Obs. Subsídio para a
classe de Jovens. Lição 4 – 1° trimestre de 2019.
Caminhando
com Deus, pelo deserto, o povo foi conhecendo o caráter de Deus à proporção que
seguiam rumo a Canaã. Ele colocou uma nuvem ou uma coluna de fogo, se fosse dia
ou noite, respectivamente, para indicar o caminho a seguir e proteger seu povo.
Interessante notar que a presença de Deus não ficou estagnada, mas se movia
livremente de um lugar para outro, sem nenhum padrão previamente definido,
parecendo-se muito com o que acontece com a Igreja do Senhor.
Ao observar a história da Igreja, nos
últimos 2.000 anos, é impressionante perceber como Deus “se move” no aspecto
geográfico, mudando de nação em nação e de cultura em cultura, pois Ele “anda” em
busca daqueles que o querem, que o procuram, que clamam por socorro. Paulo
endereçou muitas de suas cartas a igrejas que, atualmente, não existem mais. Em
um reduzido espaço de tempo, a fé evangélica se espalhou por toda a Europa,
dominando a região por cerca de um milênio; hoje, porém, em que pese existirem
veementes vestígios de cristianismo em vários lugares, a maior parte das
catedrais construídas servem apenas para visitas de turistas. Denomina-se a
Europa como sendo um continente pós-cristão.
VEJA TAMBÉM:
Nos últimos anos, o cristianismo tem
florescido vigorosamente na África, Ásia e também na América Latina, de maneira
que menos de 1/3 dos cristãos estão na América do Norte e Europa, situação bem
distinta há pouco tempo. Como explicar essas mudanças bruscas em certas regiões
e por que há tantos países que deixaram de ser cristãos? Interessante que pouco
se ouve falar em países que deixaram de seguir o Islã!
O que ocorre é que Deus é muito
educado. O Altíssimo permanece ao lado daqueles que se achegam a Ele (Tg 4.8).
O Todo-Poderoso nunca impõe o seu Reino de cima para baixo, coercitivamente,
pela força das armas da guerra, como os islamitas o fazem! Em Apocalipse 3.20,
o próprio Senhor Jesus demonstra a longanimidade de alguém que espera
pacientemente pelo pecador. Não há uma única ocasião em que Deus exigiu ser
amado por qualquer povo, mas Ele sempre convida as pessoas à conversão. Tudo
que se faz para Deus precisa ser voluntário.
Nesse ponto da caminhada, porém, um
ano depois da saída do Egito, os hebreus estavam ávidos por Deus e, assim, o
Senhor os acompanhava numa coluna de fogo nas noites congelantes do deserto e,
durante os dias, sob o sol escaldante de um dos lugares mais quentes do mundo,
uma monumental nuvem trazia refrigério para milhões de pessoas, propiciando uma
temperatura agradabilíssima para viver e para caminhar.
Mister lembrar que a
região por onde trafegavam possuía aproximadamente 56.000 km2 de deserto, sendo
amplamente estéril, com poucos assentamentos nos tempos
antigos, e estes de duração bastante curta. O solo
era duro e repleto de pedras que, quando tocadas com força ou atritadas com
metal, produziam centelha com facilidade, e o período de chuva durava cerca de
20 dias, com neblina e orvalho ocasionalmente.
Conhecendo esse cenário, compreende-se
o porquê da manifestação da presença de Deus através de uma nuvem e de uma coluna
de fogo. Como sobreviveriam quarenta anos num ambiente desse, sem a ajuda de
Deus? Eles desejavam os benefícios do Senhor e, por isso, Deus se movia no meio
do povo. Quanto privilégio ser cuidado pelo Onipotente!
I - A Nuvem e a Coluna de Fogo
1.
A Presença Contínua
A nuvem surgiu, pela primeira vez,
quando eles atravessavam o mar. Depois no Sinai e também quando Moisés fez uma
tenda, e ali buscava a Deus; por fim, quando o Tabernáculo foi levantado. A
partir de então, a presença de Deus era contínua, de maneira que, quando a nuvem
se elevava acima do Tabernáculo, os filhos de Israel reiniciavam a sua jornada.
Os milhões de peregrinos que estavam ao redor do Tabernáculo, nas suas
respectivas tribos, entenderam perfeitamente que se tratava de uma manifestação
divina.
Está escrito que “Assim era de
contínuo: a nuvem o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo” (Nm 9.16).
“Deus prometeu prover uma nuvem para guiar os viajantes e para lembrá-los de
sua presença contínua.” Interessante que Deus, embora nunca se apresente
fisicamente, mas permaneça invisível, sempre deixa sinais de que se conserva
junto do povo. Jesus disse que os discípulos não o veriam mais, entretanto
assegurou: “[...] eu estou convosco todos os dias [...]” (Mt 28.20). A
maravilhosa presença do Senhor traz a sensação de amparo, proteção, segurança.
Dessa forma, o Senhor demonstrava a todos que cumpria a promessa de sua
presença inafastável. De fato, qual o filho pequeno que não necessita que seu
pai sempre esteja por perto?
