Os
pentecostais
reuniam-se e reúnem-se em nome de Jesus para celebrar cultos ao Senhor Deus.
Nesses cultos,
podemos ver curas, batismo no Espírito Santo, salvação e libertação de pessoas.
É sobre o culto pentecostal que trataremos neste capítulo.
I - As Reuniões do
Povo de Deus em Atos
1.
Reuniões com Oração
Uma
das características dos cultos realmente pentecostais
é a oração.
A visão pentecostal é que a oração deve ser uma atitude constante, e essa
prática é vista nos cultos feitos nas casas, nos templos e em quaisquer outros
ambientes onde os servos de Deus podem reunir-se de forma pacífica, como
colégios, quartéis, etc.
Em
Atos 2, Lucas mostra que os discípulos de Jesus
não estavam comemorando a data festiva do dia de Pentecostes. Não cremos que é
errado celebrar uma data pátria ou festiva como, por exemplo, aniversários,
casamentos ou um feriado nacional. No Antigo Testamento, o próprio Senhor
instituiu ocasiões de celebrações nacionais para os hebreus. Não era ilícito
comemorar o dia de Pentecostes, e os seguidores de Jesus não seriam condenados
se estivessem comemorando; os crentes em Jerusalém, contudo, estavam em oração
quando foram cheios do Espírito Santo.
Orar
é tão importante que o Senhor Jesus não apenas o fazia com frequência, mas
também nos ensinou a fazê-lo. Ele orou até o momento em que entregou o espírito
a Deus. O Senhor não depende de nossas orações para agir em certas ocasiões,
mas Ele espera que seu povo ore e faça da oração uma prática. A oração de Saulo
foi tão importante que Ananias, o discípulo de Jesus em Damasco, foi orientado
pelo próprio Senhor a que fosse à rua chamada Direita procurar pelo
perseguidor, que estava orando (At 9.10-17).
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2.
Reuniões com Temor de Deus
Pentecostais
creem que o verdadeiro culto precisa ser feito com temor do Senhor. Por temor,
entendemos o respeito devido à presença do Eterno. Temor não é medo, muito
menos pavor. Diante da santidade de Deus, o ser humano deve chegar com
quebrantamento, mas também com confiança, lembrando-se de que não há mais
separação entre nós e o Pai. Um hino batista diz: “Santo, Santo, Santo! Nós, os
pecadores, não podemos ver tua glória sem temor”; é uma importante menção de que
o temor por parte dos homens diante de Deus é necessário.
Nem
todas as pessoas, entretanto, têm a consciência de que, ao ir para um culto,
estão diante de Deus. Jesus garantiu: “Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles” (Mt 18.20); essa presença,
porém, nem sempre é respeitada. O livro de Atos mostra, pelo menos, duas
ocasiões em que a presença de Deus em uma reunião foi tida como de menor
importância. Ananias e Safira, sua esposa, tentaram enganar os apóstolos na
hora da oferta, e Lucas registra a consequência da falta de temor daquele
crente desta forma: “[...] Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias,
ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os
que isto ouviram” (At 5.4b-5).
Não
havia uma exigência para que as ofertas fossem entregues integralmente. O ato
de ofertar deve vir do coração, que foi justamente a parte de Ananias que o
apóstolo Pedro, por revelação do Espírito Santo, diz que foi cheia por Satanás.
É
incrível como o ato de trazer recursos financeiros para o santuário muitas
vezes afasta-nos do temor do Senhor, seja quando fechamos o nosso coração às
contribuições, seja quando queremos mostrar aos outros o quanto supostamente
somos generosos. Oferta é a
expressão de voluntariedade financeira; Ananias, no entanto, tentou enganar a
Deus e pagou um alto preço por sua falta de temor.
O
outro caso é o de Simão, o mágico, que, em um culto, tentou comprar o dom do
Espírito Santo ao ver Pedro impondo as mãos sobre as pessoas e essas mesmas
pessoas sendo cheias do Espírito de Deus. Ele ficou tão empolgado quando viu
que um poder sobrenatural estava com Pedro que quis adquirir tal capacidade.
