Obs. Subsídio para a classe de Jovens.
Lição 1 – 1° trimestre de 2019.
1. Natureza do
livro de Números
Gênesis
é o livro dos princípios; Êxodo, o livro da redenção e Levítico, o livro da
expiação e da adoração. Números, por sua vez, é o livro da provação.
Números
(lat. numeri, gr. arithmoi) recebe esse nome porque os
israelitas foram contados duas vezes (cap. 1 e cap. 26), a primeira, no início
da jornada e a segunda, ao final dos 38 anos de peregrinação pelo deserto.
O
livro de Números narra a história de Israel no deserto, viajando do monte Sinai
em direção à Terra Prometida. Quando Moisés tirou Israel do Egito, para levá-la
a Canaã, Deus testou o seu povo, no deserto, para ver se permaneceriam fiéis a
Ele, como uma nação unificada. O livro de Números documenta os seus sucessos e
fracassos. A desobediência de Israel resultou no juízo de Deus, que sempre foi
contrabalançado pela sua paciente persistência ao levantar uma nova geração
para cumprir o seu plano. Com as suas muitas histórias e a detalhada explicação
das leis de Deus, Números nos dá uma dramática narrativa da natureza do Senhor,
do seu concerto e do seu plano para o seu povo.
2.
Significado espiritual
O
Novo Testamento faz repetidas alusões ou citações de Números (Jo 3.14 eNm
21.9). Balaão (Nm 22—24) é mencionado por Judas (11), Pedro (1 Pe 2.15-16) e
João (Ap 2.14). Judas também se refere à rebelião de Coré (11; Nm 16; 27.3).
Seu conteúdo espiritualmente ilustrativo recebe significado profundo (1 Co
10.1-11)e está ligado de forma inseparável com o restante do Pentateuco, em
particular com Êxodo e Levítico.
3.
Características Especiais do livro de Números
Seis
características principais projetam o livro de Números.
1)
É o “Livro das Peregrinações no Deserto”, a revelar claramente por que Israel
não possuiu imediatamente a terra prometida
depois de partir do monte Sinai. Antes, teve que peregrinar, vagueando
no deserto por mais trinta e nove anos.
2)
É o “Livro das Murmurações”, que registra vez após vez a murmuração, o descontentamento e as queixas dos israelitas
contra Deus e seu modo de lidar com eles.
3)
O livro ilustra o princípio que sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb
11.6). Vemos, por todo esse livro, que o
povo de Deus triunfa tão-somente ao confiar nEle com fé inabalável, crer nas
suas promessas e depender dEle como sua fonte de vida e de esperança.
4)
Números revela com profundidade o
princípio de que se uma geração fracassar, Deus suscitará outra para cumprir
suas promessas e para levar a efeito a sua missão.
5)
O censo antes de Cades-Barnéia (1—4) e o
posterior feito nas planícies de Moabe, antes da entrada em Canaã (cap.
26), revelam que não era o tamanho inadequado do exército de Israel que o
impedia de entrar em Canaã, partindo de Cades,
mas o tamanho inadequado da sua fé.
6)
É o “Livro da Disciplina Divina”, a demonstrar que Deus realmente disciplina os
seus e executa julgamento sobre eles, quando persistem na murmuração e na incredulidade (13—14).
4.
Autoria
Como
acontece com os outros livros do Pentateuco, Moisés tem sido tradicionalmente
reconhecido como o autor de Números. Até o advento da erudição moderna,
estudiosos, tanto judeus como cristãos, aceitavam a autoria de Moisés; o Antigo
Testamento, o Novo, e grande parte da literatura judaica antiga, também faziam
essa suposição. Referências ao papel de Moisés como o autor aparecem por todo o
Pentateuco (por exemplo, Nm 33.1-2). Com base no conteúdo ou no nível de
instrução possível na época do Êxodo e da conquista, não há necessidade de
excluir Moisés como o autor principal, exceto em passagens como a narrativa da
sua morte (Dt 34). Também é possível que Moisés supervisionasse a compilação de
livros creditados a ele, ou, como o apóstolo Paulo, ditasse partes de seus
textos. Números se refere a representantes e anciãos, que ajudaram Moisés de
várias maneiras (Nm 1; 11).
