O apóstolo Paulo, escrevendo em Romanos
12.2, diz--nos: “E não vos conformeis com este mundo”. Vale salientar que a
expressão traduzida por “mundo” nas Sagradas Escrituras tem três expressões com
significados diferentes na língua grega; neste caso, a expressão mundo não é Kosmos, que na Septuaginta tanto
significa os exércitos do céu (universo) (Gn 2.1) como tem o significado de
adorno. Assim, esta expressão fala da beleza e da organização do universo.
Também não é a expressão Oikouméne,
que significa o planeta terra habitado.
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I
- O mundo que o apóstolo
Paulo se refere em Romano 12.2 é, no
grego, aeon, que a Bíblia Almeida
Atualizada foi feliz em traduzir por “século” e refere-se basicamente a uma
noção temporal e não tanto espacial. Na Bíblia, essa expressão aparece como
tempo (aeon) presente, como no versículo
em apreço, e como tempo (aeon) futuro
(Mc 10.30). Em Gálatas 1.4, Paulo diz-nos que o século presente é mau e em 2
Coríntios 4.4 revela-nos que o mesmo século tem como deus e dominador Satanás.
É aí que o apóstolo dos gentios nos recomenda a não nos “conformarmos”. No
grego, conformar-se é schema e
significa que não devemos entrar nessa fôrma, forjada pelo inimigo de nossas
almas, ou seja, não devemos entrar no seu esquema. É como nos diz a paráfrase
de Phillips: “Não permitam que o mundo ao redor os force a se encaixarem nos
seus moldes”.
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II-
O esquema do Inimigo
O teólogo Russel Champlim, há cerca de
quatro décadas, já dizia: “A conformação com o século presente tornou-se tão
comum entre os crentes que quase não se pode mais estabelecer a distinção entre
a Igreja Cristã e o mundo. A igreja exibe as suas modas mundanas no vestuário,
na música, nos maneirismos, nos padrões morais, nas ambições, nos alvos e nos
costumes diários”. Observe que ele falou isso quando o poder de influência da
mídia era bem insignificante à vista de hoje.
Willian MacDonald esclarece: o século
(literalmente “era”, também traduzido por mundo) se refere aqui à sociedade ou
ao sistema elaborado pelo homem na tentativa de obter a felicidade sem Deus. E
um reino contrário a Deus.
O deus e príncipe
deste mundo é Satanás (2Co 4.4; Jo 12.31; 14.30; 16.11). Todos os incoversos
são seus súditos. O mundo tem políticos, arte, música, religião, entretenimento
e modo de pensar e viver próprios, e procura conformar todos à sua cultura e
aos seus costumes.
O mundo odeia todos
os dissidentes como o Senhor Jesus e seus seguidores. Observe que, pelo fato de
o cristão ser orientado pela Palavra de Deus, o mundo o odeia (Jo 17.14).
Donald Stamps, autor das notas da Bíblia de Estudo Pentecostal, nos esclarece
sobre o que significa o sistema deste presente século: “Satanás usa a profissão
médica para promover a matança de nascituros, a agricultura para produzir
álcool e narcóticos; a educação para promover a filosofia de humanista, a
comunicação em massa para destruir os padrões divinos de conduta”.
III-
Cristãos influenciados pelo mundo
Lamentavelmente,
muitos cristãos “amoldaram-se ao padrão deste mundo” (NVI); pois alguns já
permitem o namorado dormir com a filha em casa, afirmando que é melhor assim do
que passarem a noite fora; casamentos e aniversários de muitos já são regados
com bebidas alcoólicas e música profana; para se conseguir lucro ou posição
usa-se fraude, mentira, calúnia e todo o tipo de ações sórdidas. Não importa,
prevalece o ensino de Maquiavél: “Os fins justificam os meios”. Já há jovens
cristãos fazendo parte de torcida organizada e muitos políticos cristãos agem
do mesmo modo dos seus colegas incrédulos. Shows gospel, em sua maioria, não
têm diferença dos shows mundanos e a liturgia de muitas igrejas tem no púlpito
animadores de palco, de maneira que o que menos parece é com um culto a Deus.