Simão foi duramente repreendido por Pedro por sua falta de respeito ante a
manifestação do poder de Deus (ver At 8.9-25).
3.
Reuniões com Exposição da Palavra
A
oração e o temor no culto pentecostal é tão importante quanto a exposição da
Palavra de Deus. Não pode ser compreensível um culto em que o Senhor está
presente apenas nos momentos de oração e de cânticos e ausente no momento da
pregação. Por isso, a pregação deve ser levada a sério não apenas na escolha do
texto a ser trabalhado, mas também na forma como a exposição ocorre. A Igreja
Primitiva lia o Antigo Testamento e consultava-o para falar do Senhor Jesus e
de sua obra. Vemos isso no discurso de Estêvão (At 7), um diácono cheio do
Espírito de Deus e que, diante do sumo sacerdote, falou de Jesus utilizando a
história de Israel, retirada do Antigo Testamento.
Adoração
é muito importante no culto, e isso é inquestionável. Não podemos, entretanto,
esquecer que Deus fala por meio da pregação de sua Palavra, ampliando a
interação e a comunhão com Ele no culto.
4.
Adorando a Deus com as Finanças
Adoramos
ao Senhor quando trazemos a Ele as “primícias de toda a [nossa] renda” (Pv
3.9). E oportuno tratar aqui de um assunto que nem sempre é visto como
integrante da nossa adoração: as contribuições financeiras que fazemos para a
obra de Deus.
Uma
das mais ricas oportunidades que o ser humano tem de demonstrar que não é
dominado pela ganância é quando ele entende que seus recursos financeiros,
recebidos de Deus, são um presente dEle para que administremos de forma sábia e
altruísta. Nossas ofertas e dízimos fazem parte, sim, da nossa adoração. Quando
os trazemos ao altar do Senhor, estamos mostrando a quem servimos: se a Deus,
que nos concede a oportunidade de termos recursos para nossa subsistência, ou
ao dinheiro, que se torna um deus para muitos. O próprio Senhor Jesus
personificou o dinheiro quando disse que não poderíamos servir a dois senhores,
a Deus e a Mamom. Ou adoramos a Deus, ou fazemos do dinheiro o nosso deus, e é
justamente no culto que podemos mostrar a quem devotamos os nossos recursos.
II - Ordem e
Decência no Culto
1.
Cultos e Liturgia
A
palavra liturgia parece causar em algumas pessoas a impressão de que um culto
público está sob o comando de homens, e não de Deus. A verdade é que o culto
cristão não está isento de uma forma, de uma sequência de atos que refletem uma
organização inteligente, digna da adoração a Deus. Nos cultos, temos oração,
cânticos, meditação da Palavra, testemunhos, ofertas, pregação da Palavra e
anúncios para a congregação. Cada um desses elementos tem sua importância e
podem variar na ordem apresentada, mas todos são importantes.
O
culto pentecostal não é desprovido de uma liturgia. Essa palavra é oriunda de leitourgeion, do grego, de onde vem a
nossa palavra liturgia e que traz a ideia de um serviço público feito às
próprias expensas. Leitourgeion
também é traduzida como ministério. Ela aparece em Atos 13 quando nos é dito
que, na primeira igreja mista, Antioquia, havia profetas e doutores, e,
“servindo eles ao Senhor e jejuando”, o Espírito de Deus ordenou que Saulo e
Barnabé fossem separados para uma obra que o Senhor já lhes reservara.
Os
discípulos de Jesus estavam servindo (leitourgeion),
e o Espírito de Deus falou com eles sobre o que Ele desejava fazer: separar
obreiros para a obra missionária. É notório que, quando Deus encontra um
ambiente de serviço no culto, tanto para Ele próprio quanto o serviço de uns
aos outros, não há impedimento para que Ele fale e seja obedecido. Não
encontraremos dificuldades para cumprir o que o Senhor projetou para nós quando
nosso culto é baseado no ato de servir, e não no de ser servido. Somente o
Espírito de Deus pode trazer esse sentimento aos nossos corações.
2.
O Uso do Intelecto Associado aos Dons
O
Senhor espera que utilizemos o nosso pensamento na hora de adorá-lo e servi-lo.
