O Culto Levítico


I- AS FINALIDADES DO CULTO LEVÍTICO
O culto divino, no Antigo Testamento, tinha quatro finalidades básicas:
adorar ao Único e Verdadeiro Deus, reafirmar as alianças divinas, professar o credo mosaico e aguardar o Messias. Era uma celebração teológica e messiânica.

1. Adorar ao Único e Verdadeiro Deus.
Ao reunir-se para adorar a Deus, a comunidade de Israel demonstrava duas coisas: a aceitação do Único e Verdadeiro Deus e a rejeição dos deuses pagãos (Sl 86.10; 97.9). Enfim, o culto levítico afastava os israelitas da idolatria e aprofundava a sua comunhão com o Senhor (Sl 96.5). Esse era o teor dos cânticos congregacionais do Santo Templo.

2. Reafirmar as alianças antigas.
Se os filhos de Israel, por exemplo, entoassem o Salmo 136, professariam ser herdeiros das alianças que o Senhor firmara com Abraão, Isaque, Jacó e Davi. E, assim, cultuando ao Senhor, lembravam-se de que Deus comanda a História. Em boa parte de seus cânticos, os filhos de Israel relembram a presença de Deus em sua vida familiar e comunal (Sl 47.9). Veja o Salmo 105.

3. Professar o credo divino.
Em seus cultos, os israelitas, guiados pelo ministério levítico, professavam o seu credo: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4, ARA). Nesta sentença, resume-se toda a teologia do Antigo Testamento. É necessário que voltemos a recitar e a cantar o nosso credo.

4. Aguardar o Messias.
No livro de Salmos, há uma elevada cristologia, que descreve a paixão, a morte, a ressurreição e a glorificação do Senhor Jesus Cristo como Rei dos reis (Sl 22.1-19; 16.10; 110.1-4; 2.1-8). Um israelita crente e predisposto a servir a Deus jamais seria surpreendido com a chegada do Messias, pois o culto levítico era essencial e tipologicamente cristológico.

II - CULTO LEVÍTICO NA GRANDE TRIBULAÇÃO
Nos meios evangélicos conservadores, aguarda-se com muita expectativa a restauração escatológica do culto levítico. Que ela virá, não temos dúvidas, mas em tempos angustiantes.

1. A interrupção do culto judaico.
O culto levítico foi suspenso em duas ocasiões diferentes. A primeira deu-se em 586 a.C. Nessa data, os exércitos de Nabucodonosor, após sitiarem longamente Jerusalém, destruíram a capital do Reino de Judá e deitaram por terra o Templo de Salomão. Como se não bastasse tamanha dor, os babilônios exilaram o escol da sociedade judaica.

Essa interrupção cultual, apesar de humilhante, não durou mais que sete décadas (Jr 25.11,12). A segunda ocorreu no ano 70 de nossa era, quando os exércitos do general romano Tito destruíram por completo a Cidade Santa e o Templo Sagrado. Desde então, os judeus aguardam ansiosamente a restauração de seu reino, de sua capital e do culto levítico, que só pode ser realizado no interior da Casa de Deus em Jerusalém. O Judaísmo sobrevive, hoje, apenas didática e magisterialmente nas sinagogas espalhadas pelo mundo.

2. A restauração do Santo Templo.
A restauração da nacionalidade israelita já é história contada, romanceada e cotidiana. Desde 14 de maio de 1948, o Estado de Israel vem pontificando entre os demais países como nação forte, desenvolvida e rica; um exemplo para os demais povos. Quanto à Jerusalém, o que podemos dizer? Ela é a capital de Israel desde junho de 1967, por ocasião da Guerra dos Seis dias. Quer a ONU reconheça, quer deixe de reconhecer o atual status da Cidade Santa em relação a Israel, isso em nada mudará a realidade profética e histórica dos filhos de Abraão.

No que tange, porém, ao Templo de Deus, a situação torna-se bem mais complicada. Como reerguer o Santuário Divino se, ali, onde outrora fora erguido, encontra-se hoje uma mesquita muçulmana? Não é fácil responder a essa pergunta. Não obstante, a profecia bíblica não deixa dúvidas: o Santo Templo em breve será reerguido. Veja como Daniel trata o assunto: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (Dn 9.27, ARA).

A profecia é clara. Na Septuagésima Semana, o Templo, com todas as suas liturgias e oferendas, estará funcionando plenamente em Jerusalém. Mas, na metade dessa mesma semana, o Anticristo romperá a aliança com Israel para instaurar um reino diabólico que, a partir de Jerusalém, dominará todo o sistema religioso mundial. É por isso que a Cidade Santa, nesse período, será conhecida espiritualmente como Egito e Sodoma (Ap 11.8). O apóstolo Paulo diz o mesmo em sua Segunda Epístola aos Tessalonicenses (2.1-12). Devemos olhar a restauração do culto levítico, no período da Septuagésima Semana, não como ação divina, mas como ato oportunista de Satanás. Apesar de o Templo ser chamado Casa de Deus, não será reerguido pelo Deus da Casa, pois nesse santuário, mais ecumênico e político que propriamente religioso, o Diabo, por intermédio do Falso Profeta, respaldará todas as ações da Besta que emergirá do mar, conforme lemos no capítulo 13 de Apocalipse.