Muitos
estudiosos defendem várias fontes das quais editores posteriores teriam criado
os livros do Pentateuco, mas esta “Hipótese Documentária” continua
especulativa. Mesmo admitindo modificações posteriores feitas por escribas e
editores, o livro de Números se representa, substancialmente, como uma obra de
Moisés.
5.
Data e Geografia
Os
dados geográficos, culturais e linguísticos relativos a Números se encaixam em
uma data anterior ou posterior (1400s ou 1200s a.C.) para o Êxodo e a
conquista.
A
evidência arqueológica do Sinai, Neguebe e do outro lado do Jordão (da
Transjordânia, ou seja, Edom, Moabe e Amom) também contribui significativamente
para o debate a respeito dos antecedentes históricos da conquista. Os
acadêmicos não conseguiram identificar locais exatos para os muitos nomes de
lugares mencionados no itinerário do deserto, e há problemas com vários outros
locais citados em Números.
6.
Questões Literárias
a) Título do livro.
O
nome “Números” deriva do interesse deste livro pelas estatísticas (como em Nm
1–4; 26). É a tradução para o português da palavra Numeri, em latim, e
Arithmoi, em grego, conforme os nomes dados a este livro pelas traduções
Vulgata Latina e Septuaginta grega, feitas a partir do Antigo Testamento. As
narrativas mostram, com precisão matemática, que os israelitas que deixaram o
Egito não eram as mesmas pessoas que cruzaram o Egito, entrando em Canaã. Na
Bíblia hebraica, o livro de Números é chamado bemidbar (“no deserto”), a quarta
palavra de Nm 1.1 em hebraico. Este título, certamente, é apropriado, uma vez
que reflete o cenário geográfico e a época cronológica do livro.
b) Gêneros
Literários.
O
livro de Números inclui uma variedade de gêneros literários comuns, como
narrativa (por exemplo, Nm 10.11–14.45), poesia (por exemplo, Nm 23–24), e
direito (por exemplo, Nm 4–6). O livro também contém listas detalhadas de fatos
e números, como cálculos de registros (por exemplo, Nm 1–4), ofertas (por
exemplo, Nm 7), e itinerários de viagem (por exemplo, Nm 33). A versão NTLH
converte algumas listas em prosa em tabelas concisas de nomes e números (Nm 1;
13; 34).
c) Fontes Literárias.
A
Bíblia hebraica identifica fontes antigas que Moisés (e talvez editores
posteriores) teria consultado, como o Livro das Batalhas do SENHOR (Nm
21.14-15); o “Cântico do Poço” (Nm 21.17-18); e o “Cântico de Hesbom” (Nm
21.27-30). Nm 23–24 contém muitas linhas poéticas do profeta não israelita
Balaão; Nm 31.32-47 parece estar baseado em um registro de saque real; e Nm 33
parece se originar de um diário escrito.
d) Texto.
O
texto hebraico de Números está muito bem preservado, com a exceção de algumas
poucas seções em poesia de Nm 21–24 que são de difícil interpretação. A
condição, em geral, boa, do texto hebraico é evidente, quando comparamos o
Texto Massorético hebraico (900s d.C.) com fragmentos muito anteriores de
Números, encontrados nos Manuscritos do Mar Morto (150 a.C.-125 d.C.); há
apenas algumas variações insignificantes entre as duas obras. Diferenças
maiores existem entre o Texto Massorético, seções equivalentes do Antigo
Testamento grego (a Septuaginta), e o Pentateuco Samaritano, mas representam
diferenças deliberadas de interpretação, e não apenas informações diferentes
nos manuscritos.
7.
Grandes temas em Números
a)
O voto de nazireu (Nm 6.2 -20)
A
palavra "nazireu" (hb. nazir, de nazar, "pôr à
parte") designa a pessoa consagrada e dedicada totalmente ao Senhor. A
dedicação poderia durar um período determinado, ou por toda a vida (Jz 13.5; 1 Sm 1.11).
