Romano” há um
poder maior, que é Deus e que somente Ele tem poder sobre tudo e todos.
SUBSÍDIO 1
“Pilatos sai e traz consigo Jesus, vestido chistosamente como
rei com uma coroa de espinhos e um manto purpúreo. Ele anuncia que não achou
nenhuma culpa em Jesus. Com esta manobra, Pilatos muito provavelmente tenta
soltar Jesus. Não obstante, os sacerdotes e oficiais recusam-se a aceitar tal
ação e exigem a pena de morte: ‘Crucifica-o! Crucifica-o” (v.6). Eles apelam
para esta sentença com base na lei deles - Ele blasfemou (‘Ele se fez Filho de
Deus', v. 7; cf. Jo 5.18; 10.33). Agora Pilatos ficou com mais medo ainda. O
medo se mostra implicitamente no dilema em que se encontra - entalado entre
certo tipo de regente romano sobre a nação judaica e seu próprio fracasso e fim
como governador. Debaixo disso, de maneira irônica, Jesus que realmente está no
controle, frustra o plano que Pilatos tem de soltá-lo. Ele tem de morrer pelos
pecados do mundo. Ironicamente, Jesus é realmente o Rei” (Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 204, p. 599).
SUBSÍDIO 2
“O temperamento de Tibério provavelmente explica a hesitação de
Pilatos em agir no julgamento de Jesus. Convencido pelo resultado do exame de
que Jesus não era um revolucionário perigoso. [...] A insinuação dos
sacerdotes, ‘Se soltas este, não és amigo de César! Qualquer que se faz rei é
contra o César!' (Jo 19.12), era uma ameaça velada. [...] Tibério, receoso de
conspiração, não estava disposto a tolerar qualquer tipo de deslealdade. Se os
judeus se queixassem com o imperador (que apreciava o bem-estar das
províncias), de que Pilatos havia endossado ou perdoado uma rebelião armada
contra o governo, a sua destruição política seria certa. [...]Pilatos teve de
tomar uma decisão rápida entre a justiça romana em relação a Jesus, a qual ele
a havia jurado apoiar por ser um oficial do governo, e ofender a hierarquia, o
que poderia, através de uma palavra bem colocada com Tibério, trazer a sua
ruína. [...] A administração da Judeia por Pilatos foi conduzida de um modo
arbitrário e inconsequente. Segundo Josefo, a fim de obter fundos para a
construção de um aqueduto necessário, ele fez uso do ‘dinheiro sagrado'. Quando
a população protestou contra esta profanação do tesouro do Templo, ele enviou
soldados em roupas comuns que atacaram desordeiros e espectadores indiscriminadamente,
matando alguns e ferindo outros” (TENNEY, Merrill C. Tempos do Novo Testamento:
Entendendo o Mundo do Primeiro Século. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.
173-175).
CONCLUSÃO
Nesta
lição aprendemos que o poder exercido pelo Império Romano continua sendo o
modelo que opera no mundo, que jaz no maligno. Aprendemos que todo poder emana
de Deus e que Ele está acima de tudo e todos.
HORA DA REVISÃO
1. A opressão romana era sustentada por meio de quê?
A opressão imperial era sustentada por meio da força de legiões de
soldados.
2. Qual era a base da economia dos habitantes da Palestina?
A agricultura era à base da economia dos habitantes da Palestina e os
romanos se apropriavam das colheitas.
3. Segundo a lição, o que podemos aprender com a terceira tentação de
Jesus?
Ela nos mostra o risco de desejarmos o poder dos reinos desse mundo, em
detrimento da adoração ao Deus verdadeiro.
4. Quem foi Pôncio Pilatos?
Pilatos era um procurador nomeado pelo imperador Tibério (14 a 37 d. C.)
e não tinha a consideração dos judeus.
5. Segundo a lição, quem eram os opositores de Jesus?
Eram autoridades político-religiosas que exerciam o poder político por
intermédio do Sinédrio e o poder religioso por meio do Templo e do culto
oficial (Jo 1.19; 2.18; 5.10).