Das profecias mencionadas, inferimos que o restabelecimento do culto levítico, nessa ocasião, não levantará a ira dos muçulmanos nem da cristandade apóstata. Pelo menos até o início da segunda metade da Septuagésima Semana. No entanto, após os judeus romperem com o homem do pecado, o mundo todo, orquestrado pelo Anticristo, levantar-se-á contra Israel. Garante a profecia que, nesse momento, o arcanjo Miguel, príncipe dos exércitos do Senhor, comandará a defesa dos filhos de Abraão (Dn 12.1). Será um período tão difícil aos judeus, que o profeta Jeremias refere-se a ele como o tempo da angústia de Jacó (Jr 30.7).

A restauração do culto levítico, no período da Grande Tribulação, levará em conta apenas a Lei de Moisés, em si, e não o seu cumprimento em Jesus Cristo. Portanto, não terá qualquer efeito messiânico nem soteriológico; seu objetivo, conforme já dissemos, será mais ecumênico e político do que religioso. Como se vê, até o próprio Diabo acha-se interessado no restabelecimento do culto divino, desde que o centro desse culto seja ele, e não o Deus que merece toda a glória, louvor e ações de graças.

III - O CULTO LEVÍTICO NO MILÊNIO
Neste tópico, buscaremos responder a esta pergunta: qual a diferença entre o Templo da Grande Tribulação e o do Milênio? Se, de acordo com a Epístola de Hebreus, os sacrifícios e dons da Antiga Aliança não passavam de sombras das coisas futuras, por que retroceder a esses recursos que, hoje, são vistos como meramente didáticos? É o que tentaremos responder nas linhas a seguir.
1. O restabelecimento do Milênio.
Terminada a Grande Tribulação, haverá um período de 45 dias até que o Senhor Jesus, juntamente com os seus santos, desça a Terra, para estabelecer o Milênio. Pelo menos é o que eu entendo desta profecia final de Daniel: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12.11,12, ARA). Leia novamente Daniel 9.27.

Vê-se, pois, que o culto levítico, na Septuagésima Semana, será interrompido após três anos e meio. E, a partir daí, até o término dessa mesma semana profética, haverá outros três anos e meio, mais um misterioso acrescimento de 45 dias. Por que esse mês e meio? Até agora, não descobri.

Vejo, nessa passagem, uma das profecias mais difíceis da Bíblia Sagrada. O certo é que o remanescente fiel do Senhor, provindos das 12 tribos, terá de amargar mais 45 dias de espera, perseverança e fé na intervenção divina. No final desse tempo, o Reino Milenial será uma realidade, e não uma utopia escatológica, como imaginam muitos teólogos incrédulos.

2. O culto levítico no Milênio.
Ezequiel dedica os derradeiros capítulos de seu livro a descrever o Reino de Israel no final dos tempos. No capítulo 40, por exemplo, o profeta descreve o Templo de Deus como estando situado num monte alto e bem destacado no cenário das terras sagradas. Que monte seria este? O Sião? Ou o das Oliveiras? Não nos é possível responder com precisão a essa pergunta. Mesmo porque a escatologia bíblica é uma ciência que se revela aos poucos; quanto mais a percorremos, mais nos acercamos de suas verdades (Dn 12.4).
O Templo do Milênio, ao contrário do da Grande Tribulação, será a expressão do amor de Deus por Israel. E, desse magnífico santuário, sairão as leis e mandamentos do Senhor para reger todas as nações da Terra, durante o reinado de mil anos de Nosso Senhor.

3. Os sacrifícios e oferendas levíticas no Milênio.
À luz das epístolas aos gálatas e aos hebreus, como entender esta passagem de Ezequiel: “Durante sete dias, prepararás cada dia um bode para oferta pelo pecado; também prepararão um novilho e, do rebanho, um carneiro sem defeito”? (Ez 43.25, ARA). Não parece isso uma contradição com essa afirmação de Hebreus: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”? (Hb 1.1,2, ARA) Para entendermos os nove últimos capítulos de Ezequiel, à luz de nossa escatologia, precisamos ver o restabelecimento do culto levítico, no Milênio, não mais como sombra dos bens futuros, como ocorria no Antigo Testamento, mas como um memorial do que aconteceu em o Novo Testamento. Ou seja: todas as vezes que os levitas, no Milênio, sacrificarem ao Senhor, não mais o farão perspectivamente, aguardando a chegada do Messias, mas retrospectivamente, olhando para o Calvário, onde Cristo foi oferecido, de uma vez por todas, por toda a humanidade. Da mesma forma não fazemos, hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor? Esta, apesar de não ser um sacrifício, remete-nos de imediato ao Sacrificado — Jesus, Senhor Nosso.


Fonte: ANDRADE de. Claudionor. Adoração, Santidade e Serviço. Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico  1ª edição: Abril/2018 - CPAD

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