Em nosso meio, alguns líderes estão imitando as igrejas-empresas que fazem da
religião uma mercadoria de consumo e quando alguém contesta que o Evangelho de
Cristo pregado pelos apóstolos não era assim, eles dizem: “O que importa não é
o que é certo, mas o que dá certo!”. Em muitos lugares, os cristãos estão se
divorciando, não pelos motivos da orientação bíblica, mas a seu bel prazer, do
mesmo modo das pessoas do mundo.
Paulo nos adverte que
o mundo estava crucificado para ele e ele para o mundo (G16.14). Apesar da
expressão aqui “mundo” ser kosmos no NT grego, obviamente trata-se de uma
metonímia onde a palavra que representa o continente substitui o conteúdo, pois
no mundo kosmos está o mundo aeon-, não somente nessa referência como em outras
que tratam do mundo hostil aos crentes, como no capítulo 17 do Evangelho de João
e em sua primeira epístola.
IV
- Como tornar-se imune à influência do mundo
A Bíblia
Sagrada Africana foi feliz em traduzir (Rm 12.2b) assim: “Não vos acomodeis a
este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar adquirindo uma nova
mentalidade”. Aqui o crente é o agente passivo que se deixa transformar e Deus
(por inferência) é o agente ativo que provoca a transformação da mente. Isso
coaduna com 2 Coríntios 3.18 que diz-nos que o agente transformador é o
Espírito Santo: “Somos transformados de glória em glória, na mesma imagem como
pelo Espírito do Senhor”. Desde a nossa conversão, o Espírito Santo age em
nossas vidas. Ele nos convence do pecado (Jo 16.8), Ele nos faz nascer de novo.
(Jo 3.6) e como vimos em 2 Coríntios 3.18. Ele produz em nós a transformação
paulatina (de glória em glória) até chegarmos a “varão perfeito” (EÍ4.13).
Podemos fomentar essa
renovação da mente pelo emprego dos meios da graça: o estudo diário das
Escrituras com a devida meditação (quando Deus fala aos nossos corações) (SI
1.2), a prática constante da oração (lTs 5.17), a prática da lei do amor (ljo
4.7,8), o uso dos dons espirituais que servem para a edificação (ICo 14.4) e
sempre ir à igreja para receber a ministração de homens que têm dons
ministeriais dados por Cristo para que sejamos aperfeiçoados, edificados,
recebamos conhecimento e cresçamos à medida da estatura completa de Cristo (Ef
4.11-13).
Quando nossa mente é
renovada pela ação do Espírito de Deus, não somos mais dirigidos pelo príncipe
deste mundo, mas pela vontade de Deus. Por isso o Senhor Jesus nos ensinou a
orar ao Pai: “Seja feita a tua vontade”. O mais glorioso disso é que
experimentaremos que fazer a vontade de Deus não é um peso, mas, sim,
moralmente bom, psicologicamente agradável e, como nos diz David Stern, na
prática “fadada ao êxito”, capaz de alcançar o objetivo, do grego teleion, traduzido muitas vezes por
“perfeita”.
Conclusão
Apesar de estarmos
cercados pelo pecado que tão de perto nos rodeia (Hb 12.2b), pecado este
produzido por este mundo (século) com seu poder influenciador, a Bíblia nos
revela que, mesmo ainda aqui, já podemos receber virtudes do século vindouro
(Hb 6.5). Isso significa que Deus pode dar-nos, antecipadamente um pouco da
glória, justiça e santidade que iremos desfrutar no (aeori) século futuro. Soli Dei Gloriae.
Divulgação: www.subsidiosebd.com | Artigo: José
Orisvaldo Nunes de Lima – Fonte: JMP – Julho 2015