As ofertas e esmolas de Cornélio
contribuíram para a sua salvação (At 10.4)?
Antes da análise da
passagem sobre Cornélio é bom lembrar que Atos é uma espécie de “gênesis da
igreja”, isto é, neste livro aparecem várias “primeira vez”. Por exemplo, temos
a palavra igreja pela primeira vez no livro em 5.11 e surge num contexto de
“grande temor”. Em 11.26 diz que “os discípulos foram pela primeira vez chamados
cristãos”. Existem outros exemplos.
Nesta passagem temos
a inserção de uma família gentia na Comunidade dos crentes. Trata-se dos
gentios - representados por Cornélio - entrando para a igreja. Pela primeira
vez, oficialmente, começava 0 avanço do evangelho em território ou cultura
gentílica.
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Fato, inclusive que
só ganhará impulso, no século II, após 130 d. C.(Oskar Skarsaune, in À Sombra
do Templo, S. Paulo, Ed. Vida, 2004, p.130).
Percebe-se a
importância pela extensão que lhe foi conferida:
a) todo um capitulo 10 para
narrar o fato;
b) é recontado no capítulo 11 e,
c) Pedro faz
menção implícita de sua experiência com Cornélio em 15.7-11. Estas passagens
revelam que 0 fato é de suma importância e vai além das “orações e esmolas” de
Cornélio. Trata-se de uma verdadeira mudança ou transformação para a nascente
igreja. Foi tão fundamental este acontecimento, que Paulo afirma que se tratava
de um “mistério oculto” há séculos, “a saber, que os gentios são co-herdeiros e
de um mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho” (Ef
3.6). Um fato de tal magnitude somente poderia ter base na fé em Cristo e não
em obras.
Examinando esta
passagem descobrimos em Cornélio algumas características, tais como: temente a
Deus, homem de oração, caridoso, não circuncidado, não prosélito (gentio
convertido ao judaísmo); não era pagão; devotado ao estudo do judaísmo e
centurião romano.
Vejamos as
referências sobre oração e esmolas praticadas por ele. Por três vezes se faz
menção a oração e esmolas (w. 2,4, 31). No entanto podemos perceber que existe
diferença entre uma e outra que devemos considerar. Em relação às esmolas, é
informado que estão “em memória diante de Deus” (w. 4 e 31). Já, em relação à
oração, o texto afirma que “foi ouvida” (v. 31). Em verdade não encontramos nas
Escrituras nenhuma reivindicação através das obras, mas que Deus sempre atende
as orações. “Pela fé somos justificados e por boas obras Deus é glorificado”
(Lutero). O que presenciamos nesta passagem é a resposta de Deus a oração de Cornélio.
Cremos que se cumpriu
no centurião a resposta de Jesus quando lhe perguntaram “que faremos para
executarmos as obras de Deus?” (Jo 6.28). A resposta foi que “a obra de Deus é
esta: que creias naquele que ele enviou” (v.29). Devemos notar que perguntam
sobre “obras” (plural) e a resposta vem em “obra” (singular). Isto significa
que todas as obras precisam realizar-se nela e a partir dela, isto é, a fé em
Cristo.
Pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo
Jesus para as boas obras que Deus preparou para que andássemos nelas (Ef
2.8-11).
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| Fonte: JMP, Setembro de 2018 – Artigo: Pr. Vantuil Gonçalves dos Santos