Na verdade, embora os seres humanos
desejem autonomia para crescer (esse sentimento é inato a todos) e se tornar
independentes, os pais sempre veem os filhos como meninos (parece que os filhos
nunca crescem). Curioso que o Senhor conduzia o povo pelo deserto como a
meninos (Dt 1.31), assegurando-lhes o que prometeu a Jacó: “E eis que estou
contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra,
porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito” (Gn 28.15,
grifo nosso). Não obstante os filhos de Israel fossem rebeldes, Deus, com toda
a ternura, pegava-lhes nas mãos, tratando-os como a crianças que precisavam dar
os primeiros passos. O Altíssimo estava pedagogicamente mostrando que sua
presença contínua asseguraria o êxito daquela caminhada, caso os hebreus
quisessem.
2.
O Mover Imprevisível
A nuvem da presença de Deus, sempre
que se elevava sobre o Tabernáculo no deserto, “os filhos de Israel após ela
partiam; e, no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel assentavam o
seu arraial” (Nm 9.17). Israel, assim, andava e parava onde Deus determinava, o
que acontecia de maneira imprevisível. Dessa forma, em alguns instantes, o
Eterno indicava a marcha e noutros o descanso, como deve acontecer com o povo
de Deus. Há momentos em que a caminhada deve ser constante, mas noutras
circunstâncias é preciso parar.
Conta-se que, depois da morte do
grande pregador americano Charles Finney, encontraram em sua velha Bíblia,
cheia de anotações à mão, ao lado do texto de Salmos 37.23, o qual diz que Deus
firma os passos do homem bom, a seguinte expressão: “E suas paradas também”.
“Segundo o dito do Senhor, os filhos de Israel partiam e segundo o dito do
Senhor assentavam o arraial” (Nm 9.18). Quantas vezes, pela madrugada, ou ao
entardecer, ou ao meio dia, a nuvem começava a se elevar e locomover-se
inesperadamente, durante quase quatro décadas, e o povo de Israel
movimentava-se; mas de repente, sem mandar qualquer aviso, a nuvem parava e o
povo descansava naquele lugar uma noite, dois dias, um mês ou um ano (Nm
9.19-22).
Observa-se que a coluna de nuvem dizia
a Israel quando partir e onde acampar, demonstrando que a “direção divina não é
somente uma questão de aonde devemos ir, mas, também, uma questão que quando
ir”.5 Interessante perceber, também, que não havia naquele deserto, nem há na
atualidade, paradigmas para entender o mover de Deus. Não há como fazer uma
equação para tentar compreender a forma e os meios que o Senhor utilizará para
alcançar os seus propósitos. Não é com a mesma imprevisibilidade e aparente
ilogicidade que Deus frequentemente determina sua vontade, muitas vezes
contrariando o senso comum?
3.
A Obediência Voluntária
A variedade do “agir” da nuvem
treinava os israelitas, movia suas entranhas, quebrantava seus brios, moldando,
dessa forma, o caráter de um povo de “dura cerviz” (Dt 10.16; 31.27; 2 Rs
17.14; Jr 7.26; Mc 10.5; At 7.51). Está escrito, porém, que eles tinham rapidez
em obedecer, pois “quer de dia quer de noite, alçando-se a nuvem, partiam” (Nm
9.21).
Observa-se que os hebreus não apenas
partiram ou paravam, de acordo com a orientação de Deus, mas, também, “da
guarda do Senhor tinham cuidado, segundo o dito do Senhor pela mão de Moisés”
(Nm 9.23). Logo nos primeiros passos da caminhada pelo deserto, o povo se
submetia espontaneamente ao Senhor, de todo coração.
Fazer rapidamente a vontade de Deus
sempre é a melhor decisão para seu povo, sob quaisquer circunstâncias, pois a
obediência é um segredo aberto, uma bússola, um mapa, um caminho. Andar em
obediência é seguir seguro, certo de que algo de bom acontecerá, pois o Senhor
é o Sumo Bem e Ele jamais se equivoca. O povo hebreu, ainda que, de certa
forma, apresentasse traços da cultura egípcia, tinha um grande referencial
moral e espiritual — o pai da nação, Abraão, o qual serviu a Deus
obedientemente e sempre, mesmo nas maiores provas da vida, fazia o querer do Senhor
com muita brevidade. Narra-se, por exemplo, em Gênesis 22, que quando Deus
mandou Abraão imolar seu filho Isaque, logo de madrugada, o patriarca da fé
tomou as providências necessárias para cumprir a ordem recebida. O fim da
história, amplamente conhecida, serviria, por certo, de inspiração para eles,
como para nós, que também temos que seguir o Senhor corajosamente,
obedecendo-lhe, com urgência, em tudo o que Ele determina na sua Palavra.
Fonte: Rumo à Terra Prometida: A peregrinação
do povo de Deus no Deserto no Livro de Números. Autor: Reynaldo Odilo. Editora
CPAD
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