TEXTO DO DIA
“E perguntou-lhes: É lícito no sábado
fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida ou matar? E eles calaram-se.” (Mc 3.4)
SÍNTESE
A cura do homem que tinha uma mão
atrofiada foi uma restauração que contemplou não apenas o aspecto físico, mas
também a dimensão social e emocional.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Mt 15.30,31: Uma
abundância de milagres
TERÇA – Mc 1.21-28: O
endemoninhado que foi liberto no sábado
QUARTA – Mc 1.29-31: Jesus
curou a sogra de Pedro no sábado
QUINTA – Lc 13.10-17: Jesus
curou, no sábado, a mulher que andava encurvada
SEXTA – Lc 14.1-6: Jesus
curou um homem hidrópico no sábado
SÁBADO – Mc 1.38,39: Jesus
expulsava demônios aos sábados
OBJETIVOS
• TRAÇAR a trajetória do Mestre
em face da perseguição dos adversários religiosos;
• ESTIMAR as pessoas “invisíveis”
e as ações que devem ser realizadas no sábado;
• COMPARAR o bem realizado pelo
Mestre com a maldosa decisão dos adversários religiosos.
INTERAÇÃO
Quantas
vezes já não nos sentimos tristes por sermos ignorados. É horrível a sensação
de ser “invisível” — entrar e sair de um ambiente sem sequer ser cumprimentado.
No entanto,
será que não reproduzimos essa postura, mesmo sem perceber, e nos fechamos em nossos
círculos de amizade, ignorando completamente as pessoas que não fazem parte do
nosso grupo? Não é incomum acabarmos reproduzindo algo de que fomos vítimas em algum
momento da vida. Quando isto se dá de forma inconsciente, tudo bem. No entanto,
é urgente investigar se o comportamento reproduzido não ocorre como uma forma
de “vingar-se” do que aconteceu no passado. O desejo de vingança é contrário ao
que apregoa o Evangelho, portanto, é preciso libertar-se de tal sentimento. Que
possamos ser verdadeiros integradores de pessoas invisíveis, promovendo sua
inclusão nos locais onde o Senhor permitir que estejamos.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Que tal
aproveitar a temática transversal — inclusão — e promover
a
integração de novos alunos à classe? Se a sua classe não for algo excepcional,
certamente ela encontra-se dentro dos padrões de “normalidade” em termos de
frequência, ou seja, cerca de setenta por cento dos matriculados encontra-se presente.
Contudo, o número de matriculados está longe de ser o ideal pois certamente há
muito mais jovens na igreja.
Os jovens
geralmente gostam de desafios e tarefas, por isso, aproveite a temática deste
domingo para convidá-los à prática de engajar-se a fim de promover a Escola
Dominical. Visando estimulá-los você pode oferecer um singelo prêmio (uma lição
para o próximo trimestre a ser sorteada entre aqueles que trouxerem ao menos um
visitante para a próxima aula, e uma revista garantida para os que trouxerem
alguém que se torne efetivamente aluno). Quem sabe desse trabalho não surja até
mesmo a necessidade de se criar uma nova classe de jovens?
TEXTO
BÍBLICO
Marcos
3.1-6
1 E outra vez entrou
na sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada.
2 E estavam
observando-o se curaria no sábado, para o acusarem.
3 E disse ao homem
que tinha a mão mirrada: Levanta-te e vem para o meio.
4 E perguntou-lhes: É
lícito no sábado fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida ou matar? E eles
calaram-se.
5 E, olhando para
eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao
homem: Estende a mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a mão, sã como a
outra.
6 E, tendo saído os
fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele, procurando ver
como o matariam.
INTRODUÇÃO
A lição de hoje fecha
um ciclo de cinco episódios relatado por Marcos que envolvem controvérsias
entre Jesus e os líderes religiosos, escribas e fariseus, de seu tempo (Mc
2.1—3.6). Tais controvérsias se davam pelo fato de que o Mestre não seguia a
agenda religiosa e legalista deles. A primeira destas controvérsias foi
abordada na lição anterior. As outras três dizem respeito ao fato de Jesus
chamar um coletor de impostos para compor seu colégio apostólico e, por
conseguinte, sentar-se na casa deste com muitos “publicanos e pecadores” (Mc
2.13-17); a não prática do jejum pelos discípulos do Senhor (Mc 2.18-22); e a
quarta diz respeito ao ato de os seguidores do Mestre colherem espigas, e as
comerem, em pleno sábado (Mc 2.23-28). Finalmente, a quinta controvérsia será estudada
na presente lição.
I – OS FARISEUS À ESPREITA DE JESUS
1. A frequência do Senhor nas sinagogas.
Marcos, como os
outros evangelistas, informa, uma vez mais, que Jesus foi a uma sinagoga (v.1).
Na verdade, esta é a terceira vez, ainda no início de seu Evangelho, que Marcos
diz que o Senhor esteve em uma sinagoga (Mc 1.21,29,39). Como centros de
ensinamento da Lei, oração pública e onde a participação leiga era possível, a
sinagoga tornou-se um dos locais preferidos por Jesus para proferir grandes
ensinamentos (Mt 4.23; Lc 4.15-36).
2. Jesus destaca a presença de um homem “invisível”.
A observação do texto
de que “estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada” (v.1), não é sem razão.
Paradoxalmente, o homem que deveria passar completamente despercebido torna-se
o centro da sinagoga naquele sábado e, consequentemente, da passagem bíblica.
3. Os fariseus acompanham os passos de Jesus.
No plano literário do
texto de Marcos, é possível ver claramente o deslocamento dos adversários
religiosos espreitando o Senhor e sondando-o a fim de julgar seus ensinamentos
e atitudes (Mc 2.6,7,16,18,24). O versículo dois informa que, novamente, eles estavam
ali observando se o Senhor curaria o homem no sábado, para o “acusarem”. O
curioso é que enquanto muitos não confessavam acreditar no Mestre como Messias,
ou Cristo, com medo de serem expulsos da sinagoga (Jo 9.22; 12.42,43), Jesus
sequer se importava em desafiar os pretensos ensinadores de Israel (Mt 15.14).
Pense!
Será que diante da
hostilidade pública temos coragem de sustentar nossa fé e nossas convicções?
Ponto Importante
O testemunho tem um
custo para todos os que creem.
II
– O QUE SE DEVE FAZER NO SÁBADO?
1. Jesus reintegra à sinagoga o homem dantes “invisível”.
Como local de
ensinamento da Lei, textos como o de Levítico 21.17-24, por exemplo, certamente
era conhecido na sinagoga. Portanto, sem dúvida alguma, este homem vivia à
margem da sociedade e a sinagoga não era uma exceção. No entanto, ao ordenar
que ele se “levante” e, não apenas isso, mas também venha para o centro do
recinto (v.3), Jesus faz com que este homem seja novamente visto pelas pessoas.
Ao levantar-se sua presença foi notada por todos. Ao vir para o centro da
sinagoga, o Mestre então o reintegra ao local.
2. Perguntas sem respostas.
Diversamente das
controvérsias anteriores quando quem indaga o Senhor são os adversários
religiosos — escribas e fariseus — (Mc 2.7,16,18,24), nesta ocasião é o Mestre
quem os questiona, inquirindo-os acerca do que deveria ser feito (v.4). Eles, porém,
ficaram calados, pois até mesmo nisto havia divergência entre si, pois alguns rabinos
concordavam que, no sábado, um médico cuidasse de alguém que estivesse correndo
algum risco, enquanto outros achavam que tal ação era errada.
3. Um dia santo requer que se pratique coisas boas nele.
Não obstante o homem
não estar sob nenhum risco, as perguntas de Jesus colocam a questão em um
patamar que transcende tal discussão. Seu motivo para agir não é a emergência,
ou o sufoco, mas o amor. Sendo o sábado um dia santo, certamente as poucas
ações que podem ser realizadas nele devem ser boas. Tal discussão pode ser
vista no texto paralelo (Mt 12.11,12). Se um animal, neste caso tido como um
bem material, sem titubear era salvo no sábado, quanto mais uma pessoa cuja
deficiência física necessitava de uma intervenção!
Pense!