Os
nazireus eram suscitados pelo próprio Deus para demonstrarem através do seu
modo de vida, o máximo padrão divino de santidade, de consagração e de dedicação, diante do povo (Am 2.11,12). O
voto de nazireado era totalmente voluntário. O propósito disso era ensinar a
Israel que a dedicação total a Deus deve primeiro brotar do coração da
pessoa,
para depois expressar-se através da abnegação (Nm 6.3-4), do testemunho visível
(v. 5) e da pureza pessoal (Nm 6. 6-8). A dedicação completa do nazireu é um
exemplo daquilo que todo cristão deve procurar ser.
O
nazireu devia deixar seu cabelo crescer até ficar comprido, como um sinal
visível da sua separação para o Senhor. Nos ensinos de Paulo vemos que, para o
homem, cabelo comprido era normalmente uma desonra (1 Co 11.14); logo, um
nazireu com seus cabelos longos poderia simbolizar sua disposição de suportar
opróbrio e a zombaria por amor ao Senhor.
b)
A serpente de Bronze (Nm 6-7)
Irrompeu
nova murmuração, 4-5, sendo punida por serpentes abrasadoras, 6-7. A serpente
de bronze que Moisés foi instruído a confeccionar e pendurar numa vara, para as
pessoas picadas olharem, prefigura Cristo que "fez pecado por nós"
(Jo 3.14-15; 2Co 5.21), levando no madeiro o julgamento de nosso pecado (Rm
8.3).
A
serpente (Gn 3.14), como instrumento de Satanás na Queda, tornou-se ilustração
divina dos efeitos do pecado na natureza — de criatura indubitavelmente bela e
ereta para cobra repugnante. A serpente de bronze retrata o pecado — julgado na
cruz de Cristo. O ato de olhar para a serpente de bronze para ser curado das
picadas das serpentes fala da fé na cruz de Cristo para cura espiritual do
veneno do pecado, 8-9.
O
fato de a serpente se ter tornado objeto de culto idólatra demonstra como um
instrumento de graça pode ser mal empregado (2Re 18.4). O rei Ezequias a
destruiu em c.700 a.C.
c)
O Maná (Nm 11.6; Lv 16.4.31)
O
pão dos céus é chamado maná. Era um alimento especial, enviado milagrosamente
por Deus para alimentar o povo após o êxodo do Egito.
Era
uma substância branca semelhante à geada, formando flocos miúdos, com o sabor
de mel (Lv.16 14; Nm 11.9). O suprimento do maná cessou ao entrar Israel na
terra prometida. A partir de então, passaram
a consumir outros alimentos da nova terra (Js 5.12).
O
maná era um tipo de Jesus Cristo que, como o verdadeiro pão do céu (Jo 6.32; Ap
2.17), concede-nos a vida eterna (Jo 6.33,51,58).
CONCLUSÃO
Em
Rm 15.4, Paulo diz que as narrativas do Antigo Testamento foram escritas para
nosso benefício. Episódios específicos de Números são usados no Novo Testamento
como veementes lições:
Em
1Co 10.1-11, o apóstolo Paulo adverte os seus leitores para que evitem a
idolatria, a imoralidade e as murmurações, a fim de que não pereçam como os
israelitas no deserto. Deus não se alegra com esse comportamento, e os cristãos
não devem tentar submeter Deus a qualquer tipo de prova (Nm 10.9).
O
autor de Hebreus identifica repetidas ocasiões em que houve o espírito
insensível e desobediente de Israel, e diz que Deus reagiu a essa rebeldia com
uma ira rápida e certa (Hb 3.7–4.11). Estes versículos, que se apoiam
intensamente na linguagem do Sl 95 estão saturados de termos que refletem o
juízo de Deus pelo pecado de Israel.
Jd
5 resume Números para educar cristãos, com base no passado.
O
mesmo Deus que tirou o seu povo do Egito destruiu aquela geração rebelde,
porque eles não creram. Como a antiga Israel, os cristãos devem aprender com os
erros do passado e viver em fé e obediência ao seu Senhor.
Postagem
de www.subsidiosebd.com
Referências:
- Bíblia de Estudo Pentecostal -CPAD
- Unger, Merrill Frederick. Manual
Bíblico UNGER. 1ª edição de 2006 – Vida Nova
- Bíblia o Caminho - CPAD