Nosso culto precisa ser racional, ou seja, precisamos usar a nossa inteligência
para louvarmos de forma consciente e para entendermos a palavra que será
ministrada. Um cristão não deixa seu cérebro do lado de fora do templo quando
vai adorar ao Senhor. Na verdade, utiliza-o ainda mais, tendo em vista que o
seu intelecto estará sujeito às orientações de Deus e que ele vai buscar pensar
como Cristo pensou, tendo a mente de Cristo.
Cada
momento da nossa celebração tem sua importância. A Palavra de Deus, explanada
com a ajuda do Espírito, confronta-nos com nossas falhas e faz com que possamos
viver de acordo com o que o Senhor planejou. Com os dons sendo manifestados, a
igreja local é edificada e aprende como lidar sabiamente com eles.
3.
O Espírito do Profeta É Sujeito ao Profeta
Ainda
dentro da obrigatoriedade de utilizar-se o intelecto na celebração, Paulo diz
que cada pessoa deve controlar seus impulsos, utilizando justamente como
exemplo aqueles que têm o dom de profetizar. Esse dom, de extrema importância
na comunhão dos santos, deve ser administrado de forma que o culto não se
transforme num espetáculo particular de superioridade espiritual. “Porque todos
podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos
sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas (1 Co
14.31,32).
A
orientação paulina é clara no que tange a manifestações de profecia no culto ao
Senhor. Há grupos cristãos que, acreditando que o dom de profetizar é somente a
pregação da Palavra de Deus, não apenas impedem que haja profecias genuínas na
igreja, como também ensinam que esse dom cessou. O apóstolo Paulo, porém, fala
usando o tempo no presente: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos
profetas”. Paulo não diz que eram sujeitos e que não seriam mais depois do
terceiro século de nossa era.
A
orientação de Paulo tem por objetivo trazer ordem ao culto. O Deus dos dons
espirituais também é o Deus de paz, e o culto prestado a Ele precisa ser
pacífico: “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as
igrejas dos santos” (1 Co 14.33).
A
mensagem profética trazida a um homem ou mulher de Deus não é desculpa para que
o momento de culto torne-se desregrado ou, então, com manifestações condenáveis
na Palavra de Deus. Cada pessoa pode e deve controlar suas emoções quando usadas
com os dons espirituais. O ímpeto do Espírito não se confunde com uma reação
humana que não glorifica a Deus.
4.
Adorando a Deus em Espírito e em Verdade
O
ato da adoração é apresentado na Bíblia como o reconhecimento da grandiosidade
de Deus acompanhado da vontade em andar de acordo com as orientações divinas.
Mais particularmente, no Novo Testamento, João descreve um relato de uma
conversa entre Jesus e uma mulher samaritana. O local era o poço de Jacó, onde
as pessoas dirigiam-se para extrair água. Jesus conversou com aquela mulher
sobre a salvação. No decorrer da conversa, ela quis saber sobre o lugar onde se
deveria adorar a Deus. Os samaritanos tinham seu lugar de adoração há séculos.
Em sua doutrina, só aceitavam o Pentateuco judaico, rejeitando os profetas e
demais livros. Na ótica daquela mulher, o foco da adoração reflete a mesma
visão que muitas pessoas têm: o local onde se adora é o elemento mais
importante na adoração.
Jesus
responde que os samaritanos adoravam o que não sabiam e que a salvação vem dos
judeus; e acrescenta: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais
que assim o adorem” (Jo 4.23). A adoração, que antes estava enquadrada numa
teologia que privilegiava os lugares, agora tem um caráter pessoal: em espírito
— não uma ideia pálida de quem é Deus — e em verdade, pois Ele já se revelou em
Jesus. Nossa adoração deve refletir esse princípio. Precisamos adorar ao Senhor
de forma realmente espiritual, como novas criaturas, divorciados das regras que
regiam nossa forma antiga de viver.
Fonte: O
Vento sopra onde Quer. O Ensinamento bíblico do Espírito Santo e sua Operação
na Vida da Igreja. Autor: Alexandre Coelho. Editora CPAD
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