Observação. Este é um subsídio para ajudar os professores na
ministração da lição 11 – Classe de Jovens | 2° Trimestre de 2018.
A Ideia da Trindade como Promotora do Futuro
Redentor dos Cristãos em Tessalônica
Em 2 Tessalonicenses,
há uma efusiva referência à obra da salvação realizada por meio da operação
simultânea da Trindade. Apesar de associarmos, de um modo geral, a salvação ao
sacrifício de Jesus no Calvário — o que é algo absolutamente coerente —,
necessitamos compreender que a obra da salvação é um ato de cooperação eterna
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, de tal modo que, sem qualquer um destes,
aquela ação divina não seria possível.
Ao falar sobre o papel de Deus Pai na operação da
salvação, Paulo ressalta que somos salvos a partir da eleição promovida pelo
Pai mediante Jesus de Nazaré e seu sacrifício. Sobre essa categoria teológica
central quanto ao processo salvífico, a eleição, defende Jacó Armínio
(1560–1609) numa citação longa, porém imprescindível:
O
senhor acrescenta, então, que “ele não morreu igualmente pelos reprovados” (o senhor
deve usar essa palavra, e não a palavra “perdidos”), “e pelos eleitos”. O senhor
considera essas coisas na ordem errada, pois a morte de Cristo, na ordem das causas,
precede o decreto de eleição e reprovação, de que se origina a diferença entre
os eleitos e os reprovados. A eleição se fez em Cristo, morto, ressuscitado e que,
meritoriamente, obteve graça e glória. Portanto, Cristo também morreu por todos,
sem nenhuma distinção entre eleitos e reprovados. Pois essa dupla relação de homens
é posterior à morte de Cristo, pertencendo à aplicação da morte e da ressurreição
de Cristo e das bênçãos obtidas por eles. A expressão “Cristo morreu pelos
eleitos” não significa que alguns foram eleitos antes que Cristo recebesse de Deus
a ordem para oferecer a sua vida como o preço de redenção pela vida do mundo,
ou antes que Cristo fosse considerado como morto (pois como poderia ser isso,
uma vez que Cristo é o cabeça de todos os eleitos, em quem a sua eleição está garantida?), mas a morte de Cristo só
assegura a salvação para os eleitos, (ARMÍNIO, 2015, p. 531).
Sobre a eleição, como argumentado por Armínio
no texto acima, algumas considerações precisam ser feitas:
1) Quanto à
possibilidade de acesso à salvação, para usar as categorias definicionais de
Armínio, não há diferenças entre eleitos e reprovados. Tentando ser mais claro
ainda, a hipótese de uma eleição prévia para condenação eterna de pessoas,
motivada única e exclusivamente por uma arbitrariedade condenatória de Deus
que, segundo essa hipótese, elegeria uns e rejeitaria outros, como denuncia Armínio,
não é condizente com a aceitação do Filho de Deus e da proposta de sacrifício
na cruz do Calvário para a salvação ofertada a todos os homens.
2) Ainda que, segundo
uma análise a partir do processo histórico, o decreto de eleição precede o
sacrifício vicário de Cristo, ao voltarmos o perfil da análise, não para uma
compreensão histórico-processual, mas eterno-causal, ficará evidente que a
autodeterminação de Cristo por sacrificar-se por toda a humanidade como oferta
necessária e suficiente precede o decreto eletivo que, uma vez antecedido pelo
nexo causal do sacrifício, Tomando como referência o fato de que nós, enquanto
seres perpassados pela temporalidade, realizamos nossa compreensão de mundo a
partir da noção processual-linear de tempo — herança cristã à cultura mundial
—, precisamos despir-nos de tais preconcepções fundamentais ao nosso pensar, para
tentarmos visualizar a história da salvação a partir de seus encadeamentos
lógicos, os quais nem sempre são subordinados a elementos históricos.
Se primeiramente
houvesse ocorrido o decreto eletivo, necessariamente precisaríamos defender
teses como, por exemplo, expiação limitada, decreto de condenação previamente
estabelecido, monergismo e um tipo contraditório de “liberdade-determinada”.
3) Toda a eleição é
mediante Cristo. Descontrói-se, assim, qualquer suposta acusação de
pelagianismo ou semipelagianismo que Armínio e aqueles que comungam de suas
ideias sofrem. O sinergismo que há entre humanidade e divindade é todo mediado
pelo sacrifício de Jesus na cruz. A fé que fundamenta salvação não é oriunda de
interpretações carnais ou de leituras eclesiástico-políticas; ela emana exclusivamente
do coração bondoso do pai para TODA a humanidade. Não há autoeleição, ou seja,
tudo é obra da misericórdia divina que insiste em alcançar-nos.
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Conclusão
A santidade que emana
da Trindade para a humanidade é-nos transmitida por meio da atuação do Espírito
que, em comunhão com o nosso homem interior, testifica das grandezas tanto da
salvação como do salvador. O Espírito conclama-nos à separação de tudo aquilo
que é pecaminoso, orientando-nos a uma vida dedicada exclusivamente à glória de
Deus.
Fonte:
A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses
para estes últimos Dias, CPAD
Autor: Thiago Brazil