Quando uma vida está
em jogo e sua salvação depende da transgressão de uma regra religiosa, qual
deve ser a nossa decisão?
Ponto Importante
Ao curar o homem em
pleno sábado, Jesus demonstra que a restituição de uma vida é mais importante
que a observância de regras religiosas.
III – O MILAGRE E A DECISÃO DOS
ADVERSÁRIOS DO SENHOR
1. A indignação e a tristeza do Mestre.
O silêncio dos
fariseus, isto é, sua omissão diante da dor daquele homem outrora “invisível”
provoca, inicialmente, a indignação do Mestre (v.5a). O emudecimento tem um
motivo muito claro, ou seja, eles não podem responder “não”, pois isso seria um
absurdo, mas também não podem
concordar com o Senhor, pois tal posição lhes seria constrangedora. Assim, tais
motivações injustificáveis, e com certeza conhecidas por Jesus, provocam
indignação no Mestre, mas ao mesmo tempo leva o Senhor a ter pena da “dureza”
do coração deles, posto que deve ser muito difícil existir de forma tão
desumana, sem sensibilizar-se com a dor das pessoas. É interessante notar que o
evangelista pontua de forma bastante explícita os sentimentos do Senhor,
evidenciando sua humanidade.
2. A cura física e emocional.
Falando da mesma
narrativa, Lucas informa claramente que a mão atrofiada era a direita (6.6).
Como se sabe, a mão destra era de suma importância na
cultura judaica (Mc 16.19; Cl 3.1; 1 Pe 3.22). Por isso, quando o Senhor,
depois de mandar que ficasse em pé e viesse para o meio, também ordena ao homem
que estenda a mão (v.5b), Ele não apenas lhe dá visibilidade e restituição
social na sinagoga, mas também lhe proporciona, além da cura física, cura
emocional, pois a mão que antes não podia ser mostrada nem estendida para
cumprimentar alguém, agora está completamente sã. Na verdade, a cura emocional
iniciou-se antes da física, pois a mão que certamente
ficava escondida sob a roupa, desde o momento em que Jesus ordenou-lhe que
fosse mostrada, quebrou uma grande barreira (v.5).
3. A “união” para fazer o mal.
Do emudecimento e
paralisação, após constatar o milagre, os fariseus saíram imediatamente da
sinagoga e “tomaram logo conselho com os herodianos” (v.6). Os herodianos eram
um grupo político-partidário simpatizante de Herodes Antipas, que lutavam para
que este governasse a Judeia (à época governada por Pilatos). Apesar de o foco
de interesse de ambos os grupos ser completamente distinto, eles ocasionalmente
poderiam unir-se havia um interesse
comum (Mc 12.13). Neste caso, uma vez que Jesus era alguém cuja popularidade
poderia converter-se em uma ameaça política pior que a de Pilatos para os
interesses dos herodianos, os fariseus então os procuraram formando uma
coalizão para “ver como o matariam” (v.6).
Pense!
O que é necessário
quando, além da cura física, existe também a doença de ordem emocional?
Ponto Importante
Quando uma doença
física vem acompanhada de trauma, a cura precisa ser bem mais profunda.
SUBSÍDIO
1
“Jesus cura a mão de um homem no sábado /
3.1-6. Esse
episódio completa uma série de cinco comparações crescentes entre Jesus e os
líderes religiosos. Em conjunto, elas fazem um resumo dos pontos de atrito que
levaram à rejeição de Jesus. Os fariseus tinham estado observando os atos de
Jesus num sábado, esperando que Ele pudesse fazer alguma coisa que lhes
permitisse condená-lo.
Jesus frustrou seus planos envolvendo os fariseus na decisão de curar um homem.
A reputação de Jesus de ser capaz de curar (mesmo no sábado, veja 1.21-26) já
era conhecida, mas será que Ele ousaria curar no sábado, debaixo dos olhos dos
fariseus? De acordo com a lei de Deus era proibido trabalhar no sétimo dia da
semana (Êx 31.14-17), portanto os líderes religiosos não permitiam que fosse
realizada qualquer cura nesse dia, a não ser que a vida da pessoa estivesse em
perigo. A cura, afirmavam eles, representava a prática da medicina e a pessoa
não podia exercer sua profissão num sábado.
3.3 Jesus
não evitou uma confrontação com seus adversários, pois precisava estabelecer o
importante ponto de que não estava disposto a ficar preso às opressivas leis
dos fariseus e que, sendo Deus,
iria realizar um ato de caridade e curar mesmo num sábado. Portanto, mandou que
o homem com a mão mirrada viesse ao centro da multidão para que todos pudessem
ver sua deficiência. Os fariseus não deixariam escapar qualquer coisa que Jesus
fizesse” (Comentário do Novo Testamento. Aplicação Pessoal. Vol 1. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009, pp. 200,201).
SUBSÍDIO
2
“3.4 Para Jesus
não importava que a vida desse homem não estivesse ameaçada pelas condições da
sua mão e nem o fato de poder esperar até o dia seguinte para praticar a cura
legalmente. Se Jesus tivesse esperado até o dia seguinte, estaria se submetendo
à autoridade dos fariseus e mostrando que suas regras mesquinhas eram iguais à
lei de Deus. Deus é Deus de pessoas, não de regras. Portanto, Jesus fez uma pergunta
retórica: ‘É lícito no sábado fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida ou matar?’
Mas os fariseus não lhe responderam, pois a resposta iria privá-los da acusação
que queriam lançar sobre Jesus. Suas próprias leis permitiam que o povo fizesse
o bem e salvasse vidas no sábado — o fazendeiro que podia resgatar sua única
ovelha de um poço num sábado sabia disso (veja Mt 12.11,12).
Era,
então, um absurdo proibir que uma pessoa fizesse o bem para outra num sábado. 3.5
Os líderes religiosos, os guardiães da fé judaica, os mestres do povo — aqueles
homens de coração duro estavam tão moral e espiritualmente cegos e empedernidos
que não conseguiam ver quem Jesus realmente era, nem reconhecer as necessidades
de um homem e se rejubilar com a sua cura.” (Comentário do Novo Testamento.
Aplicação Pessoal. Vol 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 201).
CONCLUSÃO
A grande ironia desta
narrativa é que quando Jesus questiona os fariseus acerca de se fazer bem ou
mal no sábado, Ele também acrescenta uma segunda pergunta: “Salvar a vida ou matar?”
(v.4). A princípio tal indagação parece despropositada ou, no mínimo, fora de
contexto. Porém, no versículo seis o evangelista revela que a questão faz todo
o sentido. Os fariseus que ignoraram o Senhor ter curado o homem da mão atrofiada
no sábado, não hesitaram em formar conselho com os herodianos para ver como
poderiam matar Jesus. Havia uma indisposição para fazer o bem, mas uma grande disponibilidade
para executar o mal.
HORA
DA REVISÃO
1. Enquanto muitos seguiam o Senhor para aprender, ou
receber a bênção de Deus, os fariseus espreitavam Jesus com qual finalidade?
O versículo dois
informa que, novamente, eles estavam ali observando se o Senhor curaria o homem
no sábado, para o “acusarem”.
2. O que significou para aquele homem vir para o centro da
sinagoga?
Jesus faz com que
este homem seja novamente visto pelas pessoas. Ao levantar-se sua presença foi
notada por todas. Ao vir para o centro da sinagoga, o Mestre então o reintegra
ao local.
3. Qual o motivo de Jesus para curar aquele homem?
Seu motivo para agir
não é a emergência, ou o sufoco, mas o amor.
4. Ao destacar os sentimentos de Jesus, o que Marcos
evidencia?
É interessante notar
que o evangelista pontue de forma bastante explícita os sentimentos do Senhor,
evidenciando sua humanidade.
5. Além de curá-lo fisicamente,
Jesus também lhe proporcionou outro tipo de cura. Qual foi ela?
Cura emocional, pois
a mão que antes não podia ser mostrada nem estendida para cumprimentar alguém,
agora está completamente sã. Na verdade, a cura emocional iniciou-se antes da
física, pois a mão que certamente ficava escondida sob a roupa, desde o momento
em que Jesus ordenou-lhe que fosse mostrada, quebrou uma grande barreira